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NEUROCIÊNCIA-NO-CONTROLE-MOTOR-E-PATOLOGIAS-RELACIONADAS

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SUMÁRIO 
1 NEUROCIÊNCIA NO CONTROLE MOTOR E PATOLOGIAS 
RELACIONADAS ............................................................................................................. 4 
1.1 Áreas cerebrais e maturação na aprendizagem ...................................... 14 
2 O DESENVOLVIMENTO MOTOR E A MATURAÇÃO .................................. 16 
3 A ATENÇÃO, APRENDIZAGEM MOTORA E A MATURAÇÃO .................... 20 
3.1 Teoria do Programa Motor ...................................................................... 25 
3.2 Sentidos – Percepção – Decisão – Efetor = Feedback ........................... 27 
3.3 Estimulo – Executivo – Efetor – Resposta ............................................... 27 
4 CONTROLE MOTOR ..................................................................................... 27 
4.1 Níveis de controle motor .......................................................................... 28 
4.2 Movimento voluntário .............................................................................. 28 
4.3 Movimento automático ............................................................................ 28 
4.4 Movimento involuntário............................................................................ 31 
4.5 Reflexo miotático ..................................................................................... 31 
4.6 Reflexo miotático no desempenho físico ................................................. 32 
4.7 Reflexo miotático inverso ........................................................................ 32 
5 DOENÇAS NEUROLÓGICAS MAIS COMUNS ............................................. 32 
5.1 Sistema nervoso central: ......................................................................... 32 
6 DOENÇAS QUE AFETAM O SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO ............... 34 
7 PATOLOGIAS RELACIONADAS AO CONTROLE MOTOR .......................... 35 
7.1 Complicações .......................................................................................... 37 
7.2 Prevenção do TCE .................................................................................. 37 
7.3 Tipos de AVC .......................................................................................... 37 
 
7.4 Sintomas de AVC .................................................................................... 38 
7.5 Tratamento de AVC ................................................................................. 39 
7.6 Sinais e sintomas da disfagia .................................................................. 40 
7.7 Dicas simples para facilitar a deglutição (ato de engolir)......................... 40 
7.8 Se não for possível comer pela boca ...................................................... 41 
8 POLIOMIELITE AGUDA ................................................................................ 42 
8.1 Tipos........................................................................................................ 43 
8.2 Causas .................................................................................................... 43 
8.3 Sintomas de Poliomielite ......................................................................... 43 
8.4 Poliomielite não-paralítica ....................................................................... 44 
8.5 Poliomielite paralítica............................................................................... 44 
8.6 Diagnóstico de Poliomielite ..................................................................... 45 
8.7 Tratamento de Poliomielite ...................................................................... 45 
8.8 Complicações possíveis .......................................................................... 45 
8.9 Sintomas ................................................................................................. 47 
8.10 Diagnóstico .......................................................................................... 48 
8.11 Tratamento ........................................................................................... 48 
8.12 Recomendações .................................................................................. 49 
8.13 Tipos .................................................................................................... 49 
8.14 Diagnóstico .......................................................................................... 50 
8.15 Causas ................................................................................................. 51 
8.16 Tratamento ........................................................................................... 52 
8.17 Sintomas .............................................................................................. 53 
8.18 Diagnóstico .......................................................................................... 53 
8.19 Tratamento ........................................................................................... 53 
 
8.20 Recomendações .................................................................................. 54 
8.21 Sintomas .............................................................................................. 55 
8.22 Diagnóstico .......................................................................................... 56 
8.23 Tratamento ........................................................................................... 57 
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 58 
 
 
 
 
1 NEUROCIÊNCIA NO CONTROLE MOTOR E PATOLOGIAS RELACIONADAS 
 
Fonte: www.ibccoaching.com.br 
A Neurociência é nova, ou seja, aproximadamente 150 anos, para ciência isso é 
muito pouco, mas mesmo jovem ela já nos brindou com informações preciosas em termos 
do funcionamento do cérebro, como ele se forma, se desenvolve e nos constrói com todas 
as nossas idiossincrasias. 
Apesar de sua juventude, a Neurociência avançou tanto que alguns teóricos já 
incluíram a taxonomia em seus estudos, pluralizando o termo (Neurociências) e 
classificando-a em: molecular, celular, sistêmica, comportamental e cognitiva, cada uma 
com seu foco específico. Neurociência Cognitiva, ou seja, versam sobre 
neuroplasticidade, inteligência, consciência, memória, motivação, atenção, 
concentração, emoção e tudo o mais que contribui para o processo de aprendizagem. 
Os estudos em Neurociência Cognitiva estão intimamente relacionados à teoria da 
neuroplasticidade. Há consenso entre os teóricos da neurociência de que nosso sistema 
nervoso é “plástico”, modificando-se no decorrer do nosso desenvolvimento, mas há dois 
momentos importantes: o primeiro é a época do nascimento, quando ocorre “um ajuste 
 
quanto ao número de neurônios que serão realmente utilizados nos circuitos necessários 
à execução das diversas funções neurais”; o segundo é a época. 
A neurociência compreende o estudo do sistema nervoso e suas ligações com 
toda a fisiologia do organismo, incluindo a relação entre cérebro e comportamento. O 
controle neural das funções vegetativas – digestão, circulação, respiração, homeostase, 
temperatura, das funções sensoriais e motoras, da locomoção, reprodução, alimentação 
e ingestão de água, os mecanismos da atenção e memória, aprendizagem, emoção, 
linguagem e comunicação, são temas de estudo da neurociência. 
Modelos computacionais que simulam as funções acima mencionadas, 
notadamente as funções locomotoras e sensoriais, a aprendizagem e a memória, são 
objeto de pesquisa em inteligência artificial e visão artificial. Ferramentas da informática 
são usadas para entender os sistemas biológicos e soluções inspiradas na biologia e na 
psicologia são desenvolvidas para aplicações que servem a diferentes ramos da 
engenharia, tais como sensoriamento remoto, controle de sistemas de produção 
industrial, linha de montagem de fábricas e muitas outras aplicações. 
A neurociência está em grandeexpansão, e foi eleita com destaque pelo Governo 
dos EUA como prioritária na década de 1990, que ficou conhecida como a ‘Década do 
Cérebro’. Muitos também consideram o século 21 o século do cérebro, no qual as 
grandes conquistas da humanidade estarão dirigidas para a compreensão das funções 
neurais humanas. 
Durante muito tempo, acreditou-se que o Sistema Nervoso Central (SNC), após 
seu desenvolvimento, tornava-se uma estrutura rígida, que não poderia ser modificada, 
e que lesões nele seriam permanentes, pois suas células não poderiam ser reconstituídas 
ou reorganizadas. Hoje, sabe-se que o SNC tem grande adaptabilidade e que, mesmo 
no cérebro adulto, há plasticidade na tentativa de regeneração. 
A plasticidade neural refere-se à capacidade que o SNC possui em modificar 
algumas das suas propriedades morfológicas e funcionais em resposta às alterações do 
ambiente. Na presença de lesões, o SNC utiliza-se desta capacidade na tentativa de 
recuperar funções perdidas e/ou, principalmente, fortalecer funções similares 
relacionadas às originais. 
 
A neurociência estuda também as doenças do sistema nervoso e seus reflexos em 
todas as funções do indivíduo, procurando métodos de diagnóstico, prevenção e 
tratamento, além da descoberta das causas e mecanismos. Desde uma dor de cabeça 
até a doença de Alzheimer, o custo social e econômico dessas afecções é imenso, e é 
também muito grande a parcela da economia dedicada ao desenvolvimento e à produção 
e comercialização de fármacos e de equipamentos de diagnóstico. O aprofundamento da 
pesquisa traz o reconhecimento de novas doenças, permitindo seu estudo e tratamento. 
São muitos os exemplos de novas descobertas. No século XIX, Freud descreveu a 
paralisia cerebral, tendo usado esse nome para distingui-la da paralisia infantil. Nas 
últimas décadas foi reconhecida a síndrome do pânico e há menos de 10 anos, a morte 
súbita, as graves consequências de distúrbios do sono e os príons e seu possível 
envolvimento em patologias neurológicas e mentais. É surpreendente pensar que as 
doenças do sono, que sempre afligiram a humanidade, só tiveram reconhecimento muito 
recentemente. 
A neurociência visa, dentre seus objetivos, esclarecer os mecanismos das 
doenças neurológicas e mentais por meio do estudo do sistema nervoso normal e 
patológico. 
As funções do sistema nervoso podem ser alteradas por eventos ambientais como 
trauma, agentes infecciosos ou tóxicos; por tumores, mutações gênicas e defeitos 
congênitos; por eventos vasculares e deficiências nutricionais, e por muitos outros 
fatores. Muitas doenças do sistema nervoso são totalmente incapacitantes, outras 
provocam prejuízos de diferentes níveis de gravidade. Infelizmente, não temos acesso a 
dados de prevalência brasileiros. Para exemplificar alguns números mais relevantes são 
citadas a seguir informações dos EUA. 
A reabilitação do cérebro lesado pode promover reconexão de circuitos neuronais 
lesados. Quando há pequenas perdas de conectividade a tendência é que ocorra uma 
recuperação autônoma, enquanto que, grandes perdas poderão acarretar em perda 
permanente da função. Algumas lesões são potencialmente recuperáveis, mas para 
tanto, necessitam de tratamentos precisos, mantendo níveis adequados de estímulos 
facilitadores e inibidores. As mudanças organizacionais dependem das áreas lesadas e 
 
íntegras pré-existentes e da localização da lesão e são encontradas em ambos os 
hemisférios cerebrais. 
Até os anos 50, aproximadamente, acreditava-se na impossibilidade de se fazer 
algo quando conexões e neurônios eram perdidos, em consequência de lesão cerebral, 
devido a incapacidade dos neurônios se dividirem. Com o avanço das pesquisas e dos 
métodos de imagem foi possível adquirir uma nova visão do sistema nervoso, não como 
uma estrutura rígida e imutável, mas sim flexível, que modifica sua estrutura funcional 
sob diferentes circunstâncias, expressando assim uma capacidade plástica durante o 
processo de adaptação. 
O SNC possui uma rede neural complexa, com células altamente especializadas, 
que fazem milhares de conexões a todo momento e determinam a sensibilidade e as 
ações motoras, traduzindo-as em comportamento. Na presença de lesões, há um 
desarranjo nesta rede neural e o SNC inicia seus processos de reorganização e 
regeneração. 
Dados do National Institute of Health - mostram que, na população dos EUA, 
dentre as doenças neurológicas que em geral se instalam na infância: a epilepsia afeta 
cerca de 2,5 milhões de norte-americanos; a paralisia cerebral ocorre em 750.000 
nascimentos; o autismo atinge 400.000 crianças; e os tumores cerebrais são a segunda 
causa de morte por câncer em crianças até 15 anos. Dentre as doenças que afetam 
adultos, causando anos de invalidez, perda de vida e impacto econômico, os dados do 
NIH indicam que: acima dos 60 anos, a demência do tipo Alzheimer, o acidente vascular 
encefálico e a doença de Parkinson são frequentes; os acidentes vasculares encefálicos 
(cerebrais) são a terceira entre todas as causas de morte e uma causa importante de 
invalidez (mais de 700.000 americanos são afetados); o trauma cerebral e as lesões 
medulares ocorrem principalmente antes dos 30 anos, sendo o trauma cerebral 
responsável por mais de 5,3 milhões de comprometimentos e mais de 50.000 óbitos; a 
esclerose múltipla começa por volta dos 30 anos de idade. Finalmente, a dor é a principal 
queixa para a procura de atendimento médico em geral. A prevalência de dor crônica é 
alta e suas causas difíceis de tratar. 
A neurociência contribui também para o esclarecimento das doenças mentais. O 
National Institute of Mental Health - NIMH (2002) define doenças mentais como aquelas 
 
em que há alteração no pensamento, humor ou comportamento (isoladamente ou 
combinados), acarretando sofrimento e/ou prejuízo funcional. Dados daquela agência 
mostram que durante um período de um ano, 22% da população americana adulta (44 
milhões de pessoas) têm alguma doença mental diagnosticável por critérios confiáveis; 
dentre essas pessoas, 3% associam o abuso de drogas à doença mental. 
 
 
Fonte: www.anatomiadocorpo.com 
O prejuízo causado por uma patologia pode ser calculado de várias formas. O 
índice AVAI (Anos de Vida Ajustados por Incapacidade, do inglês Disability Adjusted Life 
Years - DALY) computa os anos de vida com saúde perdidos por causa da doença, seja 
por morte prematura ou incapacitação, e leva em conta a gravidade da incapacitação. 
Por exemplo, depressão profunda compara-se, no AVAI, à cegueira ou paraplegia, 
enquanto a psicose ativa na esquizofrenia equivale à tetraplegia. Dados da Organização 
Mundial da Saúde - OMS (do inglês World Health Organization – WHO; 2002). 
Dentre as patologias de maior prevalência, os prejuízos acarretados por doenças 
mentais são superiores aos das doenças cardiovasculares Além do sofrimento e 
incapacidade do indivíduo, essas doenças também representam custos diretos em 
recursos médicos e custos indiretos em perda de produtividade. 
 
As doenças do sistema nervoso são muito difíceis de serem tratadas, mas têm 
havido progressos notáveis nos últimos anos, decorrentes do grande esforço de pesquisa 
em neurociência. Os progressos mais significativos são destacados pelo NIH (2002), em 
sua justificativa orçamentária: melhores técnicas diagnósticas a partir da genética 
molecular e neuroimagem; tratamentos para acidente vascular encefálico e para lesões 
da medula espinhal; novas drogas para esclerose múltipla, epilepsia e doença de 
Parkinson; aparelhos eletromecânicos para deficiências sensoriais e motoras; prevenção 
de acidente vascular encefálico e defeitos neurológicos congênitos. São, ainda, listados 
pelo documento do NIH tratamentos promissores para doenças do sistema nervoso em 
estudo, incluindo drogas, vacinas, estimulação elétrica, transplantes celulares, fatores de 
crescimento naturais, próteses neurais,terapia gênica e intervenções comportamentais. 
Verifica-se, com esses progressos, que a área de neurociência é importante para a 
Psicologia, tanto na pesquisa básica como na atividade clínica. 
A neurociência é responsável pelo conjunto de disciplinas que compõem o estudo 
do sistema nervoso e originou-se da pesquisa das estruturas cerebrais da mente 
humana. No Brasil está representada, pela Sociedade Brasileira de Neurociências e 
Comportamento, encontrando-se subdividida em três áreas principais: a neurofisiologia 
(funcionamento do sistema nervoso), a neuroanatomia (estrutura do sistema nervoso) e 
neuropsicologia (funcionamento neural com os fatores psicológicos). 
A neuropsicologia, uma das subdivisões da neurociência, é uma especialidade 
reconhecida pela Resolução 002/2004 do Conselho Federal de Psicologia. Tal resolução 
define que o profissional que atua nesta área deve ser efetivo principalmente no que diz 
respeito a avaliação (exame neuropsicológico) e ao tratamento (reabilitação 
neuropsicológica) das disfunções do Sistema Nervoso, como: transtornos do déficit de 
atenção, esquizofrenia, dislexia, acidente vascular cerebral e traumatismo 
cranioencefálico. Os campos desta ciência mais investigados no Brasil estão 
relacionados: a memória de humanos e animais; aos transtornos – ansiedade e 
depressão; as células-tronco; as patologias degenerativas; a epilepsia e aos transtornos 
mentais. O cérebro é estimado como um centro cognitivo de atividades mentais 
superiores, abrangendo sentimentos, criatividade e inteligência. Sendo anatomicamente 
separado por uma grande fissura que o divide em dois hemisférios cerebrais. Um efeito 
 
muito versado é a contralateralidade, onde o hemisfério esquerdo cerebral exerce o 
controle do lado direito do corpo e vice-versa. Essa troca de informação entre os dois 
hemisférios se dá em virtude, do corpo caloso. 
Os anatomistas geralmente agrupam os hemisférios em grandes áreas 
designadas lobos e classificam-nos em cinco: quatro perceptíveis externamente e um 
localizado no interior de um dos grandes sulcos do encéfalo, o sulco lateral que divide o 
lobo frontal do lobo temporal. 
Os quatro perceptíveis são: o frontal, o parietal, o temporal e o occipital. Já o lobo 
invisível é o lobo da ínsula, que só pode ser visualizado apenas quando se seciona o 
sulco lateral. 
 
 
Fonte:www.clinicacauchioli.com.br 
Ao estabelecer um paralelo entre o passado e o presente, nota-se que a tempos, 
o cérebro tem sido elemento de estudo e pesquisa desde a antiguidade, sabe-se que 
muitas perguntas ainda continuam sem respostas e em outras várias questões, não foram 
ainda decifradas onde o cérebro em algumas áreas continua uma incógnita para todos 
principalmente para aqueles que se propõe estudá-lo a nível científico. 
O desenvolvimento motor é uma contínua alteração no comportamento ao longo 
da vida que acontece por meio das necessidades de tarefa, da biologia do indivíduo e o 
 
ambiente em que vive. Ele é viabilizado tanto pelo processo evolutivo biológico quanto 
pelo social. Desta forma, considera-se que uma evolução neural proporciona uma 
evolução ou integração sensório-motora que acontece por meio do sistema nervoso 
central (SNC) em operações cada vez mais complexas. 
Em cada idade o movimento toma características significativas e a aquisição ou 
aparição de determinados comportamentos motores tem repercussões importantes no 
desenvolvimento da criança. Cada aquisição influencia na anterior, tanto no domínio 
mental como no motor, através da experiência e troca com o meio. 
Todo o comportamento envolve processos neurais específicos, que ocorrem 
desde a percepção do estímulo até a efetivação da resposta selecionada. Esses 
processos neurais possibilitam o comportamento e o aprendizado, que acontecem de 
maneiras diferentes no cérebro. Desde que nascemos, a maturação do sistema nervoso 
possibilita o aprendizado progressivo de habilidades. À medida que uma determinada 
área cerebral amadurece, a pessoa exibe comportamentos correspondentes àquela área 
madura, desde que tal função seja estimulada. 
Desta forma, o desenvolvimento comportamental é restringido pela maturação das 
células cerebrais, como exemplo, considera-se que embora os bebês e as crianças sejam 
capazes de fazer movimentos complexos, os níveis de coordenação e controle motor fino 
só serão alcançados após o término da formação da mielina, na adolescência. 
A aprendizagem é a mudança de comportamento viabilizada pela plasticidade dos 
processos neurais cognitivos. Considerando que a aprendizagem motora é complexa e 
envolve praticamente todas as áreas corticais de associação, é necessário compreender 
o funcionamento neurofisiológico na maturação a fim de fornecer bases teóricas para a 
estruturação de um plano de ensino que considere as fases de desenvolvimento neural 
da criança, maximizando assim o aprendizado. 
A noção de maturação nervosa é uma das mais fundamentais para se explicar o 
processo de aprendizagem. Os psicólogos acreditam que os comportamentos não podem 
ser externados até que seu mecanismo neural tenha se desenvolvido. 
O conhecimento da célula nervosa é essencial para entender o funcionamento do 
sistema nervoso e seus processos maturacionais, pois os neurônios são dotados de 
extensa plasticidade e adaptabilidade, o que lhes permite serem os grandes responsáveis 
 
pelos sistemas de informação e comunicação dos seres vivos. Os neurônios são 
compostos por 3 partes: dendritos, axônio e corpo celular. Quando o corpo celular envia 
uma mensagem, cabe ao axônio conduzi-la até o dendrito do próximo neurônio para fazer 
a sinapse. Para que o axônio consiga transmitir a mensagem ele precisa estar maduro. 
Torna-se maduro quando é envolvida por uma camada de gordura e proteína 
denominada mielina. O processo de mielinização acontece no tempo, de modo que 
diferentes neurônios se mielinizam em épocas distintas do desenvolvimento do 
organismo. Esse fato fornece embasamento para a compreensão das teorias que 
descrevem as fases evolutivas da criança, como os estágios de Jean Piaget. 
Para melhor compreender a aprendizagem sob a ótica da maturação nervosa, é 
necessário saber como o comportamento acontece a fim de investigar os processos 
neurais de mudança dele. De maneira geral, existem duas abordagens básicas pra 
explicar o comportamento. A primeira é a abordagem comportamental, ou de estímulo 
resposta, desenvolvida por Skinner, que acredita ser possível a redução de todo 
comportamento a um modelo matemático de conexões de estímulo-resposta, de forma 
que conhecimento do estímulo permite predizer a resposta. Este modelo funciona com 
animais, mas com humanos parece muito simplista. 
Para suprir esta lacuna entre estimulo e resposta, se desenvolveu o "Modelo de 
processamento de informação" que envolve o estímulo, a percepção, o processamento 
central, a decisão da resposta e a sua efetivação (que é o comportamento). 
Pode-se encaixar outras variáveis como atenção, memória e ansiedade. Cada fase 
do processamento de informação depende de muitas variáveis, como da atenção e 
percepção do estímulo e do resgate da memória no processamento central, que é a busca 
das informações necessárias para a decisão da resposta. Muitos fatores podem 
influenciar no processamento de informações, entre eles a ansiedade. Esta é uma 
variável que atua prejudicando no resgate de informação, promovendo um aumento 
excessivo na ativação do sistema límbico, que é fundamental para um bom 
funcionamento da memória. 
Desta forma, outros problemas como déficit de atenção e distúrbios da ansiedade 
podem estar prejudicando o processamento de informação e consequentemente a 
aprendizagem motora de crianças em fase de desenvolvimento. Em um estudo com 
 
crianças com problemas de atenção, apenas 2 das 16 crianças diagnosticadas com 
déficit de atenção por hiperatividade já sabiam que apresentavamo distúrbio. Esse 
resultado alerta para a falta de cuidado dos pais e professores com relação ao 
comportamento da criança. 
 
 
Fonte:www.mundomulheres.com 
Ao desconhecer os problemas e as consequências do excesso de ansiedade e da 
falta de atenção apresentada por crianças hiperativas, corre-se o risco de ocorrerem 
falhas no aprendizado que poderiam ser resolvidas com o tratamento médico e com a 
adaptação das aulas e maior atenção para estas crianças pelos profissionais do ensino. 
Embora existam muitas crianças com falhas no aprendizado em função de 
transtornos de atenção, não se sabe ao certo quando elas realmente apresentam o 
problema. Ao compreender como a atenção se desenvolve dentro dos processos de 
maturação neural, pode-se verificar se o nível de atenção é normal ou não de acordo com 
a maturação da criança naquela faixa etária e também se a aula está adequada a 
capacidade e desenvolvimento cerebral da criança. 
 
Este estudo tem o objetivo de discutir a aprendizagem motora, sob a ótica dos 
processos neurais no processamento de informação viabilizado pela atenção nas 
diferentes etapas de desenvolvimento motor e maturação cerebral. 
1.1 Áreas cerebrais e maturação na aprendizagem 
A aprendizagem resulta da recepção e da troca de informações entre o meio 
ambiente e os diferentes centros nervosos. Desta forma, a aprendizagem inicia com um 
estímulo de natureza físico-química advindo do ambiente que é transformado em impulso 
nervoso pelos órgãos dos sentidos. 
O impulso, transportado pela inervação sensitiva, passa pelo tronco cerebral, via 
tálamo, e chega até um centro nervoso do córtex cerebral correspondente a natureza do 
estímulo. Desta forma, o estímulo visual termina no lobo occipital, o auditivo no temporal, 
o táctil ou somestésico no lobo parietal. 
Estas áreas aonde chegam os estímulos são chamadas de "zonas de projeção" 
ou "primárias". O estímulo projetado nestas áreas primárias é chamado de "sensação", 
que se trata da informação na sua forma elementar e incompleta sem conhecimento nem 
elaboração de significado, constituindo-se de uma passagem obrigatória para a 
percepção. Ao estimular eletricamente as áreas primárias o sujeito vivencia sensações 
vagas como escutar um "zunido" ou ver estrelinhas, sentir um formigamento, sem 
identificação de significado. 
Por meio dos neurônios associativos, a informação que chegou a área primária é 
transmitida para a área secundária. A decodificação da informação na área secundária 
proporciona a "percepção" que consiste na formação de imagens sensoriais 
correspondentes ao estímulo. Na percepção, as imagens (auditivas, visuais e tácteis) 
recebem significados, de forma que permitem que a pessoa veja e reconheça, por 
exemplo, esse é o rosto de minha mãe, essa voz é do meu amigo, etc. 
A sensação é comum no recém nato, pois suas áreas secundárias ainda não 
amadureceram, no entanto, os adultos dificilmente vivenciam sensação devido a 
informação passar para as áreas mais complexas assim que chega, de forma que 
 
estamos sempre questionando: o que é isso? De quem é essa voz? O que está 
encostando-se a mim? 
A percepção requer um ótimo estado de atenção. Pense em uma pessoa 
acordando com o despertador. Primeiro ela escuta ruídos vagos e depois de um pequeno 
tempo identifica que é o despertador, que precisa desliga-lo e acordar. 
Das áreas secundárias ou de associação passa-se às terciárias ou de integração 
onde ocorre a adição e combinação de todos os aspectos do estímulo. Nas áreas 
terciárias o sujeito faz associações entre os sentidos, por exemplo, este é o meu amigo, 
cuja voz me é agradável, a pele é macia e tem um cheiro agradável. 
Todos esses processos acontecem no cérebro em milésimos de segundo e 
envolvem outras estruturas sub corticais que não foram mencionadas aqui. É importante 
lembrar que a divisão funcional de áreas primárias, secundárias e terciárias acontece no 
lobo occipital, parietal e temporal, não funcionando da mesma maneira para o lobo frontal. 
A linguagem e a memória tornam possível uma série de outros aprendizados, 
sendo que começam juntas, se desenvolvem juntas e uma sempre apoiará a outra. A 
linguagem é que fixa a aprendizagem (não a motora) e a memória trará à tona seus 
conteúdos através da fala. A primeira zona responsável pelo desenvolvimento da 
linguagem é a área de compreensão da fala, ou área de Weirnicke, localizada no lobo 
temporal (área da audição). Ligada a esta área está a área motora da fala (localizada no 
lobo frontal esquerdo) ou área de Broca. Esta área está relacionada a capacidade de 
emitir sons cada vez mais próximos daqueles percebidos. 
Assim como a linguagem, a aprendizagem motora depende de processos 
complexos. Como foi visto anteriormente, a maturação acontece progressivamente das 
áreas primárias até as terciárias. Na região frontal, que está diretamente associada ao 
planejamento, controle e execução dos movimentos voluntários, a maturação ocorre de 
forma um pouco diferente. 
Na região anterior do cérebro (lobos frontais) é que acontece o planejamento, 
organização e execução do movimento. Outras áreas também participam da ação 
motora, enviando mensagens, dosando a força, a agilidade, fornecendo feedback visual, 
táctil e auditivo, permitindo desta forma o ajuste constante do movimento. Na região 
frontal, o movimento se acontece da seguinte forma: primeiramente há uma intenção de 
 
movimento, um planejamento elaborado no córtex pré-frontal; em seguida essa 
informação passa para a área pré-motora (que fica entre o lobo pré-frontal e a área 
motora) que é responsável por organizar a sequência motora; posteriormente esta é 
projetada na área motora primária (que fica no giro pré-central) que enviará os impulsos 
(via medula) para a musculatura a fim de executar o movimento planejado. Esse processo 
é dosado por muitas outras estruturas que dosam a força, a velocidade, e dão feedback 
constante ao movimento. 
A primeira área mielinizada no lobo frontal é a área motora primária, que permite 
a execução de movimentos voluntários, sem muita elaboração. Após, há a maturação da 
área pré-motora que permite uma melhor organização do movimento. A última área a ser 
mielinizada na região frontal é o córtex pré-frontal que é necessário no planejamento do 
movimento. 
A região pré-frontal é conhecida como um centro executivo, responsável pelas 
nossas vontades e desejos e pelo comportamento social. É a região que permite a 
consciência do eu, a subjetividade, os valores, as motivações, ou seja, é a área mais 
humana do cérebro. Talvez por esses atributos, está seja a região que tem a sua 
maturação mais lenta, sendo que a mielinização completa desta área só aconteça por 
volta dos 18 anos de idade. 
2 O DESENVOLVIMENTO MOTOR E A MATURAÇÃO 
Em cada idade o movimento toma características significativas e a aquisição ou 
aparição de determinados comportamentos motores tem repercussões importantes no 
desenvolvimento da criança. Cada aquisição influencia na anterior, tanto no domínio 
mental como no motor, através da experiência e troca com o meio. 
 
 
 
Fonte:www.cliapsicologia.com.br 
O movimento observável pode ser dividido em 3 categorias: movimentos 
estabilizadores (equilíbrio e sustentação), movimentos locomotores (mudança de 
localização) e movimentos manipulativos (apreensão e recepção de objetos). De acordo 
com cada faixa etária, estes movimentos estarão em estágios e fases diferentes. 
As crianças da primeira infância, ou seja, de 2 a 6 anos, apresentam as habilidades 
percepto-motoras em pleno desenvolvimento, mas ainda confundem direção, esquema 
corporal, temporal e espacial. A variabilidade das habilidades fundamentais está se 
desenvolvendo, de forma que movimentos bilaterais, como pular, não apresentam tanta 
consistência as atividades unilaterais. O controle motor refinado ainda não está 
totalmente estabelecido, embora esteja desenvolvendo-serapidamente. Os olhos ainda 
não estão aptos a períodos extensos de trabalhos minuciosos. Para Piaget, nesta idade 
as crianças deveriam estar no período pré-operacional, ou seja, percepção aguçada, 
comportamento auto satisfatório e social rudimentar. 
Nesta fase, a maturação das áreas terciárias (de associação) ainda não está 
completa. Nas áreas executivas do cérebro (lobos frontais), a principal região envolvida 
com o planejamento e com a execução das tarefas ainda não está totalmente mielinizada, 
o que além de prejudicar na organização e no planejamento das tarefas também prejudica 
 
a capacidade de concentração (pois a área pré-frontal é importante para a atenção). A 
área pré-frontal imatura dificulta a manutenção da atenção de forma que não consegue 
realizar uma de suas funções principais que é a inibição de estímulos irrelevantes. Ao 
não conseguir inibir estímulos irrelevantes a criança acaba se tornando distraída. 
Na segunda infância, que é a faixa etária que vai dos 6 aos 10 anos, as crianças 
apresentam a preferência manual e os mecanismos perceptivos visuais firmemente 
estabelecidos. No início desta etapa do crescimento, o tempo de reação ainda é lento, o 
que causa dificuldades com a coordenação visuo-manual/pedal não estando aptas para 
extensos períodos de trabalho minucioso. Para Piaget, nesta idade as crianças estão na 
fase de operações concretas, onde as associações, a identidade, a razão dedutiva, os 
relacionamentos e as classificações já estão bem desenvolvidas. 
Nesta idade, a maioria das habilidades motoras fundamentais tem potencial para 
estarem bem definidas, mas as atividades que envolvem os olhos e os membros 
desenvolvem-se lentamente. Este período marca a transição do refinamento das 
habilidades motoras fundamentais para as refinadas que propiciam o estabelecimento de 
jogos de liderança e o desenvolvimento de habilidades atléticas. 
O desenvolvimento de habilidades motoras mais complexas é proporcionado nesta 
fase pelo aprendizado motor proporcionado pela maturação da área pré-frontal associado 
às experiências da criança. Nesta idade, há uma maturação progressiva da região pré-
frontal, o que permite melhor planejamento do movimento, permitindo associar de forma 
consciente dois ou mais movimentos. Essa associação de movimentos, planejada no 
córtex pré-frontal se torna cada vez mais refinadas, e a estimulação de movimentos 
associados é essencial para o desenvolvimento normal das áreas corticais que possibilita 
uma aprendizagem motora mais eficiente. Embora a mielinização da área pré-frontal 
ocorra nesta fase, ela não é completa e continua a acontecer durante as próximas fases, 
até aproximadamente aos 18 anos. 
Na adolescência, idade compreendida entre os 10 até os 20 anos ou mais, o 
comportamento motor esperado é caracterizado pela fase de habilidades motoras 
especializadas. Depois que crianças alcançam o estágio maduro de um padrão motor 
fundamental, poucas alterações ocorrem. As mudanças ocorrem na precisão, na exatidão 
e no controle motor, porém não no padrão motor. O início da adolescência é marcado 
 
pela transição e a combinação dos padrões motores maduros. Nesta fase as crianças 
começam a enfatizar a precisão e a habilidade de desempenho em jogos e movimentos 
relacionados aos esportes. A habilidade e a competência são limitadas. A segunda fase 
da adolescência é marcada pela autoconsciência dos recursos físicos e pessoais e suas 
limitações, e por isso concentra-se em determinados esportes. A ênfase está na melhora 
da competência. 
A maturação progressiva da área pré-frontal continua a ocorrer. A região pré-
frontal também está associada aos valores e significados que continuam a ser 
construídos durante todo o desenvolvimento humano. 
Considerando que a região que planeja o movimento, também é aquela que 
controla os comportamentos sociais e os valores pessoais, a intenção do movimento e o 
seu significado farão diferença na construção do gesto. A motivação e a intencionalidade 
farão com que o planejamento motor ocorra de maneira diferente e também que a reação 
a determinado estímulo seja diferente dependendo do significado pessoal atribuído a ele. 
Na terceira fase, ou seja, o estágio de utilização permanente das habilidades 
adquiridas, os indivíduos reduzem a área de suas buscas atléticas e há uma maior 
especialização no refinamento de habilidades. 
Neste período, onde provavelmente as áreas corticais estão mielinizadas, 
maduras, as mudanças no comportamento motor são decorrentes da modulação da 
atividade neural em função da experiência. As vivências motoras modularão a atividade 
neural tornando-a mais sincronizada e eficiente caracterizando a aprendizagem motora 
do indivíduo. A atenção continua sendo importante para a aprendizagem motora, porém, 
o significado do estímulo passa ter ser cada vez mais determinante do que este indivíduo 
vai ou não aprender com eficiência. Um estudo que investigou o tempo de reação neural 
(P300) a estímulos relevantes e irrelevantes com a utilização de nomes conhecidos ou 
não pelo indivíduo. Os resultados indicaram que ao escutar nomes conhecidos o cérebro 
reagia mais rápido, quando comparados a audição de nomes desconhecidos. 
 
3 A ATENÇÃO, APRENDIZAGEM MOTORA E A MATURAÇÃO 
A atenção foi descrita como sendo a "focalização, concentração da consciência" e 
quando se refere ao desempenho humano é associada a atividades perceptivas, 
cognitivas e motoras de habilidades. É um dos requisitos básicos para a coordenação e 
o controle motor. A falta ou déficit de atenção implica em danos a aprendizagem da 
linguagem, da escrita e das habilidades motoras. 
Estudos com crianças portadoras de distúrbios leves no sistema nervoso central 
(déficit de atenção e/ou hiperatividade) e também com portadores de psicoses mais 
graves, (esquizofrenia), demonstram que a atenção afeta significativamente o 
desempenho motor de controle fino e global. 
A coordenação motora de um simples movimento de agarrar um objeto, levantá-lo 
e colocá-lo de volta a mesa pode representar um árduo trabalho do sistema nervoso 
central (SNC). É necessário a participação de diferentes centros nervosos motores e 
sensoriais para a organização de programas motores e para intervenção de diversas 
sensações oriundas dos receptores sensoriais, articulares e cutâneos do membro 
requerido. As atividades necessárias para a execução do movimento incluem "ler" as 
propriedades físicas do objeto, buscar antigas referências sobre ele, mandar impulsos 
para os músculos aplicarem uma força determinada, contrair os músculos, parar de 
contrair vagarosamente, soltar o objeto no momento certo para ele não cair nem bater 
com muita força na mesa. Na criança, o êxito das atividades coordenativas em cada uma 
de suas etapas varia conforme o nível de aprendizado e a evolução do seu 
desenvolvimento motor. 
 
 
Fonte:www.guprofdev.wordpress.com 
Falhas na comunicação, causadas tanto por estímulos externos concorrentes 
quanto por distúrbios neuroquímicos, dos neurônios ligados à aprendizagem e à memória 
de longa duração, são as principais causas para os distúrbios motores em crianças 
compulsivas obsessivas e hiperativas. Estas falhas de comunicação dos neurônios 
causadas por estímulos externos concorrentes sugerem que, desde o planejamento até 
a execução de uma habilidade motora, um alto grau de atenção é requerido para que não 
ocorram influências negativas na realização da tarefa. 
O controle motor fino está entre as habilidades que requerem mais atenção e 
concentração durante a execução, a precisão do movimento implica num aumento da 
preparação para o movimento. Prejuízo na prontidão contribui e fatores emocionais 
negativos interferem na resposta prejudicando o grau de atenção da pessoa. 
Crianças hiperativas com alto grau de desatenção sofrem maiores danos no 
controle motor fino que crianças com menor grau de desatenção, estas,apresentando 
maior déficit na motricidade global, o mesmo com os portadores de esquizofrenia 
comparados a um grupo controle. 
A sinestesia corporal, que é a noção do próprio corpo em relação ao ambiente, 
está diretamente ligada ao controle motor fino. No entanto, apesar das crianças 
 
hiperativas terem apresentado déficit geral nas habilidades motoras, não apresentaram 
diferenças sinestésicas significativas quando comparadas ao grupo controle. Foi sugerido 
com base nestes resultados que a atenção dificulta na execução das habilidades motoras 
mas não influencia na noção do corpo em relação ao ambiente. Ao analisar o resultado 
deste estudo, que foi realizado com crianças com idade entre 6 e 9 anos, sugere-se que 
o maior problema pode ter estar associado ao processo de maturação e ao distúrbio na 
área pré-frontal, pois os sistemas sensoriais não foram afetados, o que implicou em boa 
sinestesia, porém as crianças têm problemas de atenção e aprendizado motor que está 
relacionado a região frontal. 
Considerando que a noção espacial, o controle óculo-motor e a consciência 
corporal têm papel importante na elaboração do plano e na execução do movimento pelo 
SNC, a atenção pode influenciar no controle motor por estar associada ao estado de 
vigília e ao feedback constante do gesto. Desta forma, o déficit de atenção implica em 
insucessos e em respostas abaixo das esperadas. O comportamento antecipatório e a 
atenção para o movimento (preparação) são realizados pelos mesmos caminhos, 
enfatizando mais uma vez o papel da atenção no domínio motor. 
As habilidades de focalização nos estímulos sensoriais relevantes e de inibição 
daqueles irrelevantes ou interferentes são fatores críticos para a cognição. A atenção 
requer a habilidade de diferenciar entre estímulos relevantes e irrelevantes, de selecionar 
e focalizar apenas nas informações relevantes e de inibir as irrelevantes, dentro de 
determinado período de tempo. Estes aspectos da cognição melhoram com a idade. 
Desta forma, é necessário estudar a atenção sob dois aspectos: a atenção seletiva 
e a inibição de resposta. Estes aspectos fazem com que o indivíduo consiga focalizar sob 
o que interessa e ignorar os estímulos que não são relevantes, evitando assim distrair-
se. 
 
 
Fonte:www.mundodastribos.com 
São definas atenção seletiva como uma alocação preferencial dos recursos 
limitados de processamento que se tornaram relevantes para o comportamento. O autor 
propõe um modelo neuro cognitivo para a atenção seletiva, onde três áreas corticais 
atuam em rede. O lobo parietal superior está envolvido na representação espacial 
exterior. O córtex pré-motor lateral atua nos movimentos de exploração e orientação (por 
exemplo, nos movimentos oculares). O giro cingulado anterior participa mais nos 
aspectos executivos da atenção seletiva, incluindo a monitoração da resposta (feedback). 
As falhas em responder apropriadamente aos estímulos podem resultar de um 
déficit de atenção sustentada, bem como o erro de inibir uma resposta potencial. O 
modelo neuro-cognitivo de inibição das respostas coloca 3 processos associados a 3 
estruturas cerebrais. O primeiro processo diz respeito a inibição de uma resposta inicial 
pré-potencial, onde o córtex pré-frontal atua protegendo as representações de 
informações relevantes das interferências externas. O segundo processo é o de retenção 
de uma resposta potencial, onde há a participação dos gânglios basais provendo a 
inibição de comportamentos inadequados, sendo que o núcleo caudado e o putamen 
recebem os sinais do córtex frontal e os enviam a resposta de volta ao córtex via globo 
pálido e tálamo. Está rede, conhecida como "Rede fronto-estriada" modula a atividade na 
 
área motora suplementar que tem um papel primário no planejamento, iniciação e 
momento do movimento. 
As crianças não estão completamente maduras na atenção seletiva, na velocidade 
de processamento visual e nos processos de controle antes dos 12 anos. 
Com o objetivo de investigar o desenvolvimento da atenção seletiva, são 
comparadas as diferenças entre adultos e crianças no processamento de atenção por 
meio dos potenciais relacionados ao evento. A principal diferença observada foi que os 
adultos conseguiam manter a atenção por mais tempo que as crianças. Estas também 
se distraiam mais facilmente. 
Visando investigar se o problema de atenção das crianças está mais voltado ao 
sistema seletivo ou inibitório, foram investigadas as diferenças na atividade cerebral entre 
12 crianças (idade entre 9 e 12 anos) e 12 adultos (idade entre 20 a 30 anos). A atividade 
cerebral foi investigada durante duas tarefas diferentes, uma que permitia a avaliação da 
atenção seletiva e outra que avaliava a inibição de estímulos. Os resultados indicaram 
poucas diferenças entre adultos e crianças na atenção seletiva. Porém, foram 
encontradas grandes diferenças na inibição de crianças e adultos, sendo que as crianças 
apresentaram maior ativação na região fronto estriada, incluindo o giro médio, cingulado 
e frontal. As grandes diferenças em resposta a tarefa de inibição são consistentes com a 
maturação demorada ou prolongada da região fronto estriatal. 
Considerando o papel essencial das emoções e da memória na atenção, e a 
importância da atenção na aprendizagem, destaca-se aqui a importância do significado 
no processo de aprendizagem. A memória está associada ao sistema límbico que está 
fortemente ligado as emoções. Tendemos a armazenar o que nos é emocionalmente 
relevante, ou importante para a sobrevivência. Pela associação do lobo límbico com o 
córtex pré-frontal, tendemos a programar e planejar baseados no que sentimos e no que 
nos foi passado, pois essa região frontal é responsável pela nossa subjetividade, valores 
e significados. Por isso melhor aprendemos o que nos é relevante e tem um significado. 
Construímos e planejamos o movimento baseados nas nossas motivações e valores e o 
aprendizado, desde a primeira reação ao estímulo, depende disto. Como o aprendizado 
depende da atenção, e esta está associada com aquilo que nos é importante, o 
significado influenciará no grau de atenção. 
 
Qualquer distúrbio que venha a modificar o funcionamento normal do sistema 
límbico pode prejudicar a atenção, um deles é a ansiedade. Um estudo encontrou relação 
entre a ansiedade e a aprendizagem motora. No caso da ansiedade traço, ou seja, a 
ansiedade que faz parte da personalidade da pessoa, ela foi relacionada como um dos 
indicadores para a eficiência da tarefa psicomotora. Também foi encontrado que a 
ansiedade-estado, ou seja, a ansiedade momentânea, tem um efeito negativo na 
coordenação óculo-manual numa tarefa de aprendizado. 
De acordo com a teoria social cognitiva desenvolvida, 4 processos governam o 
aprendizado: a atenção (seleção adequada), a retenção (representações cognitivas já 
existentes), a produção (escolha próxima ao modelo retido) e a motivação (regula a 
eficácia dos anteriores). As crenças de auto eficácia fornecem a maior base para a ação 
e podem influenciar na escolha da resposta, no esforço e na persistência para atingir os 
objetivos. 
Uma percepção de competência baixa e a autoestima abalada em crianças e 
adolescentes com déficit de coordenação também podem prejudicar a aprendizagem 
aumentando a ansiedade e reduzindo o estado de atenção. 
3.1 Teoria do Programa Motor 
O programa motor é o conjunto de comandos motores que é pré-estruturado no 
nível executivo e que define os detalhes essenciais de uma ação habilidosa; análogo 
(semelhante) ao gerador central de padrão. 
Múltiplos músculos têm que ser estimulados para contrair e alguns para relaxar 
em uma sequência correta, com controle adicional da magnitude e da velocidade de 
desenvolvimento da força muscular. Em uma região localizada na camada externa do 
cérebro (córtex), anterior ao principal giro do cérebro, existe uma região chamada córtex 
motoressa região cortical é responsável pelo desenvolvimento de padrões neurais que 
consequentemente causam a contração muscular. 
A área tridimensional do córtex motor é dividida em regiões que são especificas 
para diferentes músculos do corpo. Quanto maior o número de unidades motora dos 
 
músculos e quanto mais complexo for o controle neural para uma dada contração 
muscular, maior será a área do córtex destinada a esse músculo. 
 
 
Fonte:www.beevoz.net 
Isso acontece por que os neurônios que deixam o córtex motor agrupam-se na 
altura do tronco encefálico e descem pela medula espinhal, formando o trato cortiço-
espinhal (ou trato piramidal). Os neurônios do trato cortiço-espinhal cruzam na medula; 
assim o lado direito do córtex motor controla os movimentos do lado esquerdo do corpo 
e vice-versa. O cerebelo é importante para a preparação de padrões motores futuros e 
para armazenar a sequência correta de movimentos. Por exemplo, depois de um treino 
considerável de um movimento particular, a maioria dos detalhes do movimento pode ser 
estocado no cerebelo, necessitando menos do córtex motor. 
O controle de circuito fechado é o controle que envolve o uso de feedback e a 
atividades dos processos de detecção e correção de erros para manter a meta desejada; 
utilizada pelos indivíduos para controlar movimentos lentos e intencionais. 
 
3.2 Sentidos – Percepção – Decisão – Efetor = Feedback 
O controle de circuito fechado é do tipo em que errando pode haver uma correção, 
colocar a isca no anzol, enrolar a linha tirar o peixe da rede. É um circuito onde a uma 
melhor correção. 
O controle de circuito aberto é o tipo de controle que envolve o uso de comandos 
centralmente determinados e pré-estruturados enviados para o sistema efetor e 
executado sem feedback; utilizado pelos indivíduos para controlar movimentos rápidos e 
discretos. 
3.3 Estimulo – Executivo – Efetor – Resposta 
Concluí-se da seguinte forma: Se o movimento a ser produzido for muito lento, o 
controle será dominado pelos processos de operação de feedback. Se o movimento for 
muito rápido, o controle, será predominantemente, governado pela operação de 
processos de circuito aberto. 
4 CONTROLE MOTOR 
O sistema nervoso possui motoneurônios que controlam os músculos para a 
realização de movimentos. Uma unidade motora é constituída por um motoneurônio e as 
fibras musculares inervadas por ele. Assim, grupamentos musculares que possuem 
grandes unidades motoras (um motoneurônio inervando muitas células) proporcionam 
gestos motores com menor precisão, como o quadríceps. Já músculos que possuem 
pequenas unidades motoras (um motoneurônio inervando poucas células) proporcionam 
movimentos com maior precisão. 
 
4.1 Níveis de controle motor 
O controle motor pode ser divido em três níveis: voluntário, automático e 
involuntário. 
4.2 Movimento voluntário 
Esse tipo de movimento, no qual a produção e a execução do movimento são 
planejadas de forma consciente e controlada, é dividido em três níveis: planejamento, 
tático e execução. A ativação da zona pré-motora, que planeja o gesto, desencadeia um 
potencial de ação para o córtex sensório-motor que envia o comando para o tálamo, daí 
para os núcleos da base, onde há divergência do sinal para o cerebelo e para o tronco 
cerebral, seguindo para a medula, de onde parte para o músculo, via motoneurônio, 
iniciando a contração muscular. Posteriormente, estímulos sensoriais chegam ao 
cerebelo, informando sobre a execução do movimento. 
No cerebelo, há encontro de informações sobre a ação motora idealizada e a 
realizada. É feita uma comparação entre elas e o resultado é enviado para o córtex 
sensório-motor, que corrige o movimento, a fim de torná-lo mais preciso. Para executar 
um gesto são realizadas milhares de correções, e a precisão das correções aumenta com 
a experiência na execução do gesto. 
Em indivíduos com lesão cerebelar, essa capacidade de comparação e correção 
dos movimentos é perdida, fazendo com que esses indivíduos realizem gestos erráticos, 
com força excessiva ou insuficiente, e mudanças indesejadas de direção. 
4.3 Movimento automático 
Tal movimento é coordenado a partir da área motora e ocorre quando os 
movimentos já foram muito aperfeiçoados, não necessitando de planejamento para 
serem realizados. Por exemplo, a marcha do bebê, inicialmente, é voluntária, depois se 
torna automática e sofisticada. O mesmo acontece com a fala e com a escrita. 
 
Quando o gesto motor é estruturado e automatizado, constitui um programa motor 
ou engrama: uma via neuromuscular que, uma vez estimulada, se repete 
automaticamente. Assim, sempre que o indivíduo desejar realizar essa ação motora, ela 
será reproduzida da mesma forma. Um exemplo é o ato de escrever – depois que 
aprende a escrever, não consegue mudar a forma da escrita porque criou um programa 
motor e o usa sistematicamente. 
Se o indivíduo tentar mudar o ato do programa motor, esse ato deixa de ser 
automático e passa a ser voluntário. Depois de instalado o engrama, ele se torna 
dominante e não pode ser mudado ou corrigido, apenas substituído por outro engrama 
que irá predominar sobre o já existente, criando uma espécie de competição. Assim, ao 
longo do processo ensino-aprendizagem de crianças e adultos, bem como em casos de 
reabilitações na área da fisioterapia, é imprescindível o treino do padrão correto do 
movimento. 
Quanto mais experiências e habilidades motoras o indivíduo possuir, maior será 
seu vocabulário motor, sendo mais rápido e fácil seu processo de aprendizagem de 
gestos ou de esportes. 
O cerebelo compara o resultado do movimento que foi idealizado com o 
movimento que foi executado. A diferença gerada pelas variáveis ambientais faz o 
cerebelo enviar ao córtex sensório-motor as correções necessárias ao mesmo tempo em 
que o movimento acontece. Indivíduos que sofrem de doenças neurodegenerativas têm 
menor controle sobre o movimento que será executado; deste modo, as diferenças 
geradas entre o que foi idealizado e o que foi executado serão maiores. 
Essa correção entre movimentos realizada pelo cerebelo ocorre também quando 
aprendemos algo novo, como tocar instrumentos e praticar um esporte novo, por 
exemplo. Por outro lado, movimentos repetidos frequentemente não necessitam mais de 
planejamento para executá-los; estes movimentos são os chamados automáticos; como, 
por exemplo, a fala e a escrita. 
 
 
 
Fonte:www.belezaesaude.com 
Movimentos realizados ao longo do tempo tornam-se engramas ou programas 
motores. O programa motor é criado sempre que praticamos uma habilidade. A memória 
de tentativas anteriores é usada para repetir fisicamente a ação. Com prática, uma 
memória clara e precisa da habilidade é formada. Como dizia aquele ditado: você nunca 
se esquece de andar de bicicleta. 
Uma vez estabelecidos, correções nestes movimentos se tornarão mais difíceis, 
isto é, o tempo utilizado para alterar o movimento de origem, por anos repetidos, será 
maior do que o tempo utilizado para aprender um novo movimento. Em situações que o 
indivíduo perca o padrão motor adquirido, como ocorre no acidente vascular encefálico, 
este engrama terá de ser substituído por um novo. 
Outro fato importante em relação ao movimento automático é que indivíduos que 
apresentam maior experiência motora (vocabulário ou repertório motor) apresentarão 
uma maior capacidade de improvisação do que indivíduos restritos às situações 
rotineiras. 
Em relação ao movimento motor involuntário, discutiremos sobre o reflexo de 
retirada, o reflexo miotático e o reflexo miotático inverso: 
 
O reflexo de retirada será estimulado por fatores nociceptivos. Este estímulo 
desencadeará potenciais de ação que estimularão o motoneurônio do músculo flexor e 
uma sinapse com um interneurônio inibitório do músculo extensor, ou seja, haverá a 
contração do segmento agredido e uma inibição de contraçãocom simultâneo 
relaxamento do músculo extensor. Ao mesmo em que isso ocorre, o potencial de ação 
realiza o processo inverso do outro lado; mecanismo herdado geneticamente da época 
em que éramos quadrúpedes e necessitávamos de um apoio inverso para o equilíbrio. 
4.4 Movimento involuntário 
Este movimento, diferente dos outros, não necessita de controle cortical, pois 
ocorre ao nível medular. São movimentos reflexos, divididos em três tipos: reflexo 
miotático, reflexo miotático inverso e reflexo flexor ou de retirada. 
4.5 Reflexo miotático 
Depende de um órgão sensorial chamado fuso muscular, sensível ao estiramento 
do músculo, e que é uma célula muscular modificada, localizada em paralelo às outras 
células musculares no ventre muscular. Os sarcômeros do fuso muscular ficam 
localizados em suas extremidades, e são inervados pela fibra gama ou fusimotora, que 
provoca a contração dos sarcômeros, estirando o órgão sensorial. Quando um músculo 
é estirado, o fuso envia potenciais de ação por uma fibra sensorial até o H medular, onde 
ela faz uma única sinapse que ativa o motoneurônio alfa que inerva o músculo estirado, 
provocando sua contração. 
O controle tônico postural é mantido pelo reflexo miotático, já que as variações 
posturais ativam grupos musculares de forma compensatória, para manter a postura. 
Reflexo patelar: a percussão do tendão patelar gera um pequeno estiramento do 
quadríceps, ativando o fuso muscular desse músculo, que provoca sua contração. Esse 
teste é um índice de atividade reflexa miotática e pode ser usado como diagnóstico de 
hipotonia – não responde à percussão – ou hipertonia – tem uma resposta exacerbada. 
 
4.6 Reflexo miotático no desempenho físico 
Realizar uma ação contra movimento, antes do gesto que se deseja executar, 
provoca o estiramento dos grupamentos musculares que serão utilizados para o gesto, 
ativando o reflexo miotático. Assim, através do somatório dos estímulos involuntário e 
voluntário, o recrutamento de células musculares aumenta, bem como a geração de força 
no gesto. Agachar-se antes de saltar ou flexionar o cotovelo antes de lançar um objeto 
são exemplos de ações contra movimento. 
4.7 Reflexo miotático inverso 
Depende do Órgão Tendinoso de Golgi (OTG), uma terminação nervosa livre 
encapsulada, localizada no tendão do músculo e sensível à tensão muscular. Quando 
ativado pela tensão muscular, o OTG, que emite um potencial de ação por uma fibra 
sensorial até o H medular, realiza duas sinapses: uma com um interneurônio inibitório, 
que irá inibir o motoneurônio alfa, que inerva o músculo tensionado (agonista); e outra 
com um interneurônio excitatório, que irá excitar o motoneurônio alfa que inerva o 
músculo antagonista. Dessa forma, ocorre um relaxamento do agonista - para protegê-lo 
de possíveis lesões - e uma contração do antagonista. 
Um exemplo para esse tipo de reflexo é a queda de braço: quando certo grau de 
tensão muscular é atingido, os músculos agonistas relaxam e os antagonistas contraem, 
provocando a queda do braço do indivíduo derrotado. 
5 DOENÇAS NEUROLÓGICAS MAIS COMUNS 
5.1 Sistema nervoso central: 
Parkinson: doença degenerativa caracterizada pela tríade tremor, rigidez e 
lentidão que acomete cerca de 1% dos pacientes acima de 65 anos. 
 
Tremor essencial: nem todo paciente com tremor tem doença de Parkinson. Na 
verdade, a maior causa de tremor no mundo é o tremor essencial, uma entidade na 
maioria das vezes benigna e de padrão familiar. 
Outros distúrbios do movimento: Coréia, distonia, mioclonias, balismos têm 
características peculiares e podem ser consequência de causas vasculares, 
degenerativas ou infecciosas. 
Convulsões: são movimentos bruscos e involuntários de todo o corpo resultantes 
de descargas elétricas anormais no cérebro. Podem ser benignas quando relacionadas 
à febre, ao uso de substâncias ou na epilepsia da infância - ou malignas quando 
resultantes de tumores cerebrais de rápida evolução. 
Alzheimer: é a doença neurodegenerativa mais comum no mundo, afetando cerca 
de 15% dos idosos acima dos 65 anos. O quadro típico é a desorientação temporal-
espacial que não deve ser confundida com os lapsos normais do idoso. A progressão da 
doença é inexorável, mas variável, dependente de fatores genéticos e uso precoce de 
medicamentos específicos. 
Derrame cerebral (AVC): causa mais comum de morte e incapacidade, resulta da 
oclusão aguda de vasos cerebrais, geralmente nos idosos, hipertensos, diabéticos, 
fumantes e com colesterol alto. O reconhecimento dos sintomas é fundamental para a 
minimização de sequelas, já que o tratamento de desobstrução do coágulo deve ser feito 
nas primeiras 4.5 horas. 
Dores de cabeça: existem dezenas de causas, mas as duas mais comum são a 
enxaqueca e a cefaleia tensional, ambas de caráter benigno. Às vezes podem coincidir. 
As náuseas é a marca registrada da enxaqueca enquanto a dor em faixa sobre a testa é 
tipicamente tensional. Atividade física regular é a principal arma contra qualquer tipo de 
dor. 
Meningite: é a infecção das camadas mais externas do cérebro que provoca dor 
de cabeça lancinante, febre e rigidez de nuca. Quando há alteração de consciência ou 
convulsões muda de nome: meningoencefalite. Os germes causadores dependem da 
idade e do estado imunológico. É uma emergência médica. 
Esclerose Múltipla: é uma doença autoimune que afeta a substância branca do 
cérebro podendo gerar uma série de sintomas, alguns muito parecidos com um derrame. 
 
Afeta pacientes jovens e hoje conta com uma ampla gama de opções terapêuticas 
bastante eficazes. 
Doenças da medula espinhal: ou mielopatias. Podem ser agudas ou crônicas. São 
afecções neurológicas caracterizadas por lesões da medula espinal em consequência de 
processos infecciosos, doenças autoimunes, doenças sistêmicas com repercussão 
neurológica ou entidades idiopáticas isoladas. Os principais sintomas são paralisias das 
pernas, perda de sensibilidade e do controle esfincteriano. Na maioria das vezes o 
prognóstico é bom. 
Doenças neurológicas FUNCIONAIS: tratam-se de manifestações neurológicas 
variadas (dor, tonturas, paralisias, desmaios sensações anormais na pele etc.) onde o 
problema reside na má conexão ou funcionamento entre neurônios, mas SEM lesão 
neurológica demonstrável. 
6 DOENÇAS QUE AFETAM O SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO 
Doenças do neurônio motor (“mielopatias” puramente motoras): As doenças do 
neurônio motor são um grupo de enfermidades neurobiológicas que afetam seletivamente 
neurônios motores da porção anterior da medula ou do tronco cerebral, as células que 
controlam a atividade muscular voluntária, incluindo a fala, o caminhar, a respiração, a 
deglutição e o movimento geral do corpo. A principal representante deste grupo é a 
esclerose lateral amiotrófica, de prognóstico variável, geralmente reservado. 
Doenças dos nervos e das raízes: ou polineuropatia. É um distúrbio neurológico 
que ocorre quando simultaneamente muitos nervos periféricos por todo o corpo começam 
a não funcionar corretamente. Pode ser aguda (síndrome de Guillain-Barré) e aparecer 
sem nenhum aviso, ou pode ser crônica (diabetes, deficiência de vitamina B12 etc.) e se 
desenvolver gradualmente ao longo do tempo. Muitas polineuropatias possuem 
envolvimento motor e sensorial, e outras possuem disfunção autonômica. Outras 
situações comuns são as compressões focais de nervo, onde a síndrome do túnel do 
carpo (nervo mediano no punho) é a de longe a mais frequente na prática clínica. 
 
Doenças da junção do nervo com o músculo (placa motora): a miastenia grave ou 
miastenia gravis é o principal representante. Trata-se de uma doença que causa fraqueza 
e fadiga anormalmente rápida dos músculos voluntários. A fraqueza é causada por um 
defeito na transmissão dos impulsos dos nervos para os músculos. A doença raramente 
é fatal, mas pode ameaçar a vida quando atinge os músculos da deglutiçãoe da 
respiração. 
Doenças do músculo: ou miopatias = afecções que acometem as fibras 
musculares, resultando principalmente em fraqueza, Cãibras musculares, rigidez, 
espasmo, tetania entre outros. Causas múltiplas, até medicamentosas. O diagnóstico é 
baseado na clínica, dosagem de enzimas musculares e exame do DNA. Embora não haja 
um tratamento específico, o uso de tratamento sintomáticos têm tido resultados 
satisfatórios. 
Dor neuropática: A Dor Neuropática é definida como dor causada por lesão ou 
disfunção do sistema nervoso, como resultado da ativação anormal da via nociceptiva 
(fibras de pequeno calibre e trato espinotalâmico na medula e cérebro). As principais 
causas desta síndrome são: diabetes melito, neuralgia pós-herpética, neuralgia 
trigeminal, dor regional complexa, acidente vascular encefálico, esclerose múltipla, lesão 
medular, entre outros. 
7 PATOLOGIAS RELACIONADAS AO CONTROLE MOTOR 
TCE traumatismo cranioencefálico: O traumatismo cranioencefálico (TCE) é 
uma agressão ao cérebro causada por agressão física externa, que pode produzir 
alteração no nível de consciência e resultar em comprometimento das habilidades 
cognitivas, físicas e comportamentais. 
O TCE constitui qualquer agressão que acarrete lesão anatômica ou 
comprometimento funcional do couro cabeludo, crânio, meninges ou cérebro. 
As lesões do TCE dependerão da relação entre a capacidade de complacência 
cerebral (capacidade de suportar a agressão) e as alterações no fluxo sanguíneo 
cerebral. As lesões cerebrais podem ser primária ou secundária. 
 
Lesão encefálica primária: ocorre no momento do trauma e corresponde 
principalmente à contusão cerebral e à lesão axonal difusa (LAD). 
Lesão secundária: é determinada por processos iniciados no momento do trauma, 
mas clinicamente evidentes algum tempo depois. 
Exemplos: hematomas intracranianos, a tumefação cerebral, a lesão cerebral 
secundária ao aumento da pressão intracraniana, lesão cerebral por diminuição ou falta 
de oxigênio, queda na pressão sanguínea, dificuldades na respiração, diminuição ou falta 
de sangue, febre, aumento do açúcar no sangue, alterações do sódio, infeção 
generalizada alterações na coagulação do sangue. 
 
 
Fonte: www.superinteligente.club 
A incidência de TCE é maior nos homens do que nas mulheres em mais de 2:1 
(dois homens para cada mulher). Mais de 50% dos pacientes com TCE está entre as 
idades de 15 e 24 anos. 
O TCE é causa comum de morte em crianças, estando entre 10-13%. Quanto mais 
grave for o TCE, maior será a mortalidade. As causas mais comuns de TCE são acidentes 
de automóveis, traumas esportivos e quedas. Os traumas que ocorrem ao nascimento 
podem provocar fraturas de crânio, cefalohematoma, hematoma subdural e epidural, 
 
síndrome do Bebê Sacudido (shaken baby) e os cistos leptomeningeos (ou fratura em 
crescimento). O TCE pode ser classificado em: 
Fechado – quando não há exposição de estruturas do crânio. Ocorre em acidentes 
automobilísticos, quedas e agressões. 
Aberto ou penetrante – quando há exposição de estruturas do crânio. Ocorre em 
ferimentos por arma de fogo e lesões por instrumentos perfurantes. 
7.1 Complicações 
Os pacientes vítimas de TCE podem apresentar sequelas físicas, 
neuropsicomotoras, epilepsia, hidrocefalia e estética (defeitos cranianos). Em geral, 
quanto mais grave for o trauma, maior a chance de sequelas. 
7.2 Prevenção do TCE 
Como foi visto acima, o TCE pode levar a morte ou mesmo a sequelas graves e 
permanentes. Além disso, mais de 50% dos pacientes com TCE tem entre 15 e 24 anos, 
ou seja, a faixa produtiva da vida. O TCE atinge os jovens com a vida toda pela frente. É 
muito importante prevenir o TCE. As crianças como se encontram em fase de 
crescimento e desenvolvimento, estão sujeitas às diferentes formas de trauma craniano. 
Traumas que vão desde traumas ocorridos durante o parto até acidentes 
automobilísticos. As crianças menores, muitas vezes, são vítimas dos maus tratos e 
negligência causados até pelos próprios familiares. 
AVC/AVE: O acidente vascular cerebral, ou derrame cerebral, ocorre quando há 
um entupimento ou o rompimento dos vasos que levam sangue ao cérebro provocando 
a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea adequada. O AVC 
também é chamado de Acidente Vascular Encefálico (AVE). 
7.3 Tipos de AVC 
 AVC Isquêmico: entupimento dos vasos que levam sangue ao cérebro 
 
 AVC Hemorrágico: rompimento do vaso provocando sangramento no 
cérebro. 
 
 
Fonte: www.diariodaregiao.com.br 
7.4 Sintomas de AVC 
 Diminuição ou perda súbita da força na face, braço ou perna de um lado 
do corpo 
 Alteração súbita da sensibilidade com sensação de formigamento na 
face, braço ou perna de um lado do corpo 
 Perda súbita de visão num olho ou nos dois olhos 
 Alteração aguda da fala, incluindo dificuldade para articular, expressar 
ou para compreender a linguagem 
 Dor de cabeça súbita e intensa sem causa aparente 
 Instabilidade, vertigem súbita intensa e desequilíbrio associado a 
náuseas ou vômitos. 
 
7.5 Tratamento de AVC 
O tratamento e a reabilitação da pessoa vitimada por um AVC dependerá sempre 
das particularidades que envolvam cada caso. Há recursos terapêuticos que podem 
auxiliar na restauração das funções afetadas. Para que o paciente possa ter uma melhor 
recuperação e qualidade de vida, é fundamental que ele seja analisado e tratado por uma 
equipe multidisciplinar de profissionais da saúde, fisioterapeutas, médicos, psicólogos e 
demais profissionais. Seja qual for o tipo do acidente, as consequências são bastante 
danosas. Além de estar entre as principais causas de morte mundiais, o AVC é uma das 
patologias que mais incapacitam para a realização das atividades cotidianas. 
Conforme a região cerebral atingida, bem como de acordo com a extensão das 
lesões, o AVC pode oscilar entre dois opostos. Os de menor intensidade praticamente 
não deixam sequelas. Os mais graves, todavia, podem levar as pessoas à morte ou a um 
estado de absoluta dependência, sem condições, por vezes, de nem mesmo sair da 
cama. 
A pessoa pode sofrer diversas complicações, como alterações comportamentais e 
cognitivas, dificuldades na fala, dificuldade para se alimentar, constipação intestinal, 
epilepsia vascular, depressão e outras implicações decorrentes da imobilidade e pelo 
acometimento muscular. Um dos fatores determinantes para os tipos de consequências 
provocadas é o tempo decorrido entre o início do AVC e o recebimento do tratamento 
necessário. Para que o risco de sequelas seja significativamente reduzido, o correto é 
que a vítima seja levada imediatamente ao hospital. 
Os danos são consideravelmente maiores quando o atendimento demora mais de 
3 horas para ser iniciado. 
Disfagia pós- AVC: Mais da metade das pessoas que tiveram um AVC poderão ter 
dificuldades de comer ou beber. Essa dificuldade é chamada de disfagia e é causada 
pelo dano de alguns nervos e músculos usados para mastigar e engolir. Na disfagia, 
ocorre um desvio do alimento ou da saliva, obstruindo parcialmente ou completamente 
as vias respiratórias. 
 
 
Fonte: www.fonolarbh.com 
7.6 Sinais e sintomas da disfagia 
 Tosse e engasgos quando a pessoa tenta engolir alimentos ou líquidos; 
 Sensação de alimento parado na garganta; 
 Sialorreia (babar); 
 Tempo de refeição muito prolongado; 
 Rouquidão ou cansaço depois de comer ou beber; 
 Restos de comida na boca após engolir; 
 Se os alimentos ou bebidas desviarem pela via respiratória, o “caminho 
errado”, você pode desenvolver uma infecção no pulmão, com dificuldade 
de respirar e febre. 
7.7 Dicas simples para facilitar a deglutição (ato de engolir) 
 O paciente deve estar alerta (bem acordado) e compreendendo ordens 
simples. O ambiente de alimentação deve ser calmo e com o mínimo de 
distrações. 
 
 Nunca oferte comida à pessoa deitada, salvo em caso de orientaçõesespecíficas. 
 Em caso de má adaptação das próteses dentárias, retire-as. 
 Oferte colheradas menores e não misture comida e bebida na boca ao 
mesmo tempo. 
 Ofereça os alimentos sem pressa. 
 Não permita que a pessoa fale com a comida na boca. 
 Evite que a pessoa coma com a cabeça inclinada para trás, salvo com 
orientação profissional. 
 Incentive a pessoa a mastigar bem os alimentos. 
 Verifique se a boca está vazia, antes de ofertar outro gole ou colherada. 
 Evite oferecer alimentos difíceis de engolir, como alimentos duros e secos. 
 Não use canudos, a menos que um fonoaudiólogo o recomende. 
 Peça ao médico para prescrever os medicamentos do paciente em calda 
ou na forma líquida. 
 Verifique com o médico ou farmacêutico se existe possibilidade de esmagar 
os comprimidos sem perda do efeito do medicamento. 
 Caso necessário, ofereça alimentos mais pastosos e líquidos engrossados, 
pois o engasgo com alimento líquido é o mais frequente. 
 Deixe a pessoa que teve um AVC sentada por meia hora após as refeições, 
para ajudar a digestão. 
7.8 Se não for possível comer pela boca 
Se a pessoa não consegue engolir qualquer alimento por via oral, ela vai precisar 
de alimentação por sonda nasoenteral (SNE) ou via gastrostomia. A nutricionista irá 
prescrever uma dieta equilibrada, líquida, especificamente adaptada às necessidades 
nutricionais diárias e isso vai ser gotejado lentamente, através da sonda. 
É importante manter a cabeceira da cama bem elevada quando estiver sendo 
alimentado por sonda, para facilitar a digestão e evitar retorno de alimento. 
 
Não se deve esquecer de realizar a higiene oral com cuidado: fazer a limpeza 4 
vezes ao dia e não realizar bochecho, devido ao maior risco de engasgo. Solicite à equipe 
orientação adequada. 
 
 
Fonte: www.biologiacolegioserrano.blogspot.com.br 
8 POLIOMIELITE AGUDA 
Poliomielite é uma doença viral que pode afetar os nervos e levar à paralisia parcial 
ou total. Apesar de também ser chamada de paralisia infantil, a doença pode afetar tanto 
crianças quanto adultos. 
A poliomielite foi praticamente erradicada em países industrializados com a 
vacinação de crianças, inclusive no Brasil, onde a vacina contra a doença foi incorporada 
à caderneta de vacinas obrigatórios. Mas o vírus causador, no entanto, ainda pode ser 
encontrado em países da África e da Ásia. 
 
8.1 Tipos 
A infecção pelo poliovírus não leva, necessariamente, à paralisia infantil. Existem 
dois tipos principais da doença: 
 Poliomielite paralítica 
 Poliomielite não-paralítica 
8.2 Causas 
A poliomielite é uma doença causada pela infecção do poliovírus, que se espalha 
por contato direto pessoa a pessoa e também por contato com muco, catarro ou fezes 
infectadas. 
O vírus entra por meio da boca e do nariz e se multiplica na garganta e no trato 
intestinal. Dali, alcança a corrente sanguínea e pode atingir o cérebro. Quando a infecção 
ataca o sistema nervoso, destrói os neurônios motores e provoca paralisia nos membros 
inferiores. A pólio pode, inclusive, levar o indivíduo à morte se forem infectadas as células 
nervosas que controlam os músculos respiratórios e de deglutição. 
O período de incubação do vírus, ou seja, tempo que leva entre a infecção e 
surgimento dos primeiros sintomas, varia de cinco a 35 dias, mas a média é de uma a 
duas semanas. 
O poliovírus pode ser transmitido por meio de água e alimentos contaminados ou 
pelo contato direto com uma pessoa infectada. A doença é tão contagiosa que pode ser 
pega no ar, principalmente por pessoas que convivem com portadores do vírus. Quem 
tem poliomielite pode transmitir a doença semanas após a infecção. 
8.3 Sintomas de Poliomielite 
Embora a poliomielite possa causar paralisia e até mesmo a morte, a maioria das 
pessoas infectadas com o poliovírus não fica doente e não manifesta sintomas, de modo 
que a doença passa muitas vezes despercebida. 
 
8.4 Poliomielite não-paralítica 
A maior parte das pessoas que foram infectadas pelo poliovírus apresenta o tipo 
não-paralítico da doença. Muitas vezes a pessoa não manifesta nenhum sintoma, e 
quando os sinais da doença aparecem, eles geralmente são muito similares aos sintomas 
da gripe e de outras doenças virais leves ou moderadas. Os sinais e sintomas, que 
costumam durar de um a dez dias, incluem: 
 Febre 
 Garganta inflamada 
 Dor de cabeça 
 Vômitos 
 Fadiga 
 Dor nas costas ou rigidez muscular 
 Dor de garganta 
 Dor ou rigidez nos braços e nas pernas 
 Fraqueza muscular ou sensibilidade 
 Meningite. 
8.5 Poliomielite paralítica 
Em casos raros, a infecção pelo poliovírus leva à poliomielite paralítica, a forma 
mais grave da doença. Poliomielite abortiva, como também é chamada, recebe diferentes 
nomes dependendo da parte do corpo afetada: a medula espinhal (poliomielite espinhal), 
o tronco cerebral (poliomielite bulbar) ou ambos (poliomielite bulbospinal). 
Sinais da poliomielite paralítica, como febre e dor de cabeça iniciais, muitas vezes 
imitam os da poliomielite não-paralítica. Dentro de uma semana, no entanto, os sintomas 
específicos de poliomielite paralítica aparecem, incluindo: 
 Perda dos reflexos 
 Dores musculares graves ou fraqueza 
 Membros soltos e flácidos, muitas vezes pior em um lado do corpo. 
 
8.6 Diagnóstico de Poliomielite 
Os médicos muitas vezes conseguem reconhecer poliomielite por meio da 
observação dos sintomas, tais como dor e rigidez no pescoço, reflexos anormais, lentos 
ou inexistentes e dificuldade de deglutição e respiração. Para confirmar o diagnóstico, 
uma amostra de secreções da garganta, fezes ou líquido cefalorraquidiano - um líquido 
incolor que envolve o cérebro e a medula espinhal - é enviada para análise laboratorial, 
em que é confirmada a presença do poliovírus ou não. 
8.7 Tratamento de Poliomielite 
Não existe cura para poliomielite, por isso o foco do tratamento reside em diminuir 
a sensação de desconforto, acelerar a recuperação e garantir a qualidade de vida do 
paciente. O tratamento deve ser iniciado o quanto antes para evitar complicações, 
mesmo porque, se uma pessoa infectada com o vírus não for atendida ao primeiro sinal 
da doença, ela estará sob risco aumentado de morte. Cuidados caseiros e 
acompanhados pelo médico podem ajudar na recuperação do paciente com pólio. 
8.8 Complicações possíveis 
Poliomielite paralítica pode levar à paralisia muscular temporária ou permanente, 
incapacidade e deformidades dos quadris, tornozelos e pés. Embora muitas 
deformidades possam ser corrigidas com cirurgia e fisioterapia, esses tratamentos podem 
não ser opções em algumas partes do globo, especialmente países não industrializados, 
onde a pólio ainda é comum. Como resultado, as crianças que sobrevivem à poliomielite 
pode passar a vida com deficiências graves. 
 
 
 
Fonte:www.onu.org.br 
O prognóstico depende do tipo de poliomielite e do local afetado pelo vírus. Se a 
medula espinhal e o cérebro não estiverem envolvidos, o que acontece em mais de 90% 
das vezes, a recuperação completa é bastante possível. 
O envolvimento do cérebro ou da medula espinhal é uma emergência médica que 
pode resultar em paralisia temporária ou permanente e até mesmo em morte 
(normalmente por dificuldades respiratórias). 
A paralisia é uma consequência mais comum que a morte. A infecção em uma 
parte alta da medula espinhal ou no cérebro aumenta o risco de problemas respiratórios. 
Síndrome pós-pólio: A síndrome pós–pólio é uma desordem neurológica que 
acomete pessoas por volta dos 40 anos que, pelo menos 15 anos antes, foram infectadas 
pelo vírus da poliomielite e desenvolveram uma forma aguda ou inaparente da doença. 
A principal característica da síndrome é a perda das funções musculares que 
tinham permanecido estabilizadas no intervalo entre a recuperação e o aparecimento dos 
novos sintomas. 
O quadro não é provocado pela reativação do vírus da poliomielite,

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