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Enzo Amaral Avidago 1 ENZO AMARAL AVIDAGO - 4º PERÍODO / 2020.2 PROF. CRISTIANO DIAS SILVEIRA RAMOS [Endereço da empresa] [TÍTULO DO DOCUMENTO] ENZO AMARAL AVIDAGO - 4º PERÍODO / 2020.2 PROF. CRISTIANO DIAS SILVEIRA RAMOS Enzo Amaral Avidago 2 1. INTRODUÇÃO - TÉCNICA CIRÚRGICA: trata-se da codificação das regras que presidem a realização de intervenções cirúrgicas; sistematização para maior eficiência (estilo produção em série); - INTEERVENÇÃO CIRÚRGICA: trata-se do conjunto de gestos manuais ou instrumentais que o cirurgião executa para a integral realização do ato cruento com finalidade diagnóstica, terapêutica ou estética. Toda e qualquer intervenção cirúrgica requer: normas (que podem possuir variações, mas em sua grande parte são padronizadas em todo o globo); sequência planejada; entendimento harmônico dos membros da equipe; tempo bem aproveitado; manipulação delicada das estruturas (mãos firmes e não pesadas, com exceção na ortopedia). 2. HISTÓRICO A cirurgia nos seus primórdios consistia na realização de pequenas manobras manuais e instrumentais de curta duração, quase sempre limitadas a um único gesto. O cirurgião não era considerado médico, além de ter que estudar o dobro para conseguir se tornar medico, caso quisesse. As cirurgias eram feitas de acordo com aquilo que se via, sem conhecimento científico como base. Tratavam fraturas simples, deslocamentos e abscessos e amputavam, porém as taxas de mortalidade eram altas. - PERÍODO NEOLÍTICO: eram feitas trepanações cranianas (abertura de um ou mais buracos no crânio, através de uma broca neurocirúrgica) para exorcizar maus espíritos com sobrevivência dos pacientes. A evidência de que esta operação não levou o paciente à óbito é a cicatriz óssea presente nos crânios analisados. - HERÓFILO (ALEXANDRIA): fundou a escola de medicina de Alexandria (300 a.c.), deu início aos primeiros trabalhos de anatomia; é um dos fundadores do Método Científico e nomeou o “duodeno” (criou o termo duodeno pelo fato de medir doze dedos). - GALENO (ROMA – 164 a.C): criou a ligadura (fechamento) de vasos sanguíneos para estancar hemorragias de gladiadores. - SÉCULO XVI (RENASCENTISTAS): novas descobertas. - SUSHRUTA SAMHIÁ (INDU): considerado o primeiro livro de cirurgia na história da medicina. - ANO 1673: no livro “O paciente imaginário de Moliére”: “o primeiro a adentrar é o enfermeiro, seguido pelo boticário, que por sua vez, é seguido pelo cirurgião e, finalmente o médico. - SÉCULO XIX: movimento civilizatório na Europa, com estipulação de regras sociais e de trabalho. Cirurgiões desvinculados dos barbeiros e próximos do ofício dos médicos. - ANO 1846: descoberta da anestesia. - ANOS 1870-80: conceitos de assepsia e antissepsia. - SÉCULOS XVIII e XIX: avanços em anatomia patológica e fisiologia tornaram a medicina investigatória e terapêutica pelos clínicos e seguida pelos cirurgiões. - FINAL DO SÉCULO XIX: Cirurgia surge como especialidade médica. - ANOS 1880-1890: Quatro pré-requisitos para realização de uma intervenção: 1) CONHECIMENTO DA ANATOMIA – ANDREAS VERSALIUS (1514-1564): corrigiu erros anatômicos de gregos e romanos baseados em dissecções de animais. “A dissecção anatômica deve ser feita pelo próprio cirurgião e não pelos serventes...”. 2) MÉTODO PARA CONTER A HEMORRAGIA E MANTER A HEMOSTASIA – AMBROISE PARÉ (1510-1590): percebeu que o exército francês sangrava menos com o uso do emoliente de gema de ovo, óleo de rosa e terebintina, ou seja, deu início ao conhecimento da hemostasia. Realizava ligadura individual dos vasos durante a amputação. 3) ANESTESIA: velocidade x eficácia clínica (cirurgiões eram obrigados a se preocupar mais com a velocidade do procedimento que com a sua eficácia devido a dor), muitos pacientes se recusavam a tratar devido à dor, a maioria das drogas conhecidas foram usadas inicialmente como anestésicos (analgésicos, narcóticos como haxixe e ópio eram usados para fins anestésicos). Em 1830 começou o uso de clorofórmio, éter e óxido nitroso. Em 1846, Morton fez a primeira anestesia com éter sulfúrico para Warren extirpar um tumor vascular cervical. Em 1847/48 a anestesia passou a ser utilizada no Brasil. Até então a cirurgia era vista como algo grandioso, moderno e místico. 4) AMBIENTE ANTISSÉPITCO, ASSÉPTICO e NATUREZA DA INFECÇÃO: foi o evento mais importante uma vez que muitos pacientes, apesar de que não sentiam mais dor, desenvolviam quadros de sepse. Nessa época os cirurgiões operavam de casaca, muitas vezes em público, para que os demais pudessem assistir e aprender. Em 1865, Lister, considerado o pai da cirurgia moderna, propôs métodos de assepsia e antissépsia na cirurgia. O Listerismo propôs o uso ácido carbólico, categute carbolizado; Teoria do Germe (“bichos que matam, mas que não podem ser vistos”). Houve pouca adesão no meio médico, porém, na Alemanha durante a 1ª guerra, o listerismo foi aceito e reconhecido, uma vez que o número de óbitos reduziu comprovando a sua eficácia. Utilizaram também autoclaves, gorros, máscaras e aventais. Após este evento, americanos e europeus aderiram os métodos e os cirurgiões passaram a ser reconhecidos pela comunidade científica. - VIRADA DO SÉCULO XX: prestígio da cirurgia, ambientes limpos, jalecos brancos, contra o charlatanismo e dogmatismo, cirurgia científica. Cirurgia científica – Halsted (1852-1922), pelo Johns Hopkins Hospital, “nova” cirurgia – do teatro ao laboratório; experimentos em animais, treinamento de cirurgiões, energia elétrica e criação de centros cirúrgicos. - PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL: declínio da supremacia cirúrgica alemã, evolução no tratamento de feridas nas trincheiras (Alexis Carrel). Colégio americano de cirurgiões (1913) promoveu a regulamentação e treinamento das especialidades (primeiras especialidades – oftalmologia, ortopedia, proctologia, urologia, cirurgia plástica e neurocirurgia). - ANOS 1920-30 (ERA MODERNA): declínio econômico, ascensão dos cirurgiões cientistas, melhora dos instrumentos, novos exames. - ANO 1924 ATÉ A ÚLTIMA METADO DO SÉCULO XX: domínio americano, grande mercado, grandes hospitais urbanos, mídia, olecistografia. - APÓS SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: operava-se todas as partes do corpo. - ANO DE 1953: foi realizada a primeira cirurgia cardíaca bem sucedida com coração aberto. John Gibbon foi responsável pela circulação extra- corpórea. - TRANSPLANTES: antes fazia-se a excisão e reparo, atualmente, reconstrução e transplante (enxertos e retalhos). Alexis Carrel desenvolveu as microanastomoses; John Merrill, em 1956, realizou o primeiro transplante renal em gêmeos idênticos; James Hardy, em 1963 realizou transplante de pulmão e, em 1964, realizou transplante de coração. Enzo Amaral Avidago 3 1. INTRODUÇÃO Por nomenclatura entende-se os termos empregados em uma ciência, uma técnica, uma arte e a classificação desses termos. Já operação ou intervenção cirúrgica é toda intervenção cruenta praticada sobre um organismo vivo, por meio de instrumentos, após uma incisão que permita uma via de acesso ao campo operatório. Pode ser praticada com finalidade terapêutica, preventiva, estética ou experimental (animais). Toda intervenção cirúrgica consta de três tempos fundamentais: diérese dos tecidos (‘abrir caminho’), operação propriamente dita (‘o que será realizado’) e síntese (‘caminho contrário/fechar’). Todas as práticas operatórias praticáveis em um órgão podem reduzir-se a um certo número de manobras cirúrgicas perfeitamente definidas, que em cirurgia se designa com sufixos especiais associados ao nome do órgão ou órgãos os quais se intervém. 2. ÓRGÃOS E TECIDOS 3. MANOBRAS E SUFIXOS CORRESPONDENTES MANOBRA SUFIXO EXEMPLO Formação de passagem entre dois órgãos -anastomose Gastroenteroanastomose (ligação do estômago com intestino delgado) Punção, picada, ação de fechar -centese Abdomiocentese (punção do abdome) Fechamento -clise Colpoclise(fechamento da vagina, realiza quando há a retirada do útero) Ação de romper, ruptura -clasia ou -clase Osteoclasia ou osteoclase (quebrar osso para corrigir deformações) Ação de ligar, fixação, fusão -dese Artrodese (fusão da articulação) Extirpação, exicisão -ectomia Tireoidectomia (retirada da glândula tireoide) Dissolução; liberação -lise Neurólise (liberar o nervo das suas ligações periféricas) Fixação -pexia Nefropexia (fixação do rim) Moldagem, formação -plasia Rinoplastia (correção de nariz) Sutura -rafia Perineorrafia (sutura do períneo) Composição -síntese Osteossíntese (redução da fratura óssea) Detenção, parada -stasia ou -stase Hemostasia ou hemóstase (impedir, deter ou prevenir o sangramento) Criação de uma abertura -stomia Colostomia (abertura do cólon através da parede abdominal) Gastroenterostomia (comunicação entre estômago e intestino delgado) Torção -strofia Angiostrofia (torção do vaso para sustar uma hemorragia) Corte, incisão, secção -tomia Laparotomia (incisão através da parede abdominal) Esmagamento -tripsia Litotripsia (‘quebrar/esmagar’ o cálculo renal) 4. INTRUMENTOS E SUFIXOS CORRESPONDENTES INSTRUMENTO SUFIXO EXEMPLO Que corta -tomo Costótomo (instrumento que corta costelas) Que detém -stato Laparóstato (instrumento afastador) Que rompe -clasto Osteoclasto (instrumento para produzir uma fratura óssea) Enzo Amaral Avidago 4 5. TÉCNICAS DE NOMENCLATURA • EPÔMINOS → Trata-se da designação de doença, estrutura, operação, processo etc., pelo nome da pessoa que supostamente a descobriu ou que em primeiro a descreveu. Em todos os ramos da medicina os epônimos proliferam, praticamente incontrolados. Exemplos: incisão de mac-burney, doença de chagas, células de leydig. • TERMOS HÍBRIDOS → trata-se de palavras formadas de vocabulários com elementos oriundos de línguas distintas. Exemplos: albuminúria (lat. Albumen + gr. Oûron); apendicite (lat. Appendix + gr. Ítis); radioterapia (lat. Radium + gr. Therapéia). 6. IMPROPRIEDADAS e EMPREGOS ERRÔNEOS • LAPAROTOMIA → o termo láparo remete a flanco; as primeiras laparotomia foram feitas no flanco, por isso esse nome pegou e significa abertura cirúrgica da cavidade abdominal); • AUTÓPSIA → o correto é necrópsia; • LITOTOMIA → seu significado etimológico é cortar o cálculo renal, porém, na prática, significa intervenção cirúrgica na bexiga para fragmentar e remover cálculos. • PATOLOGIA → é a ciência, não a doença; o correto é doença, enfermidade... • ETIOLOGIA → é a ciência, não a causa. • CIRURGIA → é ciência; o correto é operação, intervenção cirúrgica... 7. DICIONÁRIO 1) Ablação: separação ou descolamento; remoção de uma parte, especialmente cortando; 2) Abrasão: ação de raspar; raspagem superficial da pele; 3) Alogênico: que apresenta co nstituição genética diferente; 4) Amputação: operação pela qual se retira um membro, parte de um membro, parte saliente (seio, colo uterino, pênis) ou porção terminal (reto). Quanto aos membros ‘existem duas espécies de amputação: no nível da articulação (desarticulações ou amputações na contiguidade) e através dos ossos que são serrados (amputações na continuidade); 5) Anastomose: comunicação entre vasos, nervos ou condutos; formação entre dois espaços ou órgãos normalmente separados; 6) Antissepsia: prevenção de infecções, por inibição ou destuiçaõ dos agentes casuais; “faz a antissepsia para chegar ao estado de assepsia”; 7) Antrectomia: retirada/excisão do antro gástrico; 8) Antrotomia: abertura/incisão no antro gástrico; 9) Apendicectomia: retirada/excisão do apêndice cecal; 10) Assepsia: estado livre de infecção; prevenção do contato com microrganismo; 11) Autólogo: que se refere a si mesmo; diz-se que um enxerto de células ou de tecido, ou de um transplante de órgão, praticados no próprio doador; 12) Biópsia: remoção de exame, em geral microscópico, de tecido ou outro material de um organismo vivo, para fins diagnósticos; 13) Cateterismo: introdução, em uma cavidade natural, de um cateter ou sinda, ora como finalidade exploradora, ora com objetivos terapêuticos; 14) Cauterização: aplicação de um cautério ou cáustico com objetivo terapêutico; 15) Coagulação: precipitação de proteínas ou conversão de um solvente em gel; interromper o sangramento; 16) Criocirurgia: destruição de tecidos com auxílio de instrumentos especiais para congelação localizada, sem lesão das estruturas normais adjacentes; 17) Decorticação: remoção da porção cortical de um órgão, como cérebro, rim e pulmão; 18) Desarticulação: amputação ou separação no nível de uma articulação; 19) Desbridamento/Debridamento: secção de bridas constritivas; limpeza mecânica de uma ferida infectada, pela remoção de toda a meteria estranha e tecido desvitalizados nela contidos. 20) Divulsão: ação e efeito de separar ou tracionar para os lados; em cirurgia, separação dos tecidos ao longo das linhas naturais de clivagem, sem seccionamento; 21) Enucleação: tirar o núcleo; remover (um caroço, um tumor, o globo ocular, etc.) de seus envoltórios 22) Enxerto: fragmento de pele ou outro tecido para implantação; processo de implantação desse material; 23) Evisceração: remoção das vísceras; saída espontânea dos intestinos por rotura de uma cicatriz; 24) Excisão: operação por meio da qual são extraídas as partes de um órgão ou pequenas tumefações; 25) Fulguração: perturbação produzida no organismo vivo por descarga elétrica, principalmente o raio; a destruição dos tecidos animais por faíscas elétricas de alta frequência e alta tensão, controladas por um eletrodo móvel; 26) Implante: material destinado à implantação, colocado cirurgicamente dentro do comporto do paciente (p. ex., implante mamário, implante dentário); implantação; 27) Incisão: intervenção cirúrgica em um tecido efetuada com instrumento cortante (bisturi ou bisturi elétrico); 28) Ligadura: fio, arame ou outro meio para ligar vaso, fixar ou estrangular uma parte; ato ou operação de ligar; 29) Marsupialização: criação de uma bolsa; operação que consiste na sutura, aos lábios de incisão cutânea dos bordos da cavidade que resta após a ressecção parcial de certos cistos hidáticos, cistos gigantes do ovário. Forma-se uma bolsa que, tamponada convenientemente cura por granulação; 30) Paracentese: punção de uma cavidade por uma agulha, por um trocarte e cânula ou por outro instrumento oco, com o objetivo de retirar um líquido patológico acumulado; 31) Prótese: substituição de um órgão ou parte natural por uma peça artificial; órgão ou parte do corpo artificial (p. ex., braço e perna mecânica, olho de vidro, dentadura...); 32) Órtese: estruturas/aparelho externo que auxiliar no desempenho de uma função, como andador, bengala, óculos, muleta, aparelho auditivo; 33) Redução: ato ou efeito de reduzir, diminuir, estreitar; correção de uma fratura, luxação ou hérnia. 34) Sutura: união de estruturas através de sutura (costura). Enzo Amaral Avidago 5 8. INTRODUÇÃO - AMBIENTE CIRÚRGICO: trata-se da unidade Hospitalar onde se realizam as intervenções cirúrgicas. Constituído de recursos (equipamentos e materiais) que possam ser utilizados com eficiência e segurança pela equipe cirúrgica e pelos serviços auxiliares. Deve atender tanto internação, quanto ambulatório e pronto-socorro. - SALA CIRÚRGICA: é um dos componentes do ambiente cirúrgico e onde efetivamente se consuma o ato operatório. O ambiente cirúrgico é constituído de uma área onde estão concentrados recursos representados por equipamentos (não descartáveis; p. ex., laser, bisturi elétrico) e materiais (descartáveis ou não; p. ex., soro, fio, seringa, lâmina do bisturi) que possam ser utilizados com eficiência e segurança pela equipe cirúrgica, bem como pelo pessoal responsável pelos serviços auxiliares, em benefício do paciente que está sendo operado. Entende-se por serviçosauxiliares o preparo pré-operatório do paciente, a administração da anestesia, o controle monitorizado de variáveis fisiológicas, o desempenho da enfermagem especializada em centro cirúrgico, a colaboração do laboratório clínico e banco de sangue, e finalmente a recuperação pós-operatória imediata do paciente. O conceito moderno de ambiente cirúrgico não inclui o centro de materiais esterilizados, que é definido com uma unidade hospitalar autônoma. Este centro de materiais é uma unidade incumbida do preparo, esterilização e distribuição de todo o material esterilizado, bem como dos aparelhos destinados a tratamentos nas salas cirúrgicas, nas unidades de internação, nos ambulatórios, no pronto-socorro e demais serviços paramédicos. O centro cirúrgico precisa: ser um ambiente livre do trânsito de pessoas não habilitadas, em condições assépticas, uma área independente do restante do edifício hospitalar (tem sistema de água, energia, etc. independentes); precisa ser uma local de fácil acesso, apesar de ser restrito, uma vez que, em muitos casos os pacientes precisam ser encaminhados rapidamente para o local. 9. PLANEJAMENTO FÍSICO O planejamento e desenvolvimento do ambiente cirúrgico devem ser fruto de trabalho em equipe, formada por arquitetos, engenheiros (especializado em bioengenharia), médicos, enfermeiros e administradores hospitalares. Deve ser autorizado pela vigilância sanitária, sendo criado de acordo com a dinâmica e o propósito, que variam de acordo com a especialidade. A ideia de centralização dos serviços deve nortear o planejamento, o desenvolvimento e a administração dos hospitais, de forma a obter maior eficiência, segurança e economia. Maior eficiência é conseguida pela seleção, padronização, uniformização e utilização das melhores técnicas. A segurança resulta da supervisão adequada, constante controle e reparo mais rápido de possíveis falhas existentes no sistema empregado. A economia é obtida pela concentração de equipamentos e pessoal habilitado, evitando a duplicação, e com isso maximizar a utilização e minimizar os custos. Desta forma o centro cirúrgico deve ser único e ter a capacidade para atender aos diversos setores hospitalares: unidade de internação, pronto-socorro e ambulatório. 10. CONTROLE ASSÉPTICO Genericamente, na planta de um centro cirúrgico, poderemos individualizar três áreas distintas: • ZONA DE PROTEÇÃO → é representada pelos vestiários masculino e feminino, onde todos os integrantes das equipes de cirurgia, anestesia, enfermagem, técnicos e demais elementos que trabalham no centro cirúrgico, trocam suas roupas por uniforme próprio, bem como colocam gorros, mascaras e pró-pés de uso exclusivo no interior do ambiente cirúrgico. Em certos lugares o vestuário varia entre os profissionais visando facilitar a identificação destes. • ZONA ASSÉPTICA ou ESTÉRIL → é constituída pelas salas de operação e salas de subesterilização. Local onde é obrigatório que a equipe cirúrgica esteja com o avental cirúrgico, tenha feito a escovação das mãos e utilizando luva cirúrgica. • ZONA LIMPA → é composta por todos os demais componentes do agrupamento cirúrgico, que não são vestiários, salas de operações e salas de subesterilização, e ficar interposta entre as zonas de proteção e estéril. • ZONA DE TRANSFERÊNCIA → é representada pelas áreas onde os pacientes são passados das macas das suas respectivas unidades de internação para macas que só trafegam no ambiente cirúrgico. Atualmente, não é realizada mais essa troca de macas, pois constatou-se que a limpeza continua do chão do centro cirúrgico é o suficiente para reduzir o risco de contaminação possivelmente proveniente da rodas das macas vindas de fora do ambiente cirúrgico. 11. COMPONENTES DO AMBIENTE CIRÚRGICO a. VESTIÁRIOS: deve estar à disposição uniformes próprios do ambiente cirúrgico; b. SALA DE RECEPÇÃO DOS PACIENTES: onde os operados são recebidos e permanecem até o momento em que serão conduzidos para a sala de operação. Nessa sala, os pacientes poderão ser reavaliados clinicamente antes da cirurgia, ou ainda receber medicações pré-anestésicas caso não tenha sido aplicada na sua respectiva unidade de internação. Deve ser o mais tranquila possível, a fim de diminuir o estresse do período pré-operatório. c. CORREDORES: constituem o local de grande disseminação de infecção; devem ter um tamanho superior a 2,85m (suficiente para passagem de duas macas sem obstruir o fluxo). Com o objetivo de reduzir a chance contaminação, há um corredor central considerado limpo, na área central do centro cirúrgico e um corredor periférico ou contaminado. O objetivo é evitar o cruzamento do fluxo de pessoas e instrumentos, teoricamente não contaminados, com pessoal e material potencialmente contaminados. d. LAVADO: são pias, situadas fora da sala de operação e anexos à mesma, onde os integrantes da equipe cirúrgica escovam as mãos e antebraços antes de entrar na sala de operação para vestir os aventais cirúrgicos. e. SALA DE OPERAÇÃO: deve dispor de uma mesa de operação, com comando de movimentos centralizados na cabeceira; mesas de instrumental cirúrgico (no mínimo duas unidades); mesa para o anestesista colocar todo seu equipamento, bem como drogas anestésicas; Enzo Amaral Avidago 6 aparelhos de anestesia e respiração, conectados à rede de oxigênio e anestésico; foco principal de luz para a cirurgia; mesa auxiliar para a enfermeira circulante colocar pacotes com campos estéreis ou complemento de instrumental. Deve ser um ambiente estruturado, asséptico, seguro, calmo, flexível para várias especialidades, capaz de otimizar o tempo dos profissionais, possuir condições apropriadas de trabalho, capaz de regular o tráfego de pessoas. As características físicas da sala envolvem: paredes resistentes; cor neutra; cantos arredondados; piso antirreflexo e de fácil limpeza; portas largas e com visores; sem janelas; acondicionamento de ar; tomadas 110 e 220V; assistência ventilatória na parede com respectivos fluxômetros (oxigênio, vácuo, ar comprimido, óxido nitroso). A iluminação é composta de foco multidirecional (pois não pode haver sombra), luzes quentes (ótimas para contraste de cores, como para diferenciar o sangue venoso do arterial) e luzes frias. Número de salas de operação: 1/50 leitos para hospitais grandes (1 sala de cirurgia para cada 50 pacientes internados); 1/15 leitos em hospitais pequenos que tenham menos de 200 leitos (1 sala a cada 15 pacientes internados). Esse valor pode ser variável para hospital de ensino (tem mais salas sendo estas mais amplas) e hospitais de especialidades, etc. ! Devido à variabilidade de pacientes, especialidades e condições clínicas, a sala cirúrgica deve ser equipada com todos os equipamentos necessários para as cirurgias propostas. f. SALA DE SUBESTERILIZAÇÃO: trata-se de um recinto anexo à sala de operação; dotada de uma autoclave de alta pressão e alta velocidade, destinada a rápida e segura esterilização de instrumentos metálicos que acidentalmente se contaminam durante a cirurgia e cuja utilização seja imprescindível. g. SALA AUXILIAR: a existência dessa sala não é obrigatória; anexa à sala de operação. Utilizada para montagem de um aparelho e equipamento. h. SALA DE EQUIPAMENTOS: local onde todos os aparelhos (bisturi elétrico, eletrocardiógrafo, desfibriladores, trépanos elétricos, microscópio cirúrgico, respiradores, focos auxiliares, etc.) ficam guardados quando estiverem limpos, testados e estéreis. i. DEPÓSITO DE MATERIAIS: onde fica armazenado todo o material esterilizado proveniente do centro de materiais esterilizados (p. ex., aventais, pacos de campos, tambores de gases, caixa como o instrumental cirúrgico), além de ser uma área de depósito de material (p. ex., fios de sutura, soros para hidratação). Um pacote de roupa estéril ou uma caixa de instrumental cirúrgico que não for utilizada até oito dias após sua esterilização deve retornar ao centro de material para novaesterilização. j. SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA (RPA): todo paciente cirúrgico, no período pós-operatório imediato, é mantido sob vigilância constante e rigorosa. Essa sala dispõe de uma área de isolamento físico destinada a pacientes que foram submetidos a cirurgia contaminadas; só são liberados para o quarto quando já não há mais náusea, enjoo, entre outros efeitos. Durante as primeiras 24h após a cirurgia a responsabilidade sobre sistema cardiorrespiratório do paciente é do anestesista. k. SALA DE CONFORTO: trata-se de salas para descanso para as equipes que atuam no interior do mesmo. l. SERVIÇOS AUXILIARES: todo ambiente cirúrgico necessita de área para a instalação, em separado, de três serviços auxiliares: radiologia (conta com aparelho de raio X portátil), anatomia patológico (conta com aparelhamento para realização de cortes de congelação no próprio centro cirúrgico) e laboratório clínico. m. ADMINISTRAÇÃO: o chefe do centro cirúrgico, a supervisora do serviço de enfermagem do centro cirúrgico e o serviço de anestesia tem salas de administração separadas, além de um local para a Secretaria Geral do centro cirúrgico. A enfermeira responsável por esse setor promove o agendamento de operações, solicitação de manutenção, o trânsito ou não trânsito de médicos e acadêmicos. n. CENTRAL DE GASOTERAPIA: área onde se situam os registros e manômetros de entrada das tubulações destinadas a oxigênio, gases anestésicos e ar comprimidos que alimentam todas as salas de cirurgia, bem como sala de recuperação pós-anestésica. o. SALA DE DISTRIBUIÇÃO DE HEMOCOMPONENTES: hospitais maiores possuem esses locais, onde será feita a distribuição dos componentes provenientes do sangue (hemoderivados – hemácias, fatores de coagulação, plaquetas), pelo hemoatologista responsável. p. FARMÁCIA: deve ser independente da farmácia geral do hospital e deve um estoque de materiais cirúrgicos e medicamentos para que as cirurgias possam transcorrer normalmente. 12. EQUIPAMENTOS DO AMBIENTES CIRÚRGICO - Mesa cirúrgica: trata-se de uma mesa com base fixa, prancha articulada, forro de espuma e borracha; pode ser mecânica ou elétrica e assume diversas posições. - Mesas auxiliares: essas mesas são destinadas a organização dos instrumentos, utilizado pelo instrumentador/médico auxiliares; exemplos: mesa Rim e mesa de Mayo. - Aspirador cirúrgico: é um equipamento a vácuo que serve para aspirar sangue, tecidos, fluidos corporais e secreções orotraqueais que são conduzidos a um recipiente de armazenamento. - Bisturi elétrico: possui um gerador de corrente de alta frequência (alta potência e grande comprimento de onda); faz a diérese, dissecção, coagulação e fulguração. Devido ao risco de queimaduras, há precauções: fio da placa deve estar íntegro, utilizar gel de contato da placa com corpo; placa próxima à área de operação; colocar a placa em área glabra (sem pelos); paciente em superfície seca; não utilizar bisturi unipolar em pacientes com marca-passo. Há bisturi elétrico unipolar e bipolar (útil em cirurgias delicadas). - Laser (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation): podem ser de tipo contínuo e pulsado; utilizado para dissecção e coagulação; é um equipamento estéril e que causa pouca reação inflamatória. Pode ser de argônio, neodímio YAG (nd:YAG), CO2, diodo. Possui diferentes frequências (cada uma emite uma cor diferente) que serão utilizadas de acordo com o tecido e possui alta precisão (corta o ideal sem ultrapassar os limites estipulados). - Monitor multiparâmetro: responsável pelo monitoramento da frequência cardíaca, frequência respiratória, saturação de O2, PCO2, ECG e temperatura. - Dispositivo de monitorização de profundidade anestésica – bis: esse aparelho é responsável por medir a atividade cerebral e por isso, traz melhorias na qualidade da anestesia (controle mais preciso das doses farmacológicas utilizadas); utilizado em cirurgias grandes. Utiliza-se eletrodos na região frontal, medindo o nível de consciência do paciente a partir da avaliação do eletroencefalograma (avalia a atividade elétrica do cérebro); vai de 100 a 0 (quanto menor, menor o nível de consciência). - Aparelho de anestesia: trata-se de um sistema de condução de gases, com um vaporizador e ventilador, sistema de antipoluição e monitores. Enzo Amaral Avidago 7 13. ESCOVAÇÃO – PASSO A PASSO Molhas as mãos e braços → pegar a escova → começar a escovação ! A escovação deve ser sempre no sentido distal para proximal. 1) Ponta dos dedos e unhas; 2) Face anterior dos dedos e lateral; 3) Face posterior dos dedos e dobrinhas; 4) Ventre da mão; 5) Dorso da mão; 6) Região do 5º quirodáctilo; 7) Região formada pelo 1º e 2º quirodáctilo (dedo da mão); 8) Face ventral do antebraço (mais distal); 9) Face dorsal do antebraço; 10) Região mais proximal do antebraço em sua face ventral; 11) Cotovelo. 14. INTRODUÇÃO - CIRÚRGIA: é o ramo da medicina que tem como finalidade o tratamento, o diagnóstico ou a melhoria estética de uma afecção. - OPERAÇÃO: é o conjunto de métodos manuais e/ou instrumentais, executados pelo cirurgião, resultando em um ato cruento que busca aliviar ou reparar um eventual problema físico. Os procedimentos cirúrgicos com robô são necessários que alguém o manuseie, portanto, é considerada uma operação (é um método manual). 15. CLASSIFICAÇÃO DA OPERÇÃO I. QUANTO AO POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO É uma classificação muito importante, pois é baseado nela que saberemos se o paciente precisará fazer uso de antibióticos, se a sala cirúrgica após o procedimento precisa passar por um processo de descontaminação etc. • CIRURGIA LIMPA → é aquela realizada em tecidos estéreis (tecidos que não tem flora bacteriana, p. ex., gordura, músculo, osso, cartilagem etc., que não estejam contaminadas com algum ferimento); ou tecidos passíveis de descontaminação (p. ex., a pele que tem flora, mas pode ser facilmente descontaminada com um degermante, que promove a diminuição da flora), com ausência de processo inflamatório ou infeccioso local ou falhas técnicas grosseiras. São cirurgias eletivas com cicatrização de primeira intenção (quando utiliza sutura ou cola; faz síntese do tecido), sem drenagem aberta e sem penetração nos tratos digestivo, urinário ou respiratório (pois esses tecidos tem mucosa e são contaminados). A mucosa não tem como ser descontaminada, então quando há contato com ela, não é considerada uma cirurgia limpa. Exemplos de cirurgias limpas: cirurgia cardíaca, herniorrafias, neurocirurgia, mamoplastia, cirurgias ortopédicas. • CIRURGIA PONTENCIALMENTE CONTAMINADA → é aquela realizada em tecidos colonizados por flora bacteriana pouco numerosa ou de difícil descontaminação, com ausência de processo inflamatório e infeccioso ou falhas técnicas discretas no transoperatório (p. ex., luva do cirurgião que rasgou). Presença de drenagem aberta, com penetração nos tratos digestivo, genitourinário e respiratório sem contaminação significativa. Exemplos de cirurgias potencialmente contaminada: histerectomia, intestino delgado, vias biliares sem obstrução ou estase, colecistectomia. • CIRURGIA CONTAMINADA → é aquela realizada em tecidos que houve qualquer trauma recente (não foi um ferimento feito no centro cirúrgico; não foi lavado anteriormente a cirurgia), ou tecidos colonizados por flora bacteriana abundante com descontaminação difícil, ou falhas técnicas grosseiras, ausência de supuração. Ou seja, tecidos que estão sujos, mas não há presença de pus. Inflamação aguda na incisão, cicatrização por segunda intenção (ferimento que deixa aberto; não sutura), mesmo sendo limpa, ela vira potencialmente contaminada e pode virar contaminada, pois as bactérias da flora da pele poderão penetrar na ferida, ou contaminação grosseira do TGI. Exemplos de cirurgias contaminada: cirurgias do cólon, desbridamentos, obstrução biliar, cirurgias endonasal e bucal, fraturas expostas, obstrução, traumascom até 6 horas (acima disso é considerada infectada). • CIRURGIA INFECTADA → é aquela realizada em tecido necrótico e/ou com supuração local (presença de pus). Exemplos de cirurgias infectada: cirurgia de reto e ânus com pus, cavidade abdominal com pus ou conteúdo do cólon (fezes), vísceras perfuradas, empiema de vesícula (pus), colangite (inflamação das vias biliares), nefrectomia com pus, traumas com mais de 10 horas. II. QUANTO À FINALIDADE - Obtenção de tecido para transplante (doador com morte encefálica ou paciente vivo); - Reconstrução de um tecido; - Diagnóstico; - Ablativa: retirada de um órgão; - Paliativa: ajuda o paciente, faz o órgão funcionar, mas não cura totalmente (p. ex., gastrostomia – fixação de uma sonda alimentar); - Cosmética. III. QUANTO À URGÊNCIA • EMERGÊNCIA → situação crítica que tem que ser solucionada imediatamente, pois tem risco iminente à vida do paciente. • URGÊNCIA → situação que precisa ser resolvida, mas que pode esperar algumas horas; deve ser solucionada em curto prazo. A urgência se não solucionada pode se tornar uma emergência. Enzo Amaral Avidago 8 • NECASSÁRIA → é aquela cirurgia que o indivíduo não tem opção, ele precisa operar e se não operar ele pode morrer (p. ex., tumor). Mas não é urgência e emergência. • ELETIVA → o indivíduo tem uma doença, é necessário operar, mas ele tem opção de não operar e poder ou não morrer (p. ex., cálculo na vesícula – não há certeza de que o cálculo vai dar ou não uma complicação/problema; pode dar uma colecistite ou não). • OPCIONAL → o indivíduo escolhe por conforto se quer ou não operar, mas não precisa; a afecção não coloca a vida do paciente em risco (p. ex., miopia, cirurgia plástica). IV. QUANTO AO PORTE Relacionada ao tempo e perda de fluidos; - Pequeno porte: até 1 hora; - Médio porte: 2 horas; - Grande porte: o paciente precisa ir pra UI (Unidade Intermediária) ou UTI pra ficar em observação; independente do tempo. V. QUANTO AO RISCO E COMPLEXIDADE Relacionada à fisiologia, trauma tecidual e perdas sanguíneas; ou seja, quanto mais trauma no tecido, mais perda sanguínea e mais alteração no funcionamento do organismo, maior o risco e a complexidade. • MINIMAMENTE INVASIVOS → tem pouco potencial para alterar a fisiologia normal, ou seja, o indivíduo passa por uma operação e depois já alimenta, respira, urina normalmente; rara morbidade com a anestesia; não requer transfusões, nem monitorização invasiva ou UTI. • MODERADAMENTE INVASIVOS → tem moderado risco de alterar a fisiologia; pode requerer hemotransfusão e/ou monitorização invasiva ou vaga em UTI. • ALTAMENTE INVASIVOS → tem grande alteração da fisiologia (p. ex., fica paralítico, não alimenta, tem que respirar por aparelho etc.); a maioria requer transfusão, monitorização invasiva (coagulação, urina etc.) e tratamento em UTI no pós-operatório. VI. QUANTO AO RISCO DE MORTALIDADE Relacionado à anestesia; classifica-se o estado físico segundo a ASA (Sociedade Americana de Anestesiologia). Basicamente é para avaliar se o paciente tem mais risco ou não de morrer de anestesia. Baseado em condições clínicas pré-operatórias, comorbidades; pode ser graduado de 1 a 6. Asa 1) Paciente sem distúrbios fisiológicos bioquímicos ou psiquiátricos, enfermidade localizada, sem transtornos sistêmicos. Asa 2) Paciente com distúrbios sistêmicos leves, mas sem limitações funcionais (p. ex., diabético em uso de hipoglicemiante, hipertenso usando medicamento, paciente com hipotireoidismo tomando tiroxina etc.). Asa 3) Paciente com distúrbios importantes, com limitações funcionais. A enfermidade impacta na anestesia e cirurgia (p. ex., insuficiência cardíaca, asma grave, DPOC.) Asa 4) Paciente com distúrbio de grande impacto e potencialmente letal, representando uma desordem severa (p. ex., AVC, infarto, dissecção de aorta); Asa 5) Paciente moribundo, o qual não se espera sobrevida maior que 24h sem o tratamento cirúrgico (p. ex., obstrução intestinal). Asa 6) Paciente com morte encefálica declarada; doador de órgãos. 16. POSIÇÃO DO PACIENTE NA MESA • POSIÇÃO DORSAL ou SUPINADA → paciente em decúbito dorsal. • POSIÇÃO VENTRAL ou PRONA → paciente em ventral. • POSIÇÃO LATERAL ou SIMS → paciente em decúbito lateral; o lado que o paciente encosta na maca defina a lateralidade. • POSIÇÃO DE TRENDELEMBURG → paciente em decúbito dorsal, com os pés elevados em relação a cabeça. Muito utilizado em pacientes chocados, para o sangue circular melhor pelos órgãos vitais. • POSIÇÃO DE TRENDELEMBURG REVERSA ou PRÓ-CLIVE → paciente em decúbito dorsal, com a cabeça elevada em relação aos pés. Muito utilizado em otorrinolaringologia, pois diminui o retorno venoso e sangra menos. • POSIÇÃO DE FOWLER → paciente sentado com o tronco inclinado para trás, com joelhos dobrados e perna para baixo. A posição de semi-Fowler é realizada com o paciente sentado com as pernas esticadas. • POSIÇÃO DE LITOTOMIA ou GINECOLÓGICA → paciente em decúbito dorsal com as pernas elevadas, abertas e penduradas. • POSIÇÃO DE DEPAGE, CANIVETE ou V INVERTIDO → paciente em decúbito ventral com as nádegas elevadas em relação a cabeça e os pés. Muito utilizado em Proctologia, em cirurgias de hemorroidas, fístulas etc. Enzo Amaral Avidago 9 17. INTRODUÇÃO A equipe cirúrgica é composta de vários componentes, sendo médicos ou não; o sucesso terapêutico depende do ato operatório, baseado nas capacidades dos seus componentes. O ato cirúrgico é sobretudo um trabalho ordenado em grupo, onde cada qual tem suas funções definidas, sem exorbitâncias nem omissões. Ou seja, cada um tem seu papel e ninguém pode ultrapassar o limite do outro e sem deixar de opinar quando necessário/quando ver algo errado que possa prejudicar o paciente por exemplo. O trabalho em equipe é fundamental para dar ao ato operatório maior perfeição e rendimento com menor desgaste de energia. 18. CIRURGIÃO Trata-se do principal executor e o responsável pela intervenção cirúrgica; secciona estruturas, faz a homeostase e promove a síntese dos tecidos até o término do ato cirúrgico. Para desempenhar tal tarefa é preciso características de personalidade: rapidez de raciocínio, decisões prontas, destreza manual, atitude de comando e equilíbrio emocional. Para sua formação deve ter habilidades: vocação para o trabalho; conhecimento da anatomia, fisiologia e fisiopatologia; treinamento técnico; auxílio de cirurgiões maduros para formação técnica; humildade; reconhecimento das limitações. 19. ANESTESISTA Cabe a escolha do pré-anestésico e da anestesia adequada, autorizando o início da cirurgia e solicitando sua suspensão ou interrupção na vigência de riso de vida. Durante o ato cirúrgico é sua responsabilidade a vigilância constante do enfermo, aferindo e corrigindo as variações da homeostase decorrentes da intervenção. Ao término da cirurgia cabe fiscalizar e orientar a recuperação anestésica. 20. AUXILIARES O assistente (1º auxiliar) é encarregado de colocar o enfermo em posição adequada na mesa operatória e de preparar o campo cirúrgico. Deve organizar em mesa apropriada seu instrumental, que consta essencialmente de pinça com dente de rato, pinça anatômica, tesoura, afastadores e válvulas para exposição do campo operatório. No decorrer da cirurgia coloca-se em frente do cirurgião, auxiliando nas manobras de hemostasia, amarrando os fios de suturas e afastando as estruturas de maneira adequada e suave. Deve estar apto a substituir o cirurgião em uma eventualidade; por isso é importante que o auxiliar seja da especialidade, pois se ocorrer algo, ele deve substituir e terminar o procedimento. Em condições especiais, principalmente em cirurgias mais complexas (p. ex., cirurgias cardíacas, neurocirurgias, etc.), participa da equipe cirúrgica o 2º assistente. Fica ao lado do primeiro auxiliar e libera-o para que possa ter mais mobilidade na ajuda ao cirurgião; deveestar apto para substituir o 1º auxiliar. 21. INSTRUMENTADOR Trata-se do elemento de maior mobilidade no campo cirúrgico, pois mantem contato com as enfermeiras da sala, solicitando todo o material necessário para cirurgia; cuida da mesa do instrumental (conhecimento da posição dos instrumentos na sua mesa de trabalho) e Enzo Amaral Avidago 10 participa ativamente do ato cirúrgico. Auxilia nos momentos em que o assistente está imobilizado afastando para o cirurgião; entrega os materiais e instrumentais solicitados pela equipe durante a intervenção. Cabe manter o campo limpo e organizado; substituir compressas, colocar gazes e retirar fios e instrumentos deixados sobre o paciente. 22. MESA INSTRUMENTAL No arranjo da mesa do instrumental é preciso distinguir: - ÁREA HABITUAL DE PEGADA: abrangida pelo círculo limitado pelo antebraço e mão dispostos como raio; nessa área são colocados os instrumentos mais usados durante o ato cirúrgico, correspondendo à diérese hemostasia e síntese. - ÁREA EVENTUAL DE PEGADA: compreendida pelo círculo que tem como raio todo o membro superior; são colocados os instrumentos específicos da intervenção, utilizados somente em momentos determinados. Na prática, a mesa do instrumental cirúrgico, de formato retangular, é dividida em duas metades por uma linha paralela ao seu maior lado. Na metade próxima ao instrumentador são colocados incialmente os instrumentos de diérese representados pelo bisturi e tesouras; ao lado destes, colocam-se as pinças para hemostasia (são dispostas com a ponta voltada para o instrumentador; inicia-se o arranjo pelas pinças curvas, continuando pelas pinças retas do mesmo modelo), no final dessa parte coloca-se as pinças de Kocher. Na segunda metade da mesa colocam-se incialmente as pinças com dente de rato e as pinças anatômicas. A seguir disposto o material de síntese representado pelos porta-agulhas, agulhas e fios. A partir desse ponto colocam- se os instrumentos específicos da cirurgia a ser realizada, na zona da mesa que corresponde à área eventual de pegada. Nas intervenções que o cirurgião está à direita do doente, a disposição do instrumental inicia-se da direita para esquerda, ocorrendo o inverso quando o cirurgião se coloca a esquerda. 23. INTRODUÇÃO Diérese ou divisão constitui manobras cirúrgica caracterizada por criar uma solução de continuidade, através de tecidos, com a finalidade de criar uma via de acesso para manipular um órgão ou estrutura. Pode haver o envolvimento de energia mecânica (transferência de energia cinética) e física (térmica, sonora e luminosa). Utiliza-se instrumentos, como: bisturi, serra, tesoura, rugina, cisalha, faca, costótomo, bisturi elétrico, osteótomo, goiva. • INCISÃO (DIÉRESE PROPRIAMENTE DITA) → feita com instrumento de corte, que secciona os tecidos moles por meio de uma lâmina produzindo ferimento inciso. Com bisturi elétrico, ou com laser, por meio de coagulação, também promove a diérese incisional. • SECÇÃO → ato de cortar com tesoura, serra, lâmina afiada, bisturi elétrico, laser, ultrassom ou micro-ondas; • DIVULSÃO → feita com instrumentos rombos, promove a separação dos tecidos com pinça, tesoura, tentacânula, afastadores, etc.; • PUNÇÃO → utiliza-se um instrumento de perfuração (p. ex., trocarte, agulha de Veres), com finalidades, como: drenagem de coleção líquida das cavidades ou do interior de órgãos, coleta de fragmento de tecido e de líquidos orgânicos para exame diagnóstico, injeção de contraste e de medicamentos; • DILATAÇÃO → usada para aumentar o diâmetro de canais e orifícios naturais, ou de trajetos fistulosos. É obtida pela rotura de fibras musculares ou de tecido fibroso; • SERRAÇÃO → realizada por meio de serra, especialmente em cirurgia óssea. Utiliza-se rugina (serve para raspar os ossos a fim de destacar o periósteo), costótomos (serve para dividir cartilagem costais e abrir cavidade torácica) e serras (p. ex., serras manuais, serra de Giglli e serras elétricas ou pneumáticas). 24. DIÉRESE DA PELE A pele é um tecido anisiotrópico, ou seja, que se comporta de maneiras diferentes em posições diferentes, logo para se ter uma diérese dessa estrutura é importante respeitar as linhas de tensão (Langer, Kraissl, Broges), para conseguir realizar um corte correto. A secção magistral deve ser feita com um só movimento ou traço, sem levantar o bisturi, movendo-se o pulso ao mesmo tempo que se traciona o braço. O bisturi pode ser empunhado com um lápis ou como um arco de violino. O despregamento cutâneo é usado quando é necessário desprender a pele do tecido subcutâneo, onde as bordas de pele são pinçadas e o tecido subcutâneo é seccionado com bisturi ou afastado com tesoura (introduzida fechada e aberta no interior dos tecidos). Enzo Amaral Avidago 11 25. DIÉRESE DA APONEUROSE Geralmente a linha de secção da aponeurose superficial é a mesma da incisão cutânea; há casos onde a secção da aponeurose será transversal ou lateral em relação a secção da pele. Esta secção é uma etapa importante da diérese, pois na reconstrução por planos, na síntese, é a aponeurose que fornece o suporte necessário para uma adequada sutura muscular. Antes de ser incisada, a aponeurose deve ser preparada ou limpa (afastamento do tecido sub cutâneo ou adiposo do local onde será feiM ta a incisão). A secção pode ser realizada com um bisturi ou uma tesoura. 26. DIÉRESE DO MÚSCULO Os músculos são estruturas importantes, pois são através deles que se tem acesso a estruturas mais profundas, como ocorre na maioria das intervenções. Às vezes não é necessário incisar um músculo, e sim dissecá-lo. Uma correta dissecação e diérese muscular permite uma boa abordagem cirúrgica, assim como uma perfeita reconstrução da ferida cirúrgica, com o que se previne eventual deiscência. O instrumental utilizado para a diérese aguda é o bisturi (secção magistral) e para a romba é a tesoura. Dissecar um músculo significa desprende-lo parcial ou totalmente dos tecidos que o rodeiam (aponeurose e músculos vizinhos), respeitando os nervos e vasos. Primeiro expõe-se a face superficial, após as laterais e por último a profunda. Os músculos pacientes de dissecação ou diérese sofrem uma reação cicatricial que limita seu funcionamento em maior ou menor grau. 27. DIÉRESE DO OSSO A diérese dos ossos deve ser sempre subperiostal, ou seja, faz-se o descolamento do periósteo para incisar o osso; faz-se dessa forma pois o periósteo irá ajudar na vascularização do osso posteriormente. Para o descolamento utiliza-se ruginas, e para a incisão em si utiliza-se serras manuais, serra de Giglli e serras elétricas ou pneumáticas. 28. INTRODUÇÃO No conceito hematológico, hemostasia é o conjunto de mecanismos para manter o sangue fluido entre coagulação e fibrinólise, impedindo a formação de trombos e perdas hemorrágicas. Para manter esse equilíbrio vários fatores colaboram: vascular, plaquetário, fibronólise e fatores de coagulação. Tanto nos pacientes com alterações nos fatores de coagulação quanto nas operações com grandes perdas sanguíneas, pode haver depleção da reserva hemostática do paciente, levando à coagulação intravascular disseminada, complicação gravíssima no paciente cirúrgico. A hemostasia cirúrgica constitui de manobras manuais e instrumentais que visam evitar, prevenir ou deter a hemorragia ou impedir a circulação temporária em determinada área. Desta forma, o procedimento busca evitar a perda excessiva de sangue, propiciando melhores condições técnicas e aumento do rendimento do trabalho. Após a operação, favorece a evolução normal da ferida operatória, evita choque e hipóxia tecidual, evita a infecção (coágulos nas bordas das feridas são meio de cultura para bactérias, podendo retardar a cicatrização) e a deiscência (abertura espontânea de pontos cirúrgicos), afastando a necessidade de reoperação para a drenagem de hematomas e abscessos. • CRUENTA→ é aquela feita diretamente no vaso, através de uma cauterização, por exemplo; • INCRUENTA → quando não é preciso operar para parar de sangramento, como o garroteamento; • TEMPORÁRIA → quando é interrompido o fluxo sanguíneo no vaso temporariamente para parar de passar sangue no vaso; • DEFINITIVA → quando é interrompido o fluxo sanguíneo no vaso definitivamente; • PREVENTIVA → quando disseca o vaso, fazendo manguito ou compressão proximal, intervêm antes de sangrar; • CORRETIVA → quando o vaso está sangrando e grampeia ou cauteriza o vaso, refazendo o trânsito. 29. HEMOSTASIA TEMPORÁRIA A hemostasia temporária é executada no campo operatório ou a distância do mesmo e pode ser incruenta (geralmente à distância do campo operatório) ou cruenta (geralmente no campo operatório). Os tipos são: a) PINÇAMENTO: trata-se de um método cruento, que posteriormente poderá se transformar em definitiva por ligadura, cauterização ou angiotripsia; pode-se tornar definitiva. Todos os instrumentos tem como característica comum o fato de não produzirem danos na parede vascular quando aplicados, respeitando, assim, a integridade endotelial. Não favorecem a trombose. b) GARROTEAMENTO: tipo de hemostasia geralmente incruenta, mas também pode ser cruenta, normalmente se faz em membros. É um método cruento quando se usam fios ou cadarços diretamente no vaso. Há níveis de eleição para realização do garroteamento dos membros; na raiz dos membros ou nas diafises ósseas onde não existem grandes massas musculares. O tipo mais empregado de hemostasia prévia (incruenta) é o garroteamento com torniquete pneumático; o protótipo de torniquete pneumático é o manguito do aparelho de pressão que permite a compressão mais uniforme e controlada. A compressão elástica de Enzo Amaral Avidago 12 membros pode ser obtida mediante aplicação de longas tiras elásticas de borracha (Faixa de Esmarch), com o membro elevado, na intenção de realizar esvaziamento do sangue venoso do membro; é utilizada associada ao garrote ou ao manguito pneumático. c) AÇÃO FARMACOLÓGICA: é conseguida por via sistêmica ou local. O exemplo típico da hemostasia por ação farmacológica sistêmica é a hipotensão controlada ou uso de drogas que corrijam distúrbios de coagulação. A hemostasia por ação farmacológica local se obtém por injeção de substancia que diminui o sangramento por vasoconstrição na sede da cirurgia, ou fazendo aplicação tópica. Pode ocorrer uma vasodilatação secundária, o que configura risco de hemorragia tardia. d) PARADA CIRCULATÓRIA COM HIPOTERMIA: empregada em cirurgias cardíacas, sobre fistulas arteriovenosas de difícil acesso e grande débito, após instalação de circulação extracorpórea. e) OCLUSÃO ENDOVASCULAR: consiste na interrupção do fluxo sanguíneo por meio de balão introduzido na luz da artéria, evitando pinçamentos externos quando as condições são adversas. Conduta utilizada em cirurgias vasculares. f) COMPRESSÃO: pode ser cruenta, quando feita no campo operatório, ou incruenta. Quando feita sem prévia diérese, ou a distância do campo operatório. Compressão do polegar sobre o trajeto vascular contra uma superfície óssea; no campo cirúrgico pode ser efetuada pelo pinçamento digital com o polegar e o indicador. 30. HEMOSTASIA DEFINITIVA A hemostasia definitiva é quase sempre cruenta e interrompe para sempre a circulação do vaso sobre o qual é aplicado. Os tipos são: a) LIGADURA: é a amarração dos vasos com fios cirúrgicos. Geralmente segue-se à hemostasia temporária, mais frequentemente ao pinçamento, mas pode ser primária quando executada previamente à secção do vaso. Pode ser preventiva ou corretiva. b) CAUTERIZAÇÃO: consiste na parada do sangramento de um vaso, provocada pela formação de um coágulo na extremidade sangrante, devido à aplicação de aguentes físicos como eletricidade (eletrocautério), mais utilizado, calor (termocautério) e substâncias químicas (quimiocautério), utilizado com menor frequência, em cirurgias menores. Os eletrocautérios de corrente elétrica de alta frequência desvitalizam de forma muito menos acentuada a região ao redor do vaso a ser hemostasiados. Porém deve-se tomar cuidado ao utilizar esse equipamento próximo a estruturas vitais e grandes vasos. O emprego de ultrassom e micro-ondas produz coagulação de tecidos, servindo para a diérese e hemostasia de vísceras parenquimatosas. c) FOTOCOAGULAÇÃO: o uso de raios laser é recente (laser = ‘Light Amplication by Stimulated Emission of Radiation’); utiliza-se de uma luz monocromática, o que permite a seletividade de seu uso de acordo com a absorção ideal do tecido que se quer atingir, lesando-se minimamente o tecido ao redor. Existem vários tipos de laser: argônio, Yag laser, rubi, CO2, xenônio, criptônio, etc. d) SUTURA: certas suturas são feitas englobando vasos, com finalidade hemostática, como por exemplo suturas totais de anastomoses gastrintestinais e as suturas de lesões de grandes vasos. e) GRAMPEAMENTO: ocorre atrás do uso de grampos metálicos (ação inoxidável ou titânico) ou mesmo confeccionados de material absorvível. Facilita a hemostasia em territórios de espaço pequenos/apertados ou quando se deseja rapidez no procedimento e mínima lesão tecidual. f) OBTURAÇÃO: trata-se da aplicação de substâncias exógenas, para ocluir a luz do vaso sangrante. Nos sangramentos ósseos, aplica-se ceras ósseas, obturando os espaços de tecido ósseo esponjoso. As esponjas de gelatina, celulose oxidada e congêneres, baseiam-se no mesmo princípio. g) TAMPONAMENTO: realiza-se a compressão da área sangrante com compressa ou gaze, quando outros recursos não obtiveram êxito. Adotada em hemorragias venosas ou capilares de superfície; muito usado em cirurgias do reto, vagina, cavidade nasal (usa-se um tampão depois da cirurgia). 31. INTRODUÇÃO Consiste na aproximação das bordas de tecidos seccionados ou ressecados. Visa manutenção da contiguidade dos tecidos, facilitando as fases iniciais do processo de cicatrização. A aproximação das bordas dos tecidos ressecados ou seccionados deve ser mantida à custa de materiais que resistam às trações e tensões que se irão exercer sobre a ferida nas fases iniciais da formação da cicatriz. O material de síntese é, geralmente, representado pelo fio de sutura, à medida que a cicatrização de processa, tem sua função substituída pela própria cicatriz. Atualmente utilizam-se, também, grampeadores descartáveis fabricáveis, em parte, com material sintético. 32. AGULHA São utilizadas na reconstrução, com finalidade de transfixar os tecidos, servindo de guia aos fios de sutura. Existem diversos tipos, usados para suturas diferentes, sendo fundamental importância a ponta de agulha, uma vez que deve favorecer uma penetração adequada no tecido, com mínimo de traumatismo. - AGULHAS RETAS: podem ser cilíndricas ou cortantes; utilizadas principalmente na reconstrução de vísceras ocas, tendões, nervos e suturas intradérmicas. As agulhas atraumáticas trazem pouco traumatismo ao tecido. - AGULHAS CURVAS: podem ser cilíndricas ou cortantes; seu raio de curvatura é variável, adaptando-se a cada tipo de síntese. São utilizadas com porta-agulha (não se consegue dar ponto sem esse instrumento). A seleção da agulha é determinada por fatores com a acessibilidade do tecido a ser suturado, o tipo deste tecido, levando em consideração sua constituição histológica. A agulha é constituída por três partes: a ponta, o corpo e o olho, onde é colocado o material de síntese. 33. PINÇAS Seu manuseio é importante; uma boa sutura depende do cuidado com as bordas. Pinças e dissecção anatômicas são menos traumatizantes ao apreenderem as bordas para uma sutura. Pinças de dissecção com dentes são uteis na aproximação das bordas da pele e de aponeuroses, favorecendo a boa coaptação. Enzo Amaral Avidago 13 34. PORTA-AGULHA Utilizado para auxiliar na sutura de cavidades, dando melhor condução para a agulha curva; oferececonforto ao cirurgião. São de uso corrente os porta-agulhas de cabo tipo pinça (Mayo e Hegar) e os que se fixam em cremalheiras colocadas no extremo dos ramos longos (Mathieu). A técnica de sutura com o uso do porta-agulha consiste em pinçar primeiramente a borda distante tracionando-a e passando a agulha; o mesmo é feito com a borda próxima. 35. FIOS Utilizados em ligaduras vasculares (isolados) e síntese de tecidos (com agulhas). Para escolha do fio ideal fatores devem ser considerados: baixo custo, adequada resistência tênsil até que a cicatriz adquira sua resistência, facilidade de esterilização, maleabilidade e mínima reação tecidual; entretanto esse fio idealizado não existe. Os fios podem ser monofilamentados, um único filamento, ou multifilamentados, vários filamentos (propiciam agrupamento de partículas e bactérias); podem ser biológicos (p. ex., seda e algodão) ou sintéticos (p. ex., polipropileno ou aço); podem ser absorvíveis ou inabsorvíveis. • FIOS ABSORVÍVEIS - CATEGUTE: trata-se de um fio biológico, sendo obtido da submucosa do intestino delgado de ovelhas ou da serosa de bovinos. Conforme o tempo de absorção, os categutes podem ser simples ou cromados; aqueles apresentando absorção mais rápida, em torno de oito dias, e estes de absorção mais lenta, ao redor de 20 dias, são resultantes do tratamento com bicromato de potássio. Não devem ser empregados nas suturas superficiais, em vista da sua grande permeabilidade; é utilizado em suturas gastrointestinais, ginecológicas e urológicas. Não é classificado como mono ou multifilamentado. - ÁCIDO POLIGLICÓLICO: trata-se de um fio sintético (Dexon®), multifilamentado; possui maior resistência que o categute. Possui uma reabsorção entre 60 e 90 dias após sua utilização. Muito usado na sutura de músculos, fáscias, tecido celular subcutâneo, ocasiona pouca reação inflamatória. - ÁCIDO POLIGALÁCTICO: trata-se de um fio sintético (Vicryl®), multifilamentado, semelhante em comportamento em ácido poliglicólico, absorvido em torno de 60 dias. Utilizado em cirurgias gastrintestinais, urológicas, ginecológicas, oftalmológicas e na aproximação do tecido celular subcutâneo. - POLIGLECAPRONE: trata-se de um fio sintético (Monocryl®), monofilamentado com duração de 30 dias até ser absorvido. Utilizados em pele, TCS, oftalmologia, cirurgia pediátrica, mucosa. - POLIDIOXANONA: trata-se de um fio sintético (PDS®), monofilamentado e de absorção lenta, com manutenção da resistência tênsil por longo período. Devido a isso é utilizado na sutura de tendões, cápsulas articulares e fechamento da parede abdominal. • FIOS NÃO ABSORVÍVEIS - SEDA: trata-se de um fio multifilamentado proteico obtido do bicho-da-seda, especialmente o Bombix mori; tratadas com polibutilato. Passível da formação de granulomas de corpo estranho. Utilizado para ligaduras. - ALGODÃO: trata-se de um fio processado a partir das fibras de algodão, é multifilamentado. Pode perpetuar um processo infeccioso, caso utilizado em território contaminado. Passível da formação de granulomas de corpo estranho. - POLIÉSTER: trata-se de um fio sintético, multifilamentado; são fios resistentes e de grande durabilidade. Excelentes para suturas de aponeuroses, tendões e vasos. Os fios de poliéster requerem um mínimo de cinco nós para uma fixação segura. Causam pouca reação tecidual (há controvérsias), com pouca reposta inflamatória. - NYLON: trata-se de fios sintéticos caracterizados por alta elasticidade e resistência à água; pode ser mono ou multifilamentado. Causa pouca reação, mas difícil manipulação, duro e corrediço, não produz nó firme. Pode ser incolor ou preto. Ideal para suturas cutâneas. - POLIPROPILENO: trata-se de um fio sintético e monofilamentado, que causa pouca reação; duro e corrediço, possui alta resistência. Utilizado em sutura vasculares e parede abdominal. Pode ser incolor ou azul. - AÇO: trata-se de um fio sintético monofilamentado, menos reacional de todos. Utilizados na osteossíntese (ortopedia e bucomaxilofacial). 36. COLAS CIRÚRGICAS - 2-OCTIL CIANOACRILATO: possui o nome comercial de Dermabond®; é uma cola de secagem rápida, utilizada principalmente em pele (contraindicada em mucosas); - FIBRINA: possui o nome comercial de Tissucol®; é formada por uma mistura de duas substâncias que formaram um coagulo. Utilizada de microcirurgias e neurocirurgias, por exemplo. 37. IMPLANTES Fazem parte da síntese; sendo utilizador para reproduzir parte de um órgão. Deve-se ter cuidado quanto a infecções, já que essas estruturas são propensas à instalação e desenvolvimento de bactérias. Há implantes de origem biológica: fáscia (autógena, utilizada em Enzo Amaral Avidago 14 hernioplastias, plásticas e urologia); dura-máter (homóloga, glicerinada, utilizada em cirurgia geral, plástica e cardiovascular); pericárdio bovino (confecção de válvulas cardíacas). Há implantes de origem sintética: - METÁLICOS: utilizados na ortopedia; são materiais livres de atividade elétrica (evita incomodo); podem ser de vitálio, tântalo ou titânio, para formação de placas parafusos, pinos, articulações, por exemplo. - PLÁSTICOS: são materiais resistentes e inabsorvíveis, de fácil manuseio e esterilização. Podem ser de nylon, teflon e polipropileno, para formação de telas de Marlex, por exemplo. - MEMBRANAS PLÁSTICAS: são de polímeros de metacrilato e dióxido de silício; possuem boa tolerância; encontram-se em estado líquido, gel ou sólido. Utilizados na ortopedia e implantes de silicone da cirurgia plástica. 38. NÓS e SUTURAS O nó deve ser de fácil execução; não afrouxe; perfeita coaptação. O primeiro semi-nó deve-se apertar, o segundo, irá prender o nó e o terceiro, é dado por segurança. As suturas podem ser: em pontos separados ou contínua. A sutura da pele é a “apresentação do cirurgião”; utiliza-se fios inabsorvíveis. Pontos separados com fio inabsorvível; os pontos intradérmicos e subdérmicos são contínuos ou separados com Mnocryl® ou Mononylon®. Os grampos metálicos começaram a ser utilizados a partir de 1965, eram reaproveitáveis no início, e descartáveis e de alto custo atualmente. São de grande valor na cirurgia gastrointestinal, pulmonar e vascular (stapplers). A sutura manual sem grampeador tem melhor qualidade (na pele). Na retirada dos pontos deve-se avaliar: cicatriz seca sem edema, sem congestão; local da ferida, livre de tensões excessivas; direção (linhas de força); ausência de condições que interferem a cicatrização; tipo de tecido e tensão que sofrerá até o fim do processo de cicatrização. ! Na pele leva entre 4 a 21 dias para cicatrização e retirada dos pontos. 39. INTRODUÇÃO A infecção é caracterizada pela instalação de um microrganismo (bactéria, fungos ou vírus) de forma parasitária, provocando alterações patológicas dos órgãos onde se localizam. Essa capacidade do microrganismo produzir malefícios ao hospedeiro humano se denomina patogenicidade. Será patogênico, pois, aquele microrganismo que, por sua natureza, localização ou outra condição, puder no momento em questão determinar lesões no organismo humano. A infecção pode se instalar no indivíduo, seja por fontes de contaminação extrínsecas ou intrínsecas. A contaminação intrínseca é aquela que provém da própria flora bacteriana do ser humano. A boca, a faringe, o intestino, a pele e os órgãos geniturinários esternos, quando hígidos, apresentam flora mais ou menos constantes, o que evidencia um estado de equilíbrio entre o ser humano e esses microrganismos. As modificações destas floras constituem causas ou são consequência de alterações dos órgãos onde se assestam. Quando essas alterações produzem algum efeito patológico, a associação entre os organismos envolvidos deixa de ser saprofítica ou simbiótica, para ser, sob o aspecto conceitual, do tipo parasitário. A instabilidade do equilíbrio entre estes indivíduos é de tal forma que a simples mudança de sua localização é, às vezes, suficiente para alteraro tipo de interdependência. É o que ocorre com a E. coli, componente da flora normal do intestino que, se localizada no aparelho urinário, pode tornar-se maléfica. A contaminação extrínseca é aquela que provém de fontes externas de contaminação. Os microrganismos da fonte de contaminação poderão infectar a ferida operatória, quer por via direta, quer por via indireta. A via direta de contaminação inclui a disseminação por portadores de processos patológicos ativos, através de contato direto com o receptor, transmitindo microrganismo a partir da face, pele, vias respiratórias, intestinais, genitais, ou através de qualquer outra lesão em atividade, como um furúnculo, uma ferida contaminada, entre outros. A via indireta de contaminação implica trajeto tríplice: parte do portador ou da lesão ativa, e através de um terceiro elemento, transmite-se ao receptor. O veículo pode ser o ar, poeira, roupas, utensílios, insetos, entre outros. 40. ASSEPSIA A assepsia é caracterizada pelas manobras realizadas com o intuito de manter o doente e o ambiente cirúrgico livres de germes. Muitos são os fatores ligados ao doente que influem na maior ou menor possibilidade de contaminação. A idade, por exemplo, tem sido considerada predisponente, acentuando aquela possibilidade tanto na velhice, como na infância. Alterações metabólicas e de nutrição, como a diabete, obesidade, subnutrição e tratamentos prolongados como esteroides, também contribuem para maior índice de infecções pré e pós-operatórias. Vários outros fatores, no entanto, influem na acidental ou incidental contaminação: a duração da hospitalização, o tempo de cirurgia, contaminação ambiental, uso de drenos ou sondas, tamanho da incisão, entre outros. O preparo do doente deve ser iniciado de véspera: banho geral, lavagem da cabeça, axilas e genitais, pois são, além do trato respiratório, os maiores fatores de contaminação. Troca-se a roupa pessoal e evidentemente a de cama. O banho no dia da cirurgia da cirurgia tem sido contraindicado por aumentar a difusão de germes. Com o uso de detergentes, a gordura geralmente existente na pele é removida e há descamação acentuada, veiculando maior quantidade de germes. A tricotomia, ou seja, a raspagem dos pelos, deve ser sempre feita no dia da intervenção, e, segundo alguns autores, no próprio centro cirúrgico. A tricotomia de véspera pode provocar foliculite ou mesmo infecção de pequenos cortes acidentalmente ocorridos. Cuidados especial deve ser dispensado à limpeza e à esterilização do aparelho de tricotomia. É recomendável, ainda, que o doente seja introduzido na sala cirúrgica sem os lençóis e cobertores com que saiu da enfermaria ou do quarto, pois geralmente são fontes importantes de contaminação. A antissepsia do campo operatório é um processo inerente à técnica cirúrgica. Apesar de não haver consenso geral, o melhor procedimento é lavar-se cuidadosamente (10 minutos) o local a ser operado com sabão detergente antisséptico com formulações à base de hexaclorofeno. Segue-se a antissepsia com álcool, merthiolate ou similar. A equipe cirúrgica, constituída pelo cirurgião, seus auxiliares, anestesista e enfermeiras, precisa se adaptar a regime de absoluta assepsia, pois representa papel ímpar na gênese das infecções adquiridas. Deve ser sempre vedada a entrada ou permanência nos centros cirúrgicos de pessoas com lesões abertas e em atividade: médicos, enfermeiras, estudantes, serventes, entre outros. As roupas rotineiras devem ser trocadas antes de se adentrar ao centro cirúrgico; coloca-se calça e blusa esterilizadas. Utiliza-se gorros e toucas que devem cobrir todo o cabelo, que sejam descartáveis ou de tecido. A máscara deve abranger a boca e nariz, ser bem ajustada, impedir o embaçamento de óculos, deve ser trocada durante operações duradouras. Deve-se evitar expiração forçada (tosse, espirro e fala) e sair da sala de operação com a máscara Enzo Amaral Avidago 15 (sempre descartar depois do uso). Devido à relativa ineficácia das máscaras, pessoas com infecções das vias respiratórias superiores não devem entrar em sala operatória. Antes de iniciar a lavagem das mãos, cortar, se necessário, as unhas e limpá-las. Escovar rigorosamente pelo menos por sete minutos, com antisséptico e água corrente. Todas as partes das mãos e antebraços devem ser lavadas e escovadas. Terminada a lavagem, deve-se enxugar as mãos com toalha esterilizada, a fim de serem removidos a água e vestígios de sabão residual. Após a lavagem das mãos veste-se o avental e as luvas. A flora permanente das mãos possui número e qualidade mais ou menos constante, pode ser alterada por contaminações frequentes, e é de difícil remoção. A flora transitória, encontrada nas áreas mais expostas, é variável e pode ser removida com mais facilidade. 41. ANTISSEPSIA A antissepsia pode ser definida como a destruição dos microrganismos presentes em determinada região do corpo humano. O objetivo desse processo, apesar da dificuldade, é esterilizar a pele sem destruí-la. A equipe cirúrgica opera coma mãos não inteiramente estéreis e faz incisão sobre a pele que não está isenta de microrganismos; apesar disso, faz-se da melhor forma possível. Dentro dos compostos utilizados para a antissepsia, há componentes líquidos e voláteis. Os antissépticos voláteis, em especial o óxido de etileno, são utilizados para esterilização de material não autoclável, como seringas e sondas plásticas. Os principais componentes líquidos são: - Os sabões geralmente são sais de sódio ou de potássio de ácidos graxos de cadeia longa. Apresenta atividade bacteriana e bacteriostática especialmente contra bactérias Gram-positivas e bacilos álcool-ácidos resistentes. Praticamente não atuam sobre as Gram-negativas. - O álcool etílico é considerado o mais eficaz; além disso, é um componente barato, não irritante para pele e completamente inócuo para o organismo. A concentração ideal varia entre 70% a 90%. O álcool isopropílico é bem mais ativo que o etílico, solúvel na água, não volátil e barato. Ao contrário do álcool etílico, sua atividade bacteriana é maior quanto maior for a concentração. - Os compostos halogenados também são considerados antissépticos líquidos. Os principais exemplares: a tintura de iodo (álcool iodado), um composto halogenado, é um dos mais potentes e rápidos bactericidas. Apesar de ser irritante causando dor quando existem soluções de continuidade na pele, é o melhor antisséptico para a pele íntegra. Soluções mais concentradas podem produzir sérias queimaduras. O iodo elementar juntamente com o iodóforo atua como elemento solubilizante formando um complexo facilmente dissociável quando em contato com a pele ou com a água, liberando lentamente iodo. O cloro se combina com a água para formar ácido hipocloroso (HOCl), forte agente oxidante e bactericida de ação rápida. - Os agentes oxidantes atuam bloqueando enzimas bacterianas. Tem como principais exemplares, o peróxido de hidrogênio (não é indicado considerado ineficaz) e o permanganato de potássio (fraco bactericida; utilizado para irrigações vesicais ou para embeber compressas em úlceras crônicas da pele). - Soluções de cloreto de mercúrio e nitrato de prata estão atualmente inteiramente abandonados, pois irritam a pele e não são eficazes como desinfetantes. - O fonaldeído na sua forma aquosa é pouco usado em cirurgias a não ser para antissepsia do ar ambiental. Na forma sólida em pastas é muito utilizado para a esterilização de aparelhos com motor elétrico. 1. ESTERILIZAÇÃO A esterilização em conceito absoluto seria o processo que garante a completa ausência de vida sob qualquer forma. Geralmente a esterilização do material cirúrgico é feita por métodos que empregam calor e as radiações. Antes da esterilização propriamente dita, três princípios gerais são de observação obrigatória: (1) o instrumental ao iniciar o clico de esterilização deve possuir o menor número possível de microrganismos; (2) todas as suas partescomponentes precisam estar dispostas de forma a serem facilmente acessíveis ao agente esterilizante; (3) empacotamento deve ser realizado de tal maneira que a esterilização seja mantida até o uso dos instrumentos. A limpeza do instrumental deve ser rigorosa, para que seja conseguido um índice ideal. Tal índice visa, não só reduzir ao mínimo o número de microrganismos a serem destruídos, como também remover agentes pirogênicos, fragmentos de tecido e depósitos orgânicos que possam ser tóxicos ao paciente ou interferir com a esterilização, prevenir ou reduzir o desgaste do instrumental e, ainda, atender a padrões higiênicos e estéticos. No processo manual, os instrumentos são lavados em água fria, com detergente, escovando-se cada instrumento com escova rígida sob água corrente. Pode ser utilizada também pasta de esmeril, para limpezas das juntas de instrumentos articulados. O processo a partir do ultrassom vem sendo empregado atualmente; a limpeza decorre do efeito produzido pela passagem de alta frequência na água. A operação de limpeza é feita em três fases: (1) imersão dos instrumentos no tanque com água e detergente, este último atuando como umidificante; (2) ação de alta frequência, de 18 a 20 mil ciclos por segundo; (3) remoção de detritos pela água. As duas primeiras fases são realizadas em um mesmo tanque. Alguns aparelhos possuem no segundo tanque dispositivos para secagem por meio de ar aquecido a 76°C. O processo de esterilização depende de duas características essenciais: poder esterilizante e tempo de ação. Quanto maior o poder, menor o tempo e vice-versa. O tempo de ação é determinado por três fases ou tempos parciais: tempo de penetração, que é o período exigido para que todo o material atinja a temperatura adequada para esterilização; tempo de manutenção, período em que a temperatura é mantida para que se consiga completa esterilização; e tempo de segurança, que é acrescido aos anteriores para completar o processo. A esterilização do instrumental cirúrgico pode ser feita empregando-se calor seco (forno, estufas, infravermelho e flambagem) ou calor úmido (fervura e vapor sob pressão). O calor seco é obtido em fornos aquecidos por resistências elétricas com temperatura controlada por termômetros e mantida constante por termostatos. A boa esterilização nestes fornos exige respeito a certas normas: o forno deve ser aquecido à temperatura de manutenção antes de ser carregado; os pacotes de material a serem esterilizados devem ser dispostos de forma a permitir perfeita circulação de ar; os pacotes com invólucro de papel ou tecido não devem encostar nas paredes do forno; os pacotes não devem ser maiores que 10x10x30 cm; as caixas de metal devem ser de alumínio e escuras, com superfície absorventes de calor. Em outro sistema de fornos, o aquecimento se faz por radiação infravermelha e pela ação de bombas de vácuo. Destinam-se à esterilização rápida, sendo o ciclo operado automaticamente. A flambagem não deve ser empregada pelos danos que causa ao instrumental e por não conferir completa segurança. O calor unido age coagulando as proteínas celulares; a temperatura de coagulação depende da quantidade de água existente nas células. A fervura, apesar de amplamente utilizada, não é recomendável, uma vez que apresenta resultado incerto, mesmo após longos períodos de fervura. As razões para o abandono desta prática são as seguintes: ação esporocida não conseguida no tempo usual; os instrumentos de corte Enzo Amaral Avidago 16 são danificados pela turbulência da agua em fervura e pelo oxigênio; a simplicidade do processo leva a enganos nas marcações de tempo e gera displicência; a contaminação após o término do processo é geralmente alta. 2. INTRODUÇÃO O pré-operatório é a investigação clínica na qual, são tomadas todas as medidas necessárias para preparar o paciente para a cirurgia. Cada paciente tem uma investigação diferente. Visa averiguar a condição clínica do paciente, a fim de reduzir danos, complicações e obter melhor resultados com o procedimento. Deve-se realizar uma terapia antes do paciente operar para reduzir os riscos, entretanto na emergência isso não é possível, e sendo assim as complicações são mais comuns. É importante para a relação médico-paciente, conhece o paciente antes de ocorrer e estabelece uma relação, exceto em caso de emergência, que em muitas vezes é o primeiro contato do médico com aquele paciente. Divisão do pré-operatório: - MEDIATO: 72h antes de intervir (não é tão importante, varia muito); - IMEDIATO: 24h antes de intervir; inclui jejum, corte dos pelos, suspensão de medicação (algumas medicações como os anticoagulantes suspende uma semana antes). Deve-se pesquisar: história clínica (mais objetiva); doenças pregressas (p. ex., diabetes, HAS); procedimentos anteriores (tipo de anestesia, reações e intercorrências), história familiar (morte súbita na família, parente que faleceu durante cirurgia, doenças familiares); medicamentos (remédio de pressão, anticoagulante, antibiótico para infecção crônica); exame físico; exames complementares se necessário (pede coagulograma, leucograma, hemograma, glicose e função renal) 3. SISTEMA CARDIOVASCULAR As complicações cardiovasculares são a causa é a mortalidade pré-operatória mais comum em cirurgia não cardíaca (seja por infarto ou arritmia cardíaca), por isso o sistema cardiovascular deve ser sempre avaliado. São utilizadas classificações para avaliar esse risco; todo paciente que vai fazer operação de porte médio ou alto deve passar por esse procedimento. ! Apesar do índice de Goldman ser mais completo que a classificação ASA; esta última é utilizada mais comumente no dia a dia. 4. SISTEMA RESPIRATÓRIO As complicações respiratórias são mais comuns no pós-operatório. Deve-se fazer avaliação para determinar os fatores de risco (asmático, doença do colágeno, tabagista). O risco vai depender do estado do órgão a ser operado e o tipo de cirurgia (p. ex., fazer uma anestesia geral em asmático é ruim). Há complicações relacionadas com o problema respiratório do paciente ou com o risco do impacto da cirurgia. • RISCOS RELACIOADOS AO PACIENTE - Idade avançada (musculatura frágil, pulmão mais cansado, dificuldade respiratória); - Doenças pulmonares (DPOC, pneumoconiose, tuberculose, infecção, etc. – geram cicatriz no pulmão); - Hipoalbuminemia (líquido no terceiro espaço gerando uma tendência a ter derrame pleural); - Hipercapnia (retenção de CO2); - Doença cardíaca (paciente que tem insuficiência cardíaca tem sobrecarga maior do lado direito do coração gerando dificuldade para bombear o sangue fazendo com que este reflua e para o pulmão); - Emagrecimento acentuado (principalmente em pacientes bariátricos, que geralmente tem alterações respiratórias); obesidade mórbida (sobrecarga muito maior, há dificuldade para intubar, ventilar, etc). • RISCOS RELACIONADOS À CIRURGIA → local da cirurgia (p. ex., cirurgias no tórax, pulmão ou coração, tem maiores impactos para os pulmões); técnica anestésica (anestesia geral é mais arriscada para o paciente com problema pulmonar do que a peridural local); tempo de duração (quanto mais tempo ficar intubado maior risco de complicação). A complicação pulmonar associada a febre mais comum após a anestesia geral é a atelectasia (não há infecção; infecções são mais comuns apresentar sintomas após 5 ou 7 dias de pós-operatório). Enzo Amaral Avidago 17 • COMORBIDADES QUE AUMENTAM O RISCO DE COMPLICAÇÕES NO PÓS-OPERATÓRIO → AVE (paciente acamado, respira mal); insuficiência renal aguda (o paciente retém mais liquido e pode causar de edema); corticóides (retém mais liquido); transfusão sanguínea (retém mais liquido). • EXAMES INDISPENSÁVEIS → radiografia de tórax (PA e perfil); espirometria (quando necessário) – em pacientes com indicação (obesos, insuficiência respiratória, cirurgia grande); gasometria – em pacientes que retêm CO2 (oxigenação comprometida) como pacientes
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