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DESIGN THINKING Nathalie Assunção Minuzi Design thinking Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir as origens e os conceitos do design thinking. Analisar as etapas do design thinking. Comparar produtos e serviços desenvolvidos por design thinking com aqueles desenvolvidos por outros processos. Introdução O termo design thinking é utilizado nos mais diferentes cenários, desde áreas de gestão da saúde até setores de desenvolvimento de novos produtos nas indústrias. No entanto, o conceito ainda é muito ques- tionado, principalmente em relação a como ele pode ser aplicado aos modelos de negócios, auxiliando nos processos de inovação das empresas e instituições. Atualmente, com a grande oferta de produtos e serviços no mercado, é preciso que as empresas inovem no que apresentam ao consumidor, seja por meio de um novo produto ou facilitando a usabilidade de um existente. Com isso, as empresas precisam pensar em soluções, focando na melhoria da experiência do usuário. Neste capítulo, você vai aprender sobre os conceitos de design thinking, as etapas e ferramentas dessa metodologia e os exemplos de onde é possível aplicá-la. O que é design thinking? Você já deve ter observado que as empresas atualmente buscam cada vez mais satisfazer o seu cliente, apresentando novos produtos e serviços que mantenham esse usuário fi delizado à sua marca. Existe uma preocupação por parte das marcas em oferecer uma experiência positiva para o usuário com o seu produto e, assim, manter o consumidor. Com a evolução nos canais de comunicação das marcas com o usuário, essa experiência de utilizar um produto ou serviço é cada vez mais valorizada e apresentada pelo consumidor (como postar vídeos em redes sociais) para outros possíveis consumidores. Por essa razão, existe uma demanda das marcas pelo desenvolvimento de produtos e serviços que propiciem experiências de usabilidade positivas aos usuários. Para que isso aconteça, é necessário que essas empresas busquem metodo- logias que estudem e entendam as necessidades reais do usuário. Além disso, a análise dessas necessidades deve possibilitar o desenvolvimento criativo de produtos e serviços. Nesse ponto, de acordo com Tim Brown (2008), o design thinking se apre- senta como uma maneira de pensar baseada nos conceitos do design, juntamente com uma metodologia centrada no usuário para resolver problemas complexos. Neste capítulo, tomaremos como definição a ideia de Tim Brown et al. (2017) de que o design thinking é um método com o objetivo de gerar novas ideias, buscando resolver as necessidades reais do usuário. Conceitualmente, o pensamento do design que se baseava em analisar as necessidades do usuário, para a partir dessa demanda desenvolver um novo produto ou serviço, já era trabalhado em 1919, na escola alemã Bauhaus. Nessa escola, estudava-se a questão ligada à forma (estética) e à função dos produtos que eram desenvolvidos. A escola Bauhaus foi fundada em 1919, por Walter Gropius, na Alemanha. Uma das grandes contribuições para o desenvolvimento do design no século XX está nesta máxima: a forma segue a função. Contudo, após o período entre as Guerras Mundiais (1918–1945), a escola foi fechada. A principal consequência desse fechamento foi a interrupção desse pensamento no meio acadêmico. Ainda que não se falasse em design thinking, naquele momento a metodologia já se desenvolvia. Somente em 1992, o termo design thinking voltou a ser debatido em grande escala, com a publicação de um artigo intitulado “Wicked Problems in Design Thinking”, escrito por Richard Buchanan (1992), publicado pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts). Esse artigo é considerado uma das bases Design thinking2 teóricas para o pensamento do design thinking no meio acadêmico, em função de ser o pioneiro. O artigo aborda como o design está inserido em todas as áreas da sociedade, bem como a questão de observar a interação do usuário com os produtos, para identificar as demandas existentes e onde é possível inovar. O autor trabalha com a perspectiva de que o design é uma ferramenta capaz de ser trabalhada em diversas áreas do conhecimento. Logo, o indivíduo não precisa ser um designer para utilizar essa metodologia, pois ela é baseada em algo inato a qualquer ser humano: a necessidade de resolver problemas. Por essa razão, costuma-se dizer que o design thinking é uma metodologia que vem do design, uma vez que ela utiliza o pensamento dessa área para a solução de problemas. Contudo, o termo design thinking começou a ser popularizado no mundo — e principalmente na área de desenvolvimento de produtos e serviços — por David Kelley, um professor da Universidade de Stanford (Estados Unidos), e o seu colega Tim Brown. Eles fundaram, em 1991, uma empresa chamada IDEO, que utilizava o pensamento do design thinking para resolver projetos. Essa empresa realizou consultoria para grandes marcas, como a Apple, e é considerada responsável por explicar e popularizar o conceito não apenas como mais uma ferramenta, mas como uma metodologia capaz de agregar propósito ao desenvolvimento de serviços e produtos. Atualmente, a IDEO trabalha com projetos de design voltados para o usuário, com equipes multidisciplinares compostas por de- signers, empresários, engenheiros, professores, pesquisadores, entre outros. Você pode conhecer um pouco mais sobre a história da IDEO no site da empresa, disponível no link a seguir. https://goo.gl/isWAln A metodologia do design thinking tem como característica ser colaborativa, experimental, centrada nas pessoas e apresentar soluções de maneira criativa. O pensamento do design thinking está baseado na busca por solucionar problemas de diversas ordens de complexidade. Contudo, você deve lembrar que o design thinking não busca desenvolver novos produtos ou serviços, mas sim resolver os problemas com foco nas demandas das pessoas, isto é, nas necessidades 3Design thinking do usuário. Em função disso, o design thinking se propõe a criar soluções juntamente ao usuário. Isso significa que, nas etapas de desenvolvimento, esse usuário estará presente como um sujeito ativo. As equipes formadas para solucionar essas demandas devem priorizar a diversidade de profissionais. A partir dessa diversidade de áreas do conheci- mento, busca-se estudar como aplicar essa metodologia em situações práticas. Ela pode ser aplicada em áreas como administração, saúde, marketing e enge- nharia, que desejam resolver problemas de maneira criativa, seja melhorando um processo interno (fluxo de tarefa) ou até mesmo criando um produto que atenda às necessidades do usuário em determinado contexto. O design thinking traz também a perspectiva estratégica dos negócios para efetivar as ideias. Assim, o sucesso e a adesão a essa metodologia ocorrem, entre outros fatores, por se tratar de uma junção entre o pensamento corporativo e o pensamento criativo, gerando uma proposta de valor para o que será desenvolvido. O pensamento corporativo se refere a analisar oportunidades em mercados e pensar na proposta de valor do produto e no seu potencial mercadológico para inovar. O pensamento criativo, por sua vez, aproxima-se mais de questões ligadas à observação da relação do usuário com o produto, ou seja, como melhorar e inovar a experiência desse usuário. O resultado da soma desses pensamentos é justamente uma maneira de solucionar problemas complexos centrando-se nas necessidades do usuário. Os problemas se apresentam em diferentes níveis e exigem respostas inovadoras das empresas. Essas respostas são desenvolvidas enquanto se realizam as etapas da metodologia. Precisamos enfatizar que, para que o design thinking ocorra de maneira eficaz dentro de uma empresa, deve haver um pensamento coletivo e cola- borativo para inovar nos processos de todos os envolvidos. Logo, para que se obtenha êxito, é preciso que se estimule cada vez maisa empresa ou instituição a tomar medidas que propiciem a inovação e a criatividade no ambiente laboral. Além disso, as partes envolvidas, como colaboradores e gerentes do projeto, também devem estar dispostas a implementar um pensamento criativo durante as etapas. Para isso, são utilizadas diversas ferramentas, que vão auxiliar no pensamento criativo para o desenvolvimento das etapas. Fases do design thinking Agora que você já estudou sobre o conceito de design thinking, vai aprender sobre as fases que compõem essa metodologia. As fases ou etapas do design Design thinking4 thinking servem para estruturar de maneira organizada a sequência lógica de como será aplicada a metodologia. Imagine que essas etapas são como uma receita de bolo: você precisa seguir os passos que estão na sua receita, para que no fim você tenha o seu bolo. Cada uma das etapas se refere a um momento da sua pesquisa e, consequentemente, exige diferentes habilidades de quem está aplicando a metodologia. As etapas estão organizadas sequencialmente e estão relacio- nadas entre elas. Contudo, para iniciar uma nova etapa, é fundamental que você tenha finalizado a anterior. Vale ressaltar que o número de etapas poderá variar, de acordo com o autor utilizado como base, porque alguns autores aglutinam algumas etapas de acordo com a sua demanda. Neste capítulo, usamos como referência a organização feita por Tim Brown et al. (2017), que divide a metodologia em cinco etapas, como na Figura 1. Figura 1. Organização sequencial das etapas do design thinking. Fonte: Adaptada de Brown et al. (2017). As etapas servem como marcadores das atividades realizadas e permitem visualizar o que ainda está pendente. Se você estiver trabalhando em um grande projeto, essas fases podem ajudar, por exemplo, a localizar e comunicar aos colaboradores da equipe os avanços do projeto. O design thinking é uma metodologia utilizada por muitas áreas, e alguns autores podem apresentar três etapas, em vez de cinco. Isso não significa que o modelo está incorreto ou incompleto, mas que as informações estão aglutinadas em uma mesma etapa, de forma que esse processo seja apresentado da maneira mais clara possível para todos os envolvidos. 5Design thinking É importante que você saiba que, apesar de esse processo apresentar uma estrutura sequencial, isso não significa que você e a sua equipe não poderão voltar a uma etapa anterior para revisá-la sempre que for necessário. A informação tende a diminuir ao longo do processo, já que a ideia é ir diminuindo e selecionando as melhores ideias para a solução final, que contemple as necessidades dos usuários. As fases e as suas características são descritas a seguir. Empatia É quando inicia o processo, isto é, a etapa de levantamento de dados. Nesse mo- mento, você deve buscar reunir o maior número de informações sobre o produto ou serviço que está desenvolvendo. Buscar os usuários do produto ou serviço é fundamental, assim como questionar os pontos fracos do produto e analisar como esse usuário interage com ele. Por exemplo, se for uma embalagem de sabão para roupas, você pode verifi car desde como esse produto está apresentado no seu local de venda (expositores) até a maneira como o consumidor o condiciona em sua residência (se guarda dentro de armários ou deixa exposto, por exemplo). Toda essa parte observacional servirá para que você tenha subsídios para gerar novas ideias. Essa é a fase na qual você vai perceber o que falta no produto ou serviço analisado, por meio das necessidades do usuário — que nem sempre são ditas por ele. Ferramentas interessantes para a fase de em- patia são questionários sobre a usabilidade do produto ou mapas de atores (consiste em organizar graficamente as relações existentes entre os usuários de um serviço). Dependendo do público com o qual você está trabalhando, o storytelling serve como uma opção para que as pessoas consigam construir narrativas de problemas por meio do discurso. Definição Após ter realizado o levantamento de dados, é preciso trabalhar com esses dados, ou seja, interpretá-los com o objetivo de defi nir o problema que será solucionado ao fi nal. É importante delimitar esse problema, de forma a não desenvolver um projeto que não atenda às questões levantadas na fase anterior. Algumas ferramentas que podem ser utilizadas para defi nir o problema de pesquisa são os mapas conceituais, com o objetivo de apresentar aos envolvidos uma visão geral da problemática. Para essa ferramenta, é interessante realizar um trabalho coletivo, no qual todos os colaboradores possam expressar a sua visão. Ao fi nal, todos conseguem enxergar o problema a partir de uma perspectiva coletiva. Design thinking6 Ideação Depois de defi nida a problemática a ser solucionada, é o momento de começar a buscar soluções. A etapa de ideação — ou de idear — é o momento em que a equipe se reúne para, de maneira coletiva, apresentar ideias. Nesse momento, todos da equipe devem gerar muitas ideias com o objetivo de solucionar o problema. Quanto maior for a quantidade de ideias apresentadas, maiores as possibilidades de inovação no que está sendo desenvolvido. No entanto, essa etapa costuma apresentar algumas dificuldades, pois algumas pessoas da equipe se sentem desconfortáveis e inseguras ao apresentar as suas ideias, com receio de que não sejam boas. É preciso desmistificar isso para os colaboradores e explicar que não existem ideias ruins em um processo criativo. A solução para um problema geralmente é o produto de várias ideias trabalhadas, que geram o resultado da problemática. Uma ferramenta útil nessa fase é o brainstorming (ou tempestade de ideias). A equipe pode organizar, por exemplo, um quadro com post-its para que sejam colocadas as ideias. É importante que sejam respostas curtas, e que essa atividade ocorra de forma dinâmica. Após apresentar a problemática, é interessante pedir para que cada membro apresente um mínimo de dez ideias para resolver esse problema. Outra ferramenta válida para auxiliar o processo criativo é a thinkpak. Trata-se de uma ferramenta para realizar o brainstorming apresentada por Michalko (2006): cartas propõem questões para os colaboradores da equipe, com o objetivo de que pensem de maneira diferente daquela a que estão habituados. Durante a etapa de ideação, essas ferramentas são aliadas a fim de melhorar o processo criativo da equipe e gerar as ideias. Prototipação Essa é a etapa em que se começa a dar forma à solução esperada. Após analisar as ideias apresentadas na etapa anterior, inicia-se o processo de selecionar as ideias que são viáveis de serem aplicadas a essa problemática. Aqui consideram-se fatores tecnológicos, econômicos, entre outros que podem inviabilizar o desenvolvimento da ideia. A equipe pode ter pensado como solução um tecido tecnológico que mantenha a pele resfriada, por exem- plo, mas se a empresa não dispõe de recursos ou não tem interesse em investir nesse tipo de tecnologia, a solução torna-se inviável. A prototipação é o momento de materializar as ideias. No caso do desenvolvi- mento de novos produtos, é interessante fazer maquetes e protótipos 3D — tudo vai depender da disponibilidade da empresa para investir em maquetes. Essas 7Design thinking maquetes podem ser desde simulações feitas pelo computador até protótipos ou modelos funcionais em escala 1:1. É importante considerar que, quanto mais próximo da realidade o protótipo, maiores são as chances de ajustar possíveis problemas antes de iniciar a produção. Teste Essa é a última etapa, mas ela não deve ser esquecida ou diminuída pela equipe. Após ter desenvolvido o protótipo do produto, o teste é o momento no qual é verifi cada a usabilidade desse produto. É nessa etapa que é possível observar a relação do usuário com esse produto — se a solução encontrada resolve de fato a problemática inicial do processo. Nesse momento, apesar de constituir a validação da solução, também ocor-rem ajustes, se necessário, antes de apresentar o resultado. É interessante nessa etapa ter como ferramenta questionários que identifiquem as problemáticas apresentadas no início do projeto. Outras ferramentas interessantes de serem aplicadas são as utilizadas na administração e no marketing, como a matriz FOFA (forças, oportunidades, fraquezas e ameaças) ou ainda um estudo de tendências. No caso de um novo produto ou serviço que foi desenvolvido, essas ferramentas ajudam a validar esse produto em relação ao mercado. Essas etapas representam a construção da solução dentro do design thinking. É importante que você lembre que o usuário está presente durante essas cinco etapas, a fim de garantir que as suas demandas foram atendidas. Outro ponto é o processo criativo empregado nessa metodologia. Para realizar um projeto desse modo em uma empresa, é necessário trabalhar o mindset (mentalidade) dos envolvidos. É preciso que haja um envolvimento por parte de todos os envolvidos para o êxito de projetos que tenham como foco as necessidades do design. Onde está o design thinking? Como você viu ao longo deste capítulo, por meio da sua metodologia, o design thinking pode desenvolver produtos e serviços com o diferencial de atender às necessidades reais do usuário. Isso é relevante porque muitas empresas ainda elaboram os seus produtos sem realizar essa refl exão. Sem conversar com o usuário, deixam de buscar compreender o que ele precisa ou busca. Atualmente essa mentalidade já está defasada, pois os nichos de mercado estão cada vez mais estruturados e exigem produtos e serviços personalizados às suas demandas. Design thinking8 Contudo, com a evolução dos mercados e o acesso à tecnologia e a canais de compra, cada vez mais o usuário tem opções que de fato atendam às suas necessidades. Isso pressiona as empresas a buscar desenvolver produtos e serviços que entendam o que o consumidor está buscando. Em mercados que têm uma maior oferta de produtos e serviços, a competitividade se torna maior. Por isso, a metodologia do design thinking tem se tornado tão importante dentro das empresas que buscam inovar. A partir dessa competitividade, uma perspectiva da gestão apresentada por Best (2012) apresenta, na gestão do design, que é necessário às empresas compreenderem não apenas os mercados, mas também os usuários, com o objetivo construir e gerenciar as relações entre usuário e empresa. Esse fator tem se tornado fundamental para inovar dentro das empresas. No Brasil, empresas tradicionais têm utilizado o design thinking para melhorar o alcance de sua marca em níveis mundiais. Um exemplo bem- -sucedido dessa ascensão é a marca Natura, uma empresa de cosméticos: antes de utilizar o design thinking, a venda era, como as outras marcas do mesmo segmento, via catálogo. De acordo com Mathias (2018), a Natura resolveu inovar no seu processo, ampliando as relações com o público jovem a partir da implementação do design thinking. Com o auxílio de uma equipe multidisciplinar, a empresa optou por focar na experiência do usuário e buscou desenvolver a parte conceitual dos seus produtos de modo que se aproximasse da identidade brasileira e valorizasse isso tanto para o público no Brasil quanto para o público internacional. Contudo, as mudanças na Natura também ocorrem nos processos inter- nos, como o trabalho de sustentabilidade realizado com os produtores das matérias-primas utilizadas na fabricação de cosméticos. Como resultado da aplicação do design thinking, a Natura tem uma projeção internacional por vender produtos com a identidade brasileira. A Natura tem um site que apresenta algumas das suas práticas inovadoras. Acesse-o por meio do link a seguir ou do código ao lado. https://goo.gl/56G11A 9Design thinking Outro exemplo de empresas que utilizam o design thinking são aquelas de telefonia móvel. Elas são responsáveis por oferecer uma série de serviços. No entanto, quando esse serviço não é satisfatório para o cliente, ele precisa contatar a empresa para cobrar soluções. Atualmente, esse contato é realizado via telefone ou e-mail, evitando o deslocamento desse usuário até a empresa. Isso também diminui os custos para a empresa, uma vez que ela não precisa ter uma sede fixa. Contudo, há uma necessidade de realizar um atendimento via telefone que cumpra com as demandas do usuário. Agora imagine duas situações hipotéticas: uma empresa A percebeu o aumento no número de reclamações do atendimento ao cliente e, com isso, os usuários estavam cancelando e trocando de operadora de serviços; com a empresa B, passou a ocorrer a mesma situação, com clientes insatisfeitos com o serviço e, como consequência, cancelando os serviços. A partir desse cenário, ambas as empresas se preocuparam com o declínio nos números de venda. No entanto, tomaram decisões diferentes em relação à melhoria do serviço. A empresa A entendeu que o problema acontecia por não existir uma loja física à qual as pessoas pudessem ir para realizar as suas reclamações. Por entender que era esse o problema, optou por investir em abrir um espaço físico para que os clientes pudessem se comunicar pessoalmente com atendentes. Já a empresa B optou por investigar quais eram as necessidades junto aos seus clientes e, assim, descobrir as dificuldades existentes no atendimento via telefone. Para isso, utilizou a metodologia do design thinking com o objetivo de conhecer as demandas dos clientes em relação a esse tipo de serviço. A empresa percebeu que o problema não era realizar um atendimento remoto ao usuário, mas sim a maneira como as informações eram repassadas para esse usuário. Após se reunir com uma equipe multidisciplinar de engenheiros, vendedo- res, atendentes de marketing, publicitários e usuários que tiveram experiências positivas e negativas com esse tipo de atendimento, a empresa B desenvolveu como solução para a demanda um aplicativo, apresentado no formato de tutorial, que informava de maneira visual e auditiva quais eram as ações que o cliente poderia realizar quando houvesse um problema no seu serviço de telefonia. Como resultado, a empresa voltou a ter crescimento na sua cartela de clientes. A partir dessas duas experiências hipotéticas, percebemos como a tomada de decisões pode gerar o êxito ou não da empresa em relação ao desenvolvi- mento de um serviço. O processo adotado pela primeira empresa de ter um espaço físico em um primeiro momento parece o mais adequado; no entanto, no longo prazo ele se tornará mais custoso para ser mantido. Design thinking10 A empresa Telefônica utiliza o design thinking como uma referência para melhorar a experiência do usuário com o seu serviço: a partir da usabilidade com o serviço, são desenvolvidas as melhorias. Esses exemplos nos permitem pensar que é uma necessidade latente das empresas investirem em pesquisa e desenvolvimento nas demandas que as instituições possuem. Ao investir no processo de design thinking, a empresa poderá apresentar um maior retorno financeiro no longo prazo, já que a ten- dência é que, ao conhecer as demandas reais do usuário, as empresas fidelizem e absorvam novos usuários. Ao longo deste capítulo, você pôde aprender sobre os conceitos do design thinking e como isso vem sendo aplicado no âmbito das empresas. Você pode utilizar essa metodologia tanto para inovar em um novo produto, serviço ou até mesmo em um processo interno da empresa que precise de melhorias como para melhorar o fluxo de comunicação entre diferentes setores de uma fábrica. Outro segmento que utiliza o design thinking são as instituições de ensino. Essa atenção por parte dessas instituições acontece em função das dificuldades que o ensino tem em gerar envolvimento do estudante com o processo de ensino na atualidade. Logo, o design thinking pode ser utilizado com o objetivo de reunir as equipes dentro das escolas para gerar novas soluções para a maneira como é trabalhado o processo de ensino e aprendizagem. Aindadentro da educação, o design thinking pode servir como uma ferra- menta para identificar a proposta de valor da instituição atuando diretamente na gestão. Para a instituição, isso é importante para que ela entenda o seu diferencial mercadológico em relação às outras, por exemplo. A partir desses exemplos, você pode concluir como essa metodologia está modificando a estrutura das grandes e pequenas marcas. O design thinking é uma metodologia inovadora porque trata de entender o que o usuário precisa, ou seja, foca na experiência e na usabilidade do produto. Esse é o grande diferencial, comparado com outras metodologias que desenvolvem produtos sem esse olhar criativo. 11Design thinking A marca Havaianas, que já é conhecida em nível mundial pelas suas sandálias, resolveu investir em outros tipos de produtos, como toalhas, acessórios de praia e bolsas. Para isso, utilizou o design thinking para criar a sua estratégia no mercado internacional. O desafio da Havaianas era descobrir o que seria a identidade do Brasil. Após realizar entrevistas com usuários brasileiros e não brasileiros, a fim de ter coerência com o que o mercado internacional considera como identidade brasileira, a marca desenvolveu um protótipo, que foi apresentado no São Paulo Fashion Week. BEST, K. Fundamentos de gestão do design. Porto Alegre: Bookman, 2012. BROWN, T. 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