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Graciely Nunes Rosa Borges MARKETING E EMPREENDEDORISMO EM NUTRIÇÃO MERCADO CONSUMIDOR E COMPORTAMENTO DE COMPRA O propósito do Marketing é atender e satisfazer às necessidades e desejos dos consumidores. Comportamento do Consumidor estuda como indivíduos, grupos e organizações selecionam, compram, usam e dispõe de bens, serviços, ideias ou experiências para satisfazer as suas necessidades e desejos Descobrir os porquês por trás do comportamento de compra dos consumidores Muitas vezes o próprio consumidor não sabe exatamente o que influencia as suas compras. Como os consumidores reagem aos inúmeros esforços de marketing que a empresa pode utilizar? Modelo de comportamento do comprador Entender o que ocorre na consciência do comprador entre a chegada de estímulos externos e sua decisão de compra PROFISSIONAL DE MARKETING entender como os estímulos são transformados em respostas. 1. Como as características do comprador – culturais, sociais, pessoais e psicológicas – influenciam seu comportamento de compra? 2. Como o comprador toma as decisões de compra? Cultura: principal determinante dos desejos e do comportamento de uma pessoa. Ao crescer em uma sociedade, uma criança adquire valores básicos, percepções, desejos e comportamentos de sua família e outras instituições importantes. CARACTERÍSTICAS QUE AFETAM O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Fatores culturais: o Cultura o Subcultura o Classe social Os profissionais de marketing devem estar atentos à identificação das mudanças culturais para descobrir novos produtos que podem ser desejados. Ex.: aumento da preocupação com saúde e boa forma física: oportunidade para serviços relacionados, equipamentos e roupas e calçados específicos para a atividade física, alimentos naturais e o interesse por um serviço de acompanhamento profissional especializado (como nutricionista e educador físico). Subcultura: grupos de pessoas que compartilham os mesmos sistemas de valor com base em situações e experiências de vida em comum. Entre as subculturas estão as nacionalidades, religiões, grupos raciais e regiões geográficas. Ex.: linha de cosméticos e xampus para consumidores afrodescendentes, asiáticos e com mais de 50 anos. Classe social: divisões de uma sociedade relativamente permanentes e ordenadas, cujos membros compartilham valores, interesses e comportamentos similares. As classes sociais mostram preferências distintas de marcas e produtos em muitas áreas, incluindo vestuário, móveis, eletrodomésticos, atividades de lazer e automóveis. As empresas focam seus esforços em determinadas classes sociais. Fatores sociais: oGrupos de referência o Família o Papéis sociais e status Grupos de referência: os grupos exercem uma influência direta sobre uma pessoa. Os chamados grupos de referência agem como pontos de comparação ou referência na formação do comportamento e das atitudes de uma pessoa. Formadores de opinião: pessoas que, devido a habilidades, conhecimento, personalidade ou outras características especiais, exercem influência sobre as demais. Ex.: blogueiras influencers em redes sociais que podem interferir nos critérios de escolha e consumo. Família: é a mais importante organização de consumo da sociedade e é amplamente pesquisada. Os membros de uma família podem influenciar no comportamento do comprador. As empresas se interessam pelos papéis e pela influência do marido, da esposa e dos filhos na compra de diferentes produtos e serviços. Ex.: papel das crianças no consumo e no poder de compra familiar. Papéis e status: uma pessoa participa de muitos grupos no decorrer de sua vida – família, clubes, organizações – e sua posição em cada um deles pode ser definida tanto em termos de papel quanto de status. Um papel consiste nas atividades que se espera que a pessoa desempenhe. Ex.: Maria, junto à seus pais, desempenha papel de filha; em sua família é esposa e mãe; na empresa em que trabalha é gerente de vendas. Cada papel carrega um status que reflete a estima que a sociedade lhe dispensa. Ex.: um juiz do Supremo Tribunal tem mais status que um gerente de vendas e este tem mais status do que um funcionário do escritório. As pessoas escolhem produtos que comunicam o seu papel e status na sociedade. Profissionais de marketing são conscientes dos símbolos de status potenciais de produtos e marcas. Fatores pessoais: o Idade e estágio no ciclo de vida oOcupação o Situação financeira o Estilo de vida o Personalidade e autoimagem Idade e estágio no ciclo de vida: ao longo da vida, as pessoas mudam os bens e serviços que compram. O gosto das pessoas por roupas, móveis e recreação também está relacionado com a idade. O consumo também é moldado pelo estágio do ciclo de vida da família – ≠ consumo de jovens solteiros, casais sem filhos, casais com filhos, etc. Ocupação: a ocupação de uma pessoa afeta os bens e serviços que ela adquire. Ex.: um operário tende a comprar roupas de trabalho mais simples, enquanto executivos compram ternos. Uma empresa pode até se especializar na fabricação de produtos necessários para um grupo ocupacional específico. Ex.: fabricação de EPIs para trabalhadores de UAN. Situação financeira: a condição econômica de uma pessoa afeta diretamente a sua escolha de produtos. Profissionais de marketing que trabalham com bens sensíveis à renda acompanham as tendências relativas à renda pessoal, à poupança e às taxas de juros. Estilo de vida: representa o padrão de vida de uma pessoa expresso em termos de atividades (trabalho, hobbies, compras, esportes, compromissos sociais), interesses (comida, moda, família, lazer) e opiniões (acerca de si mesmo, das questões sociais, das empresas e dos produtos). O estilo de vida vai além da classe social e da personalidade da pessoa. Ela descreve todo um padrão de ação e interação com o mundo. Ex.: vegetarianos tendem a se preocupar não apenas com o tipo do alimento, mas onde e em que condições foram produzidos. Personalidade e auto imagem: toda pessoa possui uma personalidade distinta que influencia seu comportamento de compra. Personalidade: é o conjunto de características psicológicas distintas de uma pessoa que levam a respostas consistentes e duradouras em seu ambiente. Ex.: autoconfiança, sociabilidade, autonomia, agressividade, etc. A ideia é que as marcas também têm personalidade e que os consumidores tendem a escolher marcas cujas personalidade corresponda à sua própria. Autoimagem é um conceito relacionado com a personalidade. A sua premissa básica é que as posses das pessoas contribuem para sua identidade e a refletem. “Somos o que possuímos.” Fatores psicológicos: oMotivação o Percepção o Aprendizagem o Crenças e atitudes Motivação: uma pessoa possui muitas necessidades em determinados momentos. Podem ser necessidades biológicas ou psicológicas. Um motivo é uma necessidade suficientemente forte para fazer com que a pessoa busque satisfazê-lo. Percepção: processo pelo qual a pessoa seleciona, organiza e interpreta as informações para criar um quadro significativo do mundo. A maneira como a pessoa age é influenciada por sua percepção da situação. Cada pessoa ajusta as informações recebidas a um conjunto de pensamentos já existente. Aprendizagem: envolve mudanças no comportamento de um indivíduo decorrentes da experiência. Muitos dos comportamentos humanos são adquiridos. A aprendizagem ocorre por meio da interação de impulsos, estímulos, sinais, repostas e reforços. Crenças e atitudes: por meio da execução e da aprendizagem, as pessoas adquirem crenças e atitudes, que por sua vez influenciam seu comportamento de compra. Crença: pensamento descritivo que a pessoa tem em relação a algo. Podem ser baseadas em um conhecimento, opinião ou fé. Atitudes: compreende as avaliações, os sentimentos e as tendências relativamente coerentes de uma pessoa quanto a umobjeto ou uma ideia. Fazem com que as pessoas gostem ou não das coisas e se aproximem ou se distanciem delas. Estímulos de Marketing Outros estímulos Produto Preço Ponto de venda Promoção Econômicos Tecnológicos Políticos Culturais Decisões do comprador Escolha do produto Escolha da marca Escolha do revendedor Época da compra Quantidade comprada Características do comprador Processo de decisão do comprador Culturais Sociais Pessoais Psicológicas Reconhecimento do problema Busca de informações Avaliação Decisão Comportamento pós compra Estágios de compra Kotler, 2012 PROCESSO DE DECISÃO E ADOÇÃO DO COMPRADOR PARA NOVOS PRODUTOS Alguns consumidores, frente a um novo produto, podem passar pelo processo de adoção, que é um processo mental que ocorre desde o momento em que o indivíduo ouve falar de uma inovação até a adoção final. A adoção é a decisão do indivíduo de se tornar usuário regular do produto. Estágios do processo de adoção: q Conscientização: quando o consumidor toma consciência do novo produto, mas ainda lhe faltam informações sobre ele. q Interesse: o consumidor busca de informações sobre o produto q Avaliação: o consumidor avalia se vale e pena experimentar o novo produto q Experimentação: o consumidor utiliza o novo produto em pequena escala para avaliar melhor o seu valor q Adoção: o consumidor decide fazer uso total e regular do novo produto Silva, 2014 Diferenças individuais relativas à adoção: As pessoas diferem muito em sua predisposição para experimentar novos produtos. Existem diferentes perfis: q Inovadores: têm o produto bem antes de todos. q Adotantes imediatos: adquirem o produto assim que recebem informações sobre ele. q Maioria imediata: leva mais tempo para obter informações e ter segurança para adquirir. q Maioria posterior e retardatários: esperam até que o produto se fixe bem no mercado e seja adquirido pela maioria. Silva, 2014 A busca crescente por uma alimentação mais natural, orgânica e livre de aditivos químicos tem chamado a atenção de empreendedores dispostos a investir. No ano passado, o mercado brasileiro de alimentos e bebidas saudáveis alcançou R$ 93,6 bilhões em vendas, o que colocou o país na quinta posição no ranking dos gigantes desse setor. Entre todas as categorias do segmento, a de orgânicos foi a que teve o maior avanço dos últimos cinco anos, de 18,5%. Os dados são de um estudo da agência de pesquisas Euromonitor Internacional publicado em fevereiro deste ano. http://dc.clicrbs.com.br/sc/noticias/noticia/2017/04/mercado-de-alimentacao-saudavel-deve-crescer-4-41-ao-ano-ate- 2021-9775279.html Mercado de alimentação saudável deve crescer 4,41% ao ano até 2021. 19/04/17 O crescimento do comércio de alimentos naturais impressiona no Brasil. Nos últimos cinco anos, as vendas avançaram a uma taxa média de 12,3% ao ano, enquanto no resto do mundo o percentual ficou em torno de 8%. A previsão é que o mercado brasileiro de produtos saudáveis cresça anualmente 4,4% até 2021 – números que comprovam que a crise passa longe deste setor. Outra pesquisa confirma o otimismo dos empreendedores que já atuam no mercado com produtos sem açúcar refinado, glúten, lactose ou aditivos químicos. O relatório Tendências Mundiais de Alimentação e Bebidas 2017, elaborado pela agência de pesquisas Mintel, mostra que quatro em cada cinco brasileiros estão dispostos a gastar mais se o alimento tiver maior valor nutricional. O documento revela ainda que 79% dos entrevistados já substituem produtos convencionais por outros mais saudáveis; 44% dão preferência a produtos sem corantes artificiais; e 24% dos adultos brasileiros comeriam mais grãos integrais, como linhaça e quinoa, se soubessem como utilizá-los no dia a dia. Clientes procuram maisfrutas, verduras e legumes Donos de restaurantes, bares, lanchonetes e padarias do país também notaram as novas exigências dos consumidores, como mostra a pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha para a Associação das Empresas e Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert). Entre os 4.560 comerciantes entrevistados, 53% notaram um aumento na procura por frutas; 61% observaram que os clientes estão comendo mais verduras e legumes e 65% relataram que cresceu o consumo de sucos naturais. Em Florianópolis, a Escola Natural Chef oferece formação para profissionais que queiram empreender ou atuar na área da alimentação saudável e funcional. Idealizado pela nutricionista Cris Tozzo, o curso está com todas as 60 vagas preenchidas e uma fila de espera de 180 pessoas de todo o Brasil. — O consumidor criou essa demanda, por conta da informação, e a indústria está tendo que se adaptar. Até mesmo os restaurantes e a indústria tradicional vão ter que começar a oferecer opções sem glúten, sem lactose, vegetarianas, orgânicas e sem açúcar — defende a nutricionista. De olho no potencial do mercado da alimentação saudável, muitos empresários estão investindo todas as fichas nesse nicho. A coordenadora regional do Sebrae/SC na Grande Florianópolis, Soraya Tonelli, observou que muitos jovens têm buscado a orientação do Sebrae no desenvolvimento de um plano de negócios no setor de alimentos e bebidas saudáveis. No entanto, por mais que o cenário seja otimista para quem quer empreender nessa área, a coordenadora ressalta que é preciso planejamento e conhecimento em gestão financeira. — Esse nicho da alimentação saudável já tem tendência de consumo, então o empreendedor dessa área já está surfando numa onda de mercado latente. Mas isso não quer dizer que o negócio não tenha riscos. O risco é inerente a qualquer negócio e sempre tem que ser calculado — pondera Tonelli. Sem conservantes nem sinais da crise A educadora física Kátia Jungmann e o marido, o diretor de cinema Pedro Jungmann, sempre sonharam com um negócio próprio na área de panificação artesanal e confeitaria, mas não tinham experiência em gastronomia nem certeza sobre o tipo de produto a oferecer. — Perguntei a uma amiga confeiteira que produtos ela vendia. Ela respondeu que fazia todo tipo de doces, menos sem glúten. Aquilo não saiu mais da minha cabeça — releva o empreendedor. Depois de alguns meses pensando sobre o assunto, Kátia decidiu fazer um curso de panificação sem glúten em São Paulo. Assim que retornou, o casal investiu R$ 150 mil em uma pequena fábrica de pães. Kátia ficava na produção e Pedro, nas entregas. Cerca de três anos depois, a ideia inicial se transformou em um grande negócio. Pedro e Kátia abriram a padaria Glúten Free, na Lagoa da Conceição, para atender diretamente o consumidor, já possuem sete funcionários, vendem 4 mil pães por mês, contam com clientes em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná e veem seu faturamento crescer, em média, 20% ao ano. A padaria já oferece mais de 15 tipos de pães, além de cucas, bolos e muffins. A preocupação do casal de empreendedores não é apenas com o glúten. Todos os produtos são elaborados com açúcar mascavo ou demerara e não contêm qualquer tipo de aditivo químico. Os ingredientes frescos utilizados nos pães, como rúcula e espinafre, são orgânicos. O sucesso da Glúten Free foi tão rápido que nunca se cogitou investir em divulgação, tampouco houve preocupação com a crise econômica. Outro empreendimento que nunca sentiu os sinais da crise foi o Saladices. A ideia do espaço de fast food saudável surgiu em uma viagem a Nova Iorque, onde o empreendedor João Neto notou que havia várias opções de comida natural. Ao voltar a Florianópolis, sentiu-se frustrado por não encontrar opções mais leves nos restaurantes que costuma frequentar, como saladas e grelhados. Junto com outros dois sócios, Renato Ramos e Arthur Oliveira, João investiu R$ 300 mil no Saladices. Em três meses de funcionamento, o espaço já começou a dar lucro e ter filas na hora do almoço. O restaurante oferece saladas acompanhadas de proteínas, sucos e sobremesas com ingredientes frescos, leves e orgânicos.Em breve, com a chegada do inverno, serão servidos produtos quentes, café e lanches para o meio da tarde. Hoje, já são duas lojas em funcionamento, outras duas a serem inauguradas ainda nesse semestre, além da venda de franquias em todo o Brasil que deve começar em breve, segundo os empresários. O trio estima que o faturamento apenas com as lojas chegue a R$ 7 milhões neste ano.
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