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Isabela Lobo Lima 1 Insuficiência Cardíaca INTRODUÇÃO É uma síndrome clínica de caráter sistêmica definida como disfunção cardíaca que ocasiona inadequado suprimento sanguíneo aos tecidos, ou só consegue fazê-la com elevadas pressões de enchimento. IC CRÔNICA AGUDIZADA X ICA IC aguda: é o aparecimento de sintomas em pacientes sem diagnóstico prévio ou a descompensação aguda dos sintomas de pacientes com IC conhecida. A principal causa de IC aguda é o IAM. Questiona-se: qual foi a causa da ICC? E o que descompensou? CLASSIFICAÇÃO • IC com FE preservada (ICFEp): maior ou igual 50% • IC com FE reduzida: < 40% • IC de FE intermediária (ICEFi): entre 40- 49% ACHADOS CLÍNICOS Sintomas típicos: dispneia, ortopneia, DPN, fadiga e intolerância ao exercício. Sintomas menos típicos: tosse noturna, ganho de peso, dor abdominal, perda de apetite/peso, noctúria e Oligúria. Sinais mais específicos: pressão venosa jugular elevada, reflexo hepatojugular, B3 e impulso apical desviado para esquerda. Sinais menos específicos: crepitações pulmonares, taquicardia, hepatomegalia dolorosa, extremidades frias e edema periférico. Existem dois critérios diagnósticos bem estabelecidos para o diagnóstico de IC: de Boston e de Framingham, Critérios de Boston Diagnóstico definitivo de insuficiência cardíaca (IC): 8 a 12 pontos; diagnóstico possível de IC: 5 a 7 pontos; diagnóstico improvável: 4 ou menos pontos. Isabela Lobo Lima 2 Critérios de Framingham São necessários dois critérios maiores ou um critério maior e dois menores para o diagnóstico de insuficiência cardíaca. OBSERVAÇÃO • Pressão de pulso reduzida: é um sinal de hipoperfusão. Não usamos PA de base do paciente cardiopata como base. • PA=90x76 (geralmente baixa e próxima uma da outra – pior prognóstico do paciente pois indica falência da bomba cardíaca). • PAS–PAD • Débito Cardíaco reduzido. ETIOLOGIAS Isquêmica, hipertensiva, doença valvar, miocardite, cardiomiopatia dilatada idiopática e doença de chagas. FATORES DE DESCOMPENSAÇÃO FISIOPATOLOGIA Disfunção sistólica: diminui contratilidade Disfunção diastólica: altera relaxamento do miocárdio • Diminuição do DC › ativação do sistema nervoso simpático – libera noradrenalina › vasoconstrição periférica › aumento da FC › aumenta Isabela Lobo Lima 3 contratilidade › hipertrofia e remodelamento • Ativação do SRAA › retém sódio e água › aumenta volume circulante e a pré carga CLASSIFICAÇÃO DO PERFIL CLÍNICO E HEMODINÂMICO Sinais e sintomas de hipoperfusão: • Hipotensão • Pulsos finos • Sonolência • Extremidade frias • Oligúria • Enchimento capilar lentificado Sinais e sintomas de congestão: • Ortopneia • DPN • Distensão jugular • Edema • Estertores • B3 CLASSIFICAÇÃO DE STEVENSON • PERFIL A: quente e seco • PERFIL B: quente e úmido • PERFIL C: frio e úmido • PERFIL L: frio e seco = SF EXAMES COMPLEMENTARES • RX de tórax • ECG = Grande importância. Se normal, torna o diagnóstico pouco provável. Exemplo: Onda Q, ritmo de FA, sinais de sobrecarga / BRE. • Peptídeo Natriurético do Tipo B: BNP / Pro-BNP (só são liberados quando há distensão das câmaras cardíacas – relaciona-se ao prognóstico). o BNP < 100 ou NT-pro-BNP < 400 pg/mL tornam o diagnóstico de IC improvável, praticamente excluindo o diagnóstico. o BNP > 400 pg/mL ou NT-pro- BNP > 2.000 pg/ mL tornam o diagnóstico muito provável. • Hemograma, EAS, Na, K, Cálcio, Mg, Ur, Cr, GJ, Perfil lipídico, função hepática, TSH o Creatinina e Ureia: avaliam função renal e representam um importante indicador de pior prognóstico quando a creatinina é > 1,5 mg/d • ECOTT: ecocardiograma transtorácico ABORDAGEM INICIAL A. Avaliação clínica e hemodinâmica – definir perfil (B, C, L) B. Boa oxigenação – CN/máscara/BIPAP/CPAP/VNI SatO2 < 90% Não usar de rotina se ausência de hipoxemia = VASOCONSTRIÇÃO C. Circulação/Volemia – SF 0,9% 250 mL e reavaliar sinais de congestão D. Diuréticos – furosemida 1mg/kg em bolus: 1ª escolha por ter efeito venodilatador E. ECG a. Critérios de Sgarbossa: aplicado em paciente com dor torácica e BRE. Não sabemos se o BRE é novo (isquêmico) ou antigo. Isabela Lobo Lima 4 Para cima/para cima: fala a favor de IAM Para cima/para baixo: fala a favor de IC crônica. F. FC › controle de bradicardia e taquicardia (MCP/CVE) G. Garantir a não suspensão das drogas – Não suspender IECA / BRA / Espironolactona BB: Succinato de Metoprolol, carvedilol, bisoprolol (+ cardiosseletivo) Se já toma → avaliar a gravidade: • Se precisa de inotrópico, instabilidade hemodinâmica grave, BAV avançados ou efeito colateral / chocado = suspender • Descompensação / hipotensão moderada ou grave / Má perfusão = diminuir a dose ou suspender (diminuir 50% da dose) • Descompensação leve / sem hipotensão ou hipoperfusão = manter a dose Não iniciar no episódio agudo de ICA = Iniciar dose baixa após IECA/BRA, paciente euvolêmico (estável e sem congestão), pouco antes da alta hospitalar. IECA/BRA: Se tomava, devem ser mantidos. Ajustar dose de acordo com o estado de perfusão, sinais de IR ou hipercalemia. Suspender se K> 5,5 ou Cr> 3 ou aumento > 20% durante a hospitalização. Se não tomava = não iniciar no momento da apresentação. Maior risco de hipotensão. Meia vida prolongada. Estabilizou, iniciar. Geralmente dentro de 48 horas após a apresentação. ESPIRONOLACTONA: se já tomava, manter. Monitorar PA/ Função renal e íons. H. Heparina a. Profilaxia: i. HNF 5000 UI S.C de 8/8 Horas ii. HBPM 40 mg S.C de 24/24 horas PERFIL B: • Diurético IV + vasodilatador (captopril/monocordil). Se paciente muito congesto: vasodilatador IV (nitroglicerida: tridil – 3 minutos de efeito ou nitroprussiato de sódio: nipride). • Manejo de diurético terapia: o Início da diurese ocorre em 30 minutos com pico de 1 a 2 horas. Isabela Lobo Lima 5 o Doenças mais graves, maior hipotensão. Reflexo de disfunção do VE. o Melhor presente para o paciente com IC é a balança. Se aumentar peso, aumentar o diurético de alça. o Cuidado com a hipotensão postural. o Hipotensão tolerada – não tem que mudar. Furosemida IV – 20 a 240 mg/dia dividido por 2/6 x dia IRC; até 500 mg por dia. Não respondeu, avaliar TFG – Se > 30 ML/MIN – Associar HCTZ. Se < 30 ML/MIN, avaliar hemodiálise. • Nitroglicerina o A droga da IC é o Vasodilatador! o Ligar assim que a PAS aumentar (PAS > 90 mmHg). Apresentação: ampola de 50mg/10 ml ou 25mg/5ml + soro Glicosado 5% 240ml EV em bomba de infusão contínua Dose: 0,5 mcg/Kg/min - Inicial de 5 a 20mcg/min, aumentando 5mcg/min a cada 3 a 5 minutos até efeito desejado (dose máxima de 400 mcg/min). PERFIL C: • PAS < 70: Vasopressor – Noradrenalina (Aumenta RVP / Pós – carga) • PAS entre 70 – 90: Inotrópico (Dobutamina – fica do lado do paciente – no início pode dar hipotensão) • PAS > 90: Vasodilatador DOBUTAMINA: é um inotrópico beta agonista. Atua na bomba cardíaca. Importante na situação de choque cardiogênico. Entra no contexto de hipoperfusão tecidual. Classe que mais se beneficia → perfil C. Atua receptor B1 do coração. Atua no B2 vascular = vasodilatação. Dobutamina e a noradrenalina – são suporte. Nunca associar vasodilatador com Nora. Pode ser infundida em acesso periférico. Diluição = 1 amp = 250 mg em 20 ML: 2 amp 40 ML + SF 0,9% 210 ML Mcg/Kg/min – Sempre passar o caso com a dose tomada. Dose = Sempre utilizar a menor dose de catecolamina. 2,5 mcg/kg/min a 20 mcg/kg/min – acima de 10 pode estimular os receptores alfa (Vasoconstrição e taquicardia – não queremos na IC). Maioria das vezes usa de 2,5 a 10 mcg/kg/min. BB com dobutamina não foitestado em paciente com hipoperfusão tecidual. BB é a droga que mais muda mortalidade. Inibidores da Fosfodiesterase→Milrinona Sensibilizadores do cálcio→levosimedam Não utilizam o receptor Beta. Guidelines colocam como escolha nos pacientes em uso de BB. RESTRIÇÃO DE SÓDIO: evidências inconclusivas RESTRIÇÃO DE FLUÍDOS: 1,5 – 2 litros/dia, evidências inconclusivas, IC refratária e hiponatremia – Principalmente se Na < 125 ATIVIDADE FÍSICA: faz parte do tratamento da IC. Supervisionados ou não supervisionados. Exercício aeróbicos contínuos. Aumenta consumo de oxigênio (Aumenta número de mitocôndrias). Isabela Lobo Lima 6 100 passos em 10 minutos. 6 KM/HORA. Walking and talking – andar e falar é o ideal. ATIVIDADE SEXUAL: pode usar Sildenafil / tadalafila – preferência Sildenafil, ½ vida mais curta. Nunca associado ao nitrato. GRAVIDEZ: suspende IECA/ BRA/ ANTAGONISTA DA ALDOSTERONA. Betabloqueador – preferência pelo Metoprolol. HIPOGLICEMIANTES: Empaglifozina / Dapaglifozina – Inibidor da SGLT2 (Cotransportador 2 de sódio-glicose) – Melhora desfecho nos pacientes com IC. Efeito diurético / glicosúria. Próximo da alta ou no consultório. ANTIDEPRESSIVOS MAIS USADOS NA IC: Sertralina (Primeira escolha) e Escitalopram. Tricíclico nem pensar! ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES DA VASOPRESSINA: Tolvaptana = hepatotóxico (Usar por curtos períodos) – IC com sobrecarga de volume com hiponatremia grave persistente Na < = 120 apesar da restrição hídrica e da terapia medicamentosa. OPIÓIDE = EVITAR! Diminui a ansiedade, fluxo simpático central levando a dilatação arteriolar e venosa. Induz náusea, deprime impulso respiratório, preditor independente de mortalidade, aumento da IOT. ENTRESTO (SACUBITRIL/ VALSARTANA): Eleva falsamente os níveis do BNP mesmo na ausência de insuficiência cardíaca descompensada. Solicitar o pro-BNP e não BNP. Paciente em uso de IECA OU BRA + BB + ESPIRONOLACTONA QUE PERSISTE SINTOMÁTICO - TIRA O IECA E ESPERA 36 HORAS
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