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29/04/2013 1 d a CONTEÚDO LIVRE PARA TODOS OS ALUNOS DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA L Proteínas e aminoácidos P rin c íp io s d a N u triç ã o A n im a l Z A Z -1 3 7 4 Introdução � As proteínas são as macromoléculas biológicas mais abundantes, ocorrendo em todas as células e em todas as partes das células. � As proteínas são constituintes orgânicos essenciais dos organismos vivos. � As proteínas são a classe de nutrientes em maior concentração nos tecidos musculares dos animais. � Todas as células sintetizam proteína para parte ou para todo o seu ciclo de vida. � Sem síntese de proteína, a vida não existiria. Introdução � A proteína é o principal constituinte de órgãos e tecidos moles do corpo animal. � A porcentagem de proteína necessária na dieta é maior para animais jovens em crescimento e diminui gradualmente com a maturidade, quando apenas a proteína suficiente para mantença é necessária. � Gestação e lactação aumentam as exigências de proteína porque aumentam os gastos proteicos como resultado da produção do feto ou de leite. Proteínas e suas características P rin c íp io s d a N u triç ã o A n im a l Z A Z -1 3 7 4 O que são proteínas? � Proteína (do grego proteos = primeiro): composto orgânico extremamente complexo, de natureza coloidal, formado fundamentalmente de C, H, O e N, mas podendo conter ainda S, P, Cu , etc. � Composição elementar: C 51 a 55% H 6,5 a 7,3 % N 15,5 a 18% O 21,5 a 23,5% S 0,5 a 2% P 0 a 1,5% 29/04/2013 2 Curiosidade “ The word protein that I propose to you... I would wish to derive from proteos, because it appears to be the primitive or principal substance of animal nutrition that plants prepare for the herbivores, and which the latter then furnish to carnivores.” - J.J. Berzelius, carta a G.J. Mulder, 1838 Berzelius (1779-1848) O que são proteínas? � Proteínas são grandes moléculas com peso molecular variando de 5.000 a milhões Da. � Devido a seu grande tamanho, elas variam quanto: � Composição química � Propriedades físicas � Formato � Solubilidade � Funções biológicas Composição básica das proteínas � As proteínas são polímeros de aminoácidos � Na natureza, há mais de 150 aminoácidos, mas cerca de 20-24 são constituintes das milhares de proteínas. � Outros aminoácidos menos comuns também ocorrem (ou como constituinte de proteínas ou como metabólito livre) Composição básica dos aminoácidos � Têm um grupo carboxílico e um grupo amino, ligados ao mesmo átomo de carbono (α) � Diferem quanto ao grupo R � R pode variar quanto a estrutura, tamanho, carga elétrica, solubilidade � Todos os 20 aminoácidos são α-aminoácidos CCCC HHHH COOHCOOHCOOHCOOH NHNHNHNH2222 RRRR Composição básica dos aminoácidos CCCC HHHH COOHCOOHCOOHCOOH NHNHNHNH2222 RRRR CCCC HHHH COO‾COO‾COO‾COO‾ NHNHNHNH3333 ++++ RRRR Composição básica dos aminoácidos CCCC HHHH COO‾COO‾COO‾COO‾ NHNHNHNH3333 ++++ HHHH glicina CCCC HHHH COO‾COO‾COO‾COO‾ NHNHNHNH3333 ++++ HHHH3333CCCC alanina CCCC HHHH COO‾COO‾COO‾COO‾ NHNHNHNH3333 ++++ CCCC CHCHCHCH3333 CHCHCHCH3333 HHHH valina CCCC HHHH COO‾COO‾COO‾COO‾ NHNHNHNH3333 ++++ CCCC OHOHOHOH HHHH HHHH serina 29/04/2013 3 Classificação dos aminoácidos Para os nutricionistas: � a.a. essenciais (indispensáveis) – devem ser supridos pela dieta porque o corpo animal não pode sintetizá-los de forma a atender às exigências metabólicas. � a.a. não essenciais (dispensáveis) – geralmente não são necessários na dieta porque há síntese tecidual adequada. Classificação dos aminoácidos Essenciais Não essenciais condicionais Não essenciais gerais específicos Lisina Histidina Leucina Isoleucina Valina Metionina Treonina Triptofano Fenilalanina Arginina (gatos, aves, peixes) Taurina (gatos) Cisteína sintetizada a partir da metionina Tirosina sintetizada a partir da felilalanina Arginina Prolina Glutamato Glutamina Glicina Serina Alanina Aspartato Asparagina Composição básica dos peptídeos � Dois a.a. podem se unir covalentemente por uma ligação peptídica � Ligação peptídica: formada pela remoção do H+ do grupo amino e do OH- do grupo carboxílico Composição básica dos peptídeos � Três a.a. poder se unir por ligações peptídicas, formando tripeptídeos � Similarmente, a.a. podem se unir por ligações peptídicas, formando tetrapeptídeos, pentapeptídeos e assim por diante. � Quando alguns poucos a.a. estão unidos desta forma, a estrutura formada é chamada de oligopeptídeo. � Quando muitos a.a. estão unidos desta forma, a estrutura formada é chamada de polipeptídeo. Composição básica dos peptídeos � Pentapeptídeo serilgliciltirosilalanil- leucina, ou Ser-Gly-Tyr- Ala-Leu. � Peptídeos são nomeados a partir do terminal amino, por convenção, colocado a esquerda Ligações peptídicas Grupos R Estrutura das proteínas Normalmente a estrutura das proteínas é definida em 4 níveis: � Estrutura primária: cadeia de peptídeos com todas ligações covalentes � Estrutura secundária: arranjos particularmente estáveis com padrão estrutural recorrente � Estrutura terciária: envolve todos os aspectos tridimensionais de polipeptídeos � Estrutura quaternária: quando a proteína tem duas ou mais subunidades de polipeptídeos 29/04/2013 4 Estrutura da hemoglobina Classificação das proteínas � As proteínas podem ser classificadas com base em sua forma, solubilidade em água ou soluções ácidas, básicas ou alcoólicas, ou outra característica especial Classificação das proteínas 1. Proteínas simples (globulares) – após hidrólise, produzem apenas aminoácidos; abundantes na natureza; solúveis em água, álcool ou em ácidos e bases fracos � Albuminas, histonas e protaminas – solúveis em água � Globulinas – solúveis em soluções neutras diluídas � Glutelinas – solúveis em ácidos e bases diluídos � Prolaminas – solúveis em etanol (70-80%) Classificação das proteínas 2. Proteínas fibrosas – constituem cerca de 30% do total da proteína no corpo animal; tecido conectivo; insolúvel em água; resistente às enzimas digestivas � Colágeno – insolúvel em água; torna-se digestível depois de converter-se em gelatina em ácidos ou bases diluídos � Elastinas – similares ao colágeno; mas não se convertem em gelatina � Queratinas – altamente insolúveis e resistentes às enzimas digestivas (contêm até 15% de cistina) Classificação das proteínas 3. Proteínas conjugadas – aquelas nas quais proteínas simples estão ligadas a compostos não proteicos � Nucleoproteínas – contêm ácido nucleico � Glicoproteínas (mucoproteínas) – contêm carboidratos � Fosfoproteínas – contêm P � Hemoproteínas – contêm hematina � Lecitoproteínas – contêm lecitina � Lipoproteínas – contêm lipídeos � Metaloproteínas – complexadas com metais Proteínas nos animais P rin c íp io s d a N u triç ã o A n im a l Z A Z -1 3 7 4 29/04/2013 5 Proteínas nos animais � As proteínas são de fundamental importância na nutrição animal � Estão intimamente ligadas aos processos vitais da células e, consequentemente, do organismo � Estão presentes em todas as células de todos os organismos vivos � São o principal constituinte dos humores (sangue, linfa, líquidos intersticiais) Proteínas nos animais � As proteínas são formadas por aminoácidos � O organismo necessita de aminoácidos para sintetizar suas proteínas � Com exceção de alguns aminoácidos mais simples, o organismo não consegue sintetizar quantidade suficiente para sua suprir suas necessidades � Grande e contínuo suprimento alimentar é necessário para toda a vida � Após a digestão das proteínas, os aminoácidos são absorvidos e utilizados pelo organismo para a síntese de suas próprias proteínas � Portanto, animais devem receber durante toda a vida uma quantidade mínima diária de proteínas para atender suas necessidades (crescimento, recuperação de tecidos, gestação e produções) � Para monogástricos,tão importante quanto a quantidade é a qualidade da proteína fornecida Proteínas nos animais Proteínas no organismo � As proteínas estão presentes em todo organismo vivo � Os organismos mais primitivos, como vírus, podem dispensar carboidratos e lipídeos de sua composição, mas necessitam de proteínas � As proteínas desempenham muitas funções: � Muitas proteínas estão presentes no corpo animal como componentes de membranas celulares, em músculos e outros tecidos, como unhas, chifres, lã, pelos e pele � Outras compõem o plasma sanguíneo, linfa e líquidos intersticiais � Desempenham importantes funções também na atividade enzimática, hormonal e imunológica Funções no organismo A luz produzida pelo vagalume é resultante da reação envolvendo a proteína luciferina e ATP, catalisada pela enzima luciferase Funções no organismo Eritrócitos contêm grandes quantidades de hemoglobina (proteína carreadora de oxigênio) 29/04/2013 6 Funções no organismo A proteína queratina, presente em todos os vertebrados, é o principal componente dos pelos, escamas, chifres, lã, unhas, etc. Funções no organismo 1. Unidades estruturais básicas do corpo animal – proteínas teciduais a) Colágeno – consiste de uma tripla hélice, compacta e resistente Aumenta com a idade do animal; possui alto teor de prolina e hidroxiprolina; solúvel em água e resistente a enzimas digestivas; compõe os músculos Funções no organismo 1. Unidades estruturais básicas do corpo animal – proteínas teciduais b) Elastina – resulta da desnaturação parcial do colágeno É encontrada em combinação com colágeno nos ligamentos e paredes arteriais; é um componente minoritário da musculatura; possui características semelhantes ao colágeno, porém com menor resistência à ruptura Funções no organismo 1. Unidades estruturais básicas do corpo animal – proteínas teciduais c) Proteínas miofibrilares – grupo de proteínas presentes nos músculos Grande parte em forma dissolvida; correspondem a mais de 20 enzimas envolvidas no metabolismo muscular Funções no organismo 1. Unidades estruturais básicas do corpo animal – proteínas teciduais Possuem uma interação complicada que é vital para o normal metabolismo muscular. d) Proteínas contráteis – três proteínas participam da contração muscular: actina, tropomiosina B, miosina Funções no organismo 1. Unidades estruturais básicas do corpo animal – proteínas teciduais São resistentes aos ácidos, às bases, e ao calor, e especialmente resistentes às enzimas digestivas e) Queratinas – proteínas dos pelos, lã, chifres, garras e bicos 29/04/2013 7 Funções no organismo 2. Proteínas do sangue a) Globulinas – alfa e beta (transporte) e gama (anticorpos) b) Albumina – osmorregulação c) Hemoglobina – carreador de O2 e CO2 d) Fibrogênio – coagulação e) Tromboplastina – coagulação f) Lipoproteínas – transporte de lipídeos e vitaminas lipossolúveis g) Transferrina – transporte de ferro Funções no organismo 3. Reguladores metabólicos a) Enzimas – catalisadores orgânicos; alta especificidade de reações Algumas são hidrolíticas (enzimas digestivas), outras estão envolvidas em processos de degradação (catabólicas) e outras ainda em processos de síntese (anabólicas) Funções no organismo 3. Reguladores metabólicos b) Hormônios – similares às enzimas, são produzidos em quantidades ínfimas, mas têm efeitos profundos no metabolismo A ação enzimática é usualmente dentro da célula, mas os hormônios são transportados pelo sangue do sítio de origem ao órgão alvo. Alguns hormônios importantes são: insulina, hormônio do crescimento, gonadotrofina, paratireoidiano, calcitonina Funções no organismo 3. Reguladores metabólicos c) Anticorpos – imunoglobulinas - proteínas que desempenham papel vital na proteção do animal contra infecções específicas Os anticorpos podem ser adquiridos por transferência placentária, por ingestão e absorção de colostro rico em anticorpos, ou por injeção no animal susceptível de anticorpos purificados de outro animal. Funções no organismo 4. Fonte de energia através da desaminação ou transaminação Desaminação – remoção de um grupo NH2 da estrutura de um aminoácido e entrada do grupo NH2 no ciclo da ureia Transaminação - transferência de um grupo NH2 de um aminoácido para a cadeia carbônica de um cetoácido. De ambas reações, a cadeia carbônica pode ser usada para energia Essencialidade de aminoácidos P rin c íp io s d a N u triç ã o A n im a l Z A Z -1 3 7 4 29/04/2013 8 Aminoácidos essenciais � Alguns aminoácidos mais simples podem ser sintetizados no organismo dos animais (quer partindo de outros aminoácidos, quer de outros compostos nitrogenados) � Aminoácidos essenciais � Não podem ser sintetizados pelo organismo � São sintetizados em quantidades insuficientes para garantir o rápido desenvolvimento e/ou a alta produção � Sendo assim, a essencialidade está relacionada com uma condição específica Aminoácidos essenciais � Exemplo de essencialidade condicional: � Arginina não é necessária para a mantença em ratos adultos, mas é necessária para o crescimento normal de ratos jovens Diferenças entre aminoácidos essenciais � As exigências dos animais em aminoácidos diferem de acordo com � a espécie � a função orgânica � Em determinadas condições, um aminoácido não-essencial pode se tornar essencial � Cisteína (não essencial) torna-se essencial se o suprimento de metionina for insuficiente � Fenilalanina pode substituir a tirosina (mas o inverso não) � A glicina, para aves, pode ser substituída pela creatina ou ser sintetizada a partir do acetato Diferenças entre aminoácidos essenciais Aminoácido Homens Aves Cães Suínos Ratos Lisina Triptofano Histidina Leucina Valina Fenilalanina Treonina Metionina Isoleucina Arginina Glicina Glutamina Prolina X X X X X X X X X X X X X X X X X X em cresc. em cresc. em cresc. X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X em cresc. Relações entre aminoácidos � A principal relação entre os aminoácidos é o antagonismo � O aminoácido antagonista: � Inibe o metabolismo de seu análogo � Pode produzir efeito semelhante à deficiência do antagonizado � A inibição pode ser reversível ou irreversível (normalmente é reversível) � O antagonismo é mais acentuado quando a dieta é pobre em proteína � Ocorre principalmente quando a dieta apresenta desequilíbrio de aminoácidos Relações entre aminoácidos Antagonismo lisina-arginina: � Dieta rica em lisina e com arginina em seu limite mínimo � Diminui o consumo alimentar � Diminui a atividade da glicina-amidinotransferase � Aumenta a degradação da arginina (via arginase renal) � Aumenta perdas urinárias de arginina 29/04/2013 9 Relações entre aminoácidos Antagonismo de a.a. de cadeia ramificada (leucina-valina-isoleucina): � Diminui o consumo alimentar � Retarda o crescimento � Provoca níveis baixos de valina e isoleucina no sangue � Aumenta o catabolismo de valina e de isoleucina � Aumenta as necessidades de valina e de isoleucina Digestão e absorção de proteínas P rin c íp io s d a N u triç ã o A n im a l Z A Z -1 3 7 4 Digestão de proteínas � Aminoácidos individuais, que são as unidades básicas necessárias no metabolismo pelo animal, estão normalmente presentes na dieta como constituinte de proteínas intactas � Estas proteínas intactas devem ser hidrolisadas para permitir que seus componentes sejam absorvidos pelo animal Digestão de proteínas � De maneira geral, as proteínas são hidrolisadas, liberando seus aminoácidos componentes (forma absorvível) � Exceção: alguns mamíferos recém- nascidos podem absorver imunoglobulinas nas primeiras horas de vida (bezerro – 24 horas; rato – vários dias) Digestão de proteínas � A conversão da proteína dietética em proteína dos tecidos ou dos produtos (ovos, leite, lã) envolve o seguinte: Proteína intacta nos tecidos ou produtos Aminoácidos no sangue Síntesenos tecidos (anabolismo) Aminoácidos no lúmen intestinal Absorção Proteína dietética intacta Hidrólise no TGI (catabolismo) Digestão de proteínas � A hidrólise de proteínas dietéticas é realizada com auxílio das enzimas proteolíticas. � Proteína digestível é aquela que “desaparece” da ingesta conforme esta passa pelo TGI. � Endopeptidases – “quebram” as ligações mais internas das cadeias � Exopeptidases – “quebram” as ligações mais externas (terminais) das cadeias 29/04/2013 10 Digestão de proteínas Enzimas digestivas Órgão Pepsina (endo) estômago Tripsina (endo) Quimotripsina (exo) Carboxipeptidase (exo) pâncreas Aminopeptidades (exo) Dipeptidades (exo) intestino Digestão de proteínas Proteólise no suco digestivo: � Suco gástrico Pepsina – proteínas � polipeptídeos Renina e catepsina – caseína � paracaseinato de Ca � Suco pancreático Tripsina e quimiotripsina – proteínas � polipeptídeos e aminoácidos Carboxipeptidades – polipeptídeos � dipeptídeos e aminoácidos � Suco intestinal Aminopeptidase – polipeptídeos � tri e dipeptídeos Tripeptidases – tripeptídeos � dipeptídeos e aminoácidos Dipeptidases – dipeptídeos � aminoácidos Absorção de proteínas � Ocorre por transporte ativo. � A parede do intestino delgado contém sistemas de transporte específicos para cada grupo de aminoácidos � Para que a absorção ocorra, a proteína deve ser “quebrada” em aminoácidos (exceção: alguns mamíferos neonatais – durante um curto período – absorvem proteínas intactas pelo epitélio intestinal) Metabolismo de proteínas � O destino do a.a. após absorção pode ser três: � Síntese de proteína � Síntese de enzimas, hormônios e outros metabólitos � Desaminação ou transaminação e uso da cadeia carbônica para energia � O N liberado da degradação da proteína no corpo do animal é excretado principalmente na forma de ureia, pelos mamíferos, e de ácido úrico, pelas aves. Metabolismo proteico P rin c íp io s d a N u triç ã o A n im a l Z A Z -1 3 7 4 Metabolismo proteico � O metabolismo proteico ocorre simultaneamente em duas formas independentes e diferentes � Metabolismo exógeno – forma variável e depende da quantidade de proteína ingerida � Metabolismo endógeno – perda obrigatória de N às custas do desgaste proteico dos tecidos; independe da proteína da dieta � Do ponto de vista zootécnico, suprimento de proteína deve ser no mínimo suficiente para atender as demandas endógenas, e garantir metabolismo exógeno para a produção pretendida 29/04/2013 11 Síntese de aminoácidos � Nos tecidos, ocorre a síntese de aminoácidos a partir da amônia e de substâncias ternárias, ou criando ou aminoácido a partir de outro � É comum o organismo sintetizar um aminoácido não-essencial a partir de um aminoácido essencial. Este fenômeno ocorre quando os aportes alimentares estão em desequilíbrio. � Os principais processos de síntese são: � Transaminação � Transmetilação � Redução direta � Aminação acetilante � Cisão de um derivado acetilado Síntese de aminoácidos � Transaminação – fixação do radical amino (proveniente de catabolismo dos aminoácidos) em um cetoácido COOH CH NH2 CH2 CH2 COOH COOH CH O CH2 COOH COOH CH NH2 CH2 COOH COOH CH O CH2 CH2 COOH + +↔ ácido glutâmico ácido oxaloacético ácido α-cetoglutárico ácido aspártico Síntese de aminoácidos � Transaminação – fixação do radical amina (proveniente de catabolismo dos aminoácidos) em um cetoácido COOH CH NH2 CH2 CH2 COOH COOH CH O CH3 COOH CH NH2 CH3 COOH CH O CH2 CH2 COOH + +↔ ácido glutâmico ácido pirúvico ácido α-cetoglutárico alanina Síntese de aminoácidos � Transmetilação – o grupo metil pode ser incorporado a uma molécula. Ocorre com a síntese de metionina. O inverso também ocorre. + CH3 – CH3 COOH CH2 CH NH2 H2C SH homocisteína COOH CH2 CH NH2 H2C S CH3 metionina Síntese de aminoácidos � Redução direta – síntese de aminoácidos a partir de substâncias ternárias e amônia COOH CH O CH3 + ácido pirúvico NH3 COONH4 CH O CH3 piruvato de amônio COOH CH NH2 CH3 alanina Síntese de aminoácidos � Aminação acetilante – síntese de aminoácido por assimilação de amônia e hidrogenação COOH CH O R + cetoácido NH3 COOH CH NH2 CH3 aminoácido – H2O + H2O COOH CH NH R iminoácido – H+ + H+ 29/04/2013 12 Síntese de aminoácidos � Cisão de um derivado acetilado – o cetoácido, em reação com amônia e ácido pirúvico, transforma-se em um derivado acetilado do aminoácido correspondente. Este origina uma molécula de aminoácido e ácido acético. cetoácido NH3 ácido pirúvico intermediário (?) aminoácido acetilado aminoácido ácido acético Qualidade da proteína P rin c íp io s d a N u triç ã o A n im a l Z A Z -1 3 7 4 Qualidade das proteínas � Os animais necessitam receber proteínas em suas dietas � Há diferenças quanto à espécie animal e suas exigências em qualidade das proteínas � Os ruminantes necessitam receber uma quantidade adequada de proteínas, mas não apresentam nenhuma exigência quanto à qualidade da proteína (composição de aminoácidos) � Isto, graças à perfeita simbiose com os microrganismos do rúmen � Os microrganismos do rúmen sintetizam todos os aminoácidos essenciais ao ruminante Qualidade das proteínas � Para monogástricos, não só a quantidade de proteína, mas também sua qualidade (ou espécie) são de importância vital � Os monogástricos não conseguem sintetizar determinados aminoácidos, devendo, portanto, recebê-los através da dieta � A qualidade da proteína é definida como a quantidade e razão de aminoácidos essenciais presentes na proteína � O grau de utilização da proteína de um alimento depende não apenas de sua capacidade de ser absorvida, mas também de sua utilização após absorção Valor nutritivo das proteínas 1. Valor biológico – porcentagem de N absorvido do TGI que permanece disponível para funções produtivas � A proteína do ovo é considerada como a de maior valor biológico das fontes naturais (~94%) � Em geral, VB é maior para proteínas de origem animal (60 – 80%) que para as de origem vegetal (40 – 65%) Valor nutritivo das proteínas 2. Valor proteico livre – como VB é baseado apenas na quantidade de N absorvido, ele não considera diferenças na digestibilidade de uma proteína para outra. Usando digestibilidade assim como VB, o valor proteico livre pode ser calculado como: � Este valor é corrigido ou para digestibilidades muito baixas, ou para muito altas, e representa um valor mais útil que o VB 29/04/2013 13 Valor nutritivo das proteínas 3. Utilização líquida da proteína – mede a eficiência do crescimento pela comparação de N corporal, resultante da alimentação de uma proteína-teste, com aquele resultante da alimentação de grupo de animais com deitas sem proteína pelo mesmo período � Um grande número de dados pode ser obtido após um curto experimento de 1 ou 2 semanas Valor nutritivo das proteínas 4. Eficiência proteica – mede o ganho de massa corporal de um animal pelo consumo de proteína � Para comparar proteínas, uma dieta basal purificada sem N é usada e a ela são incluídas as diferentes fontes proteicas a serem comparadas Fatores que afetam a disponibilidade P rin c íp io s d a N u triç ã o A n im a l Z A Z -1 3 7 4 Fatores que afetam a disponibilidade das proteínas 1. Calor � Na presença de calor, uma reação não enzimática pode ocorrer entre um grupo amina de uma proteína e um aldeído de um carboidrato (reação de Maillard ou de caramelização) � A ligação que é formada torna a proteína mais resistente à digestão � Esta reação normalmente afeta a grupo amina da lisina, que pode ser limitante à produção animal Fatores que afetam a disponibilidade das proteínas 2. Fatores anti-nutricionais � Inibidores da tripsina – encontrados em certos alimentos, especialmente soja crua ou mesmo em farelo de soja o que afeta a tripsina e reduz a digestão da proteína.� Gossipol – encontrado no algodão, é um composto polifenólico que pode se complexar com a lisina, diminuindo sua disponibilidade. � Taninos – outro polifenol que pode se complexar com as proteínas, diminuindo sua digestão. � Fibras – podem se ligar às proteínas, tornando-as indisponíveis à digestão Fatores que afetam a disponibilidade das proteínas 3. Isomeria � O isômero levo- (L) é de maior ocorrência e a forma dextro- (D) é menos bem utilizada. � A forma L é absorvida no intestino preferencialmente à forma D. 29/04/2013 14 Regulação do metabolismo proteico P rin c íp io s d a N u triç ã o A n im a l Z A Z -1 3 7 4 Regulação do metabolismo proteico � Três fatores regulam o metabolismo proteico animal: � Hormônios � Vitaminas � A própria nutrição proteica Regulação do metabolismo proteico Regulação hormonal: � Vários hormônios estão envolvidos direta ou indiretamente na regulação do metabolismo proteico (seja no anabolismo, seja no catabolismo) � Os principais hormônios são: � Hipofisários – somatotropina (anabolizante) e outros (atuação indireta) � Tireoide – tiroxina (anabolizante ou catabolizante) � Pâncreas – insulina (inibe a gliconeogênese) � Supra-renais – glicocorticoides (ação catabolizante – estímulo à desaminação e à gliconeogênese; ou anabolizante – estímulo a proteinogênese hepática) � Sexuais – testosterona e progesterona (anabolizante); estrogênio (catabolizante) Regulação do metabolismo proteico Regulação vitamínica: � Algumas vitaminas fazem parte da composição de algumas enzimas ou atuam como cofatores destas � Vitaminas lipossolúveis – Vits. A, E e K atuam no metabolismo proteico � A deficiência de vit. A provoca retardamento no crescimento � Vit. E – estimula o melhor aproveitamento de dietas pobres em proteína � Vit. K – atua na biossíntese de trombina Regulação do metabolismo proteico Regulação vitamínica: � Vitaminas hidrossolúveis � Vit. B2 (riboflavina) é coenzima da enzima desidrogenase (desaminação); também integra a xantina-oxidase (catabolismo das bases púricas) � Vit. B3 (nicotinamida) participa de sistemas enzimáticos que atuam na síntese de aminoácidos � Vit. B6 (piridoxina) participa de coenzimas das transaminases e descarboxilases � Vit. H (biotina) regula o curso da ureogênese � Ácido fólico – atua no processo de transmetilação Regulação do metabolismo proteico Regulação nutricional: � O metabolismo de proteínas sofre uma regulação nutricional através da(o): � Aporte de aminoácidos � Transformações intermetabólicas � Elaboração e eliminação das proteínas corporais 29/04/2013 15 Proteínas excesso, deficiências e anomalias P rin c íp io s d a N u triç ã o A n im a l Z A Z -1 3 7 4 Excesso de proteínas � Alimentos ricos em proteínas são mais caros que os energéticos � Na prática, busca-se fornecer a quantidade mínima de proteína que os animais necessitam para garantir a melhor produção � Implicações de dietas com altas proporções de proteínas: � Sobrecarga ao fígado e aos rins (eliminação do N em excesso) � Não traz aumento da produção que justifique sua economicidade � Maior excreção de N, com possível prejuízo ambiental Excesso de proteínas � O organismo não possui estoque proteico, assim como têm o estoque energético (glicogênio e gorduras) � A proteína em excesso é catabolizada – desaminação da proteína e a cadeia carbônica é usada para geração de energia. � A eficiência energética do uso das proteínas é baixa (menor que a de glicídios e gorduras) � A desaminação também gera calor – em locais quentes, há maior gasto de energia para manter a homeostasia térmica Deficiências e anomalias � Proteína inadequada é provavelmente a mais comum de todas as deficiências nutricionais porque a maioria das fontes energéticas possuem baixo teor proteico e os suprimentos proteicos são mais caros � A maioria dos animais tendem a comer para satisfazer suas exigências energéticas � Se a densidade energética de uma dieta aumenta (com lipídios, por exemplo), isso pode reduzir o consumo diário e fornece consumo de proteína insuficiente, se o teor de proteína na dieta é marginal Sintomas de deficiência proteica � Redução na taxa de crescimento e na eficiência alimentar � Anorexia � Redução no balanço de N e na concentração de proteína sérica � Anemia � Fígado gordo � Infertilidade � Redução no peso das crias ao nascer � Redução na produção de leite � Redução na síntese de enzimas e hormônios Deficiências de aminoácidos � A deficiência de um aminoácido individual no animal resulta na desaminação de outros aminoácidos e no uso das cadeias carbônicas para energia; também resulta na perda de amônia como ureia. � As deficiências de um aminoácido individual geralmente produzirão os mesmos sintomas descritos para proteínas. � Certos aminoácidos, quando em deficiência, podem produzir lesões específicas. � Por exemplo, deficiência de triptofano acarreta em catarata; deficiência de treonina ou metionina produzem fígado gordo, deficiência de lisina em aves resulta em plumagem anormal. 29/04/2013 16 Toxicidade de aminoácidos � Este termo é usado quando os efeitos adversos de um aminoácido em excesso não pode ser contornado pela suplementação com outro aminoácido. � Por exemplo: metionina, se adicionada em excesso à dieta promove redução no crescimento, que não pode ser corrigida pela adição de outro aminoácido.
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