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Marianna Lopes – Farmacologia, 3° semestre FTC CONTROLE NEURO-HORMONAL DA SECREÇÃO GÁSTRICA As células parietais secretam uma solução isotônica de HCl composta por um pH altamente ácido a partir do transporte ativo de Cl- por canalículos até as glândulas gástricas e esse processo será acompanhado da secreção de K+, que é trocado por H+ no interior da célula pela H+/K+ATPase, além do auxílio pela anidrase carbônica, dissociando H+ e bicarbonato (trocado por Cl-), formando assim HCl dentro das células • Gastrina: Produzida pelas células G, atuam nos receptores de CCK, aumentando a quantidade de Ca+ intracelular • Histamina: Atua no receptor H1 das células parietais, aumentando o AMPc intracelular • Acetilcolina: Estimula receptores muscarínicos, aumentando a entrada de Ca+ e consequentemente a liberação de H+ • Somatostatina: Liberado pelas células D, atua no receptor 2 de SST, inibindo a secreção de gastrina e histamina • Prostaglandinas (PGE2): Aumenta a secreção de muco e bicarbonato, reduz a liberação de ácido gástrico e previne a vasoconstrição, evitando causar danos à mucosa Ação Ao serem estimuladas pela secreção de histamina ou gastrina, as células parietais modelam para cima as secreções gástricas, que contribuem para o aumento da atividade de bomba H+/K+ATPase, a qual coloca ativamente potássio para dentro da célula e secreta H+, resultando no pH ácido do suco gástrico e estimulando também as outras secreções gástricas que atuam no pH ideal ácido • Somatostatina e PGE2 realizam o efeito contrário, ou seja, modulam para baixo as secreções, através da diminuição da atividade da bomba H+/K+ATPase Fisiopatologia A úlcera péptica refere-se a perda da integridade da mucosa do estômago (úlcera gástrica) ou do duodeno (úlcera duodenal) com lesões devido a processos de hipersecreção gástrica, gerando processos inflamatórios, dor, sangramento, obstrução, perfuração e até mesmo morte • Causa: Desequilíbrio nos mecanismos secretores e protetores da mucosa gástrica • Tratamento: Inibidores de H2, sendo reversíveis e competitivos, que atuam na regulação da hipersecreção Infecção por H. pylori Importante fator contribuinte na patogenia da doença ulcerosa péptica, pois possui a enzima urease, que converte ureia em amônia para se proteger do meio ácido estomacal e, assim, consegue gerar lesões na mucosa, predispondo o indivíduo a produzir úlceras (inflamação) e até carcinomas Marianna Lopes – Farmacologia, 3° semestre FTC • Resposta inflamatória: Há o bloqueio da somatostatina, que diminui a produção gástrica e aumenta a secreção de gastrina e histamina, causando hiperplasia e aumento da funcionalidade das células parietais (produtoras de ácido gástrico) • Sintomatologia: Vômitos, arrotos, inchaço, falta de apetite, gases e dor abdominal • Teste de urease: Detecta a conversão da ureia em amônia e bicarbonato, podendo identificar a presença (altera o meio de amarelo para rosa/vermelho) ou não (não há mudança de cor) de H. pylori • Tratamento: O tratamento da infecção por H. pylori utiliza antibióticos de amplo espectro, como amoxicilina ou tetraciclina, combinada com metronidazol ou claritromicina Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) Os AINEs (ex. ibuprofeno) são fármacos de características ácidas, que podem lesionar de forma direta a mucosa gástrica, pois atuam inibindo as COXs (produtoras de prostaglandina) para reduzir o estímulo da produção de muco e, assim, o uso crônico desses fármacos podem ocasionar úlcera • COX 1: Produzida de forma constante (sem inflamação) e sua inibição por fármacos inibe também a produção de muco, já que ela é a formadora de PGE2, além de que a irritação do órgão fica prejudica devido sua atuação nos vasos, podendo morrer por necrose ALVOS FARMACOLÓGICO • Diminuem a secreção de ácido • Neutralizam o ácido • Promovem a defesa da mucosa • Modificam os fatores de risco Antagonistas dos receptores H2 (bloqueadores H2) Fármacos bem tolerados, reversíveis e competitivos, que atuam como inibidores da ativação de receptores H2 pela histamina endógena e, assim, diminuem a produção de ácido gástrico • Histamina, cimetidina (interações medicamentosas) e ranitidina • Alterações no pH intestinal: Alguns fármacos são melhores absorvidos em pH ácido e, se haver alterações do pH local, compromete a biodisponibilidade dele, por isso, se associar um fármaco com outro, possa ser que a absorção de um fique comprometido o Cetoconazol, que é absorvido em meio ácido, sofre redução da biodisponibilidade ao ser combinado com a cimetidina, que é absorvido em pH neutro • Inibição do CYP450 (2C19 / 3A4): Fármacos que são administrados em conjunto e são metabolizados pela CP450 (CYP3A4) podem ter seu metabolismo alterado e a meia vida também, sendo um exemplo clássico de interação farmacológica do tipo farmacocinética o Cimetidina: Inibe as atividades do CCP450 (CYP3A4) e, então, os fármacos que são metabolizados por esse citocromo (lidocaína, fenitoína, quinidina, teofilina e varfarina) tem seu metabolismo reduzido (meia-vida aumentada) • Biodisponibilidade oral • Metabolismo: Hepático • Excreção: Renal • Aplicações clínicas o Úlceras pépticas o Refluxo gastroesofágico o Profilaxia de úlcera induzida por estresse Inibidores da bomba de prótons Pró-fármacos que diminuem a atividade da H+/K+ATPase na membrana canalicular da célula parietal, que causa inibição da produção de ácidos gástricos, sendo administrado 1 hora antes da refeição, com efeito de 18 a 24 horas • Omeprazol, pantoprazol, esomeprazol, rabeprazol e lasoprazol • Mecanismo de ação: Entram na célula pela membrana basolateral, sendo metabolizados dentro da canalículo da célula parietal (onde o H+ é secretado) e, ao ser ativado, ele se liga irreversivelmente na bomba de próton, fazendo com que a célula torne-se inativa até ela começar a produzir novamente genes para geração de novas bomba Marianna Lopes – Farmacologia, 3° semestre FTC • Farmacocinética: Os metabólitos desse fármaco são inativos ou pouco ativos, sendo os 2C19 e 3A4 degradados no CYP450 no fígado e excretados por via renal (20% fecal) o CYP450 (2C19 e 3A 4): Metabólitos inativos ou pouco ativos o Tempo de meia vida: 0,5 a 2 horas • Indicações clínicas o Úlceras hemorrágicas: O pH vai ser aumentado para estabilizar o quadro, mas o indivíduo pode desencadear algumas infecções o Úlceras associadas ao H. pylori o Permitir o uso de AINE em paciente com úlcera péptica conhecida • Efeitos adversos o Hipersecreção de gastrina: Hiperplasia celular o Secreção de rebote de ácido gástrico o Infecções entéricas • Aplicação: Os inibidores de bomba H+ são mais indicados para úlcera, pois, ao longo do tratamento, o pH se mantém mais alto e constante, enquanto nos inibidores de H2 o pH vai diminuindo, com isso, tem-se uma redução da ação dos fármacos o Quando existe uma azia, associada a pequenas dores, tem-se um caso menos grave e geralmente é usado inibidores de H2 Agentes de revestimento Proporcionam uma camada protetora sobre a superfície epitelial da mucosa gástrica, sendo que muitos deles são análogos à prostaglandina E2 Bismuto e antibióticos Ambos têm, como ação, erradicar o H. pylori da camada mucosa que reveste a mucosa gástrica Antagonistas muscarínicos Inibem a sinalização através do receptor muscarínico M3 de acetilcolina (ACh) e, assim, deixa de induzir secreção de ácido gástrico e contração muscular na célula-alvo Receptores de histamina Os receptores de histamina estão acoplados na proteína G, sendo que o receptor tipo 2 está localizado no estômago e, ao inibí-lo através de medicamentos, inibe-se também a produção ácido gástrico • Histidina é tomada via oral e atinge a corrente sanguínea, onde se liga ao receptor H2, reduzindo o estímulo da secreção de ácido gástrico (faz como pH do estômago se eleve um pouco e diminua as lesões) Agentes antiácidos: Esses fármacos não possuem alvo farmacológicos, eles possuem função de aliviar sintomas, ou seja, neutralizar o ácido gástrico na luz gástrica, por isso que o uso desse medicamento deve ser associado a uso de outros fármacos • Hidróxido de alumínio • Hidróxido de magnésio • Bicarbonato de sódio • Carbonato de cálcio
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