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1 Tutorial 2 - Geriatria TUTORIA 3.2 1. Reconhecer as alterações fisiológicas do envelhecimento do sistema cardiovascular Alterações cardiovasculares Ao contrário do que se acreditava, o coração é um órgão autorregenerativo. No coração normal morrem, por apoptose diariamente, cerca de três milhões de miócitos, sendo repostos pelas células-tronco cardíacas. Ao longo da vida essa população de miócitos é reposta 18 vezes, independente de doenças cardíacas. Já no idoso, há um declínio progressivo da habilidade de duplicação das células-tronco cardíacas, assim ocorre perda progressiva dos miócitos. Apesar disso, há aumento de seu volume celular, dessa forma, as células contrateis que atrofiam ficam disfarçadas com o aumento do coração devido a diminuição da capacidade contrátil. Em uma aparente contradição, as câmeras cardíacas dilatadas e o coração senil, embora atrófico em número celular, morfologicamente, é hipertrófico. Há redução progressiva do número de células do nódulo sinusal. Comparada com uma pessoa de 20 anos, aos 75 anos permanecem somente 10% delas. Observa-se também perda de fibras na bifurcação do feixe de His. Daí a maior chance de arritmias cardíacas. O envelhecimento compromete severamente algumas partes do sistema cardiovascular enquanto outras são mantidas sem alterações (Quadro 14.1). Estrutura cardíaca Ocorre hipertrofia do ventrículo esquerdo, provocando aumento da pressão arterial dependente da idade. O aumento médio é de 1 g/ano nos homens e 1,5 g/ano nas mulheres. O volume diastólico final diminui somente nas mulheres e, portanto, não está correlacionado com a idade. Também se observa aumento no número e na espessura das fibras colágenas presentes no miocárdio. Nos muito velhos a massa ventricular esquerda pode diminuir, provavelmente devido ao extremo sedentarismo. O acúmulo da proteína amiloide é encontrado em aproximadamente 50% dos pacientes acima de 70 anos. Se faz parte do processo, ainda é discutível (Quadro 14.2). Estrutura arterial Há um aumento da rigidez da parede arterial. Ela se dá na camada média (fibras elásticas, colágenas e tec musc liso), diferentemente do que ocorre na aterosclerose, em que o comprometimento está na camada íntima. Com o aumento da rigidez das paredes, as artérias aumentam de diâmetro e de espessura. Após os 60 anos a elasticidade está bem diminuída, aumentando a impedância (rigidez) do fluxo sanguíneo durante a sístole (Quadro 14.3). Essa rigidez aórtica também aumenta a velocidade da onda de pulso aórtico e a diminui a pressão diastólica. Como a perfusão coronariana acontece durante a diástole pode-se provocar um dano ao paciente coronariopata ao prescrevermos anti-hipertensivos (Lakatta, 2000; Smulyan e Safar, 2000). 2 Tutorial 2 - Geriatria Parâmetros funcionais A frequência cardíaca de repouso é modulada pelo equilíbrio entre a inervação simpática e a parassimpática, sendo esta última dominante. A frequência cardíaca máxima durante o exercício vai diminuindo com o avanço da idade e tem sido definida pela fórmula 220 – idade. A sensibilidade ao sistema nervoso autônomo não é uniforme no organismo podendo estar preservada em um local e comprometida em outro (Parati e Di Rienzo, 2003). Existe marcante diminuição na resposta do sistema cardiovascular a estimulação beta-adrenérgica com consequente diminuição da frequência cardíaca máxima. Para compensar essa baixa resposta há aumento das catecolaminas plasmáticas, especialmente durante exercícios físicos. Entretanto, a resposta é tímida, havendo aumento do volume diastólico final. A fração de ejeção ventricular esquerda, em repouso, não está alterada no idoso saudável, porém em resposta ao exercício ela está diminuída em relação ao adulto jovem. Há piora do enchimento ventricular esquerdo com maior compensação da sístole atrial, é essa modificação que pode explicar por que a fibrilação atrial pode precipitar a insuficiência cardíaca em idosos e a presença da quarta bulha, um achado normal no exame físico de pessoas acima de 75 anos, em ritmo sinusal (Taffet, 2015). Teorias fisiológicas Parecem ser as mais esclarecedoras e claramente mais atrativas para explicar as alterações cardiovasculares ligadas à teoria do cruzamento, mostrando a importância das alterações da matriz proteica extracelular relacionadas com o tempo, principalmente do colágeno e da substância fundamental; essas alterações são a base para explicação do aumento da rigidez pericárdica, valvular e talvez miocárdica e dos tecidos vasculares associado à idade. Teorias orgânicas As teorias orgânicas são simples e de fácil compreensão e demonstração, sendo, deste grupo, duas as mais importantes: imunológica e neuroendócrina. A teoria imunológica oferece pouca explicação para as alterações de seleção específica no sistema cardiovascular, explicando as características de duração da sobrevivência da espécie em termos de disfunção imunológica programada. A teoria neuroendócrina, em combinação com a teoria ligada ao cruzamento, forneceria explicações para muitas alterações cardíacas próprias do envelhecimento. O sistema cardiovascular sofre significativa redução de sua capacidade funcional com o envelhecimento. Em repouso, contudo, o idoso não apresenta redução importante do débito cardíaco, mas em situações de maior demanda, tanto fisiológicas (esforço físico) como patológicas (doença arterial coronariana), os mecanismos para a sua manutenção podem falhar, resultando em processos isquêmicos. As mudanças cardiovasculares eram consideradas tão características ao processo do envelhecimento que algumas pessoas as consideravam a causa deste processo. Com base em seu trabalho de dissecação em seres humanos, Leonardo da Vinci disse que a causa do envelhecimento são “veias que, devido ao 3 Tutorial 2 - Geriatria espessamento das túnicas, que ocorre nos idosos, limitam a passagem do sangue e, como resultado dessa falta de nutrição destrói a vida dos idosos sem provocar febre e os idosos enfraquecem pouco a pouco em uma morte lenta”. Com o avanço da idade, o coração e os vasos sanguíneos apresentam alterações morfológicas e teciduais, mesmo na ausência de qualquer doença, sendo que, ao conjunto dessas alterações, convencionou-se chamar coração senil ou presbicárdia. Ocorre uma evolução diferente de indivíduo para indivíduo, ocasionando alterações hemodinâmicas que se caracterizam por redução da reserva funcional, que é demonstrada pela diminuição da resposta cardiovascular ao esforço observada nos idosos. Pericárdio Na maioria das vezes, as alterações do pericárdio são discretas, em geral decorrentes do desgaste progressivo, sob a forma de espessamento difuso, particularmente nas cavidades esquerdas do coração, sendo comum o aumento da taxa de gordura epicárdica, não havendo alterações degenerativas ligadas diretamente à idade. Endocárdio As alterações encontradas no endocárdio são o espessamento e a opacidade, em especial no coração esquerdo, com proliferação das fibras colágenas e elásticas, fragmentação e desorganização destas com perda da disposição uniforme habitual, devido à hiperplasia irritativa resultante da longa turbulência sanguínea. Estudos cuidadosos, em corações de vários grupos etários, evidenciaram que áreas de espessamento com aspecto focal, já presentes em jovens, acentuam-se e tornam-se difusas na sexta e na sétima década da vida. Após os 60 anos, há focos de infiltração lipídica particularmente no átrio esquerdo. Na oitava década, as alterações escleróticas são observadas de modo difuso em todas as câmaras, sendo que em qualquer idade o átrio esquerdo é o mais profundamente afetado. Miocárdio As mudanças na matriz extracelular do miocárdio são comparáveis àquelas na vasculatura, com colágenoaumentado, diâmetro fibroso aumentado e cruzamento de ligações de colágeno, com aumento na proporção de colágeno dos tipos I e III, diminuição de elastina e fibronectina aumentada, podendo ocorrer aumento na produção de matriz extracelular. A proliferação de fibroblastos é induzida por fatores de crescimento, em particular angiotensinas, fator alfa de necrose tumoral e fator de crescimento derivado de plaquetas; estas mudanças são acompanhadas de perda celular e alterações nas funções celulares. Alterações do miocárdio são as mais expressivas, embora em determinadas necropsias, mesmo de indivíduos idosos, não se destaquem por sua intensidade. No miocárdio há acúmulo de gordura principalmente nos átrios e no septo interventricular, mas pode também ocupar as paredes dos ventrículos. Na maioria dos casos não apresenta expressão clínica, sendo que em algumas situações parece favorecer o aparecimento de arritmias atriais. Observa-se também moderada degeneração muscular com substituição das células miocárdicas por tecido fibroso, sem correlação com lesões de artérias coronárias. Portanto, essas alterações 4 Tutorial 2 - Geriatria podem ser indistinguíveis das resultantes de isquemia crônica. Depósitos intracelulares de lipofuscina, chamada de pigmento senil, têm sido admitidos como é tido como real manifestação biológica do envelhecimento, sendo encontrados na velhice precoce e descritos como um estado chamado de atrofia fosca ou parda, caracterizado por atrofia miocárdica associada a grande acúmulo de lipofuscina, comum em idosos que apresentam doenças consumptivas. O aumento da resistência vascular periférica pode ocasionar moderada hipertrofia miocárdica concêntrica, principalmente de câmara ventricular esquerda. A massa do ventrículo esquerdo (VE) está associada a múltiplos fatores de risco sociodemográficos e cardiovasculares, incluindo idade, sexo, massa corpórea, história de tabagismo, atividade física e hipertensão. Vários estudos populacionais demonstraram que a massa do VE e alterações da geometria são preditores independentes de eventos cardiovasculares, e o tratamento para sua redução apresentou diminuição de eventos. O envelhecimento do VE responde de forma diferente em termos de massa e volume entre homens e mulheres. Em uma população geral de pacientes com idade entre 54 e 94 anos, acompanhados com ressonância magnética cardíaca, houve aumento da massa de VE em homens (8,0 g por década, P < 0,001) e ligeira diminuição em mulheres (−1,6 g por década, P < 0,001), após quase uma década de acompanhamento longitudinal; no entanto, a relação massa-volume aumentou de maneira semelhante em homens e mulheres (0,14 e 0,11 g/mℓ) por década (P < 0,001) respectivamente (Eng et al., 2015). Com o passar da idade, podemos encontrar depósitos de substância amiloide que, com frequência, constitui a chamada amiloidose senil, e sua prevalência aumenta de forma rápida após os 70 anos, podendo atingir 50 a 80% dos indivíduos. A presença de depósitos amiloides está relacionada frequentemente à maior incidência de insuficiência cardíaca, independentemente de outra causa. As consequências da amiloidose senil são variáveis, dependendo da intensidade e eventualmente da localização do processo. O depósito amiloide pode ocupar áreas do nódulo sinoatrial e/ou do nódulo de Tawara, podendo acarretar complicações de natureza funcional, como arritmias atriais, disfunção atrial e até bloqueio atrioventricular. Alterações das valvas Estudos antigos e cuidadosos já evidenciaram que as valvas permaneciam delgadas, flexíveis e delicadas, mesmo em indivíduos idosos, sendo essas alterações observadas em corações normais ou quase normais. O tecido valvar, composto predominantemente por colágeno, está sujeito a grandes pressões. Com o envelhecimento, observam-se degeneração e espessamento dessas estruturas, sendo que, histologicamente, as valvas de quase todos os indivíduos idosos apresentam algum grau dessas alterações, mas somente uma pequena proporção irá desenvolver n]ao há grande anormalidades em grau suficiente para desencadear manifestações clínicas. As manifestações acontecem particularmente em cúspides do coração esquerdo, sendo raras em valvas pulmonares e tricúspide. Nas fases iniciais, podemos ter alterações metabólicas com redução do conteúdo de mucopolissacarídeos e aumento da taxa de lipídios; com o aumento da idade, poderemos ter 5 Tutorial 2 - Geriatria processos moderados de espessamento, de esclerose discreta, de fragmentação colágena com pequenos nódulos na borda de fechamento das cúspides, que se acentuam com a idade. Alterações da valvamitral Calcificação e degeneração mucoide são relativamente frequentes, acometendo principalmente as valvas mitral e aórtica. A calcificação da valva mitral é uma das alterações mais importantes e mais comuns do envelhecimento cardíaco, ocorrendo em 10% das necropsias de indivíduos com mais de 50 anos. Em 50% dos nonagenários, as alterações da valva mitral iniciam-se geralmente na parte média do folheto posterior e estendem-se para a base de implantação, podendo levar a deformação ou deslocamentos da cúspide, sendo caracterizadas por espessamento, depósito de lipídios, calcificação e degeneração mucoide. Na maioria das vezes, a calcificação mitral não provoca manifestações clínicas importantes, mas em alguns casos observa-se um sopro sistólico nítido em área mitral apresentando: Disfunção valvar sob a forma de insuficiência e/ou estenose Alterações na condução do estímulo, pela vizinhança do tecido específico Endocardite infecciosa Condições que levam à formação de insuficiência cardíaca. A degeneração mucoide ou mixomatosa torna o tecido valvar frouxo e, com isso, poderemos ter prolapso e insuficiência mitral. A literatura descreve casos de insuficiência cardíaca e morte súbita provocadas por rupturas das cordoalhas com valvas muito redundantes. A frequência de endocardite infecciosa sem doença cardíaca aparente geralmente aumenta com a idade, devido às alterações degenerativas do envelhecimento cardíaco, levando alguns autores a indicar a profilaxia medicamentosa antes de procedimentos de risco em idosos portadores de calcificação e degeneração mixomatosa. Alterações da valva aórtica À semelhança do que ocorre na valva mitral, o processo mais importante na valva aórtica é a calcificação, com alterações pouco significativas sob a forma de acúmulo de lipídios, de fibrose e de degeneração colágena, que podem estender-se ao feixe de His, com a presença de áreas fibróticas nas bordas das cúspides, constituindo as chamadas excrescências de Lambia. A calcificação é mais frequente em indivíduos do sexo masculino, sendo já relatada, em estudos antigos, a ocorrência de esclerose primária de Monkberg. As experiências demonstram que há habitual relação entre calcificações da valva mitral e aórtica e, em muitos casos, concomitantes calcificações de artérias coronárias. Na maioria dos casos, as alterações estruturais não acarretam manifestações clínicas, observando-se sopro sistólico em área aórtica, não sendo, geralmente, encontrada estenose valvar sem comprometimento da abertura das cúspides. O diagnóstico diferencial entre os estados de calcificação, com e sem estenose valvar, é importante para a conduta clínica. A estenose aórtica foi durante muito tempo considerada uma condição 6 Tutorial 2 - Geriatria degenerativa associada à idade em que o “desgaste” resultava na formação progressiva de cálcio dentro da válvula. De acordo com conhecimentos atuais, a mesma pode ser dividida em 2 fases distintas: uma fase inicial precoce dominada por deposição valvar de lipídios, lesão e inflamação apresentando muita semelhança com a aterosclerose e uma fase de evolução tardia,em que os fatores pró-calcificantes e próosteogênicos em última análise causam a progressão da doença. A ligação aparente entre lipídios, inflamação e calcificação nas fases iniciais da estenose aórtica e as semelhanças patológicas com aterosclerose levaram à premissa de que as estatinas podem ser benéficas em pacientes com estenose aórtica. Esta hipótese foi apoiada por dados encorajadores de estudos não randomizados em humanos e em modelos de animais hipercolesterolêmicos, demonstrando que a deposição de lipídios e o estresse oxidativo precedem a conversão de células intersticiais valvulares para um fenótipo osteoblástico e que este processo é inibido pela atorvastatina (Weiss et al., 2006). No entanto, quando as estatinas foram formalmente testadas em três ensaios independentes, randomizados e controlados de pacientes com estenose aórtica, cada um demonstrou uma ineficiência desta terapêutica para interromper ou retardar a progressão da estenose aórtica, apesar de reduzir as concentrações de colesterol LDL no soro pela metade (Chan et al., 2010). Este fato levou os pesquisadores a reexaminarem a fisiopatologia da estenose aórtica e perceberem que embora a inflamação e a deposição de lípidíos possam ser importantes no estabelecimento da doença (fase inicial), as fases posteriores são caracterizadas por um ciclo aparentemente de autoperpetuação na formação de cálcio e lesão valvular (fase de propagação). Uma vez que esta fase de propagação foi estabelecida, a progressão da doença não é ditada por inflamação ou pela deposição de lipídios, mas sim pelo acúmulo implacável de cálcio nos folhetos da válvula. Isto pode explicar a falha das estatinas em modificar a progressão da doença na estenose aórtica, que comumente se apresenta para além da fase de iniciação (Rossebø et al., 2008). Alterações do sistema de condução ou específico Processos degenerativos e/ou depósitos de substâncias podem ocorrer desde o nódulo sinusal aos ramos do feixe de His. O envelhecimento é acompanhado de acentuada redução das células do nó sinusal, podendo comprometer o nó atrioventricular e o feixe de His. A infiltração gordurosa separando o nó sinusal da musculatura subjacente contribui para o aparecimento de arritmia sinusal, sendo a mais frequente nessa faixa etária a fibrilação atrial. Essas alterações se instalam de forma lenta e gradual após os 60 anos e não estão, geralmente, relacionadas com a doença coronariana, sendo que os distúrbios do ritmo relacionados com esse processo variam de arritmias benignas até bloqueios de ramos que evoluem para bloqueios atrioventriculares, podendo levar até a crises de Stokes- Adams. Alterações da aorta A modificação principal que ocorre, sem considerar a arteriosclerose, seria a alteração na textura do tecido elástico e o aumento do colágeno (Quadro 36.1). 7 Tutorial 2 - Geriatria Os processos ocorrem na camada média, sob a forma de atrofia, de descontinuidade e de desorganização das fibras elásticas, aumento de fibras colágenas e eventual deposição de cálcio. A formação de fibras colágenas não distensíveis predomina sobre as responsáveis pela elasticidade intrínseca que caracteriza a aorta jovem, resultando, portanto, em redução da elasticidade, maior rigidez da parede e aumento do calibre. A dilatação da raiz da aorta é cerca de 6% em média entre a quarta e a oitava década. Normalmente, as implicações clínicas das modificações da parede e do diâmetro da aorta são pouco acentuadas e observa-se, ocasionalmente, aumento da pressão sistólica e da pressão de pulso, com moderadas repercussões sobre o trabalho cardíaco. Em alguns casos podemos ter dilatação da artéria e aumento do anel valvar com certo grau de insuficiência das cúspides, a chamada insuficiência aórtica isolada, quase sempre assintomática, com sopro diastólico curto audível em área de base ou ápice do coração, sem os sinais periféricos da insuficiência aórtica significativa. Outra alteração estrutural metabólica importante é a amiloidose senil da aorta que se desenvolve independentemente da arteriosclerose, e ainda poderemos ter a calcificação da parede aórtica com graus diversos de intensidade e incidência. Alterações arteriais do envelhecimento As alterações do fenótipo arterial associadas à idade resultam em uma infinidade de distúrbios estruturais e funcionais progressivos que reduzem a distensibilidade e aumentam a rigidez da parede arterial. O aumento da rigidez arterial provoca aumento da pós-carga diretamente pela diminuição da complacência arterial e, indiretamente, acelera a velocidade de propagação da onda de pulso pelo sistema vascular, promovendo um retorno precoce ainda no período sistólico na parede da raiz da aorta, ocorrendo, como consequência, um pico tardio da pressão sistólica com aumento desta, bem como aumento da pressão de pulso e aumento da pós-carga (Figura 36.1). Como resultado do envelhecimento, além do aumento da pressão sistólica e da pressão de pulso, há diminuição da pressão diastólica. A elevação crônica da pressão de pulso transmitida ao cérebro e ao rim causa dano ao fluxo arterial destes órgãos, levando a encefalopatia vascular e insuficiência renal crônica. Embora estas alterações que acompanham o avanço da idade tenham sido sempre consideradas como envelhecimento arterial “fisiológico”, estas mudanças estão longe de serem assim entendidas e são mais apropriadamente caracterizadas como fisiopatológicas. Há uma lacuna substancial em nosso conhecimento entre o que está acontecendo na estrutura da parede arterial, no que diz respeito à microscopia e o que acontece in vivo. Caracteristicamente, há fragmentação e calcificação das fibras elásticas, aumento da deposição de 8 Tutorial 2 - Geriatria colágeno, deposição amiloide na camada média e migração e proliferação de células vasculares do músculo liso (Wang et al., 2014). Os processos que conduzem a mudanças estruturais e funcionais da matriz celular, associadas à idade na parede arterial, são movidos por um microambiente próinflamatório, mediado por fatores mecânicos e humorais. A resposta inicial de nosso organismo ao estresse é moderada por aumento na sinalização adrenérgica. O receptor de sinalização em cascata a jusante resulta em maior ativação do sistema renina- angiotensinaaldosterona e sinalização da endotelina, mecanismos utilizados para responder ao estresse crônico. É importante ressaltar que células vasculares endoteliais e células vasculares do músculo liso mudam seus fenótipos para produzir citocinas inflamatórias. Outros fatores que também desempenham um papel-chave na inflamação arterial são AGTRAP e SIRT1, reguladores negativos da sinalização dos receptores de angiotensina, que levam a pró-inflamação e, consequentemente, remodelação associada à idade. Envelhecimento da parede arterial é bastante semelhante em seres humanos, primatas, coelhos e ratos, e envolve processos inflamatórios associados ao estresse oxidativo. Em artérias de animais jovens, em resposta à indução experimental de hipertensão, diabetes ou aterosclerose precoce, parte deste perfil pró-inflamatório no interior da parede arterial é muito semelhante ao perfil mediado pela angiotensina II, com o avançar da idade. Surpreendentemente, a administração contínua de angiotensina II para animais jovens por 30 dias induz uma rápida deterioração de suas artérias, fazendo com que pareçam mais velhos (Wang et al., 2005). Além disso, a inibição da sinalização da angiotensina II e ou restrição calórica exerce melhoria acentuada da inflamação crônica e, em alguns casos, também aumento da longevidade (Benigni et al., 2009). Alterações das artérias coronárias As alterações das artérias coronárias não são, em geral, expressivas quando não é considerada a arteriosclerosevascular (Quadro 36.2), podendo ser encontradas, como condição habitual de envelhecimento, perdas de tecido elástico e aumento do colágeno acumulando-se em trechos 9 Tutorial 2 - Geriatria proximais das artérias. Eventualmente, ocorre depósito de lipídios com espessamento da túnica média. É comum a presença de vasos epicárdicos tortuosos, ocorrendo mesmo quando não há diminuição dos ventrículos. No coração, a coronária esquerda altera-se antes da direita. Essas alterações são diferentes da arteriosclerose; outra situação discutida seria a de artérias coronárias dilatadas, que não encontrou apoio em verificações de necropsia antigas. Outra alteração significativa é a calcificação das artérias coronárias epicárdicas, observada com frequência em indivíduos muito idosos e muito comuns nessa população, podendo atingir o tronco coronário e as três grandes artérias, ocupando geralmente o terço proximal desses vasos. A calcificação da artéria coronária (CAC) resulta em redução na complacência vascular, respostas vasomotoras anormais e perfusão miocárdica diminuída. A presença de CAC está associada a piores resultados na população geral e em pacientes submetidos à revascularização (Wang et al., 2006). A prevalência de CAC é idade e sexo-dependente, ocorrendo em 90% dos homens e 67% das mulheres com mais de 70 anos de idade. A extensão da CAC correlaciona-se fortemente ao grau de aterosclerose e à taxa de futuros eventos cardíacos. A tomografia computadorizada com base nos escores de cálcio adiciona valor prognóstico nos eventos cardíacos, especialmente em pacientes de risco intermediário, como demonstrado em uma população geral de pacientes idosos assintomáticos com idade 69,6 ± 6,2 anos do Estudo Rotterdam em que 52% dos homens e mulheres foram reclassificados, em categorias de risco mais precisas utilizando-se o escore de cálcio coronário associado a um modelo de Framingham modificado (Elias-Smale et al., 2010). 10 Tutorial 2 - Geriatria A patogênese da CAC e a formação óssea compartilham vias comuns, e diversos fatores de risco que contribuem para a sua iniciação e progressão foram identificados. Calcificação aterosclerótica ocorre principalmente na íntima. No entanto, a calcificação na média que anteriormente era considerada um processo benigno associa-se frequentemente com idade avançada, diabetes e doença renal crônica levando à rigidez arterial, aumentando assim o risco de eventos cardiovasculares (Johnson et al., 2006). Adicionalmente, o sistema renina- angiotensina pode desempenhar um papel na calcificação da media, porque bloqueadores dos receptores da angiotensina II tipo 1 abolem o desenvolvimento da CAC em modelo pré-clínico (Armstrong et al., 2011). O ativador do receptor do fator nuclear-kappaB (osteoprotegerina) surgiu como uma potencial interface entre osteoporose e CAC. Dados epidemiológicos em humanos sugerem que os níveis mais elevados de osteoprotegerina estão associados com CAC e eventos cardiovasculares (Abedin et al., 2007). Curiosamente, a ingestão de uma dieta rica em cálcio não apresentou associação com a CAC, e não foi observada relação entre a ingestão de cálcio na dieta e doença arterial coronária (Wang et al., 2012). Estes dados sugerem que CAC seja resultado de mecanismos aberrantes de regulação em vez de simples sobrecarga de cálcio. É necessário melhor compreensão das vias que contribuem para a CAC, permitindo que terapias mais eficazes sejam desenvolvidas. 2. Descrever a fisiopatologia da aterosclerose e os principais fatores de risco relacionados. Introdução Uma das grandes preocupações dos setores envolvidos com a saúde no mundo hoje é com o aumento da expectativa de vida dos indivíduos (WHO, 2015). A expressão “expectativa de vida” representa uma conjuntura de fatores que vêm sendo amplamente discutidos e que é, em última análise, um reflexo do desenvolvimento sociocultural e tecnológico presenciado em todo o mundo nas últimas décadas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde 11 Tutorial 2 - Geriatria a expectativa de vida ao nascimento no Brasil em 2013 era de 75 anos, sendo que no Japão, país com grande longevidade, esse número sobe para 84 anos (WHO, 2015). Discutir aterogênese e estabelecer um vínculo com a população idosa pode parecer um contrassenso, entretanto, as estatísticas mostram que a aterosclerose e suas complicações trombóticas representam a maior causa de morte direta e indireta no mundo e nessa faixa etária (Rich, 2014). O conhecimento dos fatores de riscos principais, bem como novos insights sobre a fisiopatogenia da aterosclerose, nos trouxeram uma visão global de onde devemos intervir e quais devem ser nossas metas principais para a prevenção. Nos idosos, a idade avançada é por si só um fator de risco importante e, quando agregada aos outros fatores, temos um aumento substancial do risco de eventos (Félix-Redondo et al., 2013). Existem inúmeras questões que ainda precisam ser respondidas e uma delas é o papel que a influência genética e ambiental tem naqueles que sobrevivem aos eventos ateroscleróticos precoces. De acordo com o que conhecemos da história natural da aterosclerose, as placas atingem a maturidade por volta da 3 a /4 a década de vida (Figura 40.1) e, após essa fase, podemos ter a evolução para agudização e/ou estabilização das mesmas, com as consequências clínicas conhecidas de todos nós (Wick e Grundtman, 2012). O entendimento fisiopatológico do que acontece de diferente na evolução dessa doença nesses indivíduos, o que influencia a cronicidade e o perfil da aterosclerose obstrutiva nos idosos além da busca de novos marcadores de risco têm sido o grande paradigma atual. Modelos causais da doença aterosclerótica | Considerações De acordo com uma revisão, existem três modelos básicos que podem explicar o surgimento, bem como a prevalência, da doença aterosclerótica no mundo (Lotufo, 1996). O modelo anglo-saxão ou clássico é aquele representado pelo surgimento da doença após o advento dos fatores de risco considerados, até hoje, clássicos para a doença aterosclerótica (DA): hipercolesterolemia, tabagismo e hipertensão arterial (Tegos et al., 2001). Já o modelo eslavo, descrito no Leste Europeu, é representado pelo que chamamos de estresse oxidativo; ocasionado por uma dieta sem elementos antioxidantes, tabagismo e estresse (Madamanchi et al., 2005). O terceiro modelo seria o latino, que é representado por países mediterrâneos, com uma variante lusobrasileira: modelo que mais se aproxima da resistência à insulina – obesidade, hipertensão arterial e 12 Tutorial 2 - Geriatria diabetes. Nesse caso, é importante destacarmos o papel que o aumento da obesidade/diabetes pode representar no aumento da aterogênese. Atualmente existe uma proposta de modelo em que se misturam o estresse oxidativo e as alterações metabólicas advindas do diabetes (hiperglicemia, resistência à insulina etc.) (Georgiopoulos et al., 2015). Os fatores propostos pelos pesquisadores para o desenvolvimento da aterosclerose seriam LDLcolesterol elevado e modificado, radicais livres liberados como consequência do ato de fumar, hipertensão, diabetes melito, alterações genéticas, microrganismos infecciosos e combinações destes ou de outros fatores. Os estudos epidemiológicos tradicionais identificaram hipercolesterolemia, tabagismo, sexo masculino, hipertensão, obesidade, diabetes e idade como fatores de risco. Além disso, o papel do sistema imune modulando a aterogênese está sendo definido (Tegos et al., 2001). Sabemos que os fatores de risco tradicionais como o diabetes e a hipertensão estimulam uma resposta imune pró- inflamatória, que contribui de maneira significativa para uma progressão da DA. Por exemplo, os produtos finais da glicação associados ao diabetesaumentam a produção de citocinas pela célula endotelial vascular. Com os efeitos do angiotensina II, a hipertensão também pode gerar uma resposta pró-inflamatória vascular (Ahmed, 2005). Há mais de 100 anos, Osler sugeriu uma ligação entre o desenvolvimento da aterosclerose e a infecção, que funcionaria como um estimulador óbvio da resposta imune (Osler, 1892). Atualmente temos vários agentes postulados como possíveis fatores causais. Essa associação tem sido estudada em detalhes para ajudar no desenvolvimento de vacinas contra a doença vascular aterosclerótica (Dyer et al., 2006; Puijvelde et al., 2008). A simples análise desses modelos e com todas as publicações atuais sobre diferenças entre as diversas etnias nos trazem à tona um dado importante: cada região deve conhecer muito bem seus problemas e ter seus registros de saúde investigados, para que a abordagem preventiva e terapêutica seja eficaz. O conhecimento científico deve ser utilizado com base nas evidências, mas de forma individualizada. Contexto histórico A despeito de considerarmos a doença aterosclerótica como uma doença do mundo moderno, ela já havia sido descoberta nas artérias das múmias egípcias há mais de 3.500 anos (Ruffter, 1911). Teve sua descrição inicial feita, provavelmente, por Leonardo da Vinci. Em uma ilustração de lesões arteriais na necropsia de um homem idoso, demonstrou a aparência macroscópica das artérias ateroscleróticas e ainda sugeriu que o espessamento da parede do vaso poderia ser devido à alimentação excessiva do sangue. O termo arteriosclerose foi introduzido pelo cirurgião francês, nascido alemão, e patologista Johann Lobstein muitos anos mais tarde, em 1833. Lobstein considerava a arteriosclerose como um endurecimento da parede arterial causado pela remodelação do tecido em resposta ao envelhecimento, disfunções metabólicas e estresse hemodinâmico (Lorkowski e Cullen, 2007). O médico alemão Felix J. Marchand utilizou pela primeira vez, em 1904, o termo aterosclerose (palavra de origem grega athero = gruel = pasta e skleros = endurecimento) para enfatizar as características macroscópicas da doença (Introcaso, 2001). 13 Tutorial 2 - Geriatria Uma das primeiras teorias sobre a aterosclerose foi postulada por Rudolf Virchow, patologista alemão e estadista, em 1853. Por meio do exame de lesões ao microscópio, propôs que essa doença deveria ser resultado de um processo inflamatório crônico da íntima do vaso (Lorkowski e Cullen, 2007). Em 1973, o patologista norte-americano Russell Ross publicou uma revisão sobre a aterosclerose e propôs a teoria da lesão endotelial e consequente inflamação no desenvolvimento da aterosclerose. Ross tem inúmeras publicações sobre o tema, e sua teoria persiste até os dias de hoje, com acréscimos de conhecimento trazidos pela biologia molecular e pelos inúmeros métodos de imagem acoplados no estudo das características das placas in vivo (Ross e Glomset, 1973; Ross, 1993; 1999). No Quadro 40.1 apresentamos as primeiras teorias sobre aterosclerose. Aterosclerose e resposta à lesão Mais de uma década depois, Fuster et al. (2005) propuseram que a lesão vascular iniciaria o processo aterosclerótico. O dano endotelial (que pode ser causado por uma série de fatores de risco e/ou alterações hemodinâmicas) foi classificado da seguinte forma (Fuster et al., 2005): Tipo I: lesão vascular envolvendo mudanças funcionais no endotélio com mínimas mudanças estruturais (i. e., aumento da permeabilidade às lipoproteínas e células brancas/adesão) (Figura 40.2) Tipo II: lesão vascular envolvendo rompimento endotelial com mínima trombose Tipo III: lesão vascular envolvendo dano à camada média, que estimula importante trombose, resultando em síndromes coronarianas instáveis ou outro evento aterosclerótico (dependendo da localização) (Figura 40.3). A despeito das diferentes causas de lesão ao endotélio, o que acontece a seguir é o aumento de expressão das moléculas de adesão, da permeabilidade endotelial e da transmigração do LDL-colesterol para dentro da íntima, bem como a diminuição do óxido nítrico, isso é chamado histologicamente de espessamento intimal. A segunda etapa é a migração de partículas de LDL-colesterol através 14 Tutorial 2 - Geriatria da camada endotelial para a íntima, onde estarão sujeitas a alterações na sua estrutura por variados fatores, um deles a oxidação por produtos derivados do estresse oxidativo. É então fagocitado por macrófagos, através da via do receptor scavenger (lixeiro). Esse processo segue e resulta na formação das células espumosas. O acúmulo desse tipo de células na íntima resulta na formação das estrias gordurosas (fatty streak). A terceira etapa é a resposta inflamatória contínua. A absorção das LDLmodificadas pelos macrófagos é um potente estimulador para a produção e liberação de várias citocinas, bem como de substâncias citotóxicas (Stary et al., 1994; Virmani et al., 2005). Por sua vez, essa ação local das citocinas recruta mais células de defesa, macrófagos, células T, células musculares lisas e, em adição, um aumento ainda mais importante das moléculas de adesão endotelial e aumento na permeabilidade endotelial. As substâncias citotóxicas, relacionadas inicialmente à ação dos macrófagos, agem prendendo ainda mais as partículas de LDL oxidadas e, com isso, promovendo um ciclo vicioso no qual mais macrófagos são atraídos. Com a continuação desse processo vicioso, as células espumosas se agregam em verdadeiros lagos lipídicos que irão formar os núcleos lipídicos da placa aterosclerótica (Figura 40.4). A quarta etapa é a formação da capa fibrosa. Aqui temos a migração das células musculares lisas da camada média do vaso para a íntima, onde se depositam e secretam colágeno. Essas células são as responsáveis pela formação de uma parede/capa que irá separar o conteúdo lipídico do sangue circulante. As características dessa capa serão um dos fatores responsáveis na definição de estabilidade ou instabilidade da placa (Figuras 40.5 e 40.6). A permeabilidade endotelial às LDL é influenciada pela inflamação local e sistêmica. O grau dessa inflamação também é um fator impactante na modificação das LDL que, de acordo com sua quantidade e associado a substâncias reguladoras da atividade local (interleucinas [IL]- 1 e IL-6, dentre outras), trombina, leucotrienos, prostaglandinas, fibrina e fibrinogênio, promove não somente o crescimento da placa, mas também sua instabilidade e ruptura (Libby, 1995). 15 Tutorial 2 - Geriatria A aterosclerose é um processo que se autoperpetua. Lembrando que é o corpo querendo impedir e se adaptar as disfunções. Como o maior regulador da homeostase vascular, o endotélio íntegro mantém o balanço entre vasodilatação e vasoconstrição, inibição e estimulação da proliferação e migração das células musculares lisas, entre trombogênese e fibrinólise. Quando esse balanço é interrompido, a disfunção endotelial se instala, causando danos à parede arterial e iniciando ou perpetuando todo o processo aqui descrito. Citocinas anti-inflamatórias como IL-4, IL-10 e fator transformador do crescimento beta (TGFβ), assim como alguns subtipos de macrófagos e de células musculares lisas, agem diminuindo o grau da inflamação presente nas placas (Libby, 1995; 2001). A maioria dos efeitos relacionados com a homeostase vascular são mediados pelo óxido nítrico (vasodilatador endógeno), onde durante a formação de ateroma há diminuição dele, o mais potente; ainda tem papel descrito na inibição da oxidação do LDLcolesterol. Um defeito na sua produção ou atividade pode, por si só, levar à disfunção endotelial. Caso o equilíbrio entre as duas forças antagônicas – pró e anti-inflamatórias – seja rompido, ou tenhamos o agenteagressor (colesterol primariamente, por exemplo) mantido, o processo continua e a placa pode se tornar vulnerável a erosão ou ruptura, porque os vai haver atuação dos Macrófagos ativados produzem metaloproteinases que degradam o colágeno. Assim, a capa fibrosa pode diminuir, ficando mais instável e sujeita a ruptura ou erosão. Quando uma dessas situações acontece, o conteúdo trombogênico entra em contato com o sangue, resultando na formação do coágulo; dependendo do grau de obstrução e do tempo de permanência do trombo, bem como da artéria acometida, temos a instalação de um evento aterosclerótico agudo, afinal, o sangue fica impedido de fluir normalmente. Explicar lesões Heterogeneidade da aterosclerose Apesar da natureza sistêmica da aterosclerose, sua distribuição é multifocal e heterogênea, com múltiplas lesões em diferentes estágios de progressão coexistindo em um mesmo indivíduo e, certamente, em uma mesma artéria em um único ponto ao mesmo tempo. Stary et al. (1994) propuseram uma classificação histopatológica das lesões ateroscleróticas (Stary et al., 1994) (Quadro 40.2): Lesão tipo I: endotélio expressa moléculas de adesão E-selectina e P-selectina, atraindo mais células polimorfonucleares e monócitos para o espaço subendotelial Lesão tipo II: macrófagos iniciam intenso processo de fagocitose das LDL(estria gordurosa) Lesão tipo III: continuação do processo descrito antes – formação de células espumosas Lesão tipo IV: exsudato lipídico para o espaço extracelular e início do aglomerado lipídico para a formação do core Lesão tipo V: células musculares lisas e fibroblastos se movimentam, formando fibroateromas com core lipídico (soft) e capa fibrosa 16 Tutorial 2 - Geriatria Lesão tipo VI: ruptura da capa fibrosa, resultando em trombose e evento Lesão tipos VII e VIII: as lesões estabilizam-se, transformando-se em fibrocalcificadas (tipo VII) e, em última instância, lesão fibrótica com conteúdo extenso de colágeno (tipo VIII). Até a formação do ateroma, consideramos a aterosclerose no estágio inicial, com possibilidades de reversão de curso evolutivo lento. Após a instalação do ateroma em si, o processo morfológico passa a ser irreversível e podemos ter dois tipos de evolução: uma progressão dita intermediária, em que se segue a história natural (sem predefinição de tempo) e outra, dita rápida, em que podemos ter uma instabilidade e ruptura dessa placa a qualquer momento. A principal alteração no interior da íntima arterial durante o desenvolvimento da placa fibrótica é a proliferação das células musculares lisas. Já a lesão complexa é uma placa fibrosa que exibe extensa degeneração, com necrose, fissuras, quebras e defeitos que produzem irregularidades em sua superfície luminal, servindo de locais para aderência de plaquetas, agregação plaquetária e formação de trombos sobre a placa. Frequentemente, os trombos se mostram organizados; isso pode estar relacionado com uma oclusão súbita da artéria afetada. Portanto, a partir da lesão tipo IV ou V, a possibilidade de um evento trombótico já pode ser considerada. Por outro lado, os componentes ateroscleróticos da placa podem ser divididos em quatro: tecido fibroso, necrose (núcleo ateromatoso rico em lipídios), inflamação e calcificação. A contribuição relativa destes componentes para totalizar a área da placa varia entre diferentes tipos de placas (Stary et al., 1994). Estudos mostraram que as principais artérias coronárias responsáveis pelo infarto agudo do miocárdio ou morte súbita apresentavam em média: tecido fibroso, 68%; necrose, 16%; inflamação, 8%; e calcificação, 8% (Cheruvu PK et al., 2007). A análise desses componentes citados, bem como suas proporções e localizações intraplaca, gerou uma diferente classificação das lesões ateroscleróticas (Quadro 40.3). Lesões do mesmo tipo compartilham as mesmas características-chave; por exemplo, todas as placas ateromatosas têm um núcleo necrótico. Entretanto, como já dissemos anteriormente, ainda podemos ter um olhar muito diferente se analisarmos o grau de distribuição e localização de cada um dos componentes, bem como sua participação na totalização da área da placa. 17 Tutorial 2 - Geriatria Adicionalmente, cada um dos componentes da placa ainda é definido pela sua heterogeneidade. Uma característica extensamente usada para definir o núcleo ateromatoso rico em lipídios (necrótico) é a ausência de suporte de colágeno. O core contém restos celulares e lipídicos, incluindo cristais de colesterol, e estes componentes podem estar próximos ao núcleo necrótico, mas não estão necessariamente presentes em toda sua área. Do mesmo modo, a necrose pode ou não ser associada à calcificação que pode estar presente também fora do núcleo necrótico. Do mesmo modo, o tecido fibroso das lesões ateroscleróticas varia na densidade do colágeno e de lipídios, e as calcificações podem ser grandes e densas ou estarem presentes no formato de microcalcificações. As Figuras 40.7 a 40.13 mostram a progressão da placa aterosclerótica em etapas. Papel do endotélio : O endotélio é a camada interna do vaso; estima-se cobrir cerca de 700 m2 e pesar 1,5 kg. Tem como funções: Propiciar uma superfície não trombogênica: produz derivados da prostaglandina (tais como a prostaciclina e o inibidor da agregação plaquetária) e por sua cobertura com o sulfato de heparina Secretar o mais potente vasodilatador: fator relaxante derivado do endotélio (EDRF) – uma forma do óxido nítrico; mantém o balanço entre vasoconstrição e vasodilatação, ajudando a manter a homeostase arterial Secretar agentes efetivos na lise dos trombos de fibrina: plasminogênio e materiais procoagulantes como o fator de von Willebrand e PAI-1 (inibidor da ativação do plasminogênio tipo 1) Secretar várias citocinas e moléculas de adesão: VCAM-1 (adesão celular vascular) e ICAM-1 (adesão intercelular) Secretar vários agentes vasoativos: endotelina, angiotensina II (A-II), serotonina e o fator de crescimento derivado da plaqueta. Com esses mecanismos citados anteriormente, o endotélio regula o tônus vascular, a ativação plaquetária, a adesão dos monócitos e inflamação, a formação do trombo, o metabolismo lipídico, o crescimento celular e a remodelação vascular (Figura 40.14) (Drexler, 1998; Davignon e Ganz, 2004; Deanfield et al., 2007). Em resposta a vários estímulos agressivos, a célula endotelial modula as suas propriedades no sentido de restaurar a homeostase vascular. Na generalidade das situações, estas alterações no fenótipo da célula endotelial são temporárias e não comprometem a posterior restauração da função endotelial. Contudo, em certas condições patológicas, tais como na aterosclerose, a função da célula endotelial está perturbada de forma crônica, sendo esta alteração um passo fundamental para a progressão da patologia. Como já ressaltamos, a disfunção endotelial é o passo inicial que permite a difusão dos lipídios e células inflamatórias (monócitos, linfócitos T) para o espaço subendotelial. A secreção das citocinas e fatores de crescimento diversos promove migração intimal, proliferação das células musculares lisas (CML) e acúmulo de colágeno, 18 Tutorial 2 - Geriatria monócitos e outras células, formando o ateroma (Drexler, 1998; Davignon e Ganz, 2004; Deanfield et al., 2007). Papel do LDL | Estresse oxidativo (LDL-ox); crescimento da placa e remodelamento vascular O LDL-colesterol parece ser modificado por um processo de oxidação dito de baixo grau, captado pelo receptor de LDL, internalizado e transportado por meio do endotélio. Já no espaço subendotelial, estimula células vasculares na produção de citocinas e recrutamento de monócitos, o que causa uma oxidação adicional (Steinberg e Lewis, 1997;Siqueira et al., 2006). As LDL extensivamente oxidadas – LDL- ox (extremamente aterogênicas) – são fagocitadas pelos macrófagos, sendo as responsáveis por: Promover o acúmulo do colesterol nos macrófagos, que se transformam então nas chamadas células espumosas Aumentar a produção endotelial de moléculas de adesão leucocitária, citocinas e fatores de crescimento, que regulam a proliferação das CML, degradação do colágeno e trombose Inibir a atividade do óxido nítrico e aumentar a geração de espécies reativas de oxigênio, alterando a vasodilatação endotélio-dependente Alterar a resposta das CML à estimulação pela A-II (aumentando também sua concentração); as CML que proliferam na íntima para dar forma aos ateromas avançados são derivadas originalmente da camada média. Atualmente, a teoria de que o acúmulo de CML na íntima representa condição sine qua non das lesões avançadas é aceita integralmente, bem como o papel das LDL-ox como precursoras da formação da placa. Crescimento da placa e remodelamento vascular Com o progresso da lesão endotelial e da inflamação, fibroateromas crescem e dão forma à placa. Ao mesmo tempo que acontece o crescimento da placa, ocorre o remodelamento vascular, que pode ser positivo ou negativo. O fato é que o grau de estenose irá depender do tipo e da evolução desse remodelamento (Figura 40.15). O conceito de remodelamento arterial fisiológico foi introduzido em 1893, quando notou-se que os vasos sanguíneos se ampliavam para acomodar o fluxo aumentado a um órgão a jusante. Quase 100 anos depois, em 1987, Glagov apresentou o conceito do remodelamento arterial no processo patológico de aterosclerose nas artérias coronárias (Figura 40.16). O fenômeno Glagov descreve como o lúmen arterial de seção transversal é preservado do avanço da aterosclerose na parede arterial. Postulou-se que isso ocorre por expansão preferencial de segmentos da parede arterial ainda não envolvidos na formação da placa aterosclerótica (Glagov et al., 1987). No entanto, quando a placa aterosclerótica envolve mais de 40% da área da lâmina elástica interna (seção transversal), progressiva invasão luminal ocorre e podemos ter uma significativa estenose (Pant et al., 2014). Remodelamento positivo: É o remodelamento compensatório externo, em que a parede arterial projeta-se para fora e o lúmen arterial se mantém sem alterações (Figura 40.17). As placas causadoras desse fenômeno geralmente crescem muito, sem fazer com que aconteçam expressões clínicas (angina, por exemplo) porque não se tornam hemodinamicamente significativas por muito tempo. São as placas ditas vulneráveis, na sua maioria, com grandes núcleos lipídicos e geralmente responsáveis pelos eventos 19 Tutorial 2 - Geriatria agudos, pois têm mais tendência a se romper (Rioufol et al., 2002). Remodelamento negativo: Algumas lesões exibem quase nenhuma dilatação vascular compensatória, e o ateroma cresce firmemente interno, causando estreitamento gradual do vaso, com diminuição do lúmen. São as placas estáveis que geralmente produzem sintomas clínicos (angina estável, por exemplo) (Figura 40.18). Importante salientar, mais uma vez, que uma lesão pode se transformar em outra; o processo é dinâmico e inúmeras variáveis podem afetá-lo. Uma palavra sobre o efeito fisiopatológico/molecular da idade sobre a doença aterosclerótica Já temos consideráveis evidências sobre o papel funcional da atividade metabólica, deterioração da mitocôndria, danos causados pelos radicais livres ou outros eletrólitos, alterações/lesões no DNA, falências na homeostase da sinalização celular e da inflamação. Determinar a correta relação entre esses fenômenos, longevidade e a deteriorização causada pela idade nos músculos cardíacos e esquelético, ossos, neurônios e outros tecidos constitui o mais intimidante desafio para nossa compreensão do processo do envelhecimento no nível biológico. Desde sua formulação original em 1956 por Harman, a teoria do radical livre do envelhecimento foi moldada geralmente nos termos dos efeitos tóxicos dos oxidantes, espécie especialmente reativa do oxigênio (ROS) que, quando acumulados, 20 Tutorial 2 - Geriatria conduziriam à perda da função celular, resultando na alteração da homeostase e, eventualmente, na morte do organismo comprometido (Harman, 1956). Evidências científicas apontam a mitocôndria como principal alvo da cadeia ROS. No nível molecular, o repertório de reagentes é expandido e inclui, dentre outros, o óxido nítrico (Hinerfeld et al., 2004). Entretanto, a despeito de inúmeros refinamentos e descobertas de reações enzimáticas, a natureza estocástica da acumulação de danos continua a ser aceita como sustentação conceitual da teoria do envelhecimento. O balanço entre as taxas de reações metabólicas (influxo) e defesas antioxidantes e/ou vias de retirada de toxinas (efluxo) determinam a carga residual de bioprodutos que, inversamente, afetam a expectativa de vida: A: pequeno e lento influxo e efluxo B: rápido influxo e efluxo Expectativa de vida mantida e semelhante entre os dois exemplos, porque o balanço foi mantido; evidentemente, quanto menor for o influxo e/ou maior o efluxo, maior será a expectativa de vida. As condições pró-oxidantes podem alterar dramaticamente as funções celulares em níveis múltiplos, e muitos ou mesmo todos estes níveis podem afetar a longevidade. Os danos aleatórios às macromoléculas intracelulares danificam a homeostase celular, assim como a manutenção e funções diferenciadas; fora das células, podem gerar respostas inflamatórias que, por sua vez, podem ser tóxicas às células próximas. Os oxidantes podem causar a disfunção celular e do tecido, interferindo com a sinalização normal para os diversos processos metabólicos. Devido à amplificação de efeitos inerentes à sinalização celular, pequenos desvios no estado redox inicial podem ter graves consequências (Fratelli et al., 2002). Finalmente, as modificações oxidativas das proteínas sinalizadoras sensoriais podem produzir apropriadas respostas fisiológicas, incluindo aumento do estresse, correlacionado com o envelhecimento normal. O entrelaçamento indissolúvel das alterações metabólicas/moleculares no geral associadas às causadas pela idade em particular produz o estresse e afeta o fenômeno da senescência – palavra que tem sua origem no latim e significa idade antiga, extensão de vida; processo “esperado” de deterioração após um período de desenvolvimento. O processo inflamatório envolve a produção aguda de espécies reativas do oxigênio pelas células especializadas que respondem a infecção, exposição às toxinas ou aos alergênios, danos celulares, hipoxia, isquemia/reperfusão e outros fatores, iniciando a sinalização por meio de diversas vias enzimáticas. A cadeia de reações que liberam radicais livres aumenta a oxidação do LDL-colesterol que, como já sabemos, é um potente iniciador e potencializador da aterosclerose. Demonstra-se, assim, um elo forte para a sobreposição de efeitos: idade, fatores de risco e a própria inflamação desencadeada, mantida e reforçada por essa inter-relação. Papel do dano oxidativo, da sinalização “redox” e da resposta inflamatória na atrofia idade-dependente → estresse oxidativo, inflamação e aterosclerose. 21 Tutorial 2 - Geriatria 3. Caracterizar os aspectos epidemiológicos (prevalência, incidência e mortalidade) das doenças cardiovasculares no idoso - Acidente Vascular Encefálico (AVE), Doença Arterial Coronariana (DAC), Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). AVE Há poucos dados sobre prevalência de acidente vascular cerebral (AVC) no Brasil. A Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), um inquérito epidemiológico de base domiciliar, com amostra representativa nacional avaliou a prevalência de AVC no Brasilcalculou o número absoluto estimado de pessoas com AVC e incapacidade por AVC e respectivas prevalências. Estimou-se 2.231.000 pessoas com AVC e 568.000 com incapacidade grave. A prevalência pontual foi 1,6% em homens e 1,4% em mulheres, e a de incapacidade 29,5% em homens e de 21,5% em mulheres. A prevalência aumentou com a idade, nos menos escolarizados, residentes da zona urbana sem diferenças pela cor da pele auto- declarada. O grau de incapacidade pós-AVC não foi estatisticamente diferente segundo sexo, raça, nível de educação ou área de moradia. Os dados inéditos da PNS mostram altas taxas de prevalências de AVC principalmente em indivíduos mais idosos, sem educação formal, moradores de centros urbanos porém o grau de incapacidade pelo ACV não foi determinado pelas características sociodemográficas da população brasileira. http://bvsms.saude.gov.br/edicoes-2016/is-n-1/2213- acidente-vascular-cerebral Dentre essas doenças, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Acidente Vascular Cerebral (AVC) se destaca como a segunda maior causa de morte no mundo, responsável por aproximadamente 6,7 milhões de óbitos em 2016(2). Existe uma tendência de se manter nessa posição até o ano de 2030, sendo responsável por cerca de 12,2% dos óbitos previstos. No Brasil, as doenças cerebrovasculares causaram 99.732 óbitos no ano de 2010(4). O diagnóstico médico de AVC, em 2012, foi responsável por cerca de 166 mil internações. O AVC apresenta altos níveis de morbimortalidade, onde podem ser gerados quadros de incapacidades funcionais, nos casos em que os indivíduos acometidos pela doença não evoluíram a óbito(15). Aproximadamente 20% desses pacientes sobrevivem apenas um mês após sua ocorrência, outros 50% sobrevivem por mais tempo, adquirindo déficits neurológicos e/ou motores provisórios ou permanentes necessitando de cuidados especiais para executar as atividades da vida diária, adquirindo certo grau de dependência(16). https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/vi ew/6186/5503 O AVC pode manifestar-se através de dois tipos: o isquêmico, que ocorre quando em uma determinada área do cérebro há a interrupção da circulação do sangue devido à obstrução de uma ou mais artérias por placas lipídicas, e que acomete em geral idosos, sendo eles comumente portadores de diabetes mellitus (DM), colesterol elevado, http://bvsms.saude.gov.br/edicoes-2016/is-n-1/2213-acidente-vascular-cerebral http://bvsms.saude.gov.br/edicoes-2016/is-n-1/2213-acidente-vascular-cerebral https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/6186/5503 https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/6186/5503 22 Tutorial 2 - Geriatria hipertensão arterial sistêmica (HAS), problemas vasculares e tabagistas; e o hemorrágico, que ocorre quando há o rompimento de uma artéria ou de um vaso sanguíneo ocasionando um sangramento para o interior da cavidade cerebral. Normalmente o isquemico este é decorrente de hipertensão arterial, problemas na coagulação e traumatismos, e pode vitimar pessoas mais jovens (SUGIMOTO, 2009). Conforme informações contidas no Departamento de Informática do SUS (DATASUS) desde o início do cadastramento pelo Ministério da Saúde (MS) foram registrados 532.864 acidentes vasculares cerebrais (AVCs) no Brasil, sendo que dentre os 11.617 cadastrados no Piauí (PI), 452 referem-se ao município de Picos (BRASIL, 2010a). Cabe ressaltar que estes dados, estatisticamente, não representam a realidade nacional, pois muitos casos acabam não sendo diagnosticados, tampouco cadastrados. O envelhecimento é um processo que ocorre mediante características individuais de cada ser humano, ou seja, embora apresentando mesma idade, os indivíduos possuem processos diferentes para envelhecer. No entanto, em geral a população idosa possui como semelhança a presença de ao menos uma doença crônica e de vários fatores predisponentes que devem ser detectados e tratados (ELIOPOULOS, 2005). Diversos fatores de risco contribuem para o aparecimento do AVC. A idade, a raça, a constituição genética e o sexo são fatores que independem do estilo de vida que o indivíduo possui, não sendo possível, portanto modificá-los. Entretanto, alguns fatores podem ser diagnosticados e tratados, tais como a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, as doenças cardíacas, o alcoolismo, o tabagismo, o sedentarismo e a obesidade (BRASIL, 2006b). Dentre esses fatores de risco o principal é a hipertensão arterial, sendo que a mortalidade e a incidência do AVC podem ser consideradas como indicadores da prevalência da hipertensão em um determinado local. Outros fatores, como o tabagismo, o diabetes e o colesterol aumentado, também contribuem para elevarem as estatísticas do AVC, contudo esses representam com maior intensidade a ocorrência de infarto do miocárdio (BRASIL, 2006b). https://revistainterdisciplinar.uninovafapi.edu.br/index.php/r evinter/article/view/751/pdf_283 DAC O risco de DAC aumenta progressivamente após cada década acima de 40 anos. O sexo masculino é fator de risco adicional. Em pacientes mais jovens ou com poucos fatores de risco, o uso de cocaína ou metanfetaminas deve ser investigado. Para o diagnóstico de SCA, a presença de fatores de risco para DAC são menos importantes que a história típica, as alterações de ECG e os marcadores de necrose miocárdica, porém a presença de 3 ou mais destes fatores é marcador de pior evolução. https://revistainterdisciplinar.uninovafapi.edu.br/index.php/revinter/article/view/751/pdf_283 https://revistainterdisciplinar.uninovafapi.edu.br/index.php/revinter/article/view/751/pdf_283 23 Tutorial 2 - Geriatria Estudos revelam que a cardiopatia isquêmica representa a principal causa de óbito no idoso, com prevalência de 70% de doença arterial coronariana (DAC) nesta faixa etária e 20% a 30% dos idosos com manifestações clínicas de doença isquêmica. HAS Estima-se que a hipertensão arterial atinja aproximadamente 22% da população brasileira acima de vinte anos, sendo responsável por 80% dos casos de acidente cérebro vascular, 60% dos casos de infarto agudo do miocárdio e 40% das aposentadorias precoces, além de significar um custo de 475 milhões de reais gastos com 1,1 milhão de internações por ano 2. A identificação de vários fatores de risco para hipertensão arterial, tais como: a hereditariedade, a idade, o gênero, o grupo étnico, o nível de escolaridade, o status sócio- econômico, a obesidade, o etilismo, o tabagismo e o uso de anticoncepcionais orais 3,4,5,6 muito colaboraram para os avanços na epidemiologia cardiovascular e, conseqüentemente, nas medidas preventivas e terapêuticas dos altos índices pressóricos, que abarcam os tratamentos farmacológicos e não-farmacológicos 7. https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010 2-311X2006000200006&lng=pt Mortalidade No Brasil, em 2003, 27,4% dos óbitos foram decorrentes de doenças cardiovasculares, atingindo 37% quando são excluídos os óbitos por causas mal defi nidas e a violência. A principal causa de morte em todas as regiões do Brasil é o acidente vascular cerebral, acometendo as mulheres em maior proporção2 . Observa-se tendência lenta e constante de redução das taxas de mortalidade cardiovascular. A doença cerebrovascular, cujo fator de risco principal é a hipertensão, teve redução anual das taxas ajustadas por idade de 1,5% para homens e 1,6% para mulheres. O conjunto das doenças do coração, hipertensão, doença coronária e insufi ciência cardíaca também teve taxas anuais decrescentes de 1,2% para homens e 1,3% para mulheres (Figura 1). No entanto, apesar do declínio, a mortalidade no Brasil ainda é elevada em comparação a outros países, tanto para doença cerebrovascularcomo para doenças do coração3 . Entre os fatores de risco para mortalidade, hipertensão arterial explica 40% das mortes por acidente vascular cerebral e 25% daquelas por doença coronariana4 . A mortalidade por doença cardiovascular https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2006000200006&lng=pt https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2006000200006&lng=pt 24 Tutorial 2 - Geriatria aumenta progressivamente com a elevação da pressão arterial, a partir de 115/75 mmHg Prevalência Inquéritos de base populacional realizados em algumas cidades do Brasil mostram prevalência de hipertensão arterial (≥140/90 mmHg) de 22,3% a 43,9% (Figura 2)5-7 http://departamentos.cardiol.br/dha/vdiretriz/03- epidemiologia.pdf Fatores de Risco para Hipertensão Arterial Idade A pressão arterial aumenta linearmente com a idade. Em indivíduos jovens, a hipertensão decorre mais freqüentemente apenas da elevação na pressão diastólica, enquanto a partir da sexta década o principal componente é a elevação da pressão sistólica. Em indivíduos idosos da cidade de Bambuí, MG, 61,5% apresentavam hipertensão arterial. O risco relativo de desenvolver doença cardiovascular associado ao aumento da pressão arterial não diminui com o avanço da idade e o risco absoluto aumenta marcadamente1 . Sexo e Etnia A prevalência global de hipertensão entre homens (26,6%; IC 95% 26,0- 27,2%) e mulheres (26,1%; IC 95% 25,5-26,6%) insinua que sexo não é um fator de risco para hipertensão. Estimativas globais sugerem taxas de hipertensão mais elevadas para homens até os 50 anos e para mulheres a partir da sexta década11. Hipertensão é mais prevalente em http://departamentos.cardiol.br/dha/vdiretriz/03-epidemiologia.pdf http://departamentos.cardiol.br/dha/vdiretriz/03-epidemiologia.pdf 25 Tutorial 2 - Geriatria mulheres afrodescendentes com excesso de risco de hipertensão de até 130% em relação às mulheres brancas12. Fatores Socioeconômicos Nível socioeconômico mais baixo está associado a maior prevalência de hipertensão arterial e de fatores de risco para elevação da pressão arterial, além de maior risco de lesão em órgãos-alvo e eventos cardiovasculares. Hábitos dietéticos, incluindo consumo de sal e ingestão de álcool, índice de massa corpórea aumentado, estresse psicossocial, menor acesso aos cuidados de saúde e nível educacional são possíveis fatores associados13. Sal O excesso de consumo de sódio contribui para a ocorrência de hipertensão arterial14 (A). A relação entre aumento da pressão arterial e avanço da idade é maior em populações com alta ingestão de sal. Povos que consomem dieta com reduzido conteúdo deste têm menor prevalência de hipertensão e a pressão arterial não se eleva com a idade. Entre os índios Yanomami, que têm baixa ingestão de sal, não foram observados casos de hipertensão arterial15. Em população urbana brasileira, foi identifi cada maior ingestão de sal nos níveis sócioeconômicos mais baixos (vide capítulo 5, item 5.3; capítulo 9, item 9.1). Obesidade O excesso de massa corporal é um fator predisponente para a hipertensão, podendo ser responsável por 20% a 30% dos casos de hipertensão arterial16; 75% dos homens e 65% das mulheres apresentam hipertensão diretamente atribuível a sobrepeso e obesidade. Apesar do ganho de peso estar fortemente associado com o aumento da pressão arterial, nem todos os indivíduos obesos tornam-se hipertensos. Estudos observacionais mostraram que ganho de peso e aumento da circunferência da cintura são índices prognósticos importantes de hipertensão arterial, sendo a obesidade central um importante indicador de risco cardiovascular aumentado16-18. Estudos sugerem que obesidade central está mais fortemente associada com os níveis de pressão arterial do que a adiposidade total19. Indivíduos com nível de pressão arterial ótimo, que ao correr do tempo apresentam obesidade central, têm maior incidência de hipertensão19. A perda de peso acarreta redução da pressão arterial20. Álcool O consumo elevado de bebidas alcoólicas como cerveja, vinho e destilados aumenta a pressão arterial. O efeito varia com o gênero, e a magnitude está associada à quantidade de etanol e à freqüência de ingestão21. O efeito do consumo leve a moderado de etanol não está definitivamente estabelecido. Verifica-se redução média de 3,3 mmHg (2,5 a 4,1 mmHg) na pressão sistólica e 2,0 mmHg (1,5 a 2,6 mmHg) na pressão diastólica com a redução no consumo de etanol22. Estudo observacional21 indica que o consumo de bebida alcoólica fora de refeições aumenta o risco de hipertensão, independentemente da quantidade de álcool ingerida. Sedentarismo 26 Tutorial 2 - Geriatria O sedentarismo aumenta a incidência de hipertensão arterial. Indivíduos sedentários apresentam risco aproximado 30% maior de desenvolver hipertensão que os ativos23,24. O exercício aeróbio apresenta efeito hipotensor maior em indivíduos hipertensos que normotensos25. O exercício resistido possui efeito hipotensor semelhante, mas menos consistente26 (vide capítulo 5, item 5.5; capítulo 9, item 9.2). 1.6. Outros Fatores de Risco Cardiovascular A presença de fatores de risco cardiovascular ocorre mais comumente na forma combinada27. Além da predisposição genética, fatores ambientais podem contribuir para uma agregação de fatores de risco cardiovascular em famílias com estilo de vida pouco saudável28. Em amostras da nossa população, a combinação de fatores de risco entre indivíduos hipertensos parece variar com a idade, predominando a inatividade física, o sobrepeso, a hiperglicemia e a dislipidemia5 . A obesidade aumenta a prevalência da associação de múltiplos fatores de risco29. 1.7. Taxas de Conhecimento, Controle e Tratamento da Hipertensão Arterial Estudo brasileiro revelou que, em indivíduos adultos, 50,8% sabiam ser hipertensos, 40,5% estavam em tratamento e apenas 10,4% tinham pressão arterial controlada (< 140/90 mmHg)6 . Idade avançada, obesidade e baixo nível educacional mostraram-se associados a menores taxas de controle10. http://departamentos.cardiol.br/dha/vdiretriz/03- epidemiologia.pdf 4. Reconhecer a importância do exercício físico na manutenção da saúde e controle de doenças crônicas que estão associadas aos processos degenerativos vasculares (Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus e Dislipidemia). Exercício Físico nos Idosos Primeiramente importa distinguir atividade física de exercício físico. Por um lado atividade física é qualquer movimento de um segmento ou de todo o corpo devido à contração musculosquelética em que há gasto de energia. Por sua vez exercício físico define-se como atividade física regular e programada de forma a manter ou melhorar um ou mais componentes da capacidade física da pessoa 25 . O envelhecimento é uma etapa da vida que envolve muitos fatores que se interrelacionam e predispõem a qualidade de vida dos idosos. Depende das alterações fisiológicas que ocorrem com o avanço da idade (envelhecimento primário); com as alterações que ocorrem induzidas por doenças crónicas e estilos de vida (envelhecimento secundário) e com os fatores genéticos 25 . 17 A adoção de um estilo de vida adequado, quer ao nível de uma alimentação saudável ou ao nível da prática de exercício físico, têm sido relacionados com a diminuição da incidência e evolução de várias doenças crónicas 26 . Além disso a prática de exercício físico regular também leva ao aumento da esperança de vida ativa, diminuindo a incapacidade funcional do doente http://departamentos.cardiol.br/dha/vdiretriz/03-epidemiologia.pdf http://departamentos.cardiol.br/dha/vdiretriz/03-epidemiologia.pdf 27 Tutorial 2 - Geriatria 25 . A prática de exercício físico de forma regular tem sido associadaa uma melhoria da função cognitiva entre os idosos, atenuando o declínio cognitivo e protegendo contra doenças associadas ao envelhecimento, como a Doença de Alzheimer. Este melhor desempenho cognitivo com o exercício físico deve-se à melhoria dos padrões de plasticidade e dinâmica cerebral melhorando a atividade neuronal 14 . As doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte entre os idosos, também têm benefícios comprovados com a prática de atividade física. A hipertensão arterial por exemplo é uma doença multifatorial em que o exercício físico também contribui para a sua diminuição, pela libertação de substâncias vasodilatadoras como o óxido nítrico que diminui a resistência vascular periférica 27 . A actividade física tem efeito benéfico também na dislipidemia, condição muito frequente entre os idosos, melhorando o metabolismo lipídico, ao diminuir o armazenamento de gordura na região central e melhorando o perfil lípido destes doentes (diminuição do LDL e TG e aumento do HDL) 28 . A actividade física praticada de forma regular associada a uma restrição calórica adequada são dois pontos essências na abordagem do tratamento da 18 obesidade, ao permitir uma regularização e manutenção do peso corporal e melhoria do controlo metabólico. Fonte: Atividade Física Regular no Idoso com DM tipo 2 Efeitos do Exercício Físico no Controle da Hipertensão do Idoso Não existem dúvidas de que os cuidados médicos e o tratamento farmacológico são de extrema importância para o controle da hipertensão entre os idosos. Foi verificado por Zaitune et al. (2006) que os serviços de saúde estão garantindo o acesso ao atendimento médico e aos medicamentos, pois 71,6% da amostra estudada visitavam o médico regularmente e 86,7% tomavam medicamento de rotina, sem distinção de nível sócio-econômico. No entanto, o exercício físico também contribui para o controle dos níveis da pressão arterial. As respostas cardiovasculares frente ao exercício podem ser classificadas quanto ao efeito agudo ou crônico dos exercícios. A magnitude das respostas variam de acordo com vários fatores, entre eles, o sub-grupo populacional, 17 os níveis iniciais de pressão arterial, a intensidade do esforço realizado, o tempo de duração da sessão, o tipo de exercício físico e a massa muscular envolvida (SCHER; NOBRE; LIMA, 2008). Os idosos hipertensos podem experimentar, também, outros benefícios pela simples prática de atividade física regular. Dias et al. (2007) analisaram a percepção da influência da atividade física na vida de idosas acima de 60 anos, envolvidas em um programa de atividade física regular. Foi verificado que, além da melhoria no aspecto físico, houve melhorias adicionais no aspecto cognitivo e afetivo, um aumento da socialização e até mesmo redução dos sintomas de algumas doenças, incluindo a hipertensão. Embora o exercício físico seja algo muito aconselhável ao tratamento da hipertensão dos idosos, contudo, eles devem ser prescritos de maneira 28 Tutorial 2 - Geriatria correta para cada indivíduo, para que não se torne uma nova fonte de problemas. Cardoso; Tavares; Plavnik (2008) realizaram um estudo para avaliar as condições osteo- articulares de pacientes que receberam orientação para a prática de atividade física, e verificaram alterações nas articulações dos quadris e joelhos, com incidência maior nos homens. Efeitos Agudos do Exercício Os efeitos agudos do exercício físico são aqueles apresentados logo após uma única sessão e que acarreta a permanência da pressão arterial abaixo dos níveis encontrados na ausência de esforço físico na maior parte das 24 horas subsequentes ao exercício (SCHER; NOBRE; LIMA, 2008). Muito indicado para a população hipertensa, os exercícios aeróbicos se mostram mais eficientes no controle da pressão arterial. Como citado anteriormente uma única sessão de exercício aeróbio para idosos hipertensos, sedentários e obesos, a 70% do consumo máximo de oxigênio (VO2máx) e com duração de 45 minutos foi o suficiente para reduzir as pressões arteriais sistólica e diastólica durante o período de vigília e de sono. 18 Scher; Nobre; Lima (2008), verificaram uma redução na pressão arterial de idosos que realizaram exercício aeróbico em um cicloergômetro, a 50% do VO2máx. Os mecanismos envolvidos consistiam na diminuição no débito cardíaco, associado à queda no volume sistólico e à diminuição no volume diastólico final. Em ambos os estudos revisados foi utilizada a monitorização ambulatorial da PA (MAPA), que é útil não somente para a confirmação do diagnóstico da hipertensão ou mesmo para verificar a eficácia da terapêutica medicamentosa, “mas é considerada ferramenta fundamental na análise do efeito do EF em pacientes com anormalidades na PA durante o ciclo circadiano” (SCHER; NOBRE; LIMA, 2008, p.230). Assim, os exercícios aeróbicos são uma maneira fácil e eficiente de controlar a pressão arterial ao longo do dia, uma vez que seus efeitos hipotensores se estendem por grande parte das 24 horas subseqüentes à pratica. Outra forma de promover benefícios cardiovasculares agudos é por meio do exercício anaeróbico, mais especificamente o resistido. No entanto, essa modalidade não é adotada com muita frequência para o tratamento da hipertensão na população idosa devido à falta de evidência relacionada aos níveis pressóricos seguros que devem ser mantidos nesse tipo de exercício (BATTAGIN et al., 2010). Em estudo de Krinski et al. (2008) foram avaliados os efeitos cardiovasculares agudos do exercício resistido em idosas com hipertensão estágio I. Todas as 24 participantes foram submetidas a uma sessão de exercícios resistidos constituída por oito estações, com volume de 3 séries e 12 repetições e intensidade de 50% de 1 repetição máxima (RM) para cada exercício. Foi verificado um aumento significativo na PAS, na PAD e na frequência cardíaca anteriormente ao início dos exercícios e imediatamente após a quinta estação, dois dos três momentos escolhidos pelos autores para realizar as medidas. Antes do início dos exercícios, todas as participantes realizaram um trabalho de adaptação (o que pode ter contribuído para o aumento nas variáveis medidas). Contudo, no terceiro momento, 10 minutos após a sessão de exercícios, houve decréscimo significante na PAS e PAD em relação ao medido imediatamente após a quinta estação. No entanto, somente a PAD reduziu significativamente se 19 comparada às medidas realizadas anteriormente ao início 29 Tutorial 2 - Geriatria dos exercícios. Tal redução, segundo os autores, pode estar relacionada a adaptações realizada no início do programa. Assim, apesar das modificações cardiovasculares agudas desencadeadas pelo exercício resistido, uma propensão positiva a hipotensão foi somente verificada em relação à PAD. Com o intuito de investigar o efeito agudo do exercício resistido progressivo, de diferentes segmentos corporais, na resposta pressórica de pacientes com hipertensão arterial sistêmica controlada Battagin et al. (2010) estudaram 25 pacientes idosos e sedentários, com hipertensão controlada por medicamentos. Nessa pesquisa, foram realizadas três visitas para uma sessão de exercício resistido, sendo que em cada dia um dos grupos musculares, envolvendo quadríceps femoral, grande dorsal e bíceps braquial, era exercitado. Foram feitas três séries com 10 repetições para cada exercício, sendo que a intensidade foi de 50%, 60% e 70% de 1 RM na primeira, segunda e terceira série, respectivamente. Foram feitas medidas de pressão arterial em todas as visitas no repouso, imediatamente após cada série de exercício e após 5 minutos de recuperação. Os resultados verificados foram de que houve um significante aumento das pressões sistólicas e nenhuma alteração significante das pressões diastólicas,
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