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Universidade Federal do Espírito Santo – UFES Centro de Ciências Exatas Centro de Educação Licenciatura em Química RELATÓRIO 6 ELETROQUÍMICA: CÉLULAS GALVÂNICAS E CORROSÃO Cintia Souza Schettino Hyago Assef de Almeida VITÓRIA 2021 Universidade Federal do Espírito Santo – UFES Centro de Ciências Exatas Centro de Educação Licenciatura em Química RELATÓRIO 6 ELETROQUÍMICA: CÉLULAS GALVÂNICAS E CORROSÃO CINTIA SOUZA SCHETTINO HYAGO ASSEF DE ALMEIDA Relatório do Curso de Licenciatura em Química apresentado ao UFES – Universidade Federal do Espírito Santo, como parte das atividades exigidas para aproveitamento da disciplina de Físico- Química Experimental. Orientadores: Prof. Marcos B. Jose Geraldo de Freitas VITÓRIA 2021 1. INTRODUÇÃO A corrosão é, em geral, um processo espontâneo, onde no espaço industrial envolve mecanismos protetores, menciona-se a destruição completa dos materiais metálicos, na qual os processos de corrosão são reações químicas e eletroquímicas que se passam na superfície do metal e obedecem a princípios estabelecidos. O fato de a corrosão ser, geralmente, uma reação de superfície faz supor que ela possa ser controlada pelas propriedades do produto de corrosão. O composto metálico formado pode agir como uma barreira entre o meio corrosivo e o metal, diminuindo, assim, a velocidade de corrosão do metal. Esse fato é frequentemente observado na reação entre metais e meios gasosos. Quando o produto de corrosão puder ser removido, a velocidade de corrosão não deverá sofrer diminuição com o tempo. Esse caso ocorre quando se formam produtos de corrosão solúveis ou quando os produtos de corrosão são formados em locais que se situam entre as áreas que sofreram e as que não sofreram a ação do meio corrosivo. (GENTIL, VICENTE, 1996). Oxidação é a perda de elétrons por uma espécie química e redução é o ganho de elétrons por uma espécie química. Essa perda e ganho de elétrons modifica totalmente as propriedades das substâncias. Pode-se, também, apresentar a equação geral de oxidação dos metais: Metal → Íon + ne (n = número de elétrons perdidos pelo metal) As reações de oxirredução são reações em que há variação de número de oxidação e, em alguns casos, perda e ganho de elétrons. O fenômeno de oxirredução é simultâneo, isto é, sempre que há oxidação (perda de elétrons) há também redução (ganho de elétrons). No estudo da corrosão as pilhas eletroquímicas são de grande importância, daí ́ a apresentação daquelas mais influentes nos processos corrosivos. Basicamente uma pilha eletroquímicas apresenta os seguintes componentes: a) ânodo: eletrodo em que há oxidação(corrosão) e onde acorrente elétrica, na forma de íons metálicos positivos, entra no eletrólito; b) eletrólito: condutor (usualmente um líquido) contendo íons que transportam a corrente elétrica do ânodo para o cátodo; c) cátodo: eletrodo onde a corrente elétrica sai do eletrólito ou o eletrodo no qual as cargas negativas (elétrons) provocam reações de redução; d) circuito metálico: ligação metálica entre o ânodo e o cátodo por onde escoam os elétrons, no sentido anodo-catodo. O tipo de pilha de corrosão que ocorre quando dois metais ou ligas diferentes estão em contato e imersos num mesmo eletrólito; é a chamada pilha galvânica, em que, o metal mais ativo na tabela de potencial de eletrodo é que funciona como anodo da pilha, isto é, cede elétrons, sendo, portanto, corroído. 2. OBJETIVO Aplicar os conceitos de eletroquímica (reações de oxirredução), de modo, abordar os conteúdos de células galvânicas e corrosão. 3.1. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL I. Montou-se as células eletroquímicas de Sulfato de Zinco e Sulfato de Cobre de diferentes concentrações. Escreveu-se a reação redox, calculou-se o potencial pela equação de Nernst, e por fim, foi determinado a energia livre de Gibbs. II. Colocou-se placas de Cu/Zn são sobrepostas. Entre as placas foi colocado feltro embebido com as soluções condutoras de CuSO4 e ZnSO4 1,0 mol/L. Com o auxílio de um multímetro digital mediu-se a diferença de potencial. III. Preparou-se 250 mL de soluções de NaOH 0,1 mol/L; transferiu-se 50 mL desta solução para um béquer; determinou-se a área e a massa dos metais (Al) a serem expostos em suas respectivas soluções agressivas, tendo antes o cuidado de deixá-los com a superfície limpa e brilhante; posteriormente, foram decorridos cinco minutos, retirou o metal da solução, determinou a sua massa. Por fim, repetiu-se a operação, em intervalos de cinco minutos, durante quarenta minuto. IV. No tratamento dos dados, foi feito um gráfico da massa por unidade de área em função do tempo e assim, determinou-se a taxa de corrosão (TC) decorridos 30 minutos para o A. 3.2. MATERIAIS E REAGENTES - Água destilada; - Balão Volumétrico - Béquer; - Hidróxido de Sódio; - Multímetro; - Pipeta Volumétrica; - Placa de Cobre; - Placa de Zinco; - Sulfato de Cobre; - Sulfato de Zinco. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Células Galvânicas O cobre é o cátodo em relação ao zinco, pois apresenta potencial de redução maior, com valor de Eºred = + 0,34 V. Consideramos a reação de oxirredução simples: Zn + Cu2+ → Zn2+ + Cu Abaixo representa-se a célula de forma esquematizada: Zn|ZnSO4 (1,0 mol/L) ||CuSO4(1,0 mol/L) |Cu Primeiramente, sabe-se que o volt é a unidade de potencial elétrico ou força motriz. Para esta célula, o valor de potencial medido foi de 1,095 V. Podemos visualizar o potencial pela equação de Nerst (Equação 1) abaixo, mas primeiramente, devemos relacionar o mesmo com os valores de potenciais padrão para cada componente. Semirreação anódica: Zn(s) → Zn2+(aq) + 2é Semirreação catódica: 2é + Cu2+(aq) → Cu(s) Equação de Nerst ∆𝐸 = 𝐸0 − 0,059𝑉 𝑛 log [𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠] [𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠] (1) Então, substituindo os valores de Zn l ZnSO4 (1,0mol/L) ll CuSO4 (1,0 mol/L) l Cu ΔEmedido = 1,095V na Equação (1) ∆𝐸 = 1,095 𝑉 − 0,059 2 log( 1,0 1,0 ) ∆𝐸 = 1,095𝑉 − 0,059 2 log 1 ∆𝐸 = 1,095𝑉 Para a célula galvânica Zn l ZnSO4 (0,1 mol/L) ll CuSO4 (0,01 mol/L) l Cu ΔEmedido = 1,067. ∆𝐸 = 1,067 − 0,059 2 log [ 0,1 0,01 ] ∆𝐸 = 1,067 − 0,059 2 log 10 ∆𝐸 = 1,034 𝑉 A determinação da energia livre de Gibbs é feita a partir da Equação (2). ∆𝐺 = −𝑛𝐹∆𝐸 (2) Sabe-se que o número de elétrons envolvidos (n) na reação é 2 e a constante de Faraday é 96500 C/mol. Então para a célula Zn l ZnSO4 (1,0mol/L) ll CuSO4 (1,0 mol/L) l Cu com ΔE = 1,095 V a energia livre de Gibbs é ∆𝐺 = −2 𝑥 96500 𝑥 1,095 ∆𝐺 = −211,335 𝑘𝐽 𝑚𝑜𝑙 E para a célula galvânica Zn l ZnSO4 (0,1 mol/L) ll CuSO4 (0,01 mol/L) l Cu com ΔE = 1,0374V ∆𝐺 = −2 𝑥 96500 𝑥 1,0975 ∆𝐺 = −200,24 𝑘𝐽 𝑚𝑜𝑙 A partir das informações obtidas através dos cálculos é possível afirmar que ambas reações acontecem no sentido espontâneo da reação. O fluxo de corrente na solução é composto por íons positivos movimentando-se em uma direção e íons negativos movimentando-se em direção oposta. Esta corrente iônica na solução é um resultado direto da transferência de elétrons que acontece na superfície dos eletrodos. À medida que se vai realizando a reação da célula, os íons de zinco migram afastando- se do ânodo de zinco na direção do eletrodo de cobre, à semelhança do que ocorre com os íons cobre (II).Os íons positivos são chamados cátions porque migram em direção ao cátodo. Da mesma maneira, os íons sulfato migram em direção ao ânodo e por isso são denominados ânions. Com o fluxo de corrente na célula, há uma tendência das cargas positivas (na forma de íons Zn2+) acumularem na solução ao redor do ânodo de zinco, conforme há a oxidação dos átomos de zinco. Da mesma forma, há uma tendência de ser formar um excesso de cargas negativas (na forma de íons SO42- ) ao redor do cátodo de cobre, conforme os íons Cu2+ são removidos da solução pela redução no eletrodo de cobre metálico. Esse acúmulo de carga cria um campo elétrico que causa a migração dos íons – íons positivos (cátions) migrando para o cátodo e íons negativos migrando para o ânodo. Esta migração dos íons entre os compartimentos da célula constitui a corrente iônica na solução. Em resumo, íons são transportadores de carga na solução e elétrons são transportadores de carga no circuito externo. Figura 1 – Ilustração da Pilha de Daniel para oxirredução de Cobre com Zinco. Pilhas de concentração As reações de oxirredução que ocorrem para a célula Cu | CuSO4 (1,0 mol/L) || CuSO4 (1,0 mol/L) | Cu, podem ser descritas como sendo Cu2+(aq) + 2 e → Cu(s) ΔEº = 0,34V Cu(s) → Cu2+(aq) + 2e ΔEº = -0,,281 V O potencial total dessa célula é de ΔE = 0,059 V. Para a célula Zn | ZnSO4 (0,1 mol/L) || ZnSO4(1,0 mol/L) | Zn as reações de oxirredução que ocorrem são Zn2+(aq) + 2 e → Zn(s) ΔEº = - 0,76V Zn(s) → Zn2+(aq) + 2e ΔEº = 0,789 V E o potencial total da reação é ΔE = 0,0295 V. Esses valores de potencial total também podem ser calculados utilizando a Equação (1), chamada Equação de Nernst. Para a célula Cu | CuSO4 (1,0 mol/L) || CuSO4 (1,0 mol/L) | Cu ∆𝐸 = 0,05 𝑉 − 0,059 2 log( 1,0 0,01 ) ∆𝐸 = 1,095𝑉 − 0,059 2 log 100 ∆𝐸 = −0,009 𝑉 E para a célula Zn | ZnSO4 (0,1 mol/L) || ZnSO4(1,0 mol/L) | Zn ∆𝐸 = 0,04 𝑉 − 0,059 2 log( 1,0 0,1 ) ∆𝐸 = 0,04𝑉 − 0,059 2 log 10 ∆𝐸 = 0,0105𝑉 Para determinar a energia livre de Gibbs, utiliza-se a equação (2), então: Para a célula Cu | CuSO4 (1,0 mol/L) || CuSO4 (1,0 mol/L) | Cu onde ΔE = - 0,009V ∆𝐺 = −2 𝑥 96500 𝑥 (−0,009) ∆𝐺 = 1,737 𝑘𝐽 𝑚𝑜𝑙 Sendo assim a célula de cobre é considera não espontânea com ΔE<0 e ΔG>0. E para a célula Zn | ZnSO4 (0,1 mol/L) || ZnSO4(1,0 mol/L) | Zn onde ΔE = 0,04V ∆𝐺 = −2 𝑥 96500 𝑥 (0,04) ∆𝐺 = −2,0265 𝑘𝐽 𝑚𝑜𝑙 Portanto a célula de zinco é considera espontânea com ΔE>0 e ΔG<0 Eletrodos sobrepostos A diferença de potencial medido foi de ΔE = 1,055V, portanto pode-se calcular a energia livre de Gibbs utilizando a Equação (2) e assim classificar a reação como espontânea. ∆𝐺 = −2 𝑥 96500 𝑥 1,055 ∆𝐺 = −203,615 𝑘𝐽 𝑚𝑜𝑙 Corrosão A Tabela 1 está relacionada as massas pesadas do metal após mergulhado em solução de NaOH 0,1 mol/L em intervalos de 5 min e também a relão massa por unidade de área (A = 13,26 cm2). Esses dados estão representados graficamente na Figura 2 já linearizada e com sua equação da reta. Tabela 1 – Variação da massa com o tempo. Tempo (min) 0 5 10 15 20 25 30 Massa (g) 2,844 2,845 2,838 2,827 2,818 2,816 2,811 Massa por unidade de área (g/cm2) 0,2144 0,2145 0,2140 0,2131 0,2125 0,2123 0,2119 Figura 2 - Gráfico da massa por unidade de área versus tempo. Para calcular a Taxa de corrosão (TC) do metal durante os 30 minutos de reação, foi necessário o uso da Equação (3). 𝑇𝐶 = 𝑚𝑖−𝑚𝑓 𝐴𝑟𝑒𝑎 𝑥 𝑡 (3) Sabendo que a massa inicial é de 2,844 g, podemos substituir os valores na equação (3). TC5 = -1,50 x 10-5 g/cm2min TC10 = 4,52 x 10-5 g/cm2min TC20 = 8,54 x 10-5 g/cm2min TC25 = 9,80 x 10-5 g/cm2min TC30 = 8,29 x 10-5 g/cm2min 5. CONCLUSÃO Conclui-se que tendência que uma reação tem de ocorrer depende da natureza, estados e concentrações de seus reagentes e produtos e não de "como" ocorre. Utilizando as equações de Nerst e energia livre de Gibbs pode-se determinar se as reações acontecem no sentido espontâneo, como é o caso das células galvânicas de cobre e zinco e eletrodos sobrepostos, ou não espontâneas como a pilha de cobre. Quando comparado alguns valores teóricos com os experimentais, teve-se uma margem de erro relevante, que se dá pelos erros experimentais que podem ter ocorrido em laboratório. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA [1] Castellan, G. Fundamentos de Físico-Química. 1ª ed., Rio de Janeiro, Ed. JC,1999. [2] Atkins, P. W. Físico Química. 6ª ed., Vol. 3, Rio de Janeiro, LTC S.A., 1999.