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TRANSFERENCIA DO CONHECIMENTO • AULA 4 Conceitos sobre a Transferência de Conhecimento ❖Para alguns autores, o compartilhar conhecimento difere da transferência, sendo definido como um conceito mais útil, e é visto como um duplo processo de investigação e contribuição para o conhecimento através de atividades como aprendizado pela observação, ouvindo e perguntando, partilha de ideias, dar conselhos, reconhecendo pistas, e adoção de padrões de comportamento. (Hendriks, 1999, p.22) afirma que "é preciso conhecimento para adquirir conhecimento e, portanto, de compartilhar conhecimento.” A partilha do conhecimento é ao mesmo tempo individual e atividade coletiva, envolvendo trocas explícitas e tácitas (Polanyi, 1967) entre as pessoas. ❖A transferência de conhecimento está relacionada à gestão do conhecimento que é visto como “um processo sistemático, articulado e intencional, apoiado na criação, codificação, disseminação e apropriação de conhecimentos, com o propósito de atingir a excelência organizacional” (Serrano & Fialho, 2003, p. 126). ❖Na economia do conhecimento, a informação e principalmente o conhecimento são importantes porque eles podem agregar valor aos produtos, serviços e processos (Porter & Millar, 1985), porém sua existência numa organização não é garantia da sua utilização (Davenport & Prusak, 1998, pp. 89, 101) e o seu acesso depende de pessoas dispostas a cedê-lo, torná-lo explícito, compartilhá-lo (Nonaka & Takeuchi, 1997; Brown & Duguid, 1998), assim como a ausência da capacidade de transferência e de utilização do conhecimento fará com que o conhecimento não tenha um efeito positivo nos resultados, apesar de poder estar disponível na empresa (Hurley & Hult, 1998). ❖Logo, quanto maior a capacidade de transferir e replicar conhecimento dentro de uma organização, maior será o valor criado pelo conhecimento (Tanriverdi, 2001; Strach & Everett, 2006), mesmo que seja muito complicada, quer através dos diferentes níveis organizacionais (Inkpen & Dinur, 1998), ou através de diferentes unidades de negócio (Szulanski, 1996). Conceitos sobre a Transferência de Conhecimento ❖No ambiente empresarial de hoje, globalizado (Choo, 2003) onde as empresas são pressionadas a entregar retornos financeiros em ciclos trimestrais, incorporar uma orientação de longo prazo para as atividades cujo valor do conhecimento é intangível ou não facilmente mensurável, representa um enorme desafio para a “knowledge transfer (KT)” que tem sido definida como o movimento de conhecimento entre sua origem e destino dentro de um contexto específico (Grover & Davenport, 2001; Lakomski,2003), podendo ocorrer através de mecanismos formais ou informais (Ernst & Kim, 2002) e resultando em inovação e desempenho econômico (Birley, 1985; Burt, 1992; Goes e Park, 1997; Granovetter, 1973; Hall, 1982; Jenssen, 1999;Minzberg, 1979; Tushman, 1977; Tushman & Scanlan, 1981). Transferência de Conhecimento na Prática ❖Segundo (Loureiro, 2003, p. 72-73), para transformar o conhecimento em ativo organizacional com valor, “o conhecimento, a experiência e a perícia devem ser formalizados, distribuídos e aplicados”, pois os colaboradores não absorvem apenas o conhecimento externo, como criam novo conhecimento na organização (Cohen & Levinthal, 1990). ❖O êxito da transferência do conhecimento (Silva & Neves, 2003, p. 194) é determinado pelos “valores, normas e padrões de comportamento que incorporam a cultura organizacional mais do que pelas ferramentas proporcionadas pela tecnologia, embora estas sejam essenciais, em particular no caso de organizações grandes e complexas”. Transferência de Conhecimento na Prática ❖ (Hansen et al, 2000, p. 56) referem-se que há duas estratégias base seguidas pelas organizações para partilharem o seu conhecimento: a codificação - compilação e armazenamento, com o uso das tecnologias de informação disponíveis, de todo o conhecimento existente na organização - e a personalização - determinado conhecimento seja preciso, este esteja disponível em bases de dados que estejam acessíveis para quem as queira usar - onde o conhecimento é possuído pelas pessoas. ❖ (Davenport & Prusak, 1998, pp. 88-91) definem que a melhor forma de transferir conhecimento é contratar gente inteligente e deixá-la conversar entre si sem esquecer a cultura, considerado como fundamental e estratégico nesse processo (Sveiby 1997a, pp. 48-49; Davenport & Prusak 1998, p. 92). ❖(Zand, 1997) afirma que as culturas burocráticas têm inerente uma falta de confiança e geralmente falham em recompensar e promover a cooperação e a colaboração. Transferência de Conhecimento na Prática Transferência de Conhecimento na Prática ❖Na transferência de conhecimento sob a perspectiva de rede, (Fleury; Oliveira Junior; Child, 2001) apontam a participação dos atores focalizadores em atividades que se relacionam com a socialização, tais como visitas a outras unidades reconhecidas como “centros de excelência”, reuniões de equipes funcionais e períodos de treinamentos de média duração (algumas semanas). ❖Participar de comunidades em rede permite ampliar a capacidade de coleta e análise rápida de dados, filtrando o que é relevante através de contato regular de um determinado grupo que compartilhe os mesmos interesses (Allen ,1997; Mcdermott, 1999; Grupta & Govindarajan, 2000; Storck & Hill, 2000). ❖(Wenger, 1998) conceitua comunidades de prática como agrupamentos de pessoas com idênticos interesses profissionais e que formam redes abertas, informais e sem fronteiras, com o propósito de compartilhar conhecimento associado à sua prática. Elas formam um empreendimento conjunto continuamente renegociado entre os membros – no qual o engajamento mútuo gera vínculos e forma uma entidade social – e produzem um repertório compartilhado de rotinas, sensibilidades, artefatos, vocabulário, estilo e benefícios. Transferência de Conhecimento na Prática Para (Nonaka & Konno, 1998) o “Ba” é outra forma de criar e também de transferir o conhecimento, um espaço compartilhado para as relações emergentes, seja individual ou coletivo, podendo ser um espaço físico (um escritório, espaço de negócios), virtual (um e-mail, uma teleconferência, etc.), mental (das experiências compartilhadas, das ideias, dos ideais) ou uma múltipla combinação destas. Transferência de Conhecimento na Prática Transferência de Conhecimento na Prática Barreiras para Transferência de Conhecimento Barreiras para Transferência de Conhecimento (Zander & Kogut, 1992) apresentam a questão da linguagem profissional como uma barreira à transferência do conhecimento, principalmente quando o conhecimento é transferido entre diferentes grupos funcionais, como, por exemplo, a área de P&D e a produção. (Al-Ghassani et al., 2006) reforçam que a dispersão geográfica entre os elementos que compõem o processo de transferência de conhecimento - bases de conhecimentos, fontes de conhecimentos e usuários - é apontada como outra barreira que requer uma coordenação central da organização. ❑(Coleman, Davenport & Prusak, 1998, p. 97) apresentam vários inibidores da transferência de conhecimento: falta de confiança, que pode ser corrigido com encontros que levem à construção de relações e ao aumento de confiança; culturas, vocabulários e quadros de referência diferentes, sendo necessária a construção de um quadro de referência comum, através da formação, discussão, trabalho em equipe e rotação de tarefas; falta de tempo e de locais de reunião, e existência de ideias defasadas acerca do trabalho produtivo; status e recompensas vão para os detentores de conhecimento e não para quem o partilha; falta de capacidade de absorção nos receptores, crença de que o conhecimento é prerrogativa de grupos particulares e síndrome “não foi inventado aqui”; intolerância pelos erros e pela necessidade de ajuda. Barreiras para Transferência de Conhecimento BUSCA PELA INOVAÇÃO INOVAÇÃO COMO FERRAMENTA COMPETITIVA BUSCA PELA INOVAÇÃO BUSCA PELA INOVAÇÃO BUSCA PELA INOVAÇÃO A PARTIR DAS RELAÇÕESUNIVERSIDADE-EMPRESA RUE – Relações universidade-empresa Motivações para as empresas interagirem com universidades Motivações para as empresas interagirem com universidades Motivações para as empresas interagirem com universidades O processo de transferencia de conhecimento A COOPERAÇÃO LST – ELECTROLUX A Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) é uma universidade situada na cidade de Curitiba, PR, criada em 14 de março de 1959 AB Electrolux é uma fabricante de eletrodomésticos multinacional sueca, fundada no dia 1 de agosto de 1919 e com sede em Estocolmo, Suécia. ❑Em 1997, a partir da aquisição de uma câmara climatizada para apoio das aulas de laboratório da disciplina de Sistemas Térmicos do curso de graduação em Engenharia Mecânica, a docente responsável pela disciplina deu o início à formação de um novo laboratório, o LST (Laboratório de Sistemas Térmicos www.pucpr.br/lst). ❑Em 1999 foi criado o Parque Tecnológico na PUCPR, com o objetivo tanto educacional como de prestação de serviço e criação da primeira estrutura de pesquisa para seus cursos. Esse parque engloba os cursos de Engenharia Mecânica, Civil, Mecatrônica, de Produção, Informática, Sanitária, Química, de Alimentos, de Computação e Elétrica, além de programas de pós-graduação em Engenharia Mecânica, Informática Aplicada e Produção e Sistemas; possui 78 laboratórios e uma área total de 16.835,87 m2. Laboratório de Sistemas Térmicos – LST/PUCPR Parque Tecnologico da PUCPR ✓Como os ambientes de desenvolvimento de produtos estão sujeitos ao ritmo imposto pelas exigências crescentes do mercado consumidor e da concorrência, percebeu-se a necessidade de agilizar o ciclo de projetos, por meio do emprego de ferramentas avançadas para ensaios de protótipos. Os produtos situados na vasta categoria de sistemas térmicos, em particular, apresentam a preocupação com a eficiência, que vem sendo amplificada nos últimos tempos pelos temores bem fundamentados quanto à crescente demanda de energia elétrica associada ao baixo crescimento de sua oferta. ✓Dentro desse contexto, foi construído, no LST, um sistema integrado para ensaios de avaliação de desempenho de sistemas térmicos. A parte principal desse sistema integrado é uma câmara climatizada de testes, capaz de simular ambientes diversos em seu interior, com temperatura e umidade relativa controlada. Consiste num compartimento de 2,5m x 3,5m x 3,0m, cujo fornecimento de ar nas condições desejadas é conseguido por meio de um sistema de ar condicionado composto de duas unidades condensadoras externas a Câmara, com capacidade total de 29800 BTU/h, que opera na faixa de –10ºC a 60ºC. • Desse modo, em 1998, sendo o consumo de energia uma área estratégica no Brasil, elaborou-se o projeto de pesquisa: Estudo de Redução de Consumo de Energia em Sistemas Domésticos de Refrigeração, que foi submetido ao programa RHAE (Recursos Humanos em Áreas Estratégicas) do CNPq e tendo seu início aprovado em fins de 1998 com liberação de recursos em janeiro de 1999. •O projeto inicialmente foi programado para um período de dois anos. Seu principal objetivo era realizar estudos focados na redução de consumo de energia em sistemas domésticos refrigerados. Dentro deste estudo, duas linhas principais de atuação: A primeira tratava de desenvolvimento e aperfeiçoamento do aparato experimental para a realização de ensaios de consumo de energia segundo a norma ISO e a segunda linha foi direcionada ao desenvolvimento de ferramentas computacionais, tanto para a aquisição de dados junto ao aparato experimental como para o desenvolvimento de um programa de simulação para análise de desempenho térmico e energético de produtos novos ou existentes. •A aprovação do projeto forneceu ao laboratório os recursos humanos qualificados necessários para impulsionar suas atividades por meio de três bolsas para engenheiros (DTI – Desenvolvimento Tecnológico Industrial) e quatro para estudantes de cursos de engenharia (ITI – Iniciação Tecnológica Industrial). As bolsas DTI´s do CNPq são destinadas a possibilitar o fortalecimento da equipe; da instituição, por meio da agregação temporária de profissionais sem vínculo empregatício, necessários à execução do projeto. Por outro lado, as bolsas ITI´s são destinadas a estimular o interesse pela pesquisa e desenvolvimento tecnológico em estudantes de 2º e 3º grau e de escolas técnicas, bem como de técnicos de nível médio com até três anos de formados, por meio de sua participação no projeto institucional. •Nesse período, devido ao interesse da Electrolux do Brasil em estudos de redução de consumo de energia de seus produtos, iniciou-se uma troca de informações entre a empresa e o laboratório que culminaria no projeto de pesquisa cooperativa ❑Atualmente o LST ocupa uma área de 125 m , dividido em duas unidades (LST1 e LST2); sua infra-estrutura, em termos de equipamento, soma um montante de cerca de US$ 330.000. O LST pode ser representado pelo grupo de pesquisa cadastrado no CNPq que recebe o mesmo nome do laboratório e que, nos últimos dois anos, publicou 39 artigos em congressos nacionais e internacionais, 2 em periódicos nacionais e 6 em periódicos internacionais especializados. O caso descrito, fruto da colaboração entre PUCPR, CNPq/RHAE e Electrolux do Brasil, permitiu o desenvolvimento de pesquisas que promoveram consideráveis reduções no consumo de energia de refrigeradores domésticos pelo aperfeiçoamento tecnológico dos produtos, o que foi relevante não somente para a competitividade de uma das parceiras, como também conduziu a resultados para a universidade e para a economia nacional por meio da pesquisa na área de conservação de energia no setor residencial.
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