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1 COMPONENTE CURRICULAR: TECNOLOGIA DOS ALIMENTOS INSTRUTORA: PROFª. LÍVIA MOTTA 1. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA TECNOLOGIA DOS ALIMENTOS. Qualquer método ou técnica de processamento de alimentos envolve uma combinação de procedimentos ou operações unitárias que modificam as características da matéria-prima. Atualmente, os consumidores não desejam apenas um alimento com uma ampla vida de prateleira e sem necessidade de refrigeração: também demandam produtos fáceis de preparar, prontos para o consumo, gostosos e atrativos. Além disso, observa-se uma demanda crescente por alimentos mais saudáveis e naturais. Objetivos de aprendizagem Definir os principais conceitos relativos aos alimentos e à sua industrialização. Explicar os objetivos do processamento de alimentos e os fatores que contribuíram para o desenvolvimento da tecnologia de alimentos. Discutir sobre as áreas do conhecimento relacionadas à tecnologia de alimentos. Conceitos básicos A indústria de alimentos vem enfrentando novos desafios para que o processamento de alimentos contemple as exigências dos consumidores e da legislação vigente. Assim, é importante dominar alguns conceitos (listados a seguir) quando se estuda o processamento dos alimentos. Cabe destacar que, para cada conceito, existem diversas definições que surgiram ao longo dos anos. Alimentos O Decreto-Lei n. 986, de 21 de outubro de 1969, define alimento como toda substância ou mistura de substâncias, no estado sólido, líquido, pastoso ou qualquer outra forma adequada, destinada a fornecer ao organismo humano os elementos normais, essenciais a sua formação, manutenção e desenvolvimento (BRASIL, 1969). Dessa forma, os alimentos podem ser entendidos como produtos de composição complexa que, em estado natural, processados ou cozidos, são consumidos pelo homem como fonte de nutrientes e para sua satisfação sensorial. Nutrientes Os nutrientes são substâncias contidas nos alimentos e utilizadas pelo organismo. Este transforma e incorpora os nutrientes aos seus próprios tecidos para cumprir três finalidades básicas: • O aporte de energia necessária para manter a integridade e o perfeito funcionamento das estruturas corporais. 2 • A provisão dos materiais necessários para a formação dessas estruturas. • O suprimento das substâncias necessárias para regular o metabolismo. Os nutrientes encontrados nos alimentos são os carboidratos, as gorduras, proteínas, minerais e vitaminas. Ciência dos alimentos A ciência dos alimentos pode ser entendida como a disciplina que utiliza as ciências biológicas, físicas, químicas e a engenharia para o estudo da natureza dos alimentos, das causas de sua alteração e dos princípios em que se assenta o processamento dos alimentos. Objetivos Pode-se afirmar que a principal função da tecnologia de alimentos é fazer todos se alimentarem diariamente de forma nutritiva e saudável. Para que isso aconteça, devem ser superados diversos obstáculos relacionados à perecibilidade dos alimentos e à sua distribuição para que cheguem a todos os lugares habitados, além de serem produzidos em quantidade suficiente para atender à crescente demanda. Dessa forma, os principais objetivos da tecnologia de alimentos são: • Garantir o abastecimento de alimentos nutritivos e saudáveis. • Aumentar a vida de prateleira dos alimentos. • Garantir a inocuidade dos alimentos. • Diversificar os alimentos para que o consumidor possa dispor de ampla variedade. • Obter o máximo de aproveitamento dos recursos nutricionais do planeta e de forma sustentável. • Buscar novas fontes de matérias-primas ou novas formas de obtê-las. • Preparar alimentos para indivíduos com necessidades nutricionais especiais. • Apresentar ao consumidor produtos apetitosos e atrativos. Desenvolvimento da tecnologia de alimentos Diversos fatores contribuíram para o desenvolvimento da tecnologia de alimentos. Alguns tiveram grande influência, como a necessidade de aumentar a produção, e outros fatores tiveram menor influência, mas todos foram responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia de alimentos, que continua evoluindo. Aumento na demanda de alimentos O aumento na demanda alimentos é consequência do maior consumo devido ao crescimento demográfico. Há também um incremento na utilização de alimentos industrializados ocasionado pela urbanização e por mudanças nas condições sociais e de trabalho. Assim, a necessidade de aumentar a produção e o aproveitamento de matérias-primas diversas contribuiu 3 para o surgimento de novas técnicas, que possibilitaram a maior produção de alimentos. Novos conhecimentos e novas tecnologias A evolução da ciência gerou novos conhecimentos nas diversas áreas relacionadas a alimentos e proporcionou o uso de novas tecnologias. Podem ser citados como exemplos: • Uso de novos materiais em embalagens. • Conhecimentos relacionados às causas de deterioração dos alimentos. • Aprimoramento de métodos antigos de conservação, como a desidratação. • Desenvolvimento de novas tecnologias, como o aquecimento ôhmico. Mudanças no perfil dos consumidores As necessidades e as exigências dos consumidores têm evoluído ao longo dos anos, provocando adaptações na produção de alimentos. Por exemplo, a falta de tempo para elaborar alimentos nas residências tem aumentado a demanda por produtos prontos para o consumo. Além disso, a preocupação com a saúde e com os aspectos nutricionais dos alimentos tem provocado o desenvolvimento de novas tecnologias para minimizar perdas de nutrientes e utilização de aditivos. Estudos realizados no Brasil indicam as seguintes tendências na alimentação: • Conveniência e praticidade • Confiabilidade e qualidade • Palatabilidade e prazer • Saudabilidade e bem-estar • Sustentabilidade e ética. Concorrência comercial A disputa entre os fabricantes pela preferência de seus produtos gerou, no âmbito da tecnologia de alimentos, processos originais e inovações nos diferentes aspectos relacionados à produção, ao transporte e ao armazenamento dos produtos. De forma geral, as mudanças podem estar relacionadas ao desenvolvimento de produtos mais atraentes para o consumidor, com qualidade superior à da concorrência, ou produtos com preços mais baixos. Outros fatores Outros fatores também têm sido importantes para o desenvolvimento da tecnologia de alimentos. Um dos grandes impulsos foram as guerras, quando houve a necessidade de alimentar as tropas utilizando alimentos que pudessem ser transportados por longos períodos e que fossem seguros, alavancando o desenvolvimento de métodos de conservação. Também foram importantes a corrida espacial e a consequente necessidade de produzir alimentos de alta qualidade, nutritivos, apetitosos, de fácil preparo e consumo e sem riscos à saúde. Mais recentemente, a 4 preocupação com as mudanças climáticas e suas consequências na produção de alimentos também alavancou diversas pesquisas, contribuindo para o desenvolvimento da tecnologia de alimentos. Áreas A tecnologia de alimentos se baseia em quatro grandes áreas de conhecimento. Cada uma dessas áreas será abordada sinteticamente a seguir. Ciências físicas e químicas As ciências físicas e químicas permitem conhecer as transformações que ocorrem durante a colheita, o processamento e o armazenamento dos alimentos, e controlá-las para manter a qualidade dos produtos. A química também é utilizada para mensurar os constituintes dos alimentos e suas reações, fazendo, assim, parte do controle de qualidade laboratorial. Ciências biológicas As ciências biológicas possibilitam a obtenção de matérias-primas mais favoráveis, como a criação de animais e a obtenção de vegetais de qualidade superior e em maiores quantidades. Podem ser citados como exemplos: • Seleção de sementes • Adaptação de plantas • Hibridização • Engenharia genética • Métodos especiaisde cultura A biologia também proporciona maneiras de controlar ou eliminar os micro-organismos indesejáveis (os patogênicos, causadores de doenças; e os deteriorantes, aqueles que provocam a deterioração dos alimentos). Ela fornece os subsídios para o conhecimento dos processos de alterações microbiológicas e dos princípios de diversas técnicas de conservação dos alimentos. A microbiologia também é utilizada na produção de alimentos fermentados, melhorando, em muitos casos, as características sensoriais e a vida de prateleira. Nutrição A nutrição oferece bases para se conhecer as vantagens da presença de determinados nutrientes nos alimentos, seus efeitos no organismo e suas interações com ele. Engenharia A engenharia estuda as fases do processamento da matéria-prima por meio dos conceitos das operações unitárias (filtração, refrigeração, desidratação, destilação, etc.) e princípios da engenharia. Fornece as bases para a elaboração de produtos por meio dos projetos estruturais, de equipamentos e do desenvolvimento de embalagens. 5 APLICAÇÕES A relevância da tecnologia de alimentos está no desenvolvimento de métodos e processos que possam reduzir as perdas e também aumentar a disponibilidade de alimentos sem abrir mão da qualidade. Há muita dificuldade em quantificar as perdas na cadeia produtiva, mas sabe-se que grande parte dos alimentos dos países de baixa renda é perdida no campo, no processamento ou na distribuição, chegando a valores próximos de 40% em algumas regiões do planeta. Além disso, estima-se que, se metade das perdas de alimentos no armazenamento fosse evitada, haveria calorias suficientes para satisfazer a dieta de 500.000 pessoas. Estas são as principais aplicações da tecnologia de alimentos: • Aumentar a vida útil dos produtos alimentícios. • Facilitar o armazenamento dos alimentos. • Obter o máximo de aproveitamento dos recursos nutritivos existentes atualmente no planeta. • Procurar fontes até agora pouco ou não exploradas. • Aumentar o valor nutritivo dos alimentos pela inclusão de nutrientes (proteínas, vitaminas, minerais, etc.). • Elaborar produtos para indivíduos com necessidades nutricionais especiais, como diabéticos, bebês e crianças pequenas, idosos, atletas, celíacos, intolerantes à lactose, etc. • Desenvolver produtos prontos, semiprontos e de fácil elaboração. • Conseguir uma distribuição mais uniforme dos alimentos durante todas as estações e épocas do ano. • Melhorar as qualidades sensoriais por meio do uso de aditivos ou novas tecnologias. • Desenvolver embalagens mais resistentes, seguras e ecologicamente corretas. • Obter alimentos seguros quanto às condições higiênico-sanitárias e sua inocuidade, diminuindo riscos à saúde do consumidor. • Diminuir custos de produção por meio de mudanças nas matérias-primas ou processos. 2. IMPORTÂNCIA DOS MÉTODOS DE AQUISIÇÃO, SELEÇÃO E ARMAZENAMENTO DE ALIMENTOS. O cuidado na hora do recebimento dos gêneros e o armazenamento adequado são de grande relevância para garantir a preservação das características dos alimentos e manter a sua segurança sanitária. IMPORTANTE OBSERVAR 1- NO RECEBIMENTO Data e horário do recebimento e da reposição ou troca: 6 A entrega dos gêneros deve ocorrer na data estabelecida pela Unidade, no horário de 7 às 16 horas. A reposição ou troca, quando necessária, deve ocorrer em até 24h após a entrega. Como deve ser a área de recebimento? Esta área deve ser limpa e oferecer condições para uma adequada conferência (análise das embalagens e pesagem do gênero). É imprescindível ter balança e monoblocos limpos para organizar os gêneros. Características gerais do fornecedor O veículo deve ser tipo baú fechado, sendo refrigerado para as carnes e laticínios, apresentando condições adequadas de higiene e manutenção. O entregador deve estar com uniforme completo e limpo e apresentar asseio pessoal. Deve respeitar as normas da UE e ser atencioso com seus funcionários. No ato de recebimento dos gêneros, devem ser conferidas: Notas Fiscais • O nome da empresa e o local de entrega; • A data da Nota Fiscal; • A marca e a especificação dos gêneros; • A quantidade em pesos e medidas. Características gerais dos gêneros • Marca: deve ser a mesma da Nota Fiscal e constar da Relação Mensal de Marcas (RMM) aprovadas pelo INAD; • Especificação: deve atender ao descrito no Descritivo de Gêneros Alimentícios (DGA). Obs.: A RMM e o DGA devem estar sempre acessíveis. • Embalagem: íntegra, limpa e com rótulo. Muita atenção ao prazo de validade. As caixas fechadas contendo gêneros devem ser abertas para a conferência e descartadas; • Quantidade: descrita no pedido e na Nota Fiscal. No caso de hortifruti e carnes é necessário a pesagem sem a embalagem secundária (caixas). Qualidade dos gêneros • Os gêneros devem estar acondicionados em embalagens íntegras, sem a presença de elementos estranhos, manchas ou odor não característicos; • Hortifruti com maturação adequada, frescos e íntegros. O tamanho dos gêneros deve atender à especificação (tamanho médio); • As carnes, aves e peixes devem estar congelados, em embalagens lacradas e rotuladas (SIF, origem e validade) e corresponder ao tipo de corte solicitado, apresentando odor e coloração característicos. 7 Produtos reprovados devem ser devolvidos no ATO do recebimento. 2- NO ARMAZENAMENTO Os locais destinados à estocagem devem estar rigorosamente limpos, sem resíduos de alimentos, sujeira ou materiais fora de uso. Como estocar • Retirar os gêneros alimentícios da embalagem secundária, como caixas de papelão, sacos de papel ou caixotes; • Armazenar os alimentos agrupando por tipo (cereais, leguminosas, farinhas, enlatados...), em prateleiras ou pallets, afastados pelo menos a 10cm da parede e 25cm do piso; • O empilhamento dos produtos deve ser alinhado e em altura que não prejudique as suas características; • Os gêneros alimentícios que necessitam de refrigeração devem ser armazenados respeitando a informação do fornecedor contida na rotulagem quanto à temperatura, observando-se o espaçamento mínimo necessário para a circulação de ar; • Os gêneros que tiverem a data de validade mais próxima deverão ser posicionados na frente ou por cima dos demais. NUNCA UTILIZAR PRODUTOS VENCIDOS; • As frutas mais maduras e os folhosos deverão ser armazenados sob refrigeração; • Os ovos deverão ser armazenados preferencialmente sob refrigeração. Quando não houver disponibilidade de espaço em refrigerador, armazenar em temperatura ambiente por no máximo 7 dias. Após este prazo, guardar obrigatoriamente na refrigeração. • Alimentos, caixas e recipientes com alimentos NÃO devem estar em contato com o piso. Cuidados no armazenamento • Após o recebimento os gêneros alimentícios, principalmente os “perecíveis” devem ser armazenados o mais rápido possível; • Os gêneros alimentícios que não forem utilizados na totalidade contida na embalagem, devem ser adequadamente fechados e etiquetados com a data de abertura e de validade (seguir a orientação do fabricante indicada na embalagem); • NUNCA utilizar recipientes de produtos de limpeza para acondicionar alimentos; • As portas das geladeiras e freezers devem ser mantidas fechadas. - Quando houver acúmulo de gelo (exceder 1 cm) os equipamentos de 8 refrigeração devem ser descongelados para não prejudicar o seu funcionamento. • Refrigeradores e freezers = abertos o mínimo de vezes possível No armazenamento em geladeira observar a seguinte ordem: • Prateleiras superiores: alimentos prontos para consumo devidamente cobertos; • Prateleiras do meio: alimentos semiprontos e/ou pré-preparados tampados; • Prateleiras inferiores: alimentos crus (carnes, verduras não higienizadas etc.), separados entre si e de outros produtos. • A porta da área de armazenamentodeve ser mantida FECHADA. • Os alimentos não devem ficar armazenados junto a produtos de limpeza, químicos ou descartáveis. 3. EMPREGO DE ADITIVOS ALIMENTARES E CONSERVANTES QUÍMICOS. A indústria alimentícia utiliza-se de uma série de aditivos alimentares para a produção dos alimentos, a fim de conferir maior tempo de validade a seus produtos e maior atratividade ao consumidor, impactando a lucratividade. No entanto, a ingestão de aditivos alimentares em excesso não é recomendada por especialistas em saúde. Os conservantes, por exemplo, têm o objetivo inibir a ação de agentes decompositores durante o maior tempo possível nos alimentos das prateleiras dos supermercados; os antioxidantes, evitam a oxidação e o escurecimento dos produtos; os corantes, aromatizantes, estabilizantes, antiespumantes, espessantes, geleificantes, entre outros, alteram as características do alimento de modo que se tornem mais atraentes. A característica mais fácil de ser alterada é a cor, pois, a maioria dos processamentos utiliza o calor (altas temperaturas). Um exemplo é o leite que ao ser fervido fica mais escuro. O sal é um dos primeiros aditivos existentes, era utilizado principalmente para conservar carnes (charque). Outros exemplos são o açúcar e os ácidos. Atualmente, existem 3.500 aditivos alimentares. Segundo a portaria nº 540, de 27 de outubro de 1997, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os aditivos alimentares são definidos como: “todo e qualquer ingrediente adicionado intencionalmente aos alimentos sem o propósito de nutrir, com o objetivo de modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais, durante a fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação de um alimento”. 9 CLASSIFICAÇÃO DOS ADITIVOS 1. Corante: a substância que confere ou intensifica a cor dos alimentos. 2. Flavorizante: a substância que confere ou intensifica o sabor e o aroma dos alimentos e aromatizante a substância que confere ou intensifica o aroma dos alimentos. 3. Conservador ou Conservantes: a substância que impede ou retarda a alteração dos alimentos provocado por micro-organismos ou enzimas. 4. Antioxidante: a substância que retarda o aparecimento de alteração oxidativa nos alimentos. 5. Estabilizante ou Emulsificantes: a substância que favorece e mantém as características físicas das emulsões e suspensões. 6. Espumífero e antiespumífero: a substância que modifica a tensão superficial dos alimentos líquidos. 7. Espessante: a substância capaz de aumentar nos alimentos a viscosidade de soluções emulsões e suspensões. 8. Edulcorante: a substância orgânica artificial, não glicídio, capaz de conferir sabor doce aos alimentos. 9. Umectante: a substância capaz de evitar a perda da umidade dos alimentos, manter alimento úmido. 10. Antiumectante: a substância capaz de reduzir as características higroscópicas dos alimentos, reduzir a umidade. 11. Acidulante: a substância capaz de comunicar ou intensificar o gosto acídulo dos alimentos. Os perigos de alguns aditivos • Ácido benzoico e benzoatos, que são encontrados em muitos alimentos frescos como ervilhas, bananas e frutas vermelhas como o morango e a amora; os benzoatos causam reações adversas em alguns indivíduos. • Os nitratos e nitritos eliminam as bactérias que causam o botulismo, uma forma letal de envenenamento alimentar, e conservam a cor vermelha da carne. Os nitritos podem reagir com outras substâncias químicas no intestino para formar as nitrosaminas, que podem causar câncer em animais experimentais, embora não haja evidência que façam o mesmo em humanos. Conclusão Com o desenvolvimento da tecnologia e a necessidade cada vez maior das pessoas trabalharem fora de casa, a rotina doméstica precisou ser adequada às necessidades. Com isso, os alimentos industrializados começaram a ser consumidos cada vez mais, tornando-se necessário uma modificação na sua composição. 10 Existem diversos tipos de aditivos. Muitos consumidos em grandes quantidades e que podem até causar doenças, mas o homem não pode deixar de utilizar esse conforto que a tecnologia nos traz e a vida moderna necessita. O que deve-se ter consciência é de como utilizar de maneira adequada esses alimentos com aditivos. 4. TECNOLOGIA DOS ALIMENTOS E A SAÚDE PÚBLICA. O Direito a Saúde: a indústria de alimentos e seus efeitos na saúde pública. • Autoria de Daniela Freitas, graduanda em Direito e coordenadora de ensino da LAAD. Diálogos e preocupações sobre a saúde fazem parte de um dos centros da vida dos indivíduos, não é sem razão, que o desejo por uma “boa saúde” está na ponta da língua de muitos e em vários dizeres populares: “desejo a você muita saúde e alegria”, “se você tem saúde, tens o mais importante”, ou até mesmo aquele pedido especial no final do ano para iniciar o próximo com muita saúde e que provavelmente ao longo da vida tivemos a oportunidade de ouvir e até mesmo dizer por muits vezes. Fato é que, uma das maiores conquistas da humanidade é o aumento da longevidade e da qualidade de vida das pessoas, proporcionados pelo avanço nos cuidados com a saúde e pela notória evolução nas áreas da pesquisa científica para descobrir antídotos contra várias moléstias e vírus. Todos esses tópicos que envolvem diálogos sobre uma “saúde melhor” delimitam um desejo humano coletivo. Nesse contexto, é válido lembrar da crise de saúde pública vivenciada pela população brasileira em 1685, com a chegada da Febre Amarela e que ensejou várias pesquisas categóricas em relação a sua transmissão, até que no século XX, foi alcançada uma vacina específica para prevenção e formas de controle à doença para eliminar as chances de morte do indivíduos infectados. Diante disso, a indústria alimentícia desempenha um papel relevante com a evolução da qualidade de vida humana, principalmente, porque a cura ou o controle de várias doenças estão aliados a uma alimentação in natura, ou seja, aquela alimentação balanceada, rica em nutrientes. Porém, ao analisar a perspectiva do desempenho da Indústria alimentícia e a saúde da população em geral, o cenário não é nem um pouco positivo, já que não parece, justamente, saudável. Segundo Maria Lúcia Teixeira Polônio e Frederico Peres, em um artigo publicado pelo Scielo, com o tema – Consumo de aditivos alimentares e efeitos à saúde: desafios para a saúde pública brasileira – destacaram que: “A mudança no hábito alimentar da população brasileira, ocorrida nas últimas décadas, tem atraído a atenção dos órgãos reguladores e da comunidade 11 científica como um todo, pois a substituição de alimentos in natura por alimentos processados vem contribuindo de forma contundente para o empobrecimento da dieta”. Conseqüentemente, tal fato contribui, também, para o aparecimento de doenças crônicas não-transmissíveis, responsáveis, principalmente, pelas doenças do aparelho circulatório, diabetes e neoplasias, resultado das modificações no padrão de adoecimento global na segunda metade do século: “(…) Além de a dieta ter sofrido modificações ao longo do tempo, a tecnologia aplicada pela indústria de alimentos com o intuito de aumentar o tempo de vida útil desses produtos tem gerado questionamentos quanto à segurança do emprego de aditivos alimentares, fundamentalmente quando se trata de corantes artificiais.” Além disso, a SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) divulgou em seu site uma matéria, com o tema: “Brasil registra aumento de 60% no número de diabéticos e de obesos em 10 anos”, no qual denotou que em relação a população Mundial há cerca de 387 milhões de diabéticos, sendo que o Brasil corresponde a 13 milhões e que as perspectivas, não são nem um pouco animadoras e evidencia o aumento desse número mais de 150% em 2035. Nesse sentido, essa situaçãode saúde frágil vivenciada pela humanidade é muito controversa com a perspectiva de uma população saudável diante das evoluções tecnológicas e pesquisas para aumentar a qualidade de vida da população, desde a primeira Revolução Industrial em 1760 – cujo marco foi o aparecimento da Indústria e das máquinas a vapor – até a Terceira Revolução Industrial em meados do século XX até XXI – impulsionou o aparecimento de computadores, a engenharia genética, o celular e etc. O retrocesso da saúde pública está diretamente relacionado à perspectiva do estilo de vida da sociedade contemporânea, visto que um dos efeitos da globalização sem o devido controle é basicamente um ciclo vicioso de consumo e produção, no qual, o tempo tornou-se escasso em razão do objetivo de produzir mais em menor período a fim de possibilitar um consumo em abundância. Logo, atividades como cozinhar em casa ganharam um papel secundário, levando as pessoas, ou por estarem cansadas de seus trabalhos ou por falta de tempo, a recorrer aos alimentos industrializados. Em contrapartida, outro fator para essa questão da saúde pública, reside no fato das indústrias alimentícias, para manter o padrão de baixo custo nas produções e nas vendas de seus produtos, socorrer-se aos processados, e produtos artificiais, ou seja, transformando o alimento in natura para outro geneticamente modificado, cuja perspectiva negativa em relação aos efeitos de seu consumo para a saúde humana é muito bem mascarada pelo estímulo 12 do marketing e propagandas. Nesse sentido, segundo Polônio e Teres: “Atualmente, vem se observando que paralelamente ao consumo dos alimentos básicos há a introdução de produtos industrializados, a partir do estímulo do marketing das indústrias, com destaque para o consumo de macarrão instantâneo, achocolatados, iogurtes, biscoitos recheados, biscoitos salgados e refrescos. Os anúncios de televisão estimulam a compra de certos alimentos normalmente de alta densidade energética (sacarose e gorduras trans e saturadas) e de baixo valor nutritivo. Além disso, grande parte desses produtos contém aditivos alimentares, principalmente corantes, conservadores e antioxidantes artificiais, que podem trazer riscos à saúde.” O Brasil, em sua Constituição Federal de 1988, denota um espaço exclusivo para a saúde, discorrido nos artigo 196 a 200, no qual em seu artigo 196 e 197 denota o seguinte texto: “Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.” Visto isso, é notório que a questão da saúde pública deve ser, de fato, encarada como um direito, no qual apresenta sua aplicabilidade quando é assegurada mediante fiscalização através da administração pública e seus respectivos gestores em qualquer matéria a seu respeito que está em risco, aplicando sanções e deliberações relacionados a fim de garantir o bem comum . Entretanto, a vitimização de boa parte dos indivíduos frente ao cenário negativo da saúde pública é um equívoco. Porque, o estilo de vida de cada pessoa é construído através de hábitos e por escolhas. Assim, segundo Polônio e Teres: “O comportamento alimentar dos indivíduos corresponde não só aos hábitos alimentares, mas também às práticas de seleção, aquisição, conservação e preparo relativas à alimentação. Tem suas bases na infância, transmitidas pela família e sustentadas pelas tradições, crenças e tabus que passam de geração em geração.” A temática, direito a saúde: Os efeitos da indústria alimentícia na saúde pública é uma questão de consciência coletiva, embora, saber o que se “coloca à mesa” é dever e escolha de cada um, não deixa de ser uma questão coletiva. Pois, aqueles que fornecem os produtos e quem os consomem são responsáveis pela maturidade alimentar das futuras gerações. Dessa forma, muitas vezes, o lucro não está em quanto tempo 13 produziu e o tanto que ganhou, mas sim na responsabilidade de frutificar uma consciência sucessiva às gerações. Ampliando a perspectiva, é possível vislumbrar também que não se trata apenas de cuidar e ampliar a qualidade de vida, mas de zelar pelo bem valioso que é a Vida. REFERÊNCIAS BVSMS. HISTÓRIA DA FEBRE- AMARELA NO BRASIL. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/0110histori a_febre.pdf. Acesso em: 31 mar. 2020. PERES, M. L. T. P. F. Consumo de aditivos alimentares e efeitos à saúde: desafios para a saúde pública brasileira . Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, 2009. 8, p.1, abri./2009/ Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.phpscript=sci_arttext&pid =S0102-311X2009000800002>. Acesso em: 31 mar. 2020. SCIELO. Consumo de aditivos alimentares e efeitos à saúde: desafios para a saúde pública brasileira. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid =S0102-311X2009000800002. Acesso em: 31 mar. 2020. SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA. Brasil registra aumento de 60% no número de diabéticos e de obesos em 10 anos. Disponível em: https://www.sbcbm.org.br/brasil-registra-aumento-de- 60-no-numero-de-diabeticos-e-de-obesos-em-10- anos/. Acesso em: 31 mar. 2020. 5. TÉCNICAS DE CONSERVAÇÃO E ARMAZENAMENTO DE ALIMENTOS. Os métodos de conservação de alimentos permitem que se possa guardá-los para uso futuro sem que se estraguem. Os homens pré-históricos secavam a comida ao sol ou guardavam-na em cavernas frescas. Atualmente ainda se usa a secagem (desidratação) e o resfriamento (refrigeração) para preservar os alimentos. No entanto, a ciência desenvolveu outros métodos de preservação dos alimentos. Entre esses métodos estão o enlatamento, o congelamento rápido, a adição de produtos químicos, a liofilização e a irradiação. Graças aos métodos de conservação dos alimentos, as pessoas podem manter uma dieta saudável durante o ano inteiro. Pode-se comer na mesma refeição sardinhas em lata portuguesas, suco de caju do Nordeste e pêssegos em calda argentinos. Quase todo mundo come diariamente alimentos que passaram por um processo de conservação: suco de laranja em lata, carne-de-sol, bacalhau seco, frutas secas, banha e óleos vegetais, por exemplo. Muitas donas-de-casa preferem enlatar os alimentos ou submetê-los a um congelamento rápido. Porém, a maioria dos alimentos em conserva é preparada pela indústria de processamento de produtos alimentícios. 14 Os 11 métodos de conservação de alimentos 1. Refrigeração O armazenamento em câmaras frigoríficas conserva os alimentos frescos em temperaturas baixas. Essas temperaturas, geralmente de -1°C a 10°C. não impedem que os alimentos se estraguem. No entanto, retardam o desenvolvimento dos microrganismos e a ação das enzimas. A duração dos alimentos assim conservados depende do tipo de alimento, da temperatura em que é armazenado e da quantidade de umidade existente no ar da câmara frigorífica. Os alimentos não devem ficar ressecados ou muito úmidos. É muito comum dar mofo nos alimentos úmidos. A circulação do ar na câmara contribui para que a temperatura se mantenha constante. Também retira os gases que alguns alimentos desprendem. Alguns desses gases encurtam a duração das frutas armazenadas. Os grandes frigoríficos conservam grandes suprimentos de maçãs, peras, manteiga, queijo e ovos por períodos de seis a dez meses. A maioria dos outros alimentos pode ser armazenada por apenas algumas semanas ou alguns meses. Às vezes os agricultores colhem as frutas e hortaliças antes de amadurecerem,mas depois de terem atingido seu pleno crescimento. Alguns alimentos amadurecem dentro das câmaras frigoríficas ou durante o transporte em vagões ou caminhões-frigoríficos. As indústrias de processamento de carne usam o armazenamento em câmaras frigoríficas para amaciar a carne. Colocam a carne em câmaras frigoríficas durante sete a dez dias. O frio impede que os microrganismos estraguem a carne, mas permite que a ação lenta das enzimas amoleça os tecidos mais duros. Isso torna a carne mais macia. 2. Enlatamento O enlatamento tem duas finalidades: esterilizar os alimentos, isto é, eliminar todos os microrganismos, e manter os alimentos livres do contato com o ar, para livrá-los de germes. O aquecimento dos alimentos a uma temperatura elevada destrói os microrganismos e paralisa a ação das enzimas. Para manter os alimentos fora do contato com o ar, os enlatadores e as donas-de-casa os acondicionam em recipientes de vidro ou metal hermeticamente fechados. Retiram o ar dos recipientes e os vedam com tampas que fechem hermeticamente. A vedação afasta os microrganismos e ajuda a evitar a oxidação dos alimentos. A maioria dos alimentos enlatados se conserva bem por mais de um ano. Nas fábricas de enlatados, os técnicos em alimentação testam amostras dos alimentos nos diferentes estágios de enlatamento. Esses técnicos determinam o grau de amadurecimento e a composição dos alimentos crus. Verificam se nenhuma substância estranha entrou nas latas, e se o processo de enlatamento destruiu as enzimas e microrganismos que podem estragar os 15 alimentos. Finalmente, verificam se os alimentos seguem os padrões exigidos pela companhia e pelo governo. Os principais processos de enlatamento são os seguintes: método convencional de retortas, preaquecimento e enlatamento do alimento quente e enlatamento rápido. As donas-de-casa usam mais ou menos os mesmos métodos dos enlatadores comerciais. Porém, elas lidam com pequenas quantidades de alimentos e usam equipamentos menos complicados. 3. Congelamento O congelamento é, depois do enlatamento, o método mais usado para a conservação de alimentos. As indústrias de processamento de produtos alimentícios e as donas-de-casa congelam a maioria das frutas e legumes, assim como alguns tipos de carne, peixes, aves e laticínios. As indústrias também congelam muitos alimentos prontos que vão desde batatas fritas a pratos de carne completos. 4. Secagem A secagem, ou desidratação é o método que retira a maior parte do líquido dos alimentos. Os microrganismos não podem desenvolver-se nos alimentos secos. A secagem também reduz o tamanho e o peso dos alimentos, tornando-os mais fáceis de serem transportados e armazenados. As indústrias escaldam os legumes e algumas frutas antes da secagem, para evitar as mudanças causadas pelas enzimas. A escalda consiste em expor os alimentos ao vapor de água ou colocá-los em água fervendo. As indústrias muitas vezes tratam maçãs, peras e pêssegos com anidrido sulfuroso para evitar as enzimas e outras mudanças químicas, especialmente o escurecimento das frutas. Os alimentos podem ser secos ao sol, em fornos, em máquinas especiais chamadas desidratadoras e em câmaras pulverizadoras. 5. Liofilização Nesse processo, a água é removida dos alimentos enquanto ainda estão congelados. O alimento congelado é resfriado até cerca de -30ºC. Em seguida, é colocado em bandejas em uma câmara de vácuo e o calor é aplicado lentamente. Por esse método a água congelada contida no alimento evapora sem passar pelo estado líquido. O alimento não é submetido a temperaturas elevadas até que a maior parte da umidade tenha sido removida. A secagem leva de quatro a 12h, dependendo do tipo de alimento, do tamanho das partículas e do sistema de secagem utilizado. 16 Os alimentos conservados por esse método são geralmente envoltos em um gás inerte como o nitrogênio. Devem ser acondicionados em recipientes à prova de umidade. A liofilização geralmente produz alimentos secos de melhor qualidade, mas é um método de secagem mais caro que os outros. 6. Cura A Cura retarda o crescimento dos microrganismos dentro dos alimentos e geralmente destrói muitos deles na superfície dos alimentos. Consiste em salgar, defumar, cozinhar e secar, ou em alguma combinação desses tratamentos. Em alguns tipos de cura, certos compostos químicos além do sal podem ser usados, mas as quantidades e tipos desses compostos são regulamentados. Há leis que proíbem o uso de produtos químicos que possam causar doenças na população. Entre os produtos mais usados estão o sal, o açúcar, o vinagre e a fumaça de madeira. Outros produtos químicos permitidos em alguns alimentos são os nitritos de sódio e de potássio, o anidrido sulfuroso e o ácido benzoico. A quantidade de nitrito de sódio usada na cura deve ser limitada. Em certas condições, o nitrito de sódio pode se combinar com outros produtos químicos e formar compostos que podem causar o câncer. • Sal. Deve ser usado em grande quantidade para controlar o desenvolvimento de microrganismos. Como o sal tem gosto muito forte, só pode ser usado em grandes quantidades em alimentos nos quais ele acrescente sabor, como nas carnes de vaca, de porco e de peixe. Geralmente coloca-se esse tipo de alimento em soluções de água salgada para que absorva o sal ou esfrega-se sal seco até que penetre no alimento. Os alimentos em forma de picles são conservados com sal. • Açúcar. Em grandes quantidades, retarda o desenvolvimento de microrganismos. Os fabricantes e as donas-de-casa adicionam açúcar ou melaço às geleias e gelatinas e, na maioria das vezes, às frutas enlatadas ou congeladas, para ajudar a conservá-las. O açúcar também melhora o gosto desses alimentos. O leite condensado contém açúcar como agente de conservação. • Vinagre. É usado para fazer picles de tomates verdes, pepinos, couves-flores, cebolas, beterrabas, arenques, sardinhas e outros alimentos que tem bom gosto quando ácidos. O ácido acético do vinagre retarda o desenvolvimento de microrganismos. • Fumaça de Madeira. Contém produtos químicos que retardam o desenvolvimento de microrganismos. No entanto, a defumação modifica o cheiro e o gosto dos alimentos. Os 17 processadores de produtos alimentícios só usam esse método para conservar carnes e peixes, porque a fumaça não estraga o seu gosto. A fumaça conserva bem a carne e o peixe quando é combinada com a salga e a secagem. As carnes que vão ser defumadas, como presunto, toucinho e outros produtos curados com sal, são pendurados em um defumadouro. A fumaça vem de um fogo de combustão lenta. 7. Antibióticos Os antibióticos são compostos químicos produzidos por microrganismos vivos. São indicados pelos médicos para destruir os microrganismos que tornam as pessoas doentes. Porém, os cientistas descobriram que os antibióticos também podem ser usados para dificultar a ação dos microrganismos que estragam os alimentos. Em alguns países, como no Canadá, os processadores de produtos alimentícios mergulham os peixes em uma solução fraca de Aureomicina e de Terramicina. Isso retarda o desenvolvimento de microrganismos e permite que os peixes possam ser armazenados em câmaras refrigeradas por mais tempo. Os antibióticos são também acrescentados à água do mar refrigerada, para conservar os peixes enquanto são transportados em navios. 8. Radiação ultravioleta Os raios ultravioleta podem destruir a maioria dos microrganismos, mas seu uso na conservação dos alimentos ainda é pouco difundido. São usados nas fábricas de pão para matar os esporos que existem no ar, para controlar o mofo nos queijos embalados e reduzir os estragos que as bactérias fazem nas carnes. As indústrias de processamento de carne expõem a carne aos raios ultravioleta durante o processo de amaciamento. Os raios esterilizam a superfície da carne, em que vive a maioria dos microrganismos.Assim, a carne pode ser guardada por vários dias, a uma temperatura de até 16°C, sem que seja estragada pelos microrganismos. As carnes que não são irradiadas, ou tratadas com raios ultravioleta, devem ser mantidas em temperaturas mais baixas. A temperatura relativamente alta permite que as enzimas amaciadoras trabalhem mais depressa. 9. Conservantes Os conservantes impedem o alimento de apodrecer e permitem que o consumidor compre uma variedade de produtos disponíveis fora da estação usual. Os alimentos estragam com facilidade: as bactérias fazem a estrutura apodrecer e putrificar; as enzimas causam mudanças inaceitáveis como escurecimento; algumas células das partes machucadas morrem, levando à descoloração e eventualmente ao apodrecimento; as gorduras se tornam rançosas como resultado da oxidação. 18 Os conservantes tradicionais incluem o sal, o vinagre, o álcool e os temperos. A radiação pode ser utilizada como um conservante porque destrói as bactérias e enzimas que estragam os alimentos. Também pode ser utilizada para adiar o amadurecimento das frutas e o brotamento de vegetais como as batatas. 10. Pasteurização A pasteurização é um tratamento térmico que elimina os micro-organismos termossensíveis (todos os patogênicos e outros não esporulados) existentes no alimento. A temperatura não passa dos 100°C, podendo este aquecimento ser produzido por vapor, água quente, radiações ionizantes, calor seco, micro- ondas, etc. Utiliza-se a pasteurização quando os tratamentos térmicos mais elevados trazem perdas de qualidade significativas, quando os agentes microbianos responsáveis pelas alterações no alimento não são muito termorresistentes ou quando deseja-se destruir agentes competitivos (ex: antes de uma fermentação). A pasteurização pode ser feita de maneira rápida – temperatura alta, tempo curto (HTST – “high temperature, short time”), usando-se temperaturas superiores a 70°C por alguns segundos – ou de maneira lenta – temperatura baixa, tempo longo (LTLT – “low temperature, long time”), com temperaturas entre 58°C e 70°C por alguns minutos. A pasteurização é fundamental no processamento de: • Alimento infantil à base de maçã e banana • Antepasto de Berinjela • Catchup • Cerveja • Cogumelo em conserva • Molho de pimenta • Suco de laranja • Suco de Laranja Concentrado • Vinagre de maçã • Geléia de pimentão 11. Apertização Método descoberto por Nicolas Apert em 1809 na França, é na atualidade um dos mais utilizados pela indústria alimentícia. Utilizando-se de latas ou vidros para o acondicionamento dos produtos, estes são lacrados e submetidos a altas temperaturas em autoclaves (retordas), as quais tem por princípio de funcionamento o mesmo das panelas de pressão domésticas. Com o uso desses equipamentos é possível submeter os produtos a altas temperaturas sem que a água de constituição destes entre em ebulição, o que poderia degenerar a aparência desses alimentos. O tempo e a temperatura a ser empregada no tratamento dependerá entre outros fatores dos tipos de produtos e embalagens utilizadas. 19 ARMAZENAMENTO DE ALIMENTOS Ao pensar neste assunto uma pergunta sempre aparece: Você sabe organizar e armazenar seus alimentos adequadamente A falta de organização e o inadequado armazenamento de alimentos podem resultar em diversos problemas para o estabelecimento, como: • Contaminação cruzada; • Dificuldade em encontrar produtos; • Temperatura inadequada dos alimentos; • Rápida deterioração; • Desperdício de produtos; • Gastos desnecessários. Para evitar todos esses problemas citados acima em seu estabelecimento, iremos apresentar algumas dicas e esclarecimentos sobre o assunto. Quando se fala em armazenamento, primeiramente devemos manter o foco nas Boas Práticas de Armazenamento de Alimentos, que devem ser da seguinte forma: Armazenamento de alimentos em áreas externas • As áreas externas devem ser mantidas livres de entulhos, sucatas e materiais fora de uso. • A área ao redor das construções devem estar calçadas junto as paredes na largura de pelo menos 1,0m. • As passagens vizinhas às calçadas ou paredes devem ser mantidas livres e limpas, para facilitar o controle de pragas. 20 • A grama, quando houver, deve ser mantida aparada a fim de não se constituir em um foco de proliferação de pragas. • As áreas externas devem ser iluminadas com lâmpadas de vapor de sódio e instaladas em locais distantes das portas de modo a não ser fator de atratividade de insetos noturnos para os prédios e suas entradas. • O local de armazenagem deve possibilitar a carga e descarga dos veículos de modo a preservar as condições de temperatura e umidade do ambiente requeridas pelo produto. Armazenamento de alimentos em áreas internas – Edificações • O local de armazenagem dos alimentos deve ser fresco, ventilado e iluminado. • As áreas de armazenagem devem ser mantidas limpas, livres de resíduos e sujeiras para evitar a presença e aninhamento de insetos e roedores. • As áreas de armazenagem devem permanecer livres de ratos, morcegos e pássaros e devem ser periodicamente higienizadas e desinfetadas com produtos apropriados. • Deve existir área própria e isolada do armazém principal para os produtos recolhidos ou destinados a inutilização. • Os ralos internos devem ser evitados. Se necessários, devem ser sifonados e tampados para não permitir a entrada de pragas e para evitar maus odores. • O teto deve ser isento de vazamentos e goteiras; deve ser evitada a utilização de telhas que permitam a ocorrência de respingos. • O piso deve estar em nível elevado em relação a rua para permitir o escoamento da água. • Os pisos deverão ser construídos sem inclinação para permitir a construção de pilhas altas sem o risco de tombamento. • O piso deverá ser construído com material resistente à abrasão, podendo ser do tipo monolítico. • O piso e as paredes devem ser mantidos secos e sem infiltrações. Todas as lâmpadas devem possuir proteção plástica para que em possíveis estouros, não caiam pedaços de vidro sobre o alimento, além da possibilidade de causar ferimentos nos funcionários. • Devem ser evitadas fiações elétricas expostas e vidros quebrados. • As pias e banheiros devem ser separados das áreas de estocagem de alimentos. • Entre tetos e paredes não devem existir aberturas, para evitar a entrada de pragas, tampouco bordas que facilitem a formação de ninhos. • As janelas devem ser providas de telas removíveis para facilitar a sua limpeza e higienização e evitar a entrada de insetos, roedores, pássaros e morcegos. 21 • As telas devem estar fixadas pela parte interna da construção. • A malha das telas devem ser de 1,0 mm. • Clarabóias ou outros materiais de vidro devem ser de tipo que garantam a segurança evitando a contaminação dos alimentos em caso de quebra. • As portas e acessos devem ser mantidos fechados e com abertura máxima de 1,0cm do piso. • Se necessário, instalar cortinas de ar ou cortinas plásticas. • A temperatura de armazenamento das matérias- primas, deve ser compatível com a recomendação do fabricante. Armazenamento de matérias primas e produtos acabados O armazenamento de alimentos compreende a manutenção de produtos e ingredientes em um ambiente que proteja sua integridade e qualidade. Produtos acabados e matérias-primas devem ser armazenados segundo as boas práticas respectivas, de modo a impedir a contaminação e/ou a proliferação de microrganismos e proteger contra a alteração ou danos ao recipiente ou embalagem. Durante todo o período do armazenamento deve ser exercida uma inspeção sistemática dos produtos acabados, a fim de que somente sejam expedidos alimentos aptos para ao consumo humano e sejam cumpridas a especificações de armazenamento quando existirem. Recomendações para o armazenamento correto de alimentos 22• Na recepção deve ser realizada uma inspeção de acordo com as instruções e os planos estabelecidos, escritos e documentados (recebimento, amostragem, análise e descarga). • Os procedimentos devem prever a identificação do material do produto, indicando a condição da inspeção, ou seja, aguardando análise, aprovado ou rejeitado (ou equivalente). • Esta identificação deve ser feita na recepção. • As instruções para a armazenagem, o prazo ou data de validade e a temperatura de conservação, quando estabelecidas pelo fabricante e constantes dos rótulos, devem ser rigorosamente respeitadas e produtos em desacordo com os mesmos não devem ser utilizados ou comercializados. • Adotar o sistema PVPS (primeiro que vence primeiro que sai) para matéria-prima, produto ou embalagem. • A disposição dos produtos deve obedecer a data de fabricação, sendo que os produtos de fabricação mais antiga são posicionados, de forma a serem consumidos em primeiro lugar. • Nunca utilizar produtos vencidos. Os alimentos devem ser porcionados com utensílios apropriados exclusivos e após sua utilização, as embalagens devem ser fechadas adequadamente. • Todos os produtos devem estar adequadamente identificados e protegidos contra contaminação. • Na impossibilidade do rótulo original do produto as informações devem ser transcritas em etiquetas. • Alimentos que necessitem serem transferidos de suas embalagens originais devem ser acondicionados de forma que se mantenham protegidos, em contentores descartáveis ou outro adequado para guarda de alimentos, devidamente higienizados. • As informações do rótulo devem ser transcritas em etiquetas. • O armazenamento deve ser feito de tal forma, que não permita que a carga, matéria-prima, embalagem ou produto, receba luz solar direta. • As caixas devem ser manuseadas com cuidado, evitando-se arremessá-las, ou arrastá-las. • Não sentar nas caixas ou caminhar sobre as mesmas. • Deve-se evitar submeter as caixas de alimentos a peso excessivo. • Observar a altura de empilhamento adequada. • É proibido a entrada de caixas de madeira dentro da área de armazenamento e manipulação. • Caixas de papelão não devem permanecer nos locais de armazenamento sob refrigeração ou congelamento, a menos que haja um local exclusivo para produtos contidos nestas embalagens (exemplo: freezer exclusivo ou câmara exclusiva) a fim de se evitar contaminação cruzada. • Alimentos ou recipientes com alimentos não devem estar em contato com o piso e sim 23 apoiados sobre estrados ou prateleiras das estantes. • Jamais depositá-los diretamente sobre o piso. • As prateleiras devem ter afastamento mínimo de 60cm do forro e 35cm das paredes, sempre que possível, sendo 10cm o mínimo aceitável. • Evitar o uso de madeira (incluindo paletes). É praticamente impossível a adequada limpeza e sanificação da madeira após contato com a água. • Os estrados e prateleiras devem estar limpos e secos e em bom estado de conservação. • As instruções sobre empilhamento, quando existentes, devem ser rigorosamente respeitadas. • O empilhamento deve ser bem alinhado, em blocos regulares, os menores possíveis e atender as recomendações do fabricante. • Manter os paletes com matéria-prima ou embalagens, com afastamento mínimo de 50cm das paredes para evitar umidade e facilitar a limpeza, amostragem e movimentações, controle de pragas e ações em caso de incêndio. • Manter os paletes com afastamento de 30 cm entre si e 20 cm do piso. • Os estrados, caixas e materiais danificados, incompletos ou fora de uso devem ser retirados das áreas de armazenamento. • Qualquer anormalidade deve ser comunicada ao técnico responsável ou setor competente. • Todo o material suspeito deve ser inspecionado e examinado antes da liberação. • Caso se constate anormalidade que não possa ser contornada com reprocesso, todo o material deve ser destruído e descartado independente da quantidade. • Produto a ser reprocessado deve ser estocado em local específico separado do produto acabado. • Os produtos destinados a devolução devem ser colocados em locais apropriados, separados da área de armazenamento e manipulação, limpos, organizados, identificados e agrupados por fabricante e acondicionados em sacos fechados. • Não armazenar alimentos junto a produtos químicos, de higiene, de limpeza e perfumaria, para evitar contaminação ou impregnação com odores estranhos. • Detergentes, substâncias sanitizantes ou solventes de uso local devem ser identificados e guardados em lugar específico, fora da área de armazenamento. • Produtos descartáveis também devem ser mantidos separados dos itens citados anteriormente. 24 • Armazenamento de alimentos sob congelamento Os alimentos são armazenados a temperatura igual ou inferior a 0°C. Devem ser observadas as recomendações dos fabricantes especificadas no rótulo. Quanto mais baixa for a temperatura mais reduzida será a ação química, enzimática e o crescimento microbiano. O congelamento além de impedir que a maior parte da água presente seja aproveitada pelos microrganismos, devido a formação de gelo, aumentará a concentração das substâncias dissolvidas na água não congelada. A atividade enzimática é ainda encontrada, se bem que muito lenta, em temperaturas de congelamento. Uma temperatura suficientemente baixa irá inibir o crescimento de todos os microrganismos. Armazenamento de alimentos sob refrigeração A refrigeração pode ser usada como meio de conservação temporária até que se aplique outro método de conservação. A maior parte dos alimentos alteráveis pode ser conservada por refrigeração, durante um tempo limitado O armazenamento sob refrigeração utiliza temperaturas um pouco acima do ponto de congelação. Nesta etapa os alimentos são armazenados em temperaturas entre 0º e 10º C, de acordo com as recomendações dos fabricantes. 25 Armazenamento de alimentos congelados e resfriados • O local de armazenagem resfriados e congelados deve ser dotado de equipamentos adequados para a manutenção constante das condições de temperatura e umidade do ar necessárias à adequada conservação do alimento. • O local de armazenagem para alimentos resfriados e congelados deve ser dotado de instrumentos que permitam controle (e preferencialmente registro) das condições de temperatura e umidade do ar. • Frequentes checagens da temperatura devem ser conduzidas, preferencialmente com termógrafos ou dispositivos que monitorem continuamente a temperatura de estocagem. • A velocidade do ar em câmaras frias deve ser moderada e não mais que o necessário para atingir temperaturas suficientemente uniformes dentro da câmara. • Os produtos devem ser empilhados de modo a não impedir a circulação de ar. • Nas câmaras frias deve-se estabelecer um programa de descongelamento limpeza e manutenção de modo a evitar o acumulo de gelo e obstrução dos difusores de ar. • Devem ser fornecidas roupas apropriadas para a manipulação de produtos nas câmaras frias. • As portas e acessos das câmaras devem ser providas de cortinas de ar ou de cortinas plásticas. Armazenamento de alimentos em temperatura ambiente Para os alimentos que não necessitam de condições especiais de temperatura para a armazenagem, devem ser observadas as especificações do produto e recomendações dos fabricantes. Além do armazenamento de alimentos, as empresas do ramo alimentício devem manter uma especial preocupação com o armazenamento de produtos de limpeza, substâncias perigosas e com a disposição do lixo. 26 Estes devem sempre se encontrar armazenados separadamente da área de armazenagem e manipulação de alimentos para evitar contaminação! Estocagem de Substâncias Perigosas • Pesticidas (praguicidas) e outras substâncias não alimentícias que possam representar perigo para a saúde devem ser cuidadosamente rotuladas com um aviso sobrea sua toxidade e uso. • Devem ser estocadas em salas fechadas ou cabines exclusivas, sendo armazenadas e manuseadas apenas por pessoal autorizado e devidamente treinado. • Recipientes que são usados para embalar ou manusear alimentos não devem ser usados para medir, diluir, guardar ou estocar pesticidas ou outras substâncias. • Nenhuma substância que possa contaminar os alimentos, deve ser utilizada ou estocada na áreas de manuseio de alimentos exceto, quando necessário para a higiene e para fins de processamento. Estocagem e disposição de lixo • O lixo deve ser manuseado de tal modo a evitar a contaminação de alimentos e água potável. Cuidados devem ser tomados para evitar o acesso por pragas e roedores. • O lixo deve sofrer remoção da área de manufatura de alimentos e outras áreas de trabalho na frequência necessária e pelo menos diariamente. • Imediatamente após a sua disposição, os recipientes utilizados para a estocagem e qualquer equipamento que tenha entrado em contato com o lixo devem ser limpos e desinfetados. • A área de estocagem de lixo, deve também ser limpa e desinfetada regularmente. • As instalações para a estocagem de lixo e material não comestível, devem ser planejadas de modo a possibilitar a sua total remoção do estabelecimento. • Essas instalações devem ser desenvolvidas para prevenir o acesso às sobras e ao material não comestível, por pestes (pragas) e para evitar contaminação do alimento, água potável, equipamento, prédios ou estradas no local. 6. CONSERVAÇÃO E MELHORIA DAS CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS E SENSORIAIS. Os conservantes, que podem ser considerados aditivos alimentares, têm por finalidade retardar a reação de decomposição dos alimentos. A conservação de alimentos por meio de aditivos é feita pela adição de substâncias que, além de evitar a deterioração, conservam o aspecto, o sabor e o aroma do alimento por mais tempo. Os dados da OMS (Organização Mundial da saúde) dizem que cerca de 20% dos alimentos são perdidos pela deterioração, considerando que a indústria tem 27 uma grande preocupação em conservar os alimentos que podem ser submetidos a grandes deslocamentos; sem o devido cuidado as perdas seriam muito grandes. Tipos Os conservantes podem ser divididos em três classes: • Os antioxidantes, que impedem a oxidação do alimento quando em contato com o oxigênio, • Os inibidores enzimáticos, que atuam em alimentos que têm enzimas (catalisadores) as quais aceleram o processo de degradação, por exemplo, algumas frutas, que quando abertas e expostas ao ar escurecem rapidamente. O escurecimento não passa de uma oxidação, porém a presença da enzima torna a reação muito rápida, assim, os inibidores atuam sobre essas enzimas retardando a reação. • Por fim os antimicrobianos, que atuam diretamente nos micro-organismos alterando a qualidade do produto, por exemplo, retirando a água do produto por osmose, pois a água possibilita a proliferação dos micro-organismos. Importância e perigos Sem a utilização dos conservantes, os alimentos estragariam em dias e até mesmo em horas. Dessa forma, os aditivos podem ser aliados dos seres humanos, visto que alguns contaminantes, que são prevenidos com a conservação, podem ser fatais, como Clostridium botulinum, causador do botulismo, uma bactéria formada na carne. Entretanto, como qualquer produto, o grande perigo dos conservantes é a quantidade, se utilizados em excesso são muito prejudiciais à saúde. Pelo fato de todas as pessoas ingerirem quase diariamente produtos com conservantes, e em geral, carnes, o controle de tais substâncias é primordial. 28 Nos produtos cárneos, os conservantes mais utilizados são nitratos e nitritos que, além de prevenir o botulismo, fixam a cor das carnes, o que dá a impressão de que são frescas. Nitritos, quando consumidos em excesso interferem na ação da hemoglobina, transformando-a em outra molécula que não transporta o oxigênio da mesma forma, além de serem cancerígenos. Os nitratos, dependendo da forma como são utilizados se transformam em nitrito. Além destes, o sulfito também é utilizado, já que elimina odores desagradáveis e recupera a cor vermelha nas carnes. Deve-se considerar que o uso do sulfito em carnes já acinzentadas não controla satisfatoriamente os micro- organismos, causando intoxicação nos consumidores. Por conta dos perigos envolvidos na utilização dos conservantes, estes são rigidamente controlados, sendo permitidos apenas em produtos industrializados, por empresas registradas no Ministério da Agricultura. Isso garante que açougues, os quais vendem carne fresca, não podem fazer uso de tais substâncias em sua mercadoria. A carne fresca é apenas conservada pela refrigeração ou pelo congelamento, não sendo permitida a adição de qualquer conservante. Vale lembrar que os açougues podem revender produtos com conservantes obtidos de empresas registradas. Por: Wilson Teixeira Moutinho Análise Sensorial de Alimentos ajuda a garantir qualidade O avanço tecnológico e a existência de consumidores cada vez mais exigentes vêm provocando uma revolução no mercado de alimentos em todo o mundo. Resultado disso são os produtos que temos atualmente: opções cada vez mais diversificadas. A indústria busca a qualidade de alimentos e objetiva conquistar o maior número de consumidores que puder, buscando sua preferência e permanência. Por esse motivo, os avanços tecnológicos e científicos são tão essenciais para as indústrias conquistarem o consumidor, ampliarem os negócios e estar à frente da concorrência. Dentro deste contexto, a análise sensorial de alimentos vem se consolidando como uma ferramenta de extrema importância dentro da indústria alimentícia, pois contribui para o alcance da excelência que o mercado exige. Como uma disciplina da ciência, a análise sensorial de alimentos evoluiu nos últimos anos e, hoje, não é apenas um instrumento para avaliar a qualidade de alimentos, mas também é útil para seu desenvolvimento e para definir a aceitabilidade dos consumidores, de acordo com suas preferências e percepções, valendo-se de atributos sensoriais. O que é análise sensorial de alimentos? Os alimentos, além de cumprir sua função nutritiva, também provocam sensações de prazer e bem-estar. Não à toa, o consumidor busca por alimentos que despertem essas sensações, com seu aroma, cor e sabor. E é exatamente nesse ponto que entra a análise sensorial de alimentos. Conforme definição da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1993), a análise sensorial é uma “disciplina da Ciência usada para evocar, medir, analisar e interpretar as reações às características dos alimentos e materiais tal como são percebidas pelos sentidos da visão, olfato, paladar, tato e audição”. Essas características, também chamadas de atributos sensoriais, tendem a ser percebidas em ordem de: aparência, aroma, consistência e sabor. Porém, durante o processo de percepção, todos os atributos ou sua maioria acabam se 29 sobrepondo, como se a pessoa recebesse as impressões sensoriais quase que simultaneamente. Todos os sentidos são utilizados durante o processo e determinam a qualidade da sensação que o alimento provoca. Importante ressaltar que a qualidade sensorial não é uma característica do alimento, mas, sim, resultado da interação entre indivíduo e alimento. As características do alimento, como textura, aroma, cor e sabor, interagem com as condições psicológicas, sociológicas e fisiológicas da pessoa. A análise sensorial de alimentos é importante para avaliar a qualidade do produto e a aceitabilidade mercadológica. Por isso, é inseparável do plano de controle de qualidade, além de servir para determinar o tempo de prateleira. Como as avaliações são feitas por pessoas, deve haver um preparo criterioso das amostras testadas, além de que o teste precisa ser aplicado de maneira adequada, para evitar influência defatores psicológicos, por exemplo. Abaixo, apresentamos quais são os principais métodos utilizados durante a análise sensorial de alimentos, como são feitos e que parâmetros são analisados. Leia Mais: Conheça a ISO 22000 e sua importância para a segurança de alimentos. Principais métodos da análise sensorial de alimentos Métodos discriminativos: Estes métodos pretendem identificar as diferenças qualitativas e/ou quantitativas que há entre as amostras. Por essa razão, também são conhecidos como testes de diferença. Esse tipo de teste pode ser empregado para verificar como uma propriedade específica do alimento varia durante sua vida útil, por exemplo. Os testes mais utilizados são: comparação pareada, triangular, duo-trio, ordenação e comparação múltipla; Métodos descritivos: Ferramentas mais utilizadas e potentes da análise sensorial, estes testes descrevem de maneira qualitativa e/ou quantitativamente as amostras, incluindo odor, textura, aparência e sabor. Devido à necessidade de precisão, os métodos descritivos devem ser realizados por pessoas treinadas e qualificadas. Os mais utilizados são: perfil de textura e Análise Descritiva Quantitativa (ADQ®); Métodos afetivos: Também chamado de testes de consumo, os testes afetivos expressam a opinião pessoal. Entre os mais utilizados estão: ordenação de preferência, preferência pareada, aceitação por escala hedônica e aceitação por escala de atitude. Parâmetros de análise sensorial Os sistemas de análise sensorial dos alimentos têm o objetivo avaliar os atributos sensoriais do produto. Esses atributos são: Cor: O tom, a intensidade e o brilho são os atributos necessários para perceber a cor de um alimento. Quando qualquer uma destas propriedades é alterada, seja por fatores internos ou externos, a qualidade de alimentos pode ser afetada. Por isso, é necessário verificar e relacionar estes fatores aos resultados esperados; Aroma: Existem substâncias no alimento que evaporam e são captadas pelo olfato, e que podem indicar alguma alteração no produto. O odor compõe o sabor do alimento e pode ser percebido melhor quando colocamos o alimento na boca; Textura: Esta propriedade é percebida assim que mordemos, cortamos ou pressionamos o alimento. Por meio da textura, pode-se avaliar sua maciez, elasticidade, crocância, entre outras características; Sabor: O gosto do alimento é percebido ao identificar características primárias (doce, amargo, ácido, etc.). O paladar é responsável por identificar o sabor. Elementos da análise sensorial de alimentos Escolha do local ou laboratório 30 Observar as condições do ambiente em que se realiza os testes é fundamental, já que elas podem influenciar os resultados ao despertar sensações que não têm a ver com o teste. Por isso, as análises devem ser feitas em uma área dedicada para essa finalidade. A recomendação é realizar os testes em um local que esteja próximo à cozinha onde foi feito o alimento, com cabines individuais. Além disso, a área deve ser calma, sem distrações, com superfícies inodoras e boa ventilação. Também, deve-se atentar para as cores, que devem ser neutras, como branco ou cinza, e a iluminação deve ter tonalidade branca e estar bem distribuída. A área de preparação da amostra deve ser separada da área de teste. Cabines individuais As cabines individuais são utilizadas com o objetivo de conferir aos avaliadores concentração total e evitar que interajam, pois a opinião de um pode influenciar a opinião do outro. O acesso às cabines deve ser independente do local em que se prepara as amostras, e, assim como foi dito acima, as cabines devem ter cores claras e neutras. Além disso, também precisam ter luz branca e colorida (azul, verde ou vermelha). Cada cabine deve conter escotilhas – aberturas para a entrega das amostras – que precisam ser mantidas fechadas durante a avaliação e servem para fazer a comunicação entre o avaliador e o analista sensorial/ líder de painel. O tempo de duração da análise e do intervalo entre as provas devem ser suficientes para evitar que os receptores olfatórios sejam saturados. Além disso, as amostras devem estar em recipientes adequados, limpos, uniformes, sem odores ou sabores e em tamanho certo. Se a avaliação for de amostras não frescas, elas devem ter sido armazenadas do mesmo modo que seriam quando comercializadas. Mesa redonda Também é importante ter uma mesa redonda em alguns treinamentos e testes sensoriais para momentos em que os avaliadores precisarem discutir, padronizar procedimentos, caracterizar amostras de referência, realizar treinamento e entrar em consenso. Condição dos participantes Os participantes dos testes também devem apresentar as condições adequadas, tais como: Em primeiro lugar, o participante deve ter conhecimento de que sua participação é espontânea e voluntária; Precisa saber como se expressar e ter um bom vocabulário, pois, desse modo, conseguirá definir as características da amostra com detalhes e clareza. Também, deve possuir boa acuidade sensorial e capacidade para discriminar cores, odores, texturas e gostos primários; Deve estar em boas condições de saúde, sem alergias ou gripes. Quando houver qualquer doença, deve comunicar. Além disso, também é bom evitar que o avaliador use aparelho dentário corretivo, já que os dentes desempenham um importante papel durante a avaliação sensorial. Outra recomendação é evitar fumantes, mas, se forem escolhidos, não podem ter fumado no período de, pelo menos, uma hora antes dos testes; A faixa etária recomendável é entre 18 e 50 anos; Por fim, deve ser passada a orientação de não usar cosméticos e/ou perfumes fortes nem consumir alimentos picantes nos dias de testes. Atente-se, também, a medicamentos, que podem interferir na sensibilidade do indivíduo. Equipamentos Embora cada aplicação necessite de equipamentos específicos, de maneira geral, são necessários: Equipamentos para o preparo e armazenamento de amostras (fogões, geladeiras, fornos, freezers, processadores de alimentos, facas, máquinas de corte, etc.); 31 Aparelhos e instrumentos (balanças, termômetros, cronômetros, etc). Equipamentos para servir as amostras. A escolha vai depender dos tipos de testes e métodos de amostragem. Todos os recipientes utilizados em uma mesma sessão de análise devem ser iguais. Processos de análise sensorial de alimentos Materiais de referência e padrões químicos Os materiais de referência e padrões químicos devem estar identificados de maneira clara para que sejam facilmente reconhecidos. As informações sobre validade, condições de armazenamento, aplicabilidade e restrições de uso devem estar disponíveis; os recipientes rotulados informando sobre a identidade, validade, concentração e data de preparo. Os materiais e padrões de referência devem ser manipulados de maneira correta, evitando contaminações. Amostragem As amostras precisam ser armazenadas e transportadas em condições adequadas, que devem ser controladas e registradas, contribuindo para manter sua integridade. Registros A recomendação é que cada teste contenha as seguintes informações: Instruções e questionários que foram aplicados aos avaliadores; Resultados da análise ou referência a arquivos eletrônicos; Método escolhido para o preparo das amostras e equipamentos utilizados; Tempo decorrido entre uma amostra e outra; Códigos de identificação das subamostras; Ordem e detalhes da apresentação de cada amostra para o avaliador; Identidade de quem preparou as amostras; Identidade dos avaliadores e seu nível de treinamento para o método; Identificação do responsável pelo painel ou do analista sensorial; Descrição dos consumidores em testes de consumo; Método de coleta de dados; Método de análise estatística. Conclusão Embora a qualidade de alimentos envolva aspectos como o nutricional e o microbiológico, o aspecto sensorial, geralmente, é o fator de maiorinfluência sobre a escolha de um produto feita pelo consumidor. Um alimento com boa aparência, aroma, cor e sabor tende a agradar mais. Além disso, os consumidores têm demonstrado cada vez mais consciência e exigência. Por isso, a análise sensorial de alimentos é um instrumento tão importante para a indústria alimentícia, visando alcançar os melhores resultados possíveis.
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