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1 MP E MAGISTRATURAS ESTADUAIS PRIME Disciplina: Direito Penal Prof.: Cleber Masson Aula: 06 Monitor: Adrian MATERIAL DE APOIO - MONITORIA Índice I. Anotações da aula II. Lousas I. ANOTAÇÕES DA AULA 1. Relação de causalidade (nexo causal) – art. 13 do CP a) Conceito A relação de causalidade nada mais é do que o vinculo que se estabelece entre a conduta e o resultado naturalístico. b) Teorias � Equivalência dos antecedentes Von buri e Stuart Mill Glasser. É a regra geral do nosso direito, está prevista no art. 13, caput, do CP. � Causalidade adequada Von Kries Adotada pelo CP como exceção (art. 13, §1°) do CP. � Imputação objetiva o Karl Larenz (1930) o DP: Richard Honig o Claus Roxin: 1970 Imputação objetiva: No Brasil não tem previsão legal, mas já foi adotada em algumas jurisprudência do STJ. A critica que se faz a essa teoria é o “regressus ad infinitum”, o afastamento dessa crítica é a causalidade física + causalidade psíquica. c) Identificação de uma causa No ano de 1894 (Tyrén), desenvolveu o chamado método da eliminação hipotética; d) Art. 13, §2° - omissão penalmente relevante 2 Esse estudo só interessa nos crimes omissivos impróprios, comissivos por omissão. o tipo penal descreve uma ação, mas a inercia do agente leva a produção do resultado; Esse dispositivo traz as hipóteses do dever de agir. O CP brasileiro adota uma teoria normativa da omissão, isto é, a omissão não é simplesmente um não fazer, mas sim, é não fazer aquilo que uma norma determina que seja feito. Hipóteses do dever de agir O Brasil adota um critério legal, ou seja, estão expressamente previstas em lei. Alguns países adotam um critério judicial. Três hipóteses: a. Dever legal (art. 13, §2° “a”) Algumas pessoas tem esse dever legal. Obs. Teoria das fontes b. Garantidor (art. 13, §2° “b”) Também conhecido como “garante”. É o garantidor da não produção do resultado naturalístico. Pode decorrer de um contrato, mas não é obrigatório. Mas tem aqui uma interpretação ampla, isto é, se o agente assumiu a obrigação de impedir o resultado o dever é dele. Quando esse dever de garantidor resulta de um contrato de trabalho, o dever persiste enquanto ele estiver no local de trabalho, mesmo que já tenha terminado o horário. c. Ingerência (art. 13, §2° “c”) Ingerência também conhecida como situação precedente nada mais é do quem cria uma situação de perigo tem a obrigação de impedir o resultado. Não é afastada por cláusulas contratuais. Não basta o dever de agir, mas também se reclama o poder de agir; STJ: RHC 39.627 (informativo 538) PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO HABEAS CORPUS. ART. 121, CAPUT, C/C ART. 13, § 2º, "b", AMBOS DO CP. HOMICÍDIO. CRIME COMISSIVO POR OMISSÃO. CAUSALIDADE. DOLO EVENTUAL. DENÚNCIA. INÉPCIA. ILEGALIDADE RECONHECIDA. PROVIMENTO. 1. A denúncia, peça acusatória revestida de tecnicalidades e formalidades, deve seguir os ditames do art. 41 do Código de Processo Penal, de sorte que a atribuição, ao denunciado, da conduta criminosa seja clara e precisa, com a descrição de todas as suas circunstâncias, a fim de possibilitar a desembaraçada reação defensiva à acusação apresentada. 2. Na hipótese em apreço, a denúncia imputou à recorrente o crime de homicídio doloso, por haver - ao deixar de comparecer ao hospital a que fora chamada quando se encontrava de sobreaviso - previsto e assumido o risco de causar a morte da paciente que aguardava atendimento neurológico. No entanto, a exordial acusatória não descreve, de maneira devida, qual foi o atendimento médico imediato e especializado que a recorrente poderia ter prestado (e que não tenha sido suprido por outro 3 profissional) e que pudesse ter evitado a morte da paciente, bem como não descreve que circunstância(s) permite(m) inferir que tenha ela previsto o resultado morte e a ele anuído. 3. Nas imputações pela prática de crime comissivo por omissão, para que se configure a materialidade do delito, é imprescindível a descrição da conduta (omitida) devida, idônea e suficiente para obstar o dano ocorrido. Em crime de homicídio, é mister que se indique o nexo normativo entre a conduta omissiva e a morte da vítima, porque só se tem por constituída a relação de causalidade se, com lastro em elementos empíricos, for possível concluir-se, com alto grau de probabilidade, que o resultado não ocorreria se a ação devida (no caso vertente, o atendimento imediato pela recorrente) fosse realizada. Se tal liame, objetivo e subjetivo, entre a omissão da médica e a morte da paciente não foi descrito, a denúncia é formalmente inepta, porquanto não é lícito presumir que do simples não comparecimento da médica ao hospital na noite em que fora chamada para o atendimento emergencial tenha resultado, 3 (três) dias depois, o óbito da paciente. 4. A seu turno, por ser tênue a linha entre o dolo eventual e a culpa consciente, o elemento subjetivo que caracteriza o injusto penal deve estar bem indicado em dados empíricos constantes dos autos e referidos expressamente na denúncia, o que não ocorreu na hipótese aqui analisada, visto que se inferiu o dolo eventual a partir da simples afirmação de que "a denunciada deixou de atender a vítima, pouco se importando com a ocorrência do resultado morte." 5. Uma vez que se atribuiu à recorrente crime doloso contra a vida, a ser julgado perante o Tribunal do Júri, com maior razão deve-se garantir a ela o contraditório e a plenitude de defesa, nos termos do art. 5º, XXXVIII, "a", da Constituição Federal, algo que somente se perfaz mediante imputação clara e precisa, ineludivelmente ausente na espécie. 6. Recurso ordinário em habeas corpus provido, para reconhecer a inépcia formal da denúncia, sem prejuízo de que outra peça acusatória seja oferecida, com observância dos ditames legais. (RHC 39.627/RJ, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 08/04/2014, DJe 30/04/2014) e) Concausas Vem de concorrência de causas. É a convergência de uma causa estranha a conduta do agente. � Dependente Aquela que precisa da conduta do agente para produzir o resultado naturalístico. Essa causa dependente não exclui a relação de causalidade. � Independente São aquelas capazes de produzir por si sós, o resultado naturalístico, podem ser; o Absolutas É aquela totalmente desvinculada da conduta do agente. Ela não guarda nenhuma relação com a conduta do agente; � Preexistentes / Estado anterior A condição preexiste a conduta do agente � Concomitante 4 Ocorre simultaneamente a conduta do agente, ela é absolutamente independente. � Superveniente É aquela posterior a conduta do agente Consequências: As Concausas absolutamente independentes rompem o nexo causal, o agente não responde pelo resultado produzido, mas só pelos atos que praticou. o Relativas É aquela que tem origem na conduta do agente. � Preexistentes São capazes de produzir por si sós o resultado. Elas tem origem na conduta do agente. São aquelas anteriores a conduta do agente. � Concomitante São aquelas simultâneas a conduta do agente. � Superveniente (podem ser) • Que não produzem por si sós o resultado (sempre aparecem nesses dois exemplos) i. Imperícia médica ii. Infecção hospitalar Elas não rompem o nexo causal. O agente responde pelo resultado. Resolvemos essas Concausas com a teoria da equivalência dos antecedentes; • Que produzem por si sós o resultado (exemplos) i. Ambulância ii. Incêndio no hospital Elas rompem o nexo causal. O agente só reponde pelos atos praticados. A causalidade adequada é o acontecimento que contribui para o resultado de modo eficaz, essa eficácia é obtido de acordo com um juízo estatístico “id quod plerumque accidit” (aquilo que normalmente acontece). São as máximas da experiência.Consequências: Elas não rompem o nexo causal, isto é, o agente responde pelo resultado 2. Tipicidade 5 A tipicidade também é elemento do fato típico, presente em todos os crimes. a) Conceito Tipicidade penal é igual a soma da tipicidade formal + tipicidade material. Tipicidade formal é o juízo de adequação entre o fato praticado na vida real e o modelo de crime previsto na lei penal. Tipicidade material é a lesão ou o perigo de lesão ao bem jurídico. b) Evolução histórica Em Roma o crime era analisado como “corpus delicti”, o crime nada mais era do que os vestígios materiais. No ano 1906 – Ernest von Beling, cria a fase da independência do tipo No ano de 1915 – Max Ernest Mayer, cria a teoria “ratio cognoscendi” – teoria indiciária, isso porque a tipicidade passa a ser compreendida como o indício da ilicitude. Cria a inversão do ônus da prova no tocante as excludentes da ilicitude. II. LOUSAS 6 7 8 9 10 11 12 13 14