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Medicina nuclear nas doenças da tireoide e paratireoides · A tireoide é um órgão cervical extremamente vascularizado, e através das artérias chegam os radio isótopos, seja por via oral ou endovenosa · A estrutura tireoidiana é organizada em folículos, que produzem os hormônios tireoidianos que são armazenados na forma de coloide · Folículos: fábrica e armazém de hormônios → tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) · Eficiência da síntese hormonal depende de: · Substrato: iodo (65% do peso do T4), Tirosina (Tireoglobulina), H2O2 · Produção: TG e Peroxidase · “montagem” · Controle: hipotálamo – hipófise · Iodo radioativo compete com o Iodo 127 que é o iodo estável presente na nossa dieta diária · Mediado pelo eixo hipotálamo-hipofisário · Captação tireodeana · 20% do iodo é retirado do plasma a cada passagem · Concentração na tireoide é 20 a 50x maior do que no plasma · A concentração de iodo na dieta aumentou nas últimas décadas · Outros tecidos captam em menor quantidade · A captação normal de iodo pela tireoide é de 15 a 30% · Cintilografia da Tireóide · Radioisótopos utilizados · A radiação beta é usada para tratar doenças tireoidianas, porque ela viaja pouco, mas tem um alto poder de destruição celular · A radiação gama é eletromagnética, emitida pelo núcleo, alto poder de penetração, mas baixo poder de ionização, portanto é usada para diagnóstico. Tem pouco efeito de destruição celular. · O iodo 131 tem radiação beta, corpuscular, que na realidade é um elétron · O iodo 123 tem uma energia gama bem mais baixa e não emite radiação beta, é o ideal para fazer diagnósticos, porém tem custo elevado e sua logística de chegada é muito ruim · Usa para diagnóstico o tecnécio na forma de pertecnetato. Ele é igual ao iodo, mas é captando e quando está dentro da célula, “a célula não sabe o que fazer com ele”, ele não é organificado para produzir hormônio como o iodo, mas ele fica na célula o tempo suficiente para fazer uma imagem · Como todas as patologias tireoidianas que afetam a captação afetam também a organificação, o tecnécio pode ser usado para diagnóstico. · Defeito de síntese hormonal (defeito na peroxidase): não consegue produzir HT, mas tireoide fica ávida pelo iodo – patologia de exceção, prejudica apenas a organificação, enquanto a captação estará aumentada. A imagem com iodo mostra hipocaptação (porque o iodo vai embora da célula sem produzir hormônio) e a com tecnécio mostra hipercaptação. É uma doença cujo bócio é grande e é rara; então, de forma geral, o tecnécio pode ser usado em substituição ao iodo para diagnóstico. · Indicações clínicas da cintilografia de tireoide · Pesquisa de tireoide ectópica · Bócio mergulhante: uma das causas de tumor mediastinal; se tumor captar iodo, é de origem tireoidiana · Tireoidite subaguda – T3 e T4 aumentados no sangue, TSH diminuído · Única causa de aumento de HTs e, paradoxalmente, há captação diminuída na tireoide. · OBS: são pacientes que vão ao otorrino com dor de garganta, mas têm sintomas de tireotoxicose. Há infecção viral com liberação maciça de HTs na circulação por destruição dos folículos. · Muitas vezes são encaminhados para diagnóstico diferencial com Graves (hipercaptante), ao contrário da tireoidite subaguda (hipocaptante) · Classificação funcional dos nódulos de tireoide · A maioria é hipocaptante, e desses cerca de 10 a 20% são malignos. · Se for hipercaptante, apenas 1 a 2% são malignos, não devem ser biopsiados · OBS: só pedir cintilografia de nódulo que esteja alterando TSH e/ou T3 e T4 · Diagnóstico diferencial de malignidade · Tem que usar outros marcadores, como glicose. Mas na maioria das vezes o diagnóstico é pela PAAF. · Não capta glicose → não é maligno · Capta glicose → maligno ou benigno · Cálculo de dose terapêutica de Iodo-131 · De acordo com o tamanho da glândula Captação 100% - bócio difuso tóxico ou Doença de Graves. Na imagem, há lóbulo piramidal no meio (resquício da migração do ducto tireoglosso). · Classificação funcional dos nódulos · Quando é normocaptante, tem que considerar que ele é hipo. Porque em geral é hipocaptante e está coberto por parênquima tireoidiano, aparecendo normocaptante · Nódulo em homens é mais raro, mas preocupa mais · Nódulos tireoidianos · Cintígrafo Retilíneo (pica-pau): imagem antiga de Medicina Nuclear, era um martelinho pontual · Diferenciava nódulos hipo de hipercaptantes · Nódulo autônomo (BNT) · Na imagem, é hipercaptante e só ele aparece (o resto da tireoide não aparece) · Produz muito HT · Não deve ser puncionado · Tratamento com iodo radioativo: depois do tto, a tireoide volta a aparecer · Diagnóstico diferencial · Bócio nodular atóxico x Doença de Plummer · Radioterapia · Usa radiação beta · Depende do tamanho da glândula e se há nódulo · Captação em 24h do I131 · Antigamente: µCi / grama de tecido efetivo · Dose · Calculada: (dose/g de tecido efetivo) · D = (100 a 200 µCi x g /captação) x 100 · Dose de 100 objetivava eutireoidismo · Dose de 200 objetivava hipotireoidismo · Fixa · Objetivo: eutireoidismo ou hipotireoidismo · Atualmente o objetivo é atingir o hipotireoidismo, por isso dá uma dose mais alta, é a história natural da doença. Depois do hipo, passa a controlar com reposição de HT sintético. É melhor do que deixar no eutireoidismo, que o controle é mais difícil. · Cintilografia da tireoide · Radioterapia (I131) · Bócio difuso tóxico (BDT): Graves · Eutireoidismo → 80 – 120 µCi/g · Hipotireoidismo → dose fixa, de 15-20 mCi · Bócio nodular tóxico (BNT): Plummer · 30 mCi · Bócio multinodular tóxico · 30mCi + injeção de fração de TSH recombinante humano para homogeneizar a captação de todos os nódulos · Câncer de Tireoide · Carcinoma diferenciado de tireóide · Papilífero (65-80%) · Folicular (15-20%) · Dá iodo radioativo após a cirurgia (TT) · Medular (5%) · Não se dá iodo radioativo, usa outro traçador · Anaplásico (2%) · Muito agressivos, mas raros · Outros · Subtipos histológicos: · Papilífero de células altas · Folicular (Hurthe) · CDT: mortalidade baixa, mas aumenta se tiver metástase. A Medicina Nuclear é importante no tratamento da doença regional para evitar que ela chegue no estado avançado, de metástases à distância · A maior mortalidade é nos pacientes com faixa etária maior. · Pacientes de 20 anos tem menor mortalidade, mas tem maior taxa de metástase (maior morbidade) · Classificação de risco · Baixo risco: sem metástases regionais ou à distância, ressecção completa, sem histologia agressiva ou invasão vascular, sem captação de I131 fora do leito tireoidiano · Risco intermediário: extensão extratireoidiana microscópica, meta linfonodal, histologia agressiva ou invasão vascular, captação de I131 fora do leito · Alto risco: invasão tumoral macroscópica, ressecção incompleta, metástases à distância, Tg desproporcional à PCI pós dose · RAI no Câncer de Tireoide · Captação de iodo radioativo em uma metástase de CDT – Keston, em 1942 · Tratamento de metástases – Seidlin, em 1946 · Utilização amplamente aceita tanto como método diagnóstico quanto terapêutico desde então · As discussões resumem-se a quando e como utilizar o I131 · Indicações do iodo radioativo · Destruir potenciais focos microscópicos de doença após a cirurgia · Aumentar a sensibilidade do scan com I131 para estadiamento · Se tiver tireoide normal, a tendência é que ela concentre todo o iodo radioativo administrado · Viabilizar a utilização da tireoglobulina (Tg) como marcador de atividade tumoral com a sensibilidade otimizada · Zerar a Tg com uso de RAI, para depois usá-la como marcador tumoral · Recorrência (follow up de 15,4 anos) · Tireoidectomia parcial = 11% · Tireoidectomia parcial + I131 = 5% · Tireoidectomia “total” = 3% · Tireoidectomia “total” + I131 = 1,3% · RIT aumenta a sobrevida e diminui a recorrência · Cintilografia de tireoide (PCI com I131) Paciente que fez a tireoidectomia total. Fora a região cervical, há um pouco de captação nas glândulas salivares, estômago, intestino, bexiga, mas a grande parte é da tireoide. Mesmo após a cirurgia, ficoucom captação (imagem molecular). Havia metástase linfonodal bilateral, era candidato para fazer iodo radioativo. Metástase de pulmão. Pode ver o fígado, mas não porque tem metástase nele, mas porque o fígado metaboliza o hormônio radioativo. Conduta: dar uma dose de iodo radioativo cujo objetivo é diminuir as metástases. · Cintilografia de Paratireoide · Usada para diagnosticar hiperparatireoidismo primário, secundário e terciário · Hiperparatireoidismo primário · Incidência aumentou de 0,08/1000 em 40 anos · 51% assintomáticos, mas sentem-se melhor após a cirurgia · Mais comum em mulheres e idosos · 2 a 3/1000 em mulheres > 40 anos · 21/1000 em mulheres de 55 a 75 anos · Adenoma (maioria), hiperplasia ou carcinoma (raros) · Aumento da atividade proliferativa e diminuição da sensibilidade ao cálcio · Hiperplasia: · Associada a NEM tipo I e II · 82 a 85% adenoma, 15% a 20% Hiperplasia, < 1% carcinoma · 15 a 20% dos Adenomas são ectópicos · Cintilografia com Sestamibi · Estudo em duas fases: 15 min e 2h após a injeção venosa · Baseado no clareamento diferencial do tecido tireoidiano e da paratireoide hiperfuncionante. · Faz a imagem da tireoide e o que sobrar é paratireoide · Subtração: (não é mais feita) · 99mTc-sestamibi - 99mTcO4- · 99mTc-sestamibi - I123 Imagem de 15 min mostrando a tireoide e imagem de 2h em que a tireoide sumiu e ficou marcado só o adenoma de paratireoide · 13% paratireoides supranumerárias · 3% três paratireoides Cirurgia minimamente invasiva radioguiada. Faz a cintilografia antes para localizar o adenoma e faz uma marcação na pele para mostrar onde o cirurgião deve ir para achar a paratireoide. · Abordagem cirúrgica simples? A imagem convencional (esq) mostrava um adenoma de paratireoide do lado esquerdo, mas na cirurgia o cirurgião não achou nada. Foi encaminhado para fazer o SPEC-CT quando se viu no corte sagital que a paratireoide está ectópica, paravertebral · Nódulo tireoideano e hiperparatireoidismo Captação intratireoideana Sugeriu ao endocrinologista puncionar o nódulo e dosar o PTH, que deu alto. Era um adenoma de paratireoide intratireoideano (captava sestamibi. Alguns nódulos malignos de tireoide também podem captar, mas diferencia pela clínica)
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