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Maria Brito-Medicina Oncologia-P4 Neoplasia De Tireoide 1. Conhecer a neoplasia de tireoide Conceito -Os nódulos tireoidianos são a principal forma de manifestação clínica do câncer de tireoide. -Vai desde adenomas circunscritos e benignos a carcinomas anaplásicos altamente agressivos. -Geralmente não há sintomas ou sinais de hipo ou hipertireoidismo. -No exame clínico, a depender do tamanho do tumor, podemos palpar na região cervical massas móveis a deglutição em um ou ambos os lobos tireoidianos.Porém em caso de invasão de estruturas adjacentes, os nódulos podem ser �xos à palpação. -Por �m, pode ocorrer metástase para linfonodos locais, sendo possível a palpação de gânglios nos triângulos supraclaviculares e nas cadeias cervicais laterais. Epidemiologia: -O câncer de tireoide é a neoplasia maligna endócrina mais comum. -A incidência do câncer de tireoide é de cerca de 14/100.000 por ano e aumenta conforme a idade. -Estima-se que ele represente menos de 1-3% de todos os cânceres,acometendo cerca de 40 pessoas para cada um milhão de indivíduos por ano.Todavia,observa-se um aumento em sua incidência nas últimas décadas, sobretudo devido a melhora nos exames ultrassonográ�cos,permitindo o diagnóstico de pequenos carcinomas. -Os nódulos tireoidianos são extremamente comuns,ocorrendo em cerca de 5 a 10% dos adultos, chegando até 50% quando se utiliza a ultrassonogra�a. Porém, apenas 5% desses nódulos são malignos. -4 a 9 mortes por milhão de habitantes ou de 0,4% a 0,9% de todas as mortes por câncer. -Os carcinomas diferenciados possuem bons prognósticos. -Em torno de 90% dos casos de câncer tireoidiano são bem diferenciados e originados de células foliculares. -O câncer papilar de tireoide constitui o tipo mais comum de câncer de tireoide.(P -popular).Tanto em adultos como crianças. -Uma predominância feminina foi observada entre os pacientes que desenvolveram carcinoma da tireoide durante o início e meio da idade adulta(20-55 anos).Em mulheres, é duas vezes maior que nos homens. Fat�es de risco SEr muito jovem ou muito velho Genes de suscetibilidade:Acredita-se que o principal fator de risco relacionado ao CA de tireoide seja a herança genética. -Entretanto,apenas cerca de 5 a 10% dos casos são considerados de natureza familiar, 1 Maria Brito-Medicina Oncologia-P4 �cando a maioria relacionada ao câncer esporádico. -Aumento de cerca de 10 a 20% do câncer de tireoide papilar em parentes próximos, representando um aumento triplo do risco geral da população. -Síndromes familiares raras estão associadas com o aumento da prevalência. IPC! O único tipo de CA tireoidiano que não se tem evidência de associação com síndromes familiares é o folicular. Fatores ambientais:o principal fator de risco predisponente ao câncer de tireoide é a exposição à radiação ionizante, especialmente durante as primeiras 2 décadas de vida.Ex:houve um aumento acentuado da incidência de carcinomas papilares em crianças expostas à radiação ionizante após o desastre nuclear de Chernobyl, em 1986. -> Radiação:agente cancerígeno que promove a suscetibilidade ao CA de tireoide pela produção de mutações em locais sensíveis.As células passam apresentar instabilidade genômica.Isso ocorre principalmente quando a exposição inicia-se desde a infância. -A exposição ao radioiodo leva a morte de células da glândula e pode causar insu�ciência tireoidiana. -Essa associação entre o CA de tireoide e a radiação ocorre principalmente no tipo papilífero, mas pode ser encontrada em menor quantidade no tipo folicular. Níveis de Iodo na dieta:a de�ciência de iodo leva à redução no nível de hormônios da tireoide e por autorregulação, induz ao aumento da secreção de TSH,um fator de crescimento para as células do folículo tireoidiano. -Hipótese:estímulo crônico às células da tiroide pelos níveis elevados de TSH, poderiam levar ao aparecimento, sobretudo do câncer do tipo folicular.Todavia,alguns estudos evidenciaram que com a suplementação de iodo em áreas com de�ciência, há uma redução do câncer de tireoide do tipo folicular, mas um aumento na incidência de câncer do tipo papilar.Aumento excessivo na captação de iodo secundária a presença de de�ciência prévia de iodo. Sexo feminino:acredita-se que exista um papel do estrogênio no aumento da incidência desse câncer.Pois,segundo estudos,na tiroide existem receptores de estrogênio e essa molécula pode levar ao aumento da proliferação celular.No entanto,ainda não há associação comprovada entre o câncer tireoidiano e a menarca, gravidez, ou uso de contraceptivos orais. Aumento dos níveis do TSH:o hormônio TSH, através do receptor de TSH, estimula o crescimento e função das células tireoidianas. -Estudos demonstraram aumento da expressão dos receptores de TSH em cânceres tireoidianos bem diferenciados. -Estima-se que exista um risco quatro vezes maior do desenvolvimento de malignidade nos nódulos tireoidianos expostos a altos níveis de TSH,além de aumentar a agressividade desses cânceres. --------------------------------------- Fisiologia: 2 Maria Brito-Medicina Oncologia-P4 Na periferia, a maior parte do T4 livre é deiodinada em T3. --------------------------------------- Doença autoimune da tireoide:a presença de in�amação crônica da tireoide devido a doenças autoimunes, esteja associada a maior incidência de câncer tireoidiano. -Estudos indicam que pacientes com Tireoidite de Hashimoto tem risco de 50% de desenvolver linfoma de tireoide. Antecedentes de neoplasia tireoidiana:o câncer de tireoide anaplásico possui forte associação com o antecedente pessoal de neoplasia de tireoide bem diferenciada. Classificação Adenomas -Os adenomas da tireoide são neoplasias benignas derivadas do epitélio folicular. -Os adenomas foliculares geralmente são solitários. -Embora a grande maioria dos adenomas sejam não funcionantes, uma pequena proporção produz hormônios tireoidianos (adenomas tóxicos), causando tireotoxicose-síndrome clínica decorrente do excesso de hormônios tireoidianos circulantes, secundário à hiperfunção da glândula tireóide ou não. -O resultado desta abundância é o hipertireoidismo sintomático, com um nódulo tireoidiano “quente”(hiperfuncionante) visto em estudos de imagem. -Em geral, os adenomas foliculares não são precursores de carcinomas; no entanto, as alterações genéticas compartilhadas corroboram a possibilidade de que pelo menos um subconjunto de carcinomas foliculares tenha origem em adenomas preexistentes. Patogenia: -As mutações condutoras na via de sinalização do receptor de TSH desempenham um papel importante na patogenia dos adenomas tóxicos. -As mutações somáticas ativadoras em um dos dois componentes desse sistema de sinalização – mais comumente, o gene que codi�ca o próprio receptor de TSH (TSHR) e, menos comumente, a subunidade-α de Gs (GNAS) – permite que células foliculares secretem o hormônio da tireoide independente da estimulação pelo TSH (autonomia da tireoide). Gene GNAs codi�ca a proteína Gαs (subunidade alfa estimuladora da proteína G) ----------------------------------------------------- -Em geral, as mutações somáticas na via de sinalização do receptor de TSH estão presentes em pouco mais da metade dos adenomas tóxicos. Características morfológicas: -Lesão solitária e esférica.As células neoplásicas são demarcadas do parênquima 3 Maria Brito-Medicina Oncologia-P4 adjacente por uma cápsula bem de�nida e intacta. IPC! A avaliação da integridade da cápsula é crucial na distinção entre adenomas foliculares e carcinomasfoliculares. Quadro clínico: -A maioria dos adenomas da tireoide se manifesta como nódulos indolores. -Massas maiores podem produzir sintomas locais, como di�culdade na deglutição(disfagia). -Aparecem como nódulos frios em relação à glândula tireoide normal. -Os adenomas tóxicos aparecem como nódulos mornos ou quentes na varredura. IPC! Até 10% dos nódulos frios acabam por se revelar malignos.Em contraposição, a malignidade é incomum em nódulos quentes. -Os adenomas da tireoide apresentam um excelente prognóstico e não recorrem nem sofrem metástase. Carcinomas: -A maioria dos carcinomas da tireoide (exceto os carcinomas medulares) é derivada do epitélio folicular da tireoide, e destes, a grande maioria é de lesões bem diferenciadas. Tipos: Diferenciados: -Mais indolentes ,mais fácil de tratar. Carcinomas papilares de tireoide: -Acomete indivíduos jovens (3 e 4 décadas de vida). -Baixa malignidade e crescimento lento. Subtipos: Variante clássica e variante folicular apresentam melhor prognóstico. IPC! Subvariante da folicular que é encapsulado,dessa forma apesar de ser maligno ele não evolui com metástase.Querem mudar a nomenclatura. Patogênese: -Translocação/transformação do gene 10 e 17 -Esses genes são proto-oncogenes que são transformados em oncogenes pela via da MAPK. -Alteração na sinalização da via da MAPK(MAP quinase),através de mutações(principalmente nos genes).Principal causa. IPC! MAPK controla a divisão celular. -Pode ocorrer mutação no gene BRAF,presente em 50% dos casos.Constitui pior prognóstico e maior agressividade. O gene BRAF codi�ca a proteína BRAF, que participa de vias de sinalização intracelulares (MAPK/ERK) reguladoras de importantes funções, como o crescimento, diferenciação, proliferação e morte celular 4 Maria Brito-Medicina Oncologia-P4 -Pode ter uma translocação no gene RET/PTC,segundo tipo mais comum,mais associado ao subtipo folicular do CA papilífero. -Pode ter uma alteração no RAS,15% dos carcinomas(dos diferenciados) e pode ocorrer em qualquer neoplasia de tireoide. RAS atua como interruptor molecular Patologia:arranjo de células foliculares em papilas(lembra o mamilo),aumento do tamanho nuclear e invaginação do citoplasma para o núcleo. “Olhos da órfã Annie”(núcleos claros) é patognomónico para Carcinoma papilífero de tireoide. Disseminação:via linfática.Para outra parte da tireoide e para linfonodos pericapsulares e cervicais(disseminação para Perto do pescoço).Quando hematogênica vai principalmente para Pulmão e ossos. -Radiação na infância é fator de risco. -10 anos a pessoa estará vida mesmo sem diagnóstico,e viva sem mudanças Carcinoma folicular: -Carcinoma folicular é o 2 tipo mais comum,maior prevalência em mulheres,geralmente a partir dos 35 anos( pico acima dos 50 anos) e em áreas em que há de�ciência de iodo. -Geralmente são maiores que os tumores papilíferos. Patogênese: Principais mutações:translocação PAX8/PPARgama(cria um gene fusionado):O primeiro é um gene homeobox pareado que é importante no desenvolvimento da tireoide.O segundo gene do receptor ativado por proliferador de peroxissomo.Este funciona como fator de transcrição que regula a expressão dos genes. -Via PI3K/AKT ver a imagem do robbins(que tem os genes). -PTEN:gene supressor de tumor -RAS Disseminação:metástase à distância(Fora do pescoço).Via hematogênica é a principal forma. -Sítios + comuns pulmão e osso(como o papilífero). -Pulmão e �ígado ,deve-se ao tropismo e devido se disseminarem pelas veias.Como esses órgãos recebem muitas veias. Patologia: IPC! Não é possível diferenciar o adenoma do carcinoma pela PAAF.Carcinoma é caracterizado por invasão,já adenoma não.Logo só é possível diferenciar retirando a peça. -Mais unilateral,os papilíferos tbm. -Ele é unilobular,VER! 5 Maria Brito-Medicina Oncologia-P4 Células Hurthle:subtipo,mais agressivo,tem prognóstico pior VER Indiferenciados: -São mais agressivos,Os dois primeiros são com piores prognósticos. Carcinomas anaplásicos:estes tumores altamente agressivos podem surgir de novo ou, mais comumente, pela progressão de um carcinoma papilar ou folicular bem diferenciado. -São raros(1% dos carcinomas de tireóide) e apresentam uma incidência de uma a duas por milhão de pessoas.Mortalidade próxima de 100%. -Pacientes mais velhos do que os CA diferenciado.Idade média no diagnóstico é de 65 anos. Quadro clínico: Massa cervical com crescimento rápido,evoluindo com sintomas compressivos.Ex:rouquidão,disfagia,dispneia e dor cervical. -Ao diagnóstico:80% de acometimento linfonodal e invasão de estruturas adjacentes.50% já tem metástase à distância(principalmente pulmão,mas pode aparecer no osso,SNC,�ígado). -A queda de estrógeno(menopausa) trás a queda de B Catenina -O pior prognóstico geralmente é os homens, por ser mais acometido nesse tipo. Patogênese: -Carcinoma bem diferenciado que sofre mutação no gene p53(perde a função). -As alterações moleculares presentes são observadas em carcinomas bem diferenciados(p. ex.,mutações em RAS ou PIK3CA), bem como mutações adicionais que são especí�cas ao carcinoma anaplásico. Disseminação:rápida para estruturas vizinhas a tiroeide. Patologia:células com mitoses atípicas,aberrantes,multiformes e de contornos irregulares. Carcinomas medulares da tireoide:originam-se das células C parafoliculares,originária da crista neural,e não das células foliculares. -Célula neuroendócrina(células C),que secretam calcitonina.Todavia,quando vira câncer pode secretar ACTH(hormônio adrenocorticotró�co),VIP(peptídeo vasoativo intestina),CEA(antígeno carcinoembrionário ),serotonina.. Epidemiologia:5% dos cânceres da tireoide; Patogenia 6 Maria Brito-Medicina Oncologia-P4 -Estão associados a mutações da linhagem germinativa do proto-oncogene RET que levam à ativação constitutiva do receptor de tirosina cinase RET. -As mutações em RET também são observadas em aproximadamente metade dos cânceres de tireoide medulares não familiares (esporádicos). 75-80% esporádicos. 50% dos casos esporádicos tem mutação somática no RET.Os outros 50% são mutações variadas sem associação ao gene RET. 20%-25% tem causa genética herdada:herança autossômica dominante e com alta penetrância. -Idade mais jovem(3 década),já nos esporádicos são na 5 década. -Geralmente multicêntrico(vários locais da tireoide) -65 a 90% dos casos, podem ser bilaterais e envoltos por hiperplasia de células C. -Pode se associar a neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (MEN-2) A e B -10 a 15% dos casos familiares. Quadro clínico: Manifestações locais e neuroendócrinas(hipersecreção hormonal). -Hipercalcitoninemia:diarreia tanto por aumento das secreções digestivas quanto da motilidade gastrointestinal. -Síndrome de Cushing ectópica-ACTH ou o liberador de corticotro�na(CRH).In�uenciam no aumento da produção de cortisol pela adrenal. Hábito marfanóide(articulações mais elásticas do que o normal). Disseminação:maior que os diferenciados e menor que os anaplásicos. -Ao diagnóstico,já é detectado metástases em linfonodos cervicais em metade dos pacientes e metástases distantes em 20% (pulmão,osso.�ígado,SNC e pele) -Casos de metástase péssimo prognóstico. Patologia:células fusiformes e pleomór�cas,sem desenvolvimento folicular. -A imunocitoquímica para calcitonina +. -Dosagem sérica,caso a pulsão seja indeterminada.Se o resultado for 100pg/ml é sugestivo para o diagnóstico. -Entre 10-100 pg/ml estimulas com secretagogos de calcitonina(incluir de cálcio).Geralmente faz em casos familiares. 2. Compr�nder os critérios de diagnóstico do câncer de tireoide -Anamnese detalhada, levantando possíveis fatores de riscoe sintomas compatíveis com a doença. -Exame �ísico,avaliando a presença de nódulos tireoidianos e evidências de metástases. -O quadro clínico apresenta baixa especi�cidade e sensibilidade,de forma que deve-se solicitar exames complementares.. -De um modo geral, cerca de 5% da população possui nódulos de tireoide. No entanto, apenas 5 a 15% desses nódulos são malignos. Exames complementares Exames laboratoriais:os testes de função tireoidiana, como TSH,T4 e T3,nem sempre ajuda,pois os pacientes com nódulos tireóideos benignos e malignos, em sua maioria, são eutireoidianos(tireoide funciona normal). 7 Maria Brito-Medicina Oncologia-P4 Anticorpos antitireóideos são úteis principalmente em mulheres jovens com bócio difuso, para o diagnóstico diferencial de tireoidite de Hashimoto.Logo,esse anticorpo serve para separar doenças autoimunes das demais. O cálcio sérico e a dosagem de paratormônio são importantes para o diagnóstico de hiperparatireoidismo, na suspeita de nódulo de paratireoide. Já a calcitonina pode dar o diagnóstico e seguimento pós-operatório dos pacientes com carcinoma medular da tireoide. A tireoglobulina é uma glicoproteína produzida exclusivamente pelas células normais e neoplásicas, ainda diferenciadas, da tireoide. Portanto, essa molécula serve como um marcador tumoral para os cânceres diferenciados(papilífero e folicular). -A dosagem de tireoglobulina pode ser feita antes da cirurgia para avaliar se o seu valor está compatível com o volume glandular e nodular, visto que altos níveis, pode sugerir a presença de metástases.Além disso, serve para o acompanhamento após a cirurgia. Cintilogra�a da tireoide:possui baixa sensibilidade e especi�cidade, por conta disso, não é usada na avaliação inicial do tumor tireoidiano.No entanto, ele é usado para determinar se um nódulo é funcionante em um paciente com hipertireoidismo ou determinar o status funcional dos nódulos em um bócio multinodular. -Um exame em que administra radiofármacos-pode ser o iodo e analisa o funcionamento do órgão em questão. Ultrassonogra�a:é um método simples, acessível e não-invasivo, por isso é muito utilizada para o diagnóstico de câncer de tireoide. -Além disso, no nódulo de tireoide, ele oferece aspectos macroscópicos que permite a suspeita de nódulos benignos ou malignos. IPC! Hiperecoico:é a área que re�ete de maneira intensa as ondas que a elas se dirigem (imagens brancas).regiões menos densas,ex:gordura,líquido? -Altura do nódulo>largura do nódulo tem caracterizado pela origem da base(patologia). A combinação de algumas características,como presença de microcalci�cações, hipoecogenicidade e contornos irregulares, aumenta o risco de malignidade de uma lesão. -Classi�cação de CHAMMAS vascularização -O Ministério da Saúde não recomenda livremente essa utilização.Questões �nanceira -Ademais, apesar de ser sugestivo, não é um exame capaz de con�rmar o diagnóstico de lesões malignas. Por isso, esse exame apenas seleciona pacientes que devem fazer biópsias da tireoide. 8 Maria Brito-Medicina Oncologia-P4 Punção aspirativa por agulha �na (PAAF):o método padrão-ouro para o diagnóstico de neoplasias tireoidianas.Ela possui alta sensibilidade e especi�cidade,especialmente para o carcinoma papilífero. -Possui baixos índices de complicações, porém sua e�cácia depende da habilidade do operador em coletar uma amostra adequada para o exame citológico. -Com o material coletado, é possível a realização de exames imunohistoquímicos para tireoglobulina,calcitonina, bem como a pesquisa de outros marcadores moleculares. -O ponto mais importante é que o exame citológico realizado através da PAAF é capaz de dar o diagnóstico de�nitivo dos cânceres papilíferos, medulares e anaplásicos,mas não do folicular. -No caso do Carcinoma folicular,o resultado não permite dizer se o nódulo é maligno ou benigno, sendo necessário a realização de tireoidectomia parcial para retirada de material para estudo anatomopatológico e con�rmação diagnóstica. Etapas: -Após uma anamnese ou exame �ísico suspeito, o primeiro exame a ser solicitado é o TSH. -Avaliação pré-operatória de adenomas suspeitos são a ultrassonogra�a e biópsia por aspiração com agulha �na. -O diagnóstico de�nitivo de adenoma da tireoide pode ser feito somente após exame microscópico cuidadoso da amostra ressecada. Testes moleculares Técnica do congelamento:retira o nódulo na hora no centro cirúrgico,o patologia analisa na hora e ver se for maligno retira se não deixa. 3. Entender o estadiamento e as condutas terapêuticas do câncer de tireoide (ênfase em iodoterapia) -Conhecer o estágio da doença ajuda na de�nição do tipo de tratamento e a prever o prognóstico do paciente. -No câncer de tireoide os estágios variam de 1 a 4, onde o estágio 4 signi�ca que a doença está mais disseminada.E dentro de um estágio, uma letra anterior signi�ca um estágio inferior. Estrati�cações iniciais de risco -As estrati�cações iniciais de risco são baseadas em dados clínicos, cirúrgicos, histopatológicos, tumorais e moleculares presentes ao diagnóstico, e proporcionam estimativas dos riscos iniciais de morte e de recorrência/persistência tumoral. -Sistema de estadiamento TNM da American Joint Committee on Cancer (AJCC), que utiliza três critérios para avaliar o estágio do câncer:o próprio tumor, os linfonodos regionais ao redor do tumor e se o tumor se espalhou para outras partes do corpo. T. Indica o tamanho do tumor primário e se disseminou para outras áreas. 9 Maria Brito-Medicina Oncologia-P4 N. Descreve se existe disseminação da doença para os linfonodos regionais. M. Indica se existe presença de metástase em outras partes do corpo, como pulmões ou �ígado. -Se aplica para os câncer de tireoide diferenciados, anaplásicos e medulares. -Depois que as categorias T, N e M são determinadas,essas informações são combinadas em um processo denominado estadiamento geral. -Às vezes, se a cirurgia não é possível imediatamente, o estadiamento será clínico e será baseado nos resultados do exame �ísico, biópsia e exames de imagem. -O sistema TNM é importante preditor do risco de morte, mas não é um bom preditor de risco de recorrência/persistência tumoral. Estrati�cação de risco de recorrência/persistência tumoral: -A �m de avaliar adequadamente o risco de recorrência/persistência tumoral, diferentes estrati�cações de risco foram desenvolvidas pelas sociedades American Thyroid Association (ATA),Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), European Society of Endocrinology e Latin American Thyroid Society (LATS). -A estrati�cação de risco mais utilizada na atualidade é a da ATA, que de�ne três categorias de risco:baixo, intermediário e alto. -O risco de recorrência/persistência tumoral deve ser individualizado e entendido como uma gradação contínua de risco, considerando-se as características histopatológicas, clínicas e moleculares dos tumores,quando disponíveis,presentes no momento do diagnóstico. -Estima-se que categorias de risco baixo, intermediário e alto pela ATA estejam associadas a risco de recorrência/persistência de doença estrutural de < 1 a 8%, 10 a 30% e > 40%, respectivamente. 10 Maria Brito-Medicina Oncologia-P4 Tratamento: -Nesse momento é importante avaliar os bene�ícios de cada opção terapêutica, bem como os possíveis riscos e efeitos colaterais de cada tratamento. -As opções de tratamento podem incluir cirurgia, iodoterapia, hormonioterapia, radioterapia, quimioterapia e terapia alvo. Em muitos casos, mais do que um dessestratamentos ou uma combinação deles podem ser utilizados. -Em função das opções de tratamento de�nidas para cada paciente, a equipe médica deverá ser formada por especialistas, como cirurgião, endocrinologista, oncologista e radiooncologista. Mas, muitos outros poderão estar envolvidos durante o tratamento, como, enfermeiros, nutricionistas, �sioterapeutas, assistentes sociais e psicólogos. Tomando decisões sobre o tratamento:É importante que todas as opções de tratamento sejam discutidas com o médico, bem como seus possíveis efeitos colaterais, para ajudar a tomar a decisão que melhor se adapte às suas necessidades. Alguns itens devem ser considerados, como idade e expectativa de vida, outras condições de saúde, estadiamento da doença, se a cirurgia pode (ou não) retirar todo o tumor, e, probabilidade de cura da doença. Considerando métodos complementares e alternativos:estes métodos podem incluir vitaminas, ervas e dietas especiais, ou outros métodos, como acupuntura ou massagem. Os métodos complementares se referem a tratamentos usados junto com seu atendimento médico regular. E os tratamentos alternativos são usados em vez do tratamento médico.Embora alguns destes métodos possam ser úteis para aliviar os sintomas ou ajudar você a se sentir melhor,muitos não foram comprovados cienti�camente e não são recomendados. Escolhendo interromper o tratamento:você ainda pode receber cuidados de suporte para ajudar com a dor ou outros sintomas. Radioiodoterapia: Outra possibilidade terapêutica é o iodo radioativo (131I). IPC! A glândula tireoide absorve praticamente todo o iodo presente no sangue. Quando uma dose de iodo radioativo, conhecida como I-131, é administrada, pode destruir a glândula tireoide e quaisquer outras células cancerígenas da tireoide, com pouco ou nenhum efeito colateral para o corpo. 11 Maria Brito-Medicina Oncologia-P4 -Esse tratamento pode ser utilizado para destruir qualquer tecido de tireoide remanescente da cirurgia ou para tratar o câncer de tireoide que se disseminou para os linfonodos ou outros órgãos. -A iodoterapia é amplamente indicada para pacientes com câncer de tireoide papilífero ou folicular (câncer diferenciado da tireoide). Mas, não é utilizada para tratar carcinomas anaplásicos e medulares da tireoide, uma vez que esses tipos de câncer não captam iodo. IPC! Para célula captar iodo(iodoradioterapia) a célula tem que ter um certo grau de diferenciação. -A iodoterapia é mais e�caz em pacientes com níveis altos de hormônio tireoestimulante (TSH) no sangue.Essa substância estimula o tecido da tireoide (e às células cancerosas) a absorver o iodo radioativo. IPC! Se a tireoide foi removida, uma maneira de elevar os níveis de TSH é não administrar hormônios em comprimidos durante algumas semanas. Isso causa uma diminuição do nível de hormônios da tireoide, que por sua vez faz com que a hipó�se libere mais TSH.Esse hipotireoidismo intencional é temporário, mas muitas vezes provoca sintomas como cansaço, depressão, ganho de peso, constipação, dores musculares e concentração reduzida. -Outra forma de aumentar os níveis do TSH antes da iodoterapia é administrar uma forma injetável de TSH, que pode fazer com que os hormônios da tireoide sejam retidos por um período de tempo desnecessário.Este medicamento é administrado durante 2 dias, fazendo-se a iodoterapia no 3º dia. Outra estratégia em estudo seria o uso prévio de metimazol, que inibe a síntese dos hormônios tireoidianos, para promover elevação do TSH e aumentar a captação do 131I. Em um estudo, foi observada redução signi�cativamente maior do tamanho do bócio com 131I do que com a supressão com L-T4 (44% vs. 1%), após 2 anos. O 131I também foi mais bem tolerado, mas 45% dos pacientes tratados desenvolveram hipotireoidismo. A captação do iodo radioativo é determinada principalmente pela expressão do NIS e estimulada pelo TSH, exigindo a expressão do TSH-R. O tempo de retenção para a radioatividade é in�uenciado pelo grau em que o tumor conserva as funções diferenciadas, tais como retenção e organi�cação do iodeto. -A maioria dos médicos também recomenda que o paciente siga uma dieta pobre em iodo durante 1 ou 2 semanas antes do tratamento. Isso signi�ca evitar os alimentos que contêm sal iodado e corante vermelho, assim como produtos lácteos, ovos, frutos do mar e soja RISCOS:Seu corpo emitirá radiação por algum tempo assim que você iniciar a iodoterapia. Dependendo da dose de iodo radioativo administrada, pode ser necessária a internação do paciente, geralmente em um quarto especial para impedir que outras pessoas sejam expostas à radiação. Alguns pacientes, dependendo da dose recebida, podem não necessitar de internação hospitalar. Cirurgia: A cirurgia é o principal tratamento para quase todos os casos de câncer de tireoide, exceto para alguns tipos de câncer de tireoide anaplásico. Se o câncer de tireoide é diagnosticado por uma biópsia por agulha �na (PAAF), a cirurgia para remover o tumor ou a parte da glândula tireoide remanescente é geralmente recomendada. Principais tipos: 12 Maria Brito-Medicina Oncologia-P4 Lobectomia. Essa cirurgia é algumas vezes utilizada para o câncer diferenciado de tireoide (papilífero ou folicular).O lobo contendo o câncer é geralmente removido, junto com o istmo (parte que une os lobos). Uma vantagem dessa técnica, é que o paciente pode não necessitar fazer reposição hormonal após a cirurgia. Mas ter tecido tireoidiano pode interferir em exames posteriores, como exames de sangue para tireoglobulina, cintilogra�a da tireoide e exames para diagnosticar possíveis recidivas. Tireoidectomia. A tireoidectomia é o tipo de cirurgia mais comum para a remoção da glândula tireoide.Se toda a glândula é removida, é denominada tireoidectomia total. Após a retirada, o paciente terá que fazer reposição hormonal diariamente.Uma das vantagens dessa técnica sobre a lobectomia é que pode ser feito acompanhamento de possíveis recidivas por meio de cintilogra�as da tireoide e exames de sangue para tireoglobulina. Terapia supressiva com levotiroxina (L-T4):no passado, costumava-se empregar a em pacientes cujos nódulos se mostrassem benignos à PAAF, com intuito de inibir o crescimento desses nódulos pela supressão do TSH. No entanto, além de ser pouco e�caz, essa conduta não é isenta de riscos, podendo predispor a osteoporose (principalmente em mulheres na pós-menopausa) e distúrbios cardíacos importantes, como taquicardia, �brilação atrial e aumento da massa ventricular esquerda, entre outros. Terapia Alvo:é um tipo de tratamento que usa drogas ou outras substâncias para identi�car e atacar as células cancerígenas com pouco dano às células normais. Cada tipo de terapia alvo funciona de uma maneira diferente, mas todas alteram a forma como uma célula cancerígena cresce, se divide, se auto repara, ou como interage com outras células. A quimioterapia utiliza medicamentos anticancerígenos para destruir as células tumorais. Por ser um tratamento sistêmico, a quimioterapia atinge não somente as células cancerígenas senão também as células sadias do organismo. A quimioterapia é administrada por via venosa ou por via oral. -É raramente utilizada para o tratamento da maioria dos tipos de câncer de tireoide.Ela é combinada com radioterapia para câncer de tireoide anaplásico e às vezes é utilizada para outros cânceres avançados que não respondem a outros tratamentos. -A radioterapia utiliza radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células cancerígenas que formam um tumor. -É frequentemente usado no tratamento do câncer de tireoide medular ou anaplásico. -Geralmente, esse tipo de tratamento não é usado no tratamento do câncer de tireoide diferenciado, que absorvem iodo e são melhor tratados com iodo radioativo. -Se um tumornão responde à iodoterapia, a radioterapia pode ser realizada para o tratamento do câncer ou para reduzir a chance de uma recidiva local ou uma metástase. -A principal desvantagem desse tratamento é que a radiação pode também destruir o tecido saudável. Alguns pacientes podem apresentar efeitos colaterais, como alterações na pele, di�culdade para engolir, rouquidão, boca seca e fadiga. Hormonoterapia:após a tireoidectomia, o organismo deixa de produzir os hormônios da tireoide que necessita. Com isso, os pacientes devem tomar hormônio tireoidiano (levotiroxina) em forma de comprimidos para substituir a perda do hormônio natural. 13 Maria Brito-Medicina Oncologia-P4 -Administra doses de hormônio superiores às normais, mantendo os níveis do TSH muito baixos. Isso permite retardar o crescimento de quaisquer células cancerígenas remanescentes e diminuem as chances de alguns tipos de câncer de tireoide recidivarem. Injeção percutânea com etanol(PEI) ou “escleroterapia com etanol” foi inicialmente utilizada no tratamento de nódulos autônomos. Mais recentemente, também se passou a utilizar esse tipo de terapia em nódulos císticos e sólidos considerados benignos pela PAAF, com indicação terapêutica, seja por queixas compressivas, seja por motivos estéticos. Estudos prospectivos evidenciaram excelentes resultados a longo prazo no tratamento dos nódulos císticos tireoidianos com o etanol. Em relação aos nódulos sólidos benignos, os resultados também foram animadores. Dor, febre e extravasamento do etanol para tecidos adjacentes estão entre os principais efeitos adversos da PEI. Ablação percutânea com laser guiada por US: Trata-se de uma modalidade terapêutica ainda pouco utilizada no Brasil, que tem sido reservada sobretudo para nódulos benignos atóxicos, propiciando redução do volume nodular e dos sintomas compressivos. -Pode ser uma alternativa potencial para a cirurgia em pacientes de alto risco cirúrgico com sintomas de compressão, ou naqueles que se recusem a se submeter à cirurgia. Em um estudo multicêntrico italiano, com 1.531 pacientes, a redução do volume nodular após 1 ano variou de 48 a 96%, com média de 72%. -Níveis sérico de calcitonina e CEA(marcador tumoral) duas vezes ao ano. IPC! Anaplásico:paliativo,se tem metástase traqueostomia ,gastrostomia. -Sem metástase:tireoidectomia total,associada à radioterapia e quimioterapia. Tireoidectomia total com esvaziamento linfonodal. IPC! Estrati�cação dinâmica de risco com base na resposta ao tratamento sem radiodoterapia -Os pacientes submetidos a tireoidectomia total sem RAI ou lobectomia devem ser acompanhados com US cervical (6 meses após tratamento inicial e, em seguida, considerar a realização em intervalos de 12 a 24 meses, de forma individualizada); dosagem de Tg(tireoglobulina) não estimulada, AAT(anti-tiroglobulina) e ,TSH.O prognóstico e o manejo clínico serão de terminados com base na estrati�cação dinâmica de risco (resposta ao tratamento) da seguinte forma. 14
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