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AS LEIS PORTUGUESAS
1. Os Primeiros Habitantes e a Romanização
	Antes de Roma tomar a Península Ibérica, outros povos já haviam habitado o lugar, destacando-se os Lusitanos que formavam pequenos estados (aristocráticos) em cidades. Com a tomada dessa, foi feita uma reforma administrativa que dividia a Península em províncias e instalou-se a administração da justiça baseada em uma divisão dessas em unidades menores, conventus, na qual o governador, conhecedor do direito romano, estava responsável por administrar a justiça em seu território.
A romanização aconteceu em 212 d.C., com a Constituição Antoniana, que concedeu cidadania romana a todos os habitantes do império, romanos ou conquistado por Roma. A partir do início do século V d.C. o direito visigótico passa a dominar a região.
2. Os Muçulmanos na Península
Após a morte de Maomé, formou-se um Estado teocrático militar, governado por Califas, chefes político-religiosos que lideraram um movimento expansionista que aumentou o território do império árabe. Iniciou-se com a conquista de territórios persas e bizantinos em 634. Conquistaram a Península Ibérica, mas foram derrotados pelos francos. Em seguida, derrotados em Bizâncio, estabeleceram-se nos territórios conquistados sem buscar mais expansão. Os mulçumanos mantinham a estrutura dos locais conquistados e buscavam respeitar as instituições existentes, inclusive no tocante ao direito.
3. O Nascimento de Portugal
O Condado Portucalense, feudo dado pelo rei Afonso IV, formou um reino, com dinastia própria e com o reconhecimento da Igreja. Mesmo independente, Portugal não parou a luta pela expulsão dos muçulmanos. Assim, as guerras chamadas de "Reconquista" marcaram toda a organização do Estado Português e, com a exigência permanente de constante mobilização militar, a figura do chefe do exército foi reforçada, facilitando a centralização em torno do rei.
Portugal foi o primeiro a tornar-se um Estado no sentido moderno do termo. Dessa forma, o reinado de D. Diniz, entre 1279 e 1325, unificou a língua em todo território, impondo o português nos documentos públicos e a fundação de Universidades. Além disso, fez valer em Portugal um documento legal: a Lei das Sete Partidas, que era uma exposição jurídica de caráter enciclopédico, inspirado no direito romano e no direito canônico que tinha em vistas suplantar os costumes e o chamado "direito velho".
4. A Era das Ordenações:
4.1. As Ordenações Afonsinas
As Ordenações Afonsinas começaram a ser feitas no reinado de D. João I, que ascendeu ao trono na Revolução de Avis e colocou a dinastia de Avis por cerca de dois séculos no trono Português. Elas são divididas em cinco livros: o primeiro é relativo aos regimentos dos cargos públicos (régios e municipais); o segundo é sobre Direito Eclesiástico, jurisdição e privilégios dos donatários; o terceiro livro diz respeito ao processo civil; o quarto é de direito civil, englobando o direito das obrigações e contratos, o direito das coisas, o direito de família e sucessões; o quinto e último livro aborda o direito penal e o processo penal.
A Estrutura Judiciária colocada pelas Ordenações Afonsinas contava com Magistrados Singulares e Tribunais Colegiados de segundo e terceiro graus de jurisdição, além de magistrados com funções específicas postos acima dos Tribunais Colegiados.
Os Magistrados Singulares, que eram: os Juízes Ordinários, não eram bacharéis em direito; os Juízes de Fora, bacharéis em direito e podiam substituir os ordinários; os Juízes de Órfãos de causas referentes aos interesses de menores, inventários e tutorias; os Juízes de Vintena, juízes de paz nas localidades com até vinte famílias; os Almotacéis, tem a função de apreciação de litígios sobre servidão urbana e crimes praticados por funcionários corruptos; os Juízes de Sesmaria, questões envolvendo terras; os Juízes Alvazis dos Avençais e dos Judeus questões havidas entre funcionários régios e entre judeus.
Os Tribunais Colegiados – 2º Grau de Jurisdição eram assim compostos: Desembargo do Paço que tinha como objetivo apreciar questões cíveis relativas à liberdade do indivíduo; Conselho da Fazenda, solucionar litígios acerca de arrecadação de tributos; Mesa da Consciência e Ordem responsável pela apreciação dos recursos dos demais juízes.
O Tribunal Colegiado – 3º grau de jurisdição - era a Casa de Suplicação, que era a terceira e última instância da justiça portuguesa com competência delimitada.
Era do rei o mais alto cargo da Justiça, visto que ele era o Governador da Casa da Justiça na corte, o mais alto e principal Ofício da Justiça. Seu papel era a distribuição dos Desembargadores, definição dos dias de trabalho destes e do Juiz dos feitos, do Procurador, do Corregedor da Corte e dos Ouvidores. Além dele, havia o Juiz dos Feitos, responsável por realizar audiências nos Tribunais de Relação ou nas Mesas de Consciência, o Corregedor da Corte era competente para conhecer questões de pessoas menos afortunadas. Os Ouvidores eram os responsáveis pelo conhecimento de todos os feitos penais que estivessem em apelação, assim como, no âmbito dos Tribunais de Relação, a distribuição de audiências. 
As Ordenações Afonsinas têm muita influência do direito Canônico. Essa legislação não trabalha com uma proporcionalidade entre crime e pena, pois a lei servia para incutir o medo. A igualdade, a equidade não podem ser vistas na Ordenação Afonsina, visto que, no tocante às penas, sempre fidalgos e pessoas comuns são diferenciadas.
4.2. As Ordenações Manuelinas
A Ordenação Manuelina difere da Afonsina, pois foi feita em estilo "decretório", como se fossem todas normas novas, independentemente de serem. Em contrapartida as duas ordenações assemelham-se porque partem do pressuposto que quando algo não está previsto deve ser consultado o direito romano, ou seja, ambas mantêm o direito romano como subsidiário. Outra semelhança é a estrutura e divisão dos cinco livros, entretanto, a Ordenação Manuelina trata, de maneira mais específica as questões de direito marítimo, de contratos e de mercadores. No tocante a questões penais, muito pouca coisa mudou de uma ordenação para a outra. 
D. Manuel, em seu reinado, obriga os Juízes de Fora a serem advogados formados. Assim, a Ordenação Manuelina legisla acerca de advogados e Procuradores que advogam "para ambas as partes"(Livro V, título 55) e tenta evitar o suborno daqueles que aplicam o direito.
4.3. As Ordenações Filipinas
Pelos antigos reis morrerem sem deixar herdeiros, o rei da Espanha, Filipe II, neto de D. Manuel e supremo chefe de uma das maiores forças militares da época tornou-se, ao mesmo tempo, rei da Espanha e de Portugal, é a chamada União Ibérica.
Em 1581, as Cortes Portuguesas, apresentaram exigências ao novo rei, que as aceitou dando origem ao Juramento de Tomar. Esse fazia uma separação, no qual a administração e legislação de Portugal ficava com os portugueses, sem interferência espanhola.
A Ordenação Filipina segue a técnica da compilação revisando também um pouco das normas contidas na Ordenação Manuelina, que foi uma de suas principais fontes ao lado da compilação de Duarte Nunes Leão. Inovações, de fato, foram poucas, esta Ordenação é a reforma da anterior mais do que uma nova.
Os Juízes Singulares eram: o Juiz das Casas da índia, Mina, Guiné, Brasil e Armazéns, responsáveis pelas questões ultramarinas relativas à arrecadação fiscal; o Ouvidor da Alfândega da cidade de Lisboa, tinha competência para apreciar feitos cíveis entre mercadores; o Chanceler das Sentenças, responsável pelo selo das sentenças e cartas expedidas por alguns outros juízes singulares; o Corregedor da Comarca, vigiar os membros da Justiça exercendo a correição na comarca; o Ouvidor da Comarca, as mesmas funções do Corregedor e contra seus atos caberia agravo para o Corregedor; o Juiz Ordinário tinham competência para causas cíveis, criminais e competência subsidiária das causas atinentes ao juiz de órfãos; o Juiz de Fora, substituíam os juízes ordinários nas causas cíveis cujo valor não ultrapassasse mil réisnos bens móveis; o Juiz de Vintena, existia nas localidades com 20 a 50 casas; o Almotacés, competência para julgar as côimas (multas impostas aos proprietários de animais que pastam em lugar indevido); O Juiz de Órfãos, questões relativas aos interesses de menores, inventários e tutorias; o Juiz de Sesmaria, sua função era apreciar demandas acerca de medição e demarcação de sesmarias; o Inquiridor, sua função era a de inquirir as testemunhas.
No segundo grau de jurisdição a responsabilidade era da "Casa de Suplicação" e do "Tribunal de Relação", cada qual cuidava dos recursos de uma parte do país. 
O terceiro grau de jurisdição era exercido pela “Casa da Suplicação", presidida pelo Regedor e composta pelo Chanceler Mor e pelos Desembargadores da Casa da Suplicação. O Regedor tinha como principal responsabilidade conduzir as atividades judiciais dos desembargadores das mesas, sendo reservado a ele o voto de desempate em qualquer decisão. O Chanceler Mor inspecionava os documentos públi­ cos e extrajudiciais e era o responsável pelo juramento e tomada de posse dos cargos dos oficiais do Império. A função recursal era de responsabilidade dos Desembargadores que, divididos em grupos de dez apreciavam agravos e apelações.
Embora em Portugal também tenha se utilizado os Ordálios como meio de prova, desde muito cedo predominou a idéia de que o tribunal deveria procurar a "verdade dos fatos" através da inquirição direta ou da audiência de testemunhas.1567 A Ordenação Filipina indica quais testemunhas não devem ser utilizadas, desta forma não podem teste­ munhar pais, mães, avós, avôs, filhos, netos, bisnetos, irmãos, escra­ vos, judeus, mouros, assim como:
O falso testemunho, nos casos que envolvessem pena de morte, era punido com a morte e todos os bons do que desse falso testemunho iriam para a Coroa, da mesma forma pagariam os que induzissem ou corrompessem alguma testemunha. Se o processo não envolvesse pena de morte, o destino do mentiroso era o Brasil:
“E se for em outros crimes, que não sejam de morte, e assim nos cíveis, sorá degredado para sempre para o Brasil, e perderá sua fazenda, se descendentes, ou ascendentes legítimos não tiver. "469
De fato, depois da morte, quo era a pena mais utilizada nos crimes indicados nesta Ordenação, o degredo para o Brasil estava em segundo lugar no grau de penalidades, mesmo o degredo para outros lugares e açoites oram aplicados para crimes considerados mais leves:
A pena de morte poderia ser executada de quatro formas, a con­ siderada pior era a morte cruel, quando o indivíduo era morto através de dolorosos suplícios. Mas, o mais indicado pela ordenação era o vivicombúrio, isto é, o ato de queimar o indivíduo vivo, este era o caso do crime de incesto:
"Qualquer homem, que dormir com sua filha, ou com qualquer outra sua descendente, ou com sua mãe, ou outra sua ascedente, sejam queimados, e ela também, e ambos sejam feitos pó."471
Outra forma era a morte atroz, que acrescentava além da pena capital alguma outra pena como o confisco dos bens, a queima do cadáver, o esquartejamento do mesmo ou mesmo a proscrição de sua memória.472 Pode-se destacar como exemplo deste tipo de pena a que se refere a escrituras falsas:
"Os Tábeliães, ou Escrivãos, que fizerem escri­ turas, ou atos falsos, mandamos que morram morte natural, c pcrcam todos seus bens para a Coroa de nossos Reinos."473
A morte natural a que se refere o texto acima não é aquela que entendemos nos dias de hoje, a lei não previa que se esperasse que naturalmente a pessoa morresse. Quando a Ordenação Filipina indica que o indivíduo deve morrer de morte natural indica um outro tipo de pena de morte, a morte simples, que era executada mediante degolação ou enforcamento. Neste último caso só eram enforcadas as pessoas de mais baixa camada social, visto que este tipo de morte era considerada como infame.
O último tipo de pena de morte é considerada a mais cruel de todas elas, a “morte civil", o indivíduo mesmo vivo, não tem direito algum, vive como so não mais vivosse. Em alguns casos, o culpado do delito era morto (no caso morte cruel) e seus filhos teriam como herança a morte civil.
CASTRO, Flávia Lages de. História do Direito Geral e Brasil. 5. Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2007.