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Síndrome urêmica

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Alice Bastos 
Módulo XVII – F, PDP & A 
Síndrome urêmica 
Definição 
Síndrome urêmica corresponde ao conjunto de sinais e 
sintomas que aparece na insuficiência renal grave, 
quando a filtração glomerular está < 30 ml/min; 
Os sinais e sintomas que definem a síndrome urêmica 
são provocados pelo acúmulo no organismo de grande 
quantidade de “escórias nitrogenadas”; 
→ Essas escórias são substâncias tóxicas, 
contendo nitrogênio, derivadas do 
metabolismo proteico. 
Fisiopatologia 
Toxinas dialisáveis (perda da função de “filtro”) 
A disfunção renal grave leva ao acúmulo de substâncias 
tóxicas endógenas; 
A ureia, substância de maior concentração urinária, 
representa 80% de todo o nitrogênio eliminado na 
urina; 
Em estudos, os níveis de ureia sempre se encontravam 
bastante aumentados no soro dos pacientes com 
síndrome urêmica; 
→ Apesar disso, a ureia não é a grande 
responsável pela síndrome urêmica; 
Centenas de substâncias nitrogenadas derivadas do 
metabolismo proteico, são encontradas em altos níveis 
na circulação dos pacientes urêmicos; 
→ Provavelmente, todas essas substâncias 
apresentam efeitos tóxicos, mas quase 
nenhuma se mostrou ser o fator causal 
exclusivo de algum sinal ou sintoma da 
síndrome; 
Supostamente, as principais toxinas envolvidas na 
síndrome são: 
→ Ureia (em níveis elevados); 
→ Compostos guanidínicos; 
→ Compostos aromáticos; 
→ Aminas alifáticas; 
→ Poliaminas; 
Compostos guanidínicos: são os mais implicados na 
síndrome urêmica e depois da ureia, são os de maior 
concentração no soro urêmico; 
→ Principais substâncias deste grupo são: ácido 
guanidinoacético, ácido guanidinosuccínico, 
metilguanidina e a creatinina; 
→ O ácido guanidinosuccínico inibe a atividade 
plaquetária, sendo um dos fatores implicados 
no sangramento urêmico; 
Compostos aromáticos: podem ser ácidos ou aminas; 
→ Os fenóis e os indóis geralmente apresentam 
carga negativa, portanto, seu acúmulo 
contribui para o aumento do ânion-gap na 
insuficiência renal; 
→ Estes produtos são semelhantes aos 
neurotransmissores, contribuindo na gênese 
dos sintomas neurológicos; 
Aminas alifáticas: a metilamina, dietilamina e a 
trimetilamina possuem produção endógena e por 
bactérias intestinais; 
→ A trimetilamina é um dos responsáveis pelo 
hálito urêmico, semelhante ao de peixe podre; 
→ Também se associam aos sintomas 
neurológicos da uremia; 
Ureia: apresenta efeito tóxico apenas quando em altas 
concentrações (> 380 mg/dl); 
→ Sua toxicidade é primariamente 
gastrointestinal (anorexia, náuseas e vômitos) 
e hematológica (sangramento); 
→ Apesar da baixa toxicidade, seus níveis elevam-
se juntamente com os de outras substâncias 
nitrogenadas tóxicas e, consequentemente, 
ela pode ser usada como “marcador 
substituto” da síndrome urêmica; 
Os sinais e sintomas da síndrome urêmica costumam 
ocorrer com ureia sérica > 180 mg/dl, em não 
diabéticos, e > 140 mg/dl, em diabéticos. 
 
 
Alice Bastos 
Módulo XVII – F, PDP & A 
Distúrbios hormonais 
Vários sinais e sintomas da síndrome urêmica são 
causados por desequilíbrios hormonais; 
O principal desequilíbrio hormonal é a elevação dos 
níveis de paratormônio (PTH), devido ao 
hiperparatireoidismo secundário; 
→ O PTH é considerado uma “toxina urêmica” e 
contribui para quase todos os sinais e sintomas 
da síndrome, incluindo a encefalopatia, a 
cardiomiopatia, a anemia e o prurido; 
→ A manifestação mais dependente dos efeitos 
do PTH é a Osteodistrofia renal; 
O rim também possui função endócrina, produzindo 
eritropoietina e calcitriol; 
→ A deficiência de eritropoietina é o principal 
fator envolvido na anemia urêmica; 
→ A deficiência de calcitriol está implicada na 
osteodistrofia renal e na miopatia urêmica, 
sendo também uma das causas do 
hiperparatireoidismo; 
A deficiência na produção de amônia pelo parênquima 
renal contribui para a acidose metabólica na uremia; 
O déficit na produção de óxido nítrico renal contribui 
para a hipertensão arterial. 
Quadro clínico 
Manifestações gastrointestinais 
Anorexia é o sintoma mais precoce; 
→ Seguem-se náuseas, plenitude abdominal e 
vômitos (intolerância gástrica); 
A mucosa gastroduodenal, além de enantema e 
edema, pode apresentar petéquias; 
O paciente também pode apresentar disgeusia 
(percepção do gosto amargo na boca), decorrente da 
transformação da ureia, por bactérias presentes na 
saliva, em amônia; 
Diarreia urêmica e íleo urêmico podem estar presentes 
em decorrência do comprometimento da mucosa 
intestinal (delgado e cólon); 
Hemorragia digestiva alta ou baixa pode ocorrer como 
complicação da uremia. 
Manifestações neurológicas 
Declínico cognitivo leve a moderado, bem como 
alterações em testes neuropsicológicos, já podem ser 
observados em pacientes com TFG < 60ml/min; 
Na uremia aguda (ou crônica agudizada), o paciente 
pode apresentar desorientação, letargia, lassidão, 
confusão mental, surto psicótico, delirium, associado a 
sinais de encefalopatia metabólica, como nistagmo, 
disartria, asterixis, mioclonia espontânea, 
fasciculações, hiper-reflexia e sinal de Babinski bilateral 
(encefalopatia urêmica aguda); 
→ Pode evoluir para convulsões tônico-clônicas 
generalizadas, coma e óbito, por edema 
cerebral grave; 
Na uremia crônica, o distúrbio mental tende a ser 
insidioso e mais sutil nas fases iniciais; 
→ Observa-se disfunção cognitiva progressiva, 
caracterizada por amnésia anterógrada, 
dificuldade de concentração, alteração de 
comportamento ou de personalidade, 
sonolência ou insônia, confabulação e perda 
do raciocínio aritmético; 
→ Alguns pacientes desenvolvem apraxia motora 
(dificuldade em executar tarefas), afasia 
(distúrbio da linguagem) ou agnosia; 
A neuropatia periférica urêmica é muito comum na 
insuficiência renal crônica; 
→ Sintomas iniciais são parestesias nos pés do 
tipo “agulhadas” que pioram à noite; 
→ Ao exame físico, há hipoestesia em bota; 
→ Há perda dos reflexos tendinosos distais; 
→ O quadro pode evoluir com perda de força 
distal e atrofia muscular, gerando dificuldade 
de marcha; 
Outra manifestação da uremia é a síndrome das pernas 
inquietas, caracterizada por desconforto nos membros 
inferiores e uma necessidade incontrolável de mexer as 
pernas; 
O paciente também pode apresentar síndrome de 
disautonomia; 
→ É marcada por hipotensão postural, anidrose, 
impotência, distúrbio gastrointestinal. 
 
Alice Bastos 
Módulo XVII – F, PDP & A 
Manifestações cardíacas e pericárdicas 
Insuficiência cardíaca congestiva: a retenção volêmica 
sobrecarrega o coração já doente; 
→ Isso justifica o aparecimento de sintomas 
clássicos da insuficiência cardíaca: dispneia, 
ortopneia, dispneia paroxística noturna, 
hepatomegalia congestiva, derrame pleural, 
ascite, edema de membros inferiores; 
Pericardite urêmica, caracterizada por: 
→ Dor torácica do tipo pleurítica, contínua e que 
piora com o decúbito dorsal; 
→ Atrito pericárdico; 
→ Alterações eletrocardiográficas de pericardite; 
→ Derrame pericárdico. 
Manifestações pulmonares e pleurais 
Presença de edema pulmonar crônico; 
Derrame pleural, com presença de: 
→ Dor pleurítica; 
→ Tosse; 
→ Dispneia. 
Manifestações dermatológicas 
Pele seca (xerose urêmica) e hiperpigmentada 
(principalmente em áreas expostas ao sol) 
Neve urêmica (uma espécie de pó branco); 
Prurido urêmico; 
Cabelos tornam-se quebradiços, secos e podem perder 
a coloração; 
As unhas podem se tornas unhas “meio a meio”, 
caracterizada por uma discromia bem demarcada de 
tom marrom ou róseo na metade distal da unha. 
Manifestações hematológicas 
Anemia normocítica e normocrômica; 
→ O paciente pode apresentar astenia, 
indisposição física e mental, depressão, déficit 
cognitivo, insônia, cefaleia, diminuição da 
libido, anorexia e tendência ao sangramento.

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