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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL MEDIDORES DE VAZÃO POR OBSTRUÇÃO “João Vitor Tozzo Errerias” ;“Vinicius Daniel Cano Pegoraro” ;”Marcelo Yuzo Itami” 3 &1 2 “Ryan Yoshimiti Tanoshi” 4 Resumo: Neste experimento iremos estudar a vazão de um fluido e entender os motivos que causam a divergência da vazão teórica da vazão na prática, por meio de testes através de um diafragma e logo após, por meio de um tubo de Venturi. Por meio de imagens e cálculos, utilizando fórmulas recorrentes na mecânica dos fluidos como o número de Reynolds, entenderemos o que acontece após a passagem do fluido através dessas obstruções e porque isso ocorre aprenderemos a tornar os cálculos teóricos cada vez mais próximos da realidade utilizando coeficientes que nos ajudam a entender através dos números e explicar o porque da realidade não ser tão simples quanto a teoria. Palavras-Chave – Medidores de vazão; Diafragma; Venturi 2) RA: 115301 + ra115301@uem.br ³) RA: 111484 + ra111484@uem.br 4) RA: 115671 + ra115671@uem.br 1) RA: 111517 + ra111517@uem.br 1 2569 Laboratório de Hidráulica I (ISSN 2021-2021) UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL INTRODUÇÃO Entende-se como vazão o volume que passa a um estabelecido volume de controle por um intervalo de tempo. O experimento em questão abordará os medidores de vazão, tendo como objetivo a compreensão da teoria e de como isso se comporta na prática. Abordaremos dois tipos específicos de medidores de vazão, o medidor do tipo Diafragma e o medidor do tipo Venturi. No estudo do conceito de vazão assimila uma equação onde determina a vazão em volume teórica. A mesma é fundamentada na diferença de pressão antes e depois do estrangulamento, bem como as diferenças das respectivas áreas. Em linhas gerais, utilizaremos uma combinação entre a equação de Bernoulli, aplicada a dois pontos, e a equação do manômetro. O objetivo desse experimento é comprovar que a vazão desses medidores em prática é diferente da vazão teórica, devido às perdas de energia durante o escoamento. A perda de energia ocorre em função da modificação das linhas de corrente nesse escoamento. O ajuste dessa vazão se dá por meio dos coeficientes de descarga (Cd). Assim, no experimento determinaremos a calibração dos dispositivos do laboratório, analisando portanto os coeficientes de descarga, em função da vazão real. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A maioria dos medidores de vazão de redução de área para escoamentos internos baseiam-se em uma corrente fluida através de alguma forma de estreitamento (diafragma ou venturi), onde a variação na velocidade leva a uma variação de pressão,essa variação de pressão pode ser medida com a utilização de um manômetro e a vazão por meio de experimentos e cálculos teóricos. Figura 1 - escoamento bocal genérico. (Fonte: FOX e MCDONALD, 1995) A vazão Q é um valor constante independente do diâmetro do tubo, com isso temos a equação. (1)𝑄 = ∆𝑉∆𝑡 E sua vazão teórica pode ser encontrada através da equação de Bernoulli juntamente com a utilização da equação do manômetro de mercúrio e temos a equação. (2)𝑄 𝑇 = 𝐴 2 . 2.𝑔.𝛿𝑚(γ𝐻𝑔−γ𝐻 2 𝑂) γ𝐻 2 𝑂(1−β2) Devido ao fato da velocidade V2 desconsiderar quaisquer perda de pressão, a velocidade real é menor que a calculada e devido a quantidade de movimento a separação do escoamento na borda viva da garganta do estreitamento causa a formação de uma zona de recirculação que por sua vez faz com que a área vena contracta seja menor do que a área do orifício. Para calcular essas perdas é necessário a incorporação de um fator de correção chamado coeficiente de descarga, sua determinação é feita experimentalmente a partir da relação entre a vazão teórica e a vazão real. 2 2569 Laboratório de Hidráulica I (ISSN 2021-2021) UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL (3)𝐶 𝑑,𝑃 = 𝑄 𝑅 𝑄 𝑇 E também temos o Cd.t que depende da relação entre as áreas Beta e o número de Reynolds, que variam para cada medidor de obstrução. Medidor de orifício (diafragma): (4)𝐶 𝑑,𝑇 = 0, 5959 + 0, 0312β2,1 − 0, 184β8 + 91, 71β2,5. 𝑅𝑒−0,75 Medidor de bocal: (5)𝐶 𝑑,𝑇 = 0, 9975 − 6, 53β0,5. 𝑅𝑒−0,5 Em que Reynolds pode ser calculado a partir da vazão teórica. (6)𝑅𝑒 = 4ρ𝑄 𝑇 πµ𝐷 METODOLOGIA Primeiramente, foi apurado a temperatura da água e anotado o valor do mesmo, em seguida verificou-se todos os registros a fim de saber se todos estão devidamente fechados para que não ocorra escoamentos e descargas antes do início do experimento de fato. Após efetuar os procedimentos de verificação, foi ativada a bomba do dispositivo ‘Motor Bomb’, e depois necessitou-se abrir o registro que possibilita o escoamento para o canal, com o objetivo de retirar o possível excesso de ar nas tubulações devido a falta de uso da estrutura, essa remoção vai ser feita de forma gradativa preenchendo as tubulações de água e removendo o máximo possível de ar. Então dessa forma, foi feita a abertura do registro a jusante da bomba para iniciar o escoamento ao longo da tubulação de recalque assim expulsando o ar presente na instalação. Com a remoção do ar localizado nas tubulações de recalque, fechou-se novamente o registro do canal, e repetiu esse processo no sistema de tubulações em paralelo localizado na parte inferior, com o mesmo objetivo de retirar o máximo de ar presente nesse conjunto. Do mesmo modo que havia necessidade de retirar o ar das tubulações, também houve nos manômetros conectados nos medidores de tipo Diafragma e Venturi, por isso foi realizada a escorva, que consiste em submetê-los a condições atmosféricas e por diferença de pressão as bolhas são eliminadas. Em seguida, fechou-se os registros de saída das tubulações em paralelo, e foi aberto o registro de outra tubulação que possui uma certa elevação de altura e despeja no reservatório principal. Após a abertura do registro e a estorva dos medidores, foi realizada a leitura dos desníveis das colunas de mercúrio dos manômetros, sempre lembrando que é feito a análise no ponto tangencial ao menisco do líquido. Logo após, foi realizada a avaliação da vazão real movendo a tubulação para um reservatório auxiliar que possui uma graduação que nos informa o volume deste tanque, o deslocamento foi realizado por um tempo determinado e depois retornou-se para o reservatório principal. Após a coleta de dados do volume, tempo e o desnível das colunas, fechou-se o registro a jusante da bomba para realizar mais 5 repetições com vazões diferentes para obter uma precisão maior no experimento. Todas as repetições são necessárias a leitura da deflexão manométrica, e a vazão real. 3 2569 Laboratório de Hidráulica I (ISSN 2021-2021) UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Com o término das repetições, para finalizar o experimento fechou-se os registros das tubulações em paralelo, o registro a jusante da bomba e o desligamento da bomba, respectivamente. RESULTADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS Antes do início dos cálculos, faz-se necessário ter posse de algumas constantes e fatores de conversão, encontrados na Tabela 1, e que serão usados em ambas análises. Tabela 1 - Constantes e fatores de conversão. {𝑔} Acel. da gravidade [m ∙ s−2] {𝑆𝐻𝑔} Densidade relativa mercúrio [−] {𝑇} Temperatura [° C] {𝜇} Viscosidade din. [N ∙ s ∙ m−2] {𝜌} Massa específica água [kg ∙ m−3] 9,806 13,55 20,5 0,001002 998,4875 {γH2O} Peso específico água [kg/m3] {γHg} Peso específico mercurio [kg/m3] {v} Viscosidade cin. [m^2/s] 9791,168425 132670,3322 1,00E-06 Com o auxílio das constantes e fatores de conversão e em posse dos dados obtidos pelo experimento, encontrados na Tabela 2, é possível dar início aos cálculos e análises. Tabela 2 - Dados experimentais. Diafragma Venturi Medidas vol. [m³] tempos [s] {𝛿m} [m] Medidas vol. [m³] tempos [s] {𝛿m} [m] 1 0,15 64 0,01 1 0,15 64 0,087 2 0,15 37 0,024 2 0,15 37 0,251 3 0,15 30 0,036 3 0,15 30 0,407 4 0,148 25 0,049 4 0,148 25 0,551 5 0,147 23 0,0575 0,147 23 0,71 Abordaremos os cálculos de modo separado para cada tipo de medidor de vazão. Diafragma: Dados do medidor de vazão do tipo diafragma, disponível na Tabela 3. Tabela 3 - Dados diafragma. {𝐷𝑇} Diâmetro do tubo [m] {𝐷𝑜} Diâmetro da obstrução [m] {𝐴𝑇} Área do tubo [m2] {𝐴𝑜} Área da obstrução [m2] {𝛽} Relação das áreas 0,0762 0,0508 0,004560367 0,00202683 0,444444444 Em posse desses dados, é possível encontrar a vazão real e a vazão teórica. Para medida 1 e usando a equação (1) e (2), temos, respectivamente: 𝑄 𝑅 = ∆𝑉∆𝑡 = 0,15 64 = 0, 00234375 𝑚³. 𝑠 −1 𝑄 𝑇 = 𝐴 2 . 2.𝑔.𝛿𝑚(γ𝐻𝑔−γ𝐻 2 𝑂) γ𝐻 2 𝑂(1−β2) = 0, 002027. 2.9,806.0,010(132670,332−9791,168) 9792,168(1−0,44442) = 0, 003550 𝑚³. 𝑠−1 4 2569 Laboratório de Hidráulica I (ISSN 2021-2021) UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Podemos, assim encontrar o número de Reynolds, com a equação (6): 𝑅𝑒 = 4ρ𝑄 𝑇 πµ𝐷 = 4.998,4875.0,003550 π.0,001002.0,0508 = 88655, 8217 Daí, aferimos o coeficiente de descarga prático e o teórico, utilizando a equação (3) e (4). 𝐶 𝑑,𝑃 = 𝑄 𝑅 𝑄 𝑇 = 0,002343750,003550 = 0, 6603 𝐶 𝑑,𝑇 = 0, 5959 + 0, 0312β2,1 − 0, 184β8 + 91, 71β2,5. 𝑅𝑒−0,75 = 0, 6037 Consequentemente, aferimos o erro absoluto médio, com a diferença entre os coeficientes de descarga. 𝑒 = 𝐶 𝑑,𝑃 − 𝐶 𝑑,𝑇 = 0, 6603 − 0, 6037 = 0, 0938 De modo análogo, faremos isso para as outras medidas, disponíveis na Tabela 4. Tabela 4 - Resultados do experimento. Medida Vazão real – método volumétrico Vazão por obstrução {Re} Coeficientes de descarga Erro absoluto médio{ΔV} [m³] {Δt} [s] {Q𝑅} [m3/s] {𝛿m} [m] {Q𝑇} [m3/s] {Cd.t} {Cd.p} 1 0,15 64 0,0023437 0,01 0,00355 88655,822 0,6037 0,6603 0,0938 2 0,15 37 0,0040540 0,024 0,005499 137345,01 0,603 0,7372 0,2226 3 0,15 30 0,005 0,036 0,006735 168212,59 0,6028 0,7424 0,2317 4 0,148 25 0,00592 0,049 0,007857 196248,02 0,6026 0,7534 0,2503 5 0,147 23 0,0063913 0,057 0,008475 211662,87 0,6025 0,7542 0,2517 Média 0,6029 0,7295 0,21 Com isso podemos montar um gráfico de Re x Cdp: Figura 2 - Gráfico Diafragma 5 2569 Laboratório de Hidráulica I (ISSN 2021-2021) UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Venturi: Dados do medidor de vazão do tipo diafragma, disponível na Tabela 5. Tabela 5 - Dados venturi. {𝐷𝑇} Diâmetro do tubo [m] {𝐷𝑜} Diâmetro da obstrução [m] {𝐴𝑇} Área do tubo [m2] {𝐴𝑜} Área da obstrução [m2] {𝛽} Relação das áreas 0,0381 0,0254 0,001140092 0,000506707 0,444444444 Em posse desses dados, é possível encontrar a vazão real e a vazão teórica. Para medida 1 e usando a equação (1) e (2), temos, respectivamente: 𝑄 𝑅 = ∆𝑉∆𝑡 = 0,15 64 = 0, 00234375 𝑚³. 𝑠 −1 𝑄 𝑇 = 𝐴 2 . 2.𝑔.𝛿𝑚(γ𝐻𝑔−γ𝐻 2 𝑂) γ𝐻 2 𝑂(1−β2) = 0, 000506707. 2.9,806.0,087(132670,332−9791,168) 9792,168(1−0,44442) = 0, 002617493 𝑚³. 𝑠−1 Podemos, assim encontrar o número de Reynolds, com a equação (6): 𝑅𝑒 = 4ρ𝑄 𝑇 πµ𝐷 = 4.998,4875.0,002617493 π.0,001002.0,0,0254 = 130748, 5527 Daí, conseguimos aferir o coeficiente de descarga prático, utilizando a equação (3). 𝐶 𝑑,𝑃 = 𝑄 𝑅 𝑄 𝑇 = 0,002343750,003550 = 0, 89541777 Por se tratar do medidor de venturi, o coeficiente de descarga teórico é considerado como 0,98. Logo, 𝐶 𝑑,𝑇 = 0, 98 Consequentemente, aferimos o erro absoluto médio, com a diferença entre os coeficientes de descarga. 𝑒 = 𝐶 𝑑,𝑇 − 𝐶 𝑑,𝑃 = 0, 98 − 0, 89541777 = 0, 0863084 De modo análogo, faremos isso para as outras medidas, disponíveis na Tabela 6. Tabela 6 - Resultados do experimento. Medida Vazão real – método volumétrico Vazão por obstrução {Re} Coeficientes de descarga Erro absoluto médio{ΔV} [m³] {Δt} [s] {Q𝑅} [m3/s] {𝛿m} [m] {Q𝑇} [m3/s] {Cd.t} {Cd.p} 1 0,15 64 0,0023437 0,087 0,0026175 130748,55 0,98 0,8954178 0,0863084 2 0,15 37 0,0040540 0,251 0,0044459 222082,39 0,98 0,9118570 0,0695337 3 0,15 30 0,005 0,407 0,0056614 282796,78 0,98 0,8831752 0,0988008 4 0,148 25 0,00592 0,551 0,0065872 329043,31 0,98 0,8987108 0,0829482 5 0,147 23 0,0063913 0,71 0,0074775 373513,62 0,98 0,8547407 0,1278156 Média 0,98 0,8887803 0,0930813 6 2569 Laboratório de Hidráulica I (ISSN 2021-2021) UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Com isso, podemos montar um gráfico de Re x Cdp: Figura 3 - Gráfico Venturi CONCLUSÃO O experimento mostrou o funcionamento da vazão pelo método de venturi e diafragma e como a mesma pode nos fornecer o valor de vazão de um fluído através de uma tubulação. Por ter a fabricação mais simples e barata, acaba por ser o medidor mais comum na indústria, uma vez que o instrumento consiste apenas em uma placa com um furo central ou com um afunilamento. Foi possível estabelecer curvas de calibração, conforme os cálculos anteriormente feitos podem demonstrar. Essas curvas são utilizadas para corrigir os valores medidos com os valores reais, uma vez que para cálculo dos valores teóricos, as perdas de energia no processo de medição são descartadas. REFERÊNCIAS FRANÇA, Prof. Dr. Fernando de Almeida. Técnicas Experimentais em Engenharia Automobilística. Campinas: Unicamp, 2006. Disponível em: http://www.fem.unicamp.br/~instmed/Vazao_Curso_Ford_1.pdf. Acesso em: 24 ago. 2021. SCHNEIDER, Prof. Paulo Smith Smith. Medição de Velocidade e Vazão de Fluidos. Porto Alegre: Ufrgs, 2011. Disponível em: http://www.ufrgs.br/medterm/areas/area-ii/vazao_mt.pdf. Acesso em: 24 ago. 2021. 7 2569 Laboratório de Hidráulica I (ISSN 2021-2021)
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