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1 Disciplina: Introdução à psicopedagogia Autora: M.e Eliana Nunes Maciel Bastos Revisão de Conteúdos: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki Ano: 2019 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Eliana Nunes Maciel Bastos Introdução à psicopedagogia 1ª Edição 2019 Curitiba, PR Editora São Braz 3 Editora São Braz Rua Cláudio Chatagnier, 112 Curitiba – Paraná – 82520-590 Fone: (41) 3123-9000 Coordenador Técnico Editorial Marcelo Alvino da Silva Revisão de Conteúdos Alexandre Kramer Morgenterm Revisão Ortográfica Juliano de Paula Neitzki Desenvolvimento Iconográfico Juliana Emy Akiyoshi Eleutério FICHA CATALOGRÁFICA BASTOS, Eliana Nunes Maciel. Introdução à psicopedagogia / Eliana Nunes Maciel Bastos. – Curitiba: Editora São Braz, 2019. 56 p. ISBN: 978-85-5475-440-2 1. Aprendizagem. 2. Ensino. 3. Processo. Material didático da disciplina de Introdução à psicopedagogia – Faculdade São Braz (FSB), 2019. Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Sumário Prefácio ..................................................................................................... 06 Aula 1 – Breve histórico da educação e fundamentos da psicopedagogia: definindo o objeto de estudo ...................................................................... 07 Apresentação da Aula 1 ............................................................................ 07 1.1 Resgate histórico e os fundamentos da psicopedagogia ........... 07 1.2 O objeto de estudo da psicopedagogia ...................................... 13 Conclusão da Aula 1 .................................................................................. 18 Aula 2 – Embasamento teórico do trabalho psicopedagógico .................... 18 Apresentação da Aula 2 ............................................................................ 18 2.1 Inferências sobre as teorias que regem o trabalho psicopedagógico ........................................................................................ 19 Conclusão da Aula 2 ................................................................................. 29 Aula 3 – A crescente profissionalização do Psicopedagogo ...................... 30 Apresentação da Aula 3 ............................................................................ 30 3.1 A profissionalização do psicopedagogo ..................................... 30 3.2 Ênfase nos aspectos legais da profissionalização do psicopedagogo .......................................................................................... 39 Conclusão da Aula 3 .................................................................................. 40 Aula 4 – Um pouco de ética e psicopedagogia .......................................... 41 Apresentação da Aula 4 ............................................................................. 41 4.1 Compreensões acerca da Ética ................................................. 41 4.2 O Código de Ética do Psicopedagogo ......................................... 46 4.3 Considerações sobre a psicopedagogia na contemporaneidade. 49 Conclusão da Aula 4 ................................................................................. 51 Conclusão da disciplina ............................................................................ 53 Índice Remissivo ........................................................................................ 61 Referências ............................................................................................... 62 6 Prefácio Nesta disciplina serão abordados conceitos relevantes sobre a temática da psicopedagogia, enfatizando o trabalho do psicopedagogo diante das necessidades singulares do sujeito que está envolto ao processo de aprendizagem. Também será feita uma análise de apontamentos históricos e políticos da Psicopedagogia no Brasil e no mundo, que são relevantes para a formação de aprendizagens psicopedagógicas significativas. No primeiro encontro será feito um breve histórico da educação e fundamentos da psicopedagogia, definindo o seu objeto de estudo, que é o processo de aprendizagem. Na segunda aula será abordado o embasamento teórico do trabalho psicopedagógico, destacando correntes teóricas como: Behaviorismo, Humanismo, Psicanálise, Associacionismo e Construtivismo. Utilizando, principalmente, as inferências de Bossa (2011), serão propostas discussões sobre as influências dessas correntes na atuação psicopedagógica contemporânea. O terceiro encontro tem como tema principal: a crescente profissionalização do psicopedagogo, em que serão destacadas características do exercício de sua atividade, como também os aspectos normativos que estão em vigência sobre a profissionalização desse profissional. E no último momento de aula a discussão se dará sobre as compreensões acerca da ética. O Código de Ética do Psicopedagogo, no Brasil, também estará no foco das discussões propostas, e ao final será feita uma reflexão sobre a psicopedagogia na contemporaneidade. 7 Aula 1 – Breve histórico da educação e fundamentos da psicopedagogia: definindo o objeto de estudo Apresentação da aula 1 Neste primeiro encontro, faremos um resgate histórico da psicopedagogia, destacando pontos centrais da história mundial que permeiam esta discussão teórica, a qual chega como uma inovadora ferramenta no contexto educacional, objetivando favorecer o processo de ensino e aprendizagem dos educandos. Serão feitas reflexões acerca da psicopedagogia e seu papel no âmbito educativo, sublinhado o seu objeto de estudo. 1.1 Resgate histórico e os fundamentos da psicopedagogia Segundo as pesquisas efetuadas, a psicopedagogia surgiu na França, no final do século XIX, mediante a preocupação de sanar as dificuldades de aprendizagens das crianças, já em uma perspectiva de entender o sujeito educando em sua individualidade. Esse olhar sobre a singularidade do indivíduo diante do processo de ensino e aprendizagem despertou indagações de diversos profissionais, como médicos, psicólogos, professores e fonoaudiólogos, os quais, juntamente, buscavam explicações científicas para o problema de aprendizagem da criança. Nesse ínterim histórico, a criança era totalmente, responsávelpelo seu problema de aprendizagem. De uma maneira física e/ou biológica, o ser humano era analisado, não levando em conta as influências recebidas de suas relações sociais, por exemplo, então, um fato biológico era diagnosticado no corpo da criança e assim, apontamentos acerca de um atendimento especializado para aquele indivíduo desencadeava-se a partir das compreensões dos profissionais envolvidos em sua avaliação. Sobretudo, a psicopedagogia nasce com a intenção de analisar a criança em sua especificidade e ajudá-la a encontrar os possíveis caminhos em prol de um processo de aprendizagem, que seja promissor ao seu desenvolvimento como sujeito humano em seu meio social de convivência, em outras palavras, a psicopedagogia é uma ferramenta educacional que deve proporcionar condições 8 favoráveis para o pleno desenvolvimento do sujeito educacional, fazendo com que este desenvolva suas habilidades da melhor maneira possível, sendo respeitado como sujeito do seu processo educativo em todos os seus aspectos específicos de indivíduo humano. Vocabula rio Psicopedagogia: é o ramo da psicologia que tem atenção aos fenômenos de foro psicológico para chegar a uma formulação mais adequada dos métodos didáticos e pedagógicos. Historicamente, a compreensão sobre a psicopedagogia vem sendo modificada, por intermédio dos estudos mais aprofundados sobe o processo de desenvolvimento do sujeito humano. A princípio, o trabalho estava voltado especificamente para a criança individualmente, até que as técnicas de trabalhos psicopedagógicos foram evoluindo para o atendimento coletivo, valorizando assim a participação do outro no processo educativo, construindo métodos que valorizam a intensidade das relações humanas, tendo o intuito de encontrar caminhos para que o sujeito construa sua apreensão de conhecimentos diante do seu mundo com maior autonomia e de acordo com suas características peculiares. Nos autores Bossa (2011) e Masini (2006), é encontrado embasamento teórico para tais inferências históricas sobre a psicopedagogia, sublinhando que este ramo do conhecimento vem para o mundo educacional como uma inovadora possibilidade para que os profissionais da educação entendam melhor os seus sujeitos educandos e possam, assim, estimular estes a se desenvolverem de maneira integral. Sob essa ótica, é possível abordar que a psicopedagogia vem contribuir também para uma formação humanística dentro das ambiências educacionais, pois preocupa-se em encontrar soluções para a aprendizagem do sujeito em sua individualidade, valorizando as características ímpares de cada educando inserido no âmbito escolar, para então promover melhores condições de aprendizagens a todos os partícipes do contexto educacional, efetivando, 9 assim, ações educativas que valorizam a propagação do bem comum com veemência. Masini (2006) afirma que em 1946 foram fundados, em Paris, os primeiros centros médicos-psicopedagógicos, os quais eram utilizados para solucionar os problemas de aprendizagem e comportamentos das crianças na escola; já se tinha o atendimento individual e coletivo dos indivíduos. Isso dava continuidade ao entendimento de que era necessário compreender também as relações do indivíduo com o seu meio, com os seus pares e não somente os fatores biológicos e/ou físicos que afetavam o sujeito infantil. Saiba Mais Os centros médicos-psicopedagógicos foram fundados em Paris por J. Boutonier e George Mauco para solucionar os problemas de aprendizagem e comportamentos. Os centros contavam com equipes de médicos, psicólogos, psicanalista, pedagogos, reeducadores de psicomotricidade, da escrita e grafia. O médico era responsável pelo diagnóstico: realizados a partir de dados da investigação familiar, condições de vida, atmosfera familiar, relações conjugais, métodos educativos, resultados de teste de Q.I.- época em que os testes de inteligências eram considerados de alta credibilidade. Após o diagnóstico, o médico dava orientações para o tratamento, quer de reeducação, quer de terapia. Nesse enfoque de trabalho, o diagnóstico pedagógico visava esclarecer a inadaptação escolar e social e corrigi-la. (MASINI, 2006, p. 250, 251). Bossa (2011) discorre que os centros médicos-psicopedagógicos eram dirigidos por pessoas ligadas à saúde e à educação, ou seja, eram profissionais que trabalhavam juntos no diagnóstico da criança e em seu tratamento, porém, a palavra final quanto ao diagnóstico do cliente dos centros era do médico. Nesse momento histórico do desenvolvimento da psicopedagogia, mais especificamente no ano de 1948, surge o termo de definição para os atendimentos realizados nos centros de Paris: a pedagogia curativa. De acordo com Bossa (2011, p. 60), essa compreensão permeava a visão terapêutica das ações realizadas no atendimento das crianças em tais centros, que se dava de maneira individual e em grupos. 10 É importante sublinhar a data de 1948, em que a “pedagogia curativa” é destacada como um termo de definição para o tratamento psicopedagógico nos centros de atendimentos em Paris. Esse período é designado como o pós-guerra (a segunda guerra mundial terminou em 1945); a Europa foi muito afetada, toda a sociedade sofreu com as consequências da guerra. Assim também as pessoas estavam muito preocupadas com a propagação do bem-estar dos sujeitos humanos de modo geral, muitas discussões e ações acerca do desenvolvimento da criança (entendendo que esta é o futuro da sociedade, sendo assim o futuro promissor para uma realidade devastada pela guerra) foram criadas. Então, entende-se a conjectura do termo pedagogia curativa, bem como a relevância de aplicar os conhecimentos adquiridos por meio da psicopedagogia neste contexto de sociedade. Ainda é bom lembrar que em 1948 foi promulgada a Declaração Universal de Direitos Humanos (DUDH). O trabalho da psicopedagogia estava voltado totalmente para a amenização do fracasso escolar do educando. A psicopedagogia chega à América do Sul em 1956, já estruturada em curso para formação de profissionais que atuavam e/ou atuarão na educação. Em Buenos Aires, o curso de psicopedagogia ganha repercussão, educadores argentinos vêm disseminar no Brasil tal conhecimento na década de 1970 (BOSSA, 2011). O problema de aprendizagem nesse período histórico do século XX estava centrado nas causas orgânicas, principalmente. No contexto brasileiro, pouco se discutia acerca das influências sociais e culturais frente aos problemas de aprendizagens das crianças. Muito embora, havia grandes movimentos em prol de uma educação inovadora, após as lutas incessantes da década de 30 (Movimento da Escola Nova), por exemplo. Porém, vale ressaltar o golpe militar de 1964, no século XX, o qual fez “benfeitorias” em alguns aspectos organizacionais da educação nacional, sobretudo, os retrocessos foram maiores no que diz respeito à democratização e humanização do ensino, a inovação nos métodos didáticos diante do atendimento singular do educando, enfim, nesse período a primazia do atendimento educacional foi fundamentada na tendência tradicional de educação. Dessa maneira, entende-se que a discussão sobre psicopedagogia na década de 70, no século XX, no Brasil, em pleno regime 11 governamental militar, foi sem sombra de dúvida um trabalho árduo de educadores compromissados com a feitura de uma educação preocupada em atender o sujeito humano com integralidade e respeito à sua singularidade humana. Esta construção histórica, política e conceitual da psicopedagogia tem sido progressiva, de maneira que deixa o seu legado positivo no meio educativo, contribuindo para a formulação de posturas pedagógicas que estão cada vez mais engajadas frente às políticas públicas contemporâneas de atender os educandos em suas especificidades, valorizando, assim, as singularidades dossujeitos, de acordo com a diversidade intrínseca nos âmbitos escolares, fazendo com que todos os partícipes sintam-se acolhidos no sistema escolar e tenham condições de desenvolverem-se de acordo com suas peculiaridades, encontrando profissionais com competência técnica e teórica de conduzir o processo de ensino e aprendizagem por meio de uma mediação humanística e emancipatória. Bossa (2011) destaca que no final da década de 1970 é criado o primeiro curso regular em psicopedagogia no Instituto Sedes Sapientiae, na cidade de São Paulo. Outro grande precursor da psicopedagogia no país foi o estado do Rio Grande do Sul, que também divulgou muito, na década de 70, os ensinamentos sobre a psicopedagogia. Curiosidade Segundo Sampaio (2004), Jorge Visca (1935-2000) foi outra personalidade importante e decisiva na história da Psicopedagogia no Brasil, já que foi um dos primeiros a praticá-la aqui no país, tendo destaque na fundação do centro de estudos psicopedagógicos de Curitiba e de uma clínica comunitária para tratar problemas de aprendizagem. Disponível em: https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/view/234/258 Os conhecimentos psicopedagógicos estão presentes na história recente do Brasil, mas, mesmo assim, têm contribuído muito para as discussões e ações em prol da melhoria na qualidade educacional, ajudando assim a garantir o 12 direito constitucional de acesso e permanência na escola de todos os educandos, de maneira que quando o educando é compreendido em sua totalidade é mais possível conceber um processo educativo inclusivo, o qual possa sanar as necessidades reais de aprendizagens do sujeito, fazendo com que este aprenda qualitativamente e permaneça na escola o tempo que for necessário para a sua formação integral como cidadão, dessa e da vindoura sociedade, de forma autônoma. Nesta análise histórica da psicopedagogia no Brasil, outro destaque a ser feito é a criação da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABP), fundada em 1988, a qual se derivou da Associação Paulista de Psicopedagogia (1980). Saiba Mais Acesse o site da Associação Brasileira de Psicopedagogia e aguce mais sua curiosidade epistemológica acerca dos fatos que permeiam a Psicopedagogia no Brasil contemporâneo. Disponível em: https://www.abpp.com.br/index.html Pesquise Pesquise mais sobre a trajetória histórica da Psicopedagogia no mundo: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idioma s/trajetoria-historica-da-psicopedagogia/62523 https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/view/234/258 https://pt.slideshare.net/9972salo/dissertao-de-mestrado- fatima-psicopedagogia https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/trajetoria-historica-da-psicopedagogia/62523 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/trajetoria-historica-da-psicopedagogia/62523 https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/view/234/258 13 1.2 O objeto de estudo da psicopedagogia Processo de ensino e aprendizagem Fonte: https://br.freepik.com/fotos-premium/um-menino-na-sala-de-aula-com-fundo-do- quadro-negro_5111905.htm De acordo com os estudos realizados acerca da psicopedagogia, é possível inferir que o seu objeto central de estudo é o processo de ensino e aprendizagem, entendo que esse objeto é conduzido por sujeitos humanos, os quais são dotados de complexidades e precisam ser vistos em suas singularidades, a fim de que sejam encontradas estratégias que sejam relevantes para a aquisição de aprendizagens relevantes para o desenvolvimento integral do educando. Entende-se que o processo de aprendizagem é permeado de circunstâncias internas e externas do mundo educativo, bem como de que o sujeito ator desse processo tem relações diversas e difusas consigo mesmo e com os seus pares, e para que a psicopedagogia faça o seu papel com maestria é necessário conhecer esse tal sujeito do processo de aprendizagem em sua totalidade, por meio dos conhecimentos específicos que podem delinear as necessidades especiais dos estudantes para aprender dentro do contexto escolar. Dentro de uma perspectiva inclusiva da educação contemporânea, a autora Mantoan (2003) sublinha que todos devem ser incluídos no processo educativo, quer sejam diagnosticados com alguma especificidade orgânica que depende de atendimento especializado ou não, compreendendo assim que 14 todos os sujeitos educandos são singulares e possuem suas maneiras próprias de aprender. Assim, a psicopedagogia é um instrumento fundamental sob essa ótica de entender que todos precisam ser incluídos no processo de ensino e aprendizagem, sendo respeitados em suas singularidades, portanto, o professor precisa renovar suas estratégias de ensino constantemente, dialogando, pesquisando e inovando suas posturas diante dos seus educandos, sobretudo, os saberes da psicopedagogia são imprescindíveis para que a prática inclusiva seja mais consistente e/ou real nos âmbitos educacionais vigentes. Para Refletir A dinâmica histórico-social determinou a necessidade de um profissional que respondesse aos graves problemas que a Pedagogia enfrentava: crise na escola, métodos inadequados, aumento de matrículas diante da expansão demográfica do pós-guerra, evasão escolar, repetência e sérias dificuldades na aprendizagem sistemática. Dessa forma, a psicopedagogia inscreve-se no âmbito pedagógico, dada a necessidade de orientar o processo educativo, oferecendo um conhecimento mais profundo dos processos de desenvolvimento, maturidade e aprendizagem humana. (BOSSA, 2011, p. 63). O processo de ensino e aprendizagem implica a percepção de tantos saberes no decorrer do cotidiano educativo, que é permeado por relações humanas diversas e difusas, as quais precisam ser mediadas da melhor maneira possível por professores e profissionais da educação que estejam realmente comprometidos em realizar suas tarefas em prol do desenvolvimento da pessoa humana. Para tal feitura, é imprescindível citar Paulo Freire, que por intermédio dos seus escritos feitos há tanto tempo deixa inspiração para a prática educativa contemporânea: “Não há educação sem amor. O amor implica luta contra o egoísmo. Quem não é capaz de amar os seres inacabados não pode educar...” (FREIRE, 1979, p. 29). E é sob a atmosfera de amorosidade que a prática psicopedagógica deve ser efetivada nos interiores das ambiências escolares, pois não se pode efetivar uma relação saudável com outro humano se não o amar como ser da mesma espécie, mas que possui toda a sua especificidade em ser e estar no mundo. 15 Portanto, o estudo da psicopedagogia implica as relações do sujeito com o seu processo de construção do conhecimento, como também suas relações com os semelhantes no ínterim do desenvolvimento de tal processo na ambiência escolar e o todo que envolve o processo de desenvolvimento educacional. Falar do objeto de estudo da psicopedagogia consiste também em discorrer sobre a formação humana, vendo e percebendo o educando como um sujeito em formação, o qual precisa ser, prioritariamente, estimulado a viver com harmonia mediante suas relações com os seus semelhantes, propiciando assim a feitura de um mundo mais ameno, menos injusto, onde se configure a propagação do bem comum. Para tanto, faz-se menção dos escritos de Alarcão (2001) acerca da relevância das pessoas no processo de aprendizagem escolar, compreendendo que a educação acontece por e pelas pessoas, e que elas devem ser inteiramente valorizadas e respeitadas na condução do ensino. Assim sendo, essas inferências corroboram a importância da psicopedagogia para o desenvolvimento promissor de aprendizagens para e com as pessoas, pois busca-se pelos conhecimentos psicopedagógicos encorajar, estimular e possibilitar nas pessoas melhores e maiores potenciais de desenvolvimento de acordo com suas singulares características.Ví deo Reflita sobre o cotidiano escolar e a relevância dos conhecimentos propagados pela Psicopedagogia, assistindo ao vídeo: Como eu ensino a aprender? Acesse em: https://www.youtube.com/watch?v=hMQ9EGlvad8 Bossa (2011) defende que a psicopedagogia deve favorecer o processo de ensino e aprendizagem, diminuindo ou extirpando o fracasso escolar da escola, por meio de capacitações dos profissionais da educação, os quais estejam engajados no atendimento integral dos seus educandos. E que também o fracasso escolar é tido como um sintoma diante das realidades escolares contemporâneas, sendo necessário repensar o ambiente de ensino e suas formas de ensinar instauradas há tanto tempo, as quais precisam ser 16 reestruturadas para que as relações educativas sejam efetivamente propulsoras de aprendizagens significativas aos estudantes. Assmann (1998) disserta acerca da relevância do professor entusiasmado no seu cotidiano educativo, a fim de reencantar a educação. Assim sendo, tal autor também corrobora os ideários da psicopedagogia, pois, para que as ideias psicopedagógicas favoreçam os processos de aprendizagem dentro da escola, é necessário que haja professores comprometidos com entusiasmo pelos seus papéis de ensinar com qualidade, de transpor as barreiras das dificuldades, das adversidades comuns em grupos humanos heterogêneos que se reúnem na instituição escolar com o intuito de construírem conhecimentos. Para Refletir É preciso, sobretudo, e aí já vai um destes saberes indispensáveis, que o formando, desde o princípio mesmo de sua experiência formadora, assumindo-se como sujeito também da produção do saber, se convença definitivamente de que ensinar não é transferir conhecimento, mas sim criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção. (FREIRE, 1996, p. 24, 25). Sabe-se que a sociedade é complexa e permeada por tecnologias, as quais têm muitas vezes prejudicado as relações pessoais, trazendo prejuízos aos desenvolvimentos das crianças, por exemplo. Com isso, elas têm apresentado problemas em seus comportamentos com os seus pares na escola, devido ao enorme tempo que passam desde muito cedo em frente a celulares interagindo no mundo virtual com jogos, aplicativos e afins. Contudo, essas e outras características do mundo moderno levam inquietações urgentes ao mundo escolar, o qual deve ser repensado, e como bem nos inspira Morin (2000), é necessário reformular os atos educacionais que atendam às exigências da contemporaneidade, sublinhando a diversidade em todos os seus aspectos, sobretudo, respeitando e valorizando a pessoa humana em sua especificidade. Todas essas discussões e/ou reflexões coadunam com a objetividade da psicopedagogia, a qual perpassa por todos os aspectos do processo de ensino e aprendizagem, provocando o sujeito professor e/ou o psicopedagogo a buscar 17 um pleno entendimento dos seus educandos, procurando saber sobre suas histórias de vida, a fim de elaborar estratégias que sejam efetivas na busca por uma aquisição de aprendizagens significativas para suas vidas em sociedade, construindo, assim, conhecimentos autônomos e revolucionários para e nas suas trajetórias cidadãs. Dessa forma, a psicopedagogia une-se aos ideários contemporâneos de luta por uma educação humanística, emancipatória, inclusiva, na qual todos os partícipes têm o direito de acesso e permanência na escola, como também de prosseguirem os seus estudos com qualidade, aprendendo conhecimentos significativos para que se desenvolvam autonomamente e ajam com protagonismo na sociedade. Importante Sabemos que para aprender é necessário um ensinante e um aprendente que entrem em relação. Isso é algo indiscutível quando se fala de métodos de ensino e de processos de aprendizagem normal; não obstante, costuma-se esquecê-lo quando se trata de fracasso de aprendizagem. Aqui parceria, então, que só entra em jogo o aprendente que fracassa. Como se não pudesse falar de ensinantes ou de vínculos que fracassam ou produzem sintomas. Por ensinantes, entendo tanto o docente ou a instituição educativa, como o pai, a mãe, o amigo ou quem que seja investido pelo aprendente e/ou pela cultura, para ensinar. (FERNANDEZ, 1991, p. 32). A psicopedagogia chega à história mundial com o intuito de encontrar novos caminhos para a aprendizagem do educando, tendo isso como objeto central do seu estudo. Assim, com o passar do tempo, a criança é compreendida como um sujeito complexo, que recebe influências dos seus meios de vivência, surgindo então a preocupação frente ao processo de ensino e aprendizagem, o qual envolve não só a criança, mas todas as suas relações para a formulação de aprendizagens, e a psicopedagogia se propõe a encontrar estratégias que favoreçam a apreensão de aprendizagens significativas pelos educandos. 18 Conclusão da aula 1 O objeto de estudo da psicopedagogia foi sendo reelaborado no decorrer dos últimos anos, para então, na contemporaneidade, mediante todas as complexidades do mundo moderno, inferir que o foco da psicopedagogia é o processo de ensino e aprendizagem e suas nuances. Haja vista todos os aspectos que permeiam a vida do sujeito, suas relações com o conhecimento e com o seus pares, todas as circunstâncias envoltas no sistema escolar interferem de alguma maneira no processo de aprendizagem dos educandos, e a psicopedagogia deve investigar todos esses contextos, a fim de favorecer caminhos propícios para a aprendizagem do educando, de acordo com sua singularidade. Atividade de Aprendizagem Escreva em até 10 linhas sua compreensão acerca do objeto de estudo da psicopedagogia, sublinhando sua opinião sobre esta discussão proposta em nossa aula. Aula 2 – Embasamento teórico do trabalho psicopedagógico Apresentação da aula 2 Em nosso segundo encontro, iremos destacar os fatos históricos e teóricos que fundamentam o trabalho da psicopedagogia, principalmente, dentro das ambiências educacionais, fazendo sempre uma reflexão plausível sobre tais inferências frente à realidade contemporânea dos desafios no cotidiano das relações entre os sujeitos educativos no chão da escola. O objetivo é, contribuir para sua aprendizagem crítica acerca da psicopedagogia, fazendo desse conhecimento uma ferramenta primordial na busca por uma educação mais qualitativa e/ou significativa para os educandos. 19 2.1 Inferências sobre as teorias que regem o trabalho psicopedagógico É relevante destacar que a psicopedagogia tem característica interdisciplinar, o que já fica explícito em sua terminologia, entendendo já em um primeiro momento que o termo está estruturado em concepções da psicologia e da pedagogia, entretanto abrange ainda áreas do conhecimento da psicanálise, da epistemologia, da linguística e a neuropsicologia, entre outras áreas do conhecimento. Essas áreas são destacadas por Bossa (2011), que discorre que todas elas devem ser utilizadas simultaneamente, com o intuito de compreender e guiar o educando por caminhos que o levem a superar suas dificuldades de aprendizagem, fazendo-o ter sucesso em seus processos de ensino e aprendizagem, de acordo com suas singularidades. Tais inferências acerca das áreas de conhecimento que influenciam a psicopedagogia são um exemplo claro de que o indivíduo é visto sob a ótica psicopedagógica como um ser social complexo, o qual precisa ser tratado pelo processo escolar como alguém que possui características ímpares advindas de todos os seus contextos de convivência. Portanto, é necessário conhecer distintas ciências para aplicá-las ao processo de atendimento do educando sob uma perspectiva de estimular o sujeito em suas reais necessidades de desenvolvimento. Sobre as correntes teóricas que influenciam e influenciaram o estudo e aplicabilidade da psicopedagogia, destacam-senas décadas de 1960 e 1970 (do século XX): o Behaviorismo e o Humanismo. O Behaviorismo é uma teoria psicológica sobre o comportamento humano, que tem Skinner como seu principal representante. O termo é proveniente do inglês britânico behaviour ou do inglês americano behavior e significa conduta e/ou comportamento. Tal teoria é considerada por muitos teóricos paradoxal dentro da psicologia. Vocabula rio Paradoxal: algo que contém ou envolve um paradoxo, ou seja, é incoerente ou absurdo; contraditório, ridículo, esquisito, disparatado, insensato. 20 O Humanismo como teoria psicológica foca no indivíduo como sujeito que possui o livre arbítrio e deve usar o seu poder criativo a partir da espontaneidade. Diverge com o Behaviorismo, pois não aceita a ideia de o ser humano ser uma máquina ou animal, sujeitos aos processos de condicionamentos, por exemplo. O americano Abraham Maslow (1908 – 1970) e o também americano Carl Rogers (1902 – 1987) foram grandes representantes teóricos da Psicologia Humanista. Importante Nos anos 1960 e 1970, as correntes teóricas, principalmente, utilizadas na Psicopedagogia eram o Behaviorismo e o Humanismo. O Behaviorismo tinha o estimulo e resposta como parte essencial. Enquanto que o Humanismo propunha fazer a vontade do ser que aprende. O ser humano como ser histórico e social não era valorizado. (MARTINI, 1994, p. 03) As duas teorias psicológicas citadas trazem no teor do seu estudo a compreensão do indivíduo humano. Dentre suas distintas compreensões acerca do humano e suas relações de desenvolvimento consigo mesmo e com o mundo externo está um ponto em comum, que é a busca pela compreensão de como o indivíduo aprende melhor ou como é possível estimular mais e melhor o humano para que ele aprenda e se desenvolva em suas sociedades como sujeito participativo em seu tempo histórico e político. Pesquise Leia mais sobre as definições de Behaviorismo e Humanismo como teorias da psicologia. Disponível em: https://www.infoescola.com/psicologia/behaviorismo/ https://www.significadosbr.com.br/behaviorismo https://amenteemaravilhosa.com.br/psicologia-humanista/ https://www.infoescola.com/psicologia/psicologia-humanista/ https://www.infoescola.com/psicologia/behaviorismo/ https://www.significadosbr.com.br/behaviorismo https://amenteemaravilhosa.com.br/psicologia-humanista/ https://www.infoescola.com/psicologia/psicologia-humanista/ 21 Assim, entende-se que os teóricos, os quais desenvolveram em suas épocas tais estudos, se preocupavam em contribuir para o desenvolvimento de suas sociedades a partir de uma melhor compreensão do humano e de seu complexo modo de ser e estar no mundo. Dessa maneira, é possível perceber a evolução do pensamento teórico que envolve a psicopedagogia, a qual busca métodos de compreender o sujeito humano e estabelecer estratégias que favoreçam o processo de desenvolvimento de tal humano em seu mundo de convivência, contribuindo assim para a configuração de uma sociedade menos injusta, onde as pessoas tenham a possibilidade de desenvolverem-se conforme suas peculiaridades e possam usar suas habilidades para interferir em seus meios sociais com maestria. Ví deo Assista aos vídeos sobre o Behaviorismo e Humanismo, a fim de aguçar suas curiosidades epistemológicas: Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ipHFpXAgjiA https://www.youtube.com/watch?v=UkrlNh90BFg https://www.youtube.com/watch?v=s3tXQDK6BNc https://www.youtube.com/watch?v=if_PvpV_JMQ https://www.youtube.com/watch?v=a0RYUICrnUE Na atualidade, a psicopedagogia está pautada em três correntes teóricas: a Psicanálise, o Associacionismo e o Construtivismo. A Psicopedagogia é interdisciplinar e transdisciplinar Áreas de conhecimento Influências teóricas, décadas de 1960 e 1970 Influências teóricas contemporâneas Psicologia Pedagogia Psicanálise Epistemologia Linguística Neuropsicologia Behaviorismo Humanismo Psicanálise Associacionismo Construtivismo Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2019). https://www.youtube.com/watch?v=ipHFpXAgjiA https://www.youtube.com/watch?v=UkrlNh90BFg https://www.youtube.com/watch?v=s3tXQDK6BNc https://www.youtube.com/watch?v=if_PvpV_JMQ https://www.youtube.com/watch?v=a0RYUICrnUE 22 A psicanálise é considerada um ramo clínico teórico que se ocupa em explicar o funcionamento da mente humana. O objeto de estudo da psicanálise está em analisar os desejos inconscientes e os comportamentos e sentimentos vividos pelas pessoas. O neurologista austríaco Sigmund Freud (1856 – 1939) foi o criador dessa teoria. De acordo com o autor, grande parte dos processos psíquicos da mente humana estão em estado de inconsciência, sendo estes dominados pelos desejos sexuais. Ví deo Assista aos vídeos sobre a teoria de Sigmund Freud, que enfatizam que a psicanálise foi fundamental para a compreensão que se tem hoje no mundo sobre a mente humana: Acesse em: https://www.youtube.com/watch?v=XxDP90soZJk https://www.youtube.com/watch?v=MZxykE_YihI https://www.youtube.com/watch?v=KtPgztSiiGo https://www.youtube.com/watch?v=uJcEEdD1g4c Contudo, a influência da psicanálise dentro da psicopedagogia é sublinhar a relevância do vínculo com o estudante, pois este deve ser estimulado por intermédio dos seus sentimentos a estabelecer vínculo com o ambiente escolar, com o seu objeto de estudo/conhecimento, com os seus pares, com o seu professor e/ou psicopedagogo, e assim por diante. Compreende-se que o indivíduo precisa estabelecer vínculos em suas relações, para que haja condições de aprendizagens, as quais sejam significativas para o alcance de desenvolvimentos integrais. Compreender o sujeito humano e suas fases de desenvolvimento sob a ótica de Freud implica uma maior reflexão do profissional da educação, mediante o atendimento específico do seu educando, buscando, com intrepidez, estratégias que possam ampliar as possibilidades de aprendizagens do indivíduo, de acordo com suas características e/ou habilidades, para a construção de conhecimento que se almeja. https://www.youtube.com/watch?v=XxDP90soZJk https://www.youtube.com/watch?v=MZxykE_YihI https://www.youtube.com/watch?v=KtPgztSiiGo https://www.youtube.com/watch?v=uJcEEdD1g4c 23 Vocabula rio Intrepidez: força inabalável diante de uma situação perigosa, coragem, expressão de destemor, de valentia, bravura, ousadia. O grande representante do associacionismo é David Hartley (1705 – 1757), filósofo britânico que defendeu a ideia de que as ideias surgem por associações, as quais se iniciam das mais simples para que, gradativamente, sejam constituídas compreensões mais complexas. O fato de a criança, por exemplo, involuntariamente, pegar os objetos que lhe são oferecidos para então, progressivamente, ir atribuindo significado às coisas por meio das associações feitas, até escolher os itens de maneira voluntária, demonstra que tal criança passou por um processo de associação que deu significado àquele ou àqueles referidos objetos, e assim acontece por todo o processo de desenvolvimento na vida do indivíduo humano, partindo da premissa de que, como uma corrente, os conhecimentos e/ou associações vão se entrelaçando com o decorrer do tempo, tecendo elos que comporão a estrutura de saberes do sujeito. A junção de ideias que se dá durante o processo de associação é designada por David Hartley de Lei da Contiguidade. Para a teoria do associacionismo, os conhecimentos são formulados pelas associações de ideias simples a ideias complexas, de maneira automática e repetitiva. Dessa forma, é possível inferir que a aprendizagem se dá de maneira repetitiva, automática e/ou técnica. Ví deo Reflita um pouco mais a respeito do associacionismo de David Hartley, assistindo no vídeo. Disponível ao link: https://www.youtube.com/watch?v=lqvUhs2GhIchttps://www.youtube.com/watch?v=lqvUhs2GhIc 24 O construtivismo é considerado uma teoria do conhecimento que trata do desenvolvimento da inteligência, desenvolvido pelo biólogo suíço Jean Piaget (1896 – 1980). Trata-se de uma epistemologia genética que desde de 1920 era investigada por Piaget, mas ganhou projeção mundial na década de 1960. Aqui no Brasil, as ideias construtivistas foram difundidas somente a partir de 1980. Vocabula rio Epistemologia: conhecimento, ciência que estuda a origem e validade de um certo conhecimento; estudo científico que trata da origem e limitações de um determinado conhecimento; teoria do conhecimento; filosofia da ciência; origem do conhecimento. Diante do estudo para a aplicabilidade das ideias construtivistas, é primordial sublinhar que o sujeito tem um papel ativo em seu processo de ensino e aprendizagem. Ví deo Assista e reflita mais sobre os ideários construtivistas de Jean Piaget. Acesse em: https://www.youtube.com/watch?v=j_0BOJO4YEM https://www.youtube.com/watch?v=TL-_LCvtaPg https://www.youtube.com/watch?v=CRokAZi_RWM No construtivismo, acredita-se que as pessoas vão construindo seus conhecimentos ao longo da vida, de acordo com suas experiências relacionais com os seus meios e consigo mesmas, dialogando e refletindo acerca dos significados que vão sendo elaborados e reelaborados ao longo da trajetória, lembrando que existe toda uma evolução biológica do sujeito, ou seja, de acordo com sua maturação biológica, o sujeito vai descobrindo o seu mundo, tendo condições melhores e/ou maiores de construir suas aprendizagens de acordo com o seu momento de desenvolvimento como indivíduo humano. https://www.youtube.com/watch?v=j_0BOJO4YEM https://www.youtube.com/watch?v=TL-_LCvtaPg https://www.youtube.com/watch?v=CRokAZi_RWM 25 Estágios de Desenvolvimento Humano Jean Piaget Estágio Sensório – Motor Do nascimento aos 2 anos Estágio Pré - Operacional Dos 2 aos 6 ou 7 anos Estágio Operatório - Concreto Dos 6 ou 7 até os 11 ou 12 anos Estágio Lógico – Formal Dos 12 anos em diante Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2019). A compreensão de que os sujeitos devem ser respeitados de acordo com suas fases de desenvolvimento, ou sublinhando a ideia de Piaget, a maturação biológica deve ser considerada, a fim de que haja condições de aprendizagens para que o específico sujeito apreenda conhecimentos úteis para sua vida. Tal entendimento por parte do professor e professora, os quais estejam comprometidos com a inspiração da psicopedagogia em sua prática cotidiana, faz-se fundamental, mediante a organização de estratégias didáticas que venham ao encontro das necessidades reais de cada estudante, bem como que atendam aos anseios de aprendizagem, os quais são e estão intrínsecos ao momento vivido pelo aluno, procurando assim entender o contexto de cada educando, suas características de interações com os seus mundos, por meio do diálogo com a família, por exemplo, que é parte importantíssima para a concepção de uma educação embasada na teoria psicopedagógica. Importante Palavras-chaves que caracterizam as teorias segundo as inferências registradas até aqui: Psicanálise > Vínculo. Associacionismo > Técnica, repetição, automação. Construtivismo > Interações. Em linhas gerais, as concepções teóricas sublinhadas colocam o sujeito estudantil nos centros das discussões acerca da construção do processo de ensino e aprendizagem, demonstrando assim a preocupação que deve seguir 26 toda a concepção do trabalho psicopedagógico: a de considerar relevante o fato de compreender o sujeito em sua especificidade, efetivando uma postura humana em todo o decorrer do processo educativo. Sujeito estudantil no centro do processo Fonte: https://br.freepik.com/vetores-gratis/cartaz-do-professor-das-criancas_3910223. htm Sublinhando os ideários construtivistas como base epistemológica para o trabalho com a psicopedagogia nos âmbitos escolares, tem-se o papel do docente como o mediador da construção do conhecimento, sendo que este deve estar diariamente buscando inovadoras estratégias de envolver os seus educandos no processo de ensino e aprendizagem com maestria, estimulando estes a serem protagonistas de seus processos de aprendizagem, lembrando que a interação é parte fundante desse processo educacional. A epistemologia construtivista sublinha o educando como sujeito de sua aprendizagem, o qual deve ter liberdade de agir e problematizar sua ação sobre o objeto de estudo, objetivando assim dar significado e sentido ao seu processo de construção do conhecimento. Nessa perspectiva de constituição de saberes, o professor deve cumprir o seu papel de mediador no processo de ensino e aprendizagem. 27 A postura mediadora do professor deve levar o educando a problematizar suas ações mediante os objetos de estudo, ou seja, quando o docente media, ele tem a autonomia de provocar nos educandos novas maneiras de ver e perceber seus processos de conhecimentos, indagando-se a respeito do aprendizado, formulando e reformulando estratégias para chegarem a novas, bonitas e difusas concepções de mundo. Pesquise Amplie suas leituras sobre as teorias: Psicanálise e Construtivismo. Acesse: https://www.significados.com.br/psicanalise/ https://www.infoescola.com/psicologia/psicanalise/ http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p087- 093_c.pdf https://www.infoescola.com/educacao/construtivismo/ A mediação em uma perspectiva construtivista implica em liberdade e em autonomia no âmbito da sala de aula. Independentemente da faixa etária dos estudantes, todos podem ser estimulados a se desenvolverem com eficácia, por intermédio de uma compreensão psicopedagógica dos sujeitos estudantis, ou seja, compreendendo o ser humano como um ser complexo que depende de muitas influências para que o processo de aprendizagem aconteça com vigor. O professor deve adquirir competências para agir com sabedoria diante das especificidades de cada educando, sendo esse o maior objetivo do discorrer acerca do embasamento teórico da psicopedagogia. A obtenção do embasamento teórico da psicopedagogia deve capacitar os docentes e/ou os psicopedagogos a agirem no âmbito escolar, detectando e agindo sobre os aspectos que prejudicam o desenvolvimento de aprendizagem no educando, tendo uma postura de escuta diante deste para que haja realmente um trabalho psicopedagógico significativo em que o sujeito sinta-se em condições de prosseguir com seus estudos de maneira autônoma. Os ideários que embasam a psicopedagogia sem dúvida dão diretrizes ao trabalho pedagógico contemporâneo, no sentido de que o ser humano é https://www.significados.com.br/psicanalise/ https://www.infoescola.com/psicologia/psicanalise/ http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p087-093_c.pdf http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p087-093_c.pdf https://www.infoescola.com/educacao/construtivismo/ 28 investigado há tanto tempo em sua complexidade de aprender, e que há menos de 01 século da história humana a psicopedagogia vem sendo considerada uma ciência que tem dado voz e vez à discussão da singularidade do papel individual de cada sujeito no processo de ensino e aprendizagem, sendo este o foco investigativo de tal ciência, considerando, assim, os diversos aspectos que envolvem o sujeito aprendiz. Para Refletir Construtivismo significa isto: a ideia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do Indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais; e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemosafirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e, muito menos, pensamento. Construtivismo é, portanto, uma ideia; melhor, uma teoria, um modo de ser do conhecimento ou um movimento do pensamento que emerge do avanço das ciências e da Filosofia dos últimos séculos. Uma teoria que nos permite interpretar o mundo em que vivemos. No caso de Piaget, o mundo do conhecimento: sua gênese e seu desenvolvimento. Construtivismo não é uma prática ou um método; não é uma técnica de ensino nem uma forma de aprendizagem; não é um projeto escolar; é, sim, uma teoria que permite (re) interpretar todas essas coisas, jogando-nos para dentro do movimento da História - da Humanidade e do Universo. Não se pode esquecer que, em Piaget, aprendizagem só tem sentido na medida em que coincide com o processo de desenvolvimento do conhecimento. Fragmento do texto de Fernando Becker. Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p087-093_c.pdf Para tanto, entende-se que a compreensão, discussão, estudo e pesquisa acerca da psicopedagogia não podem ser esgotadas, pois o que está inserido neste contexto é o desenvolvimento integral do sujeito, o qual é histórico, inacabado, mutável, destarte não tem como sanar todas as nuances de tais saberes psicopedagógicos, os quais buscam encontrar melhores e maiores 29 estratégias que possibilitem que os indivíduos aprendam diante de suas especificidades. Ví deo Assista aos vídeos sobre a prática da Psicopedagogia segundo a ótica da D.ra Nadia Bossa. Acesse em: https://www.youtube.com/watch?v=YPCMnUr2RVE https://www.youtube.com/watch?v=BHvGIAXbSK4 A psicopedagogia permite, em seus sujeitos praticantes, a oportunidade de agirem de maneira diferente frente aos seus semelhantes, no caso do ambiente escolar, é a postura pedagógica que é modificada perante os educandos, os quais necessitam ser atendidos com singularidade. Quando se pratica os conhecimentos psicopedagógicos, fica explícito que a maneira de ser dos profissionais se modifica diante da busca por ambientes que sejam propícios ao desenvolvimento de aprendizagens significativas pelos seus estudantes, organizando assim estratégias que auxiliem na prevenção dos problemas de aprendizagens, bem como reunindo forças para que sejam sanadas as dificuldades de aprendizagens nos estudantes, quando estas não puderem ser evitadas. Conclusão da aula 2 Tem-se a influência das correntes teóricas na psicopedagogia do Behaviorismo e Humanismo, para então, nos dias atuais, serem elencadas como embasamentos teóricos três dimensões do conhecimento humano: a Psicanálise, o Associacionismo e o Construtivismo. Tais inferências teóricas contribuem para a compreensão de como o sujeito pode aprender melhor, à medida que o profissional da educação conheça suas peculiaridades de desenvolvimento biológico, psicológico e social, por exemplo. A gama de possibilidades para a melhoria do processo de aprendizagem é imensa mediante a apropriação dos saberes psicopedagógicos, os quais podem e devem levar os https://www.youtube.com/watch?v=YPCMnUr2RVE https://www.youtube.com/watch?v=BHvGIAXbSK4 30 professores e psicopedagogos a galgarem passos mais eficazes em prol do desenvolvimento integral do seu educando. Atividade de Aprendizagem Explique com suas palavras como a teoria do Construtivismo contribui para a aplicabilidade dos conhecimentos psicopedagógicos no ambiente escolar. Escreva um texto argumentativo em até 15 linhas. Aula 3 – A crescente profissionalização do Psicopedagogo Apresentação da aula 3 Nesta terceira aula serão abordadas características do exercício da atividade do psicopedagogo, bem como a relevância dos conhecimentos psicopedagógicos nas ambiências educativas, as quais têm o compromisso de promover o desenvolvimento pleno dos seus educandos. Os aspectos normativos que estão em vigência sobre a profissionalização do psicopedagogo também serão destaque neste encontro. 3.1 A profissionalização do psicopedagogo Para abordar os aspectos que permeiam o trabalho do psicopedagogo e sua crescente profissionalização, será feito um recorte do contexto da psicopedagogia no Brasil, enfatizando a luta das pessoas envolvidas nesta causa, mediante o objetivo de legalmente efetivar a profissionalização do psicopedagogo no país. Assim, é relevante sublinhar novamente, que a psicopedagogia chegou ao Brasil na década de 1970, sendo, historicamente, muito recente. Tendo em vista todo o seu legado em atender o indivíduo humano na sua especificidade, 31 encontrando caminhos para um melhor desenvolvimento frente à aprendizagem, é notório o grande desafio de teóricos da área, que incansavelmente, pesquisam e tem buscado comprovar a relevância da Psicopedagogia na sua aplicabilidade no que diz respeito ao desenvolvimento do sujeito, principalmente no âmbito de sua vivência educacional, independentemente da fase de vida do indivíduo. Os primeiros estados brasileiros a organizarem cursos sobre a Psicopedagogia foram São Paulo e o Rio Grande do Sul, sendo que no primeiro foi criada, em 1988, a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), a qual será a principal inspiração e/ou fonte de pesquisa deste tópico de estudo. Instituição que traz em sua trajetória grande esforço para propagar a importância da Psicopedagogia, bem como em contribuir para a formação de profissionais competentes, que estejam realmente compromissados em fazer a diferença na vida das pessoas que necessitam de atendimento. Os autores Scoz e Barone (2007) sublinham que: “a ABPp se constitui como uma associação de cunho científico-cultural com objetivo de aprofundar estudos sobre os processos de aprendizagem...” (SCOZ; BARONE, 2007, p. 93). Esta inferência corrobora a reflexão proposta acerca da Psicopedagogia, lembrando que esta tem como objeto de estudo o processo de aprendizagem, assim sendo, a ABPp se preocupa em aprofundar os estudos sobre este objeto, elencando todos os aspectos desse processo de desenvolvimento, no qual o estudante deve ter voz e vez, ou seja, precisa ser estimulado a construir o seu conhecimento, obtendo autonomia e protagonismo em sua concepção histórica. Outro ponto interessante da contribuição dos autores Scoz e Barone (2007) é quando diz que: “a ABPp promove discussão ampla em âmbito nacional, por meio dos Encontros de Psicopedagogos para agregar profissionais, a fim de discutir e caracterizar a identidade do psicopedagogo.” (SCOZ; BARONE, 2007, p. 93). Ficando assim explícito que a busca por uma construção identitária do Psicopedagogo no Brasil se dá desde a chegada da teoria referente à Psicopedagogia, por intermédio dos argentinos no sul do país, mediante o trabalho árduo e sério de muitas pessoas. Sublinham-se personalidades como: Alicia Fernandes, Sara Paín e Jorge Visca, que contribuíram e contribuem por meio de suas atuações e escritos a respeito da Psicopedagogia. Nos primeiros encontros organizados pela ABPp, as discussões se deram, principalmente, em torno do fracasso escolar, tema sublinhado por muito 32 tempo como objeto de estudo da psicopedagogia, aguçando assim a compreensão patológica frente às necessidades de aplicação dos conhecimentos psicopedagógicos, tendo como fundamento a “Pedagogia Curativa”. No entanto, as discussões foram progredindo entre os teóricos, ocorrendo investigações e pesquisas, para então chegar ao entendimento de que a Psicopedagogia vai além de detectar ou ajudar na resolução do fracasso escolar; este conhecimento unido às suas técnicas de conhecer e atender o sujeito humano pode e deve também trabalhar na prevenção do fracasso escolar e, além disso, traz para a ambiência escolar novas ferramentas de compreensão e execução do processo de ensino e aprendizagem, sendo útil para todas as etapas deste processo que écomplexo e envolve tantas relações. Importante A Psicopedagogia é área de conhecimento, atuação e pesquisa que lida com o processo de aprendizagem humana, visando ao apoio aos indivíduos e aos grupos envolvidos neste processo, na perspectiva da diversidade e da inclusão. A Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), como órgão representativo dos psicopedagogos, entende que o curso de Psicopedagogia deve formar profissionais para garantir a aprendizagem como direito de todos. Disponível em: https://www.abpp.com.br/documentos_referencias_diretrizes_formac ao.html O campo de atuação da Psicopedagogia está dividido em duas áreas: na saúde e na educação. A autora Bossa sublinha que: a forma de abordar o objeto de estudo pode assumir características específicas, a depender da modalidade: clínica, preventiva e teórica, umas articulando-se às outras (BOSSA, 2011, p.47). Destarte, a análise de cada sujeito pelo psicopedagogo será criteriosa no sentido de encontrar as melhores estratégias de trabalho para com aquele indivíduo, normalmente, atrelado ao trabalho de outros profissionais que juntamente constroem um plano de trabalho ou mesmo uma “Avaliação Psicoeducacional” do educando para então saber se este necessita de um atendimento especializado dentro ou fora do espaço escolar, ou seja, de um atendimento individualizado para suprir suas necessidades de aprendizagens ou mesmo de um atendimento clínico, e assim por diante. 33 O trabalho clínico não deixa de ser preventivo, uma vez que, ao tratar alguns transtornos de aprendizagem, pode evitar o aparecimento de outros. O trabalho preventivo, em uma abordagem psicopedagógica, é sempre clínico (BOSSA, 2011, P. 47). Assim a autora Bossa caracteriza o atendimento clínico, em outras palavras, estabelece as características para a área da saúde em que se dá a Psicopedagogia. Bossa (2011) corrobora a compreensão de que o referencial teórico adotado pelo psicopedagogo é extremamente importante para que se dê um desenvolvimento eficaz na elaboração e aplicação das estratégias frente ao desenvolvimento do sujeito, pois tanto no atendimento clínico ou no institucional o profissional precisa estar muito bem alicerçado nas suas teorias, as quais devem conduzi-lo a uma prática ética, responsável e virtuosa diante de atender com humanidade as necessidades dos seus semelhantes. Lembrando que quaisquer que sejam as correntes teóricas: psicanálise, associacionismo ou construtivismo, o mais importante é utilizar tais conhecimentos em conformidade com as reais necessidades dos seus estudantes/sujeitos, respeitando a diversidade dos indivíduos. Importante “O psicopedagogo é o profissional habilitado para atuar com os processos de aprendizagem junto aos indivíduos, aos grupos, às instituições e às comunidades. Desde 2002, pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a Psicopedagogia foi inserida na Família Ocupacional 2394-25 dos Programadores, Avaliadores e Orientadores de Ensino. O psicopedagogo é o profissional que deve assegurar: a) a produção e divulgação do conhecimento científico e tecnológico relacionado com a aprendizagem humana; b) os compromissos éticos e políticos com a Educação de qualidade para todos; c) a articulação com os demais profissionais da Educação e da Saúde para a construção de uma sociedade justa, respeitando a equidade e a diversidade, onde todos tenham o direito ao aprender.” Disponível em: https://www.abpp.com.br/documentos_referencias_ diretrizes_formacao.html 34 Referente às ideias da autora Bossa (2011), pode-se destacar que as distinções entre os campos de atuação do psicopedagogo se referem à Instituição (Escola), à ação que acontece na prevenção de problemas relacionados à aprendizagem, já o psicopedagogo clínico trabalha mediante o diagnóstico do sujeito. Porém, seja na clínica, na escola, na família ou no hospital, qualquer que seja o ambiente de atendimento no qual o profissional esteja exercendo o seu papel, o primordial é atender o sujeito em sua singularidade, e por meio das técnicas apreendidas consolidar um trabalho que seja voltado para orientar o indivíduo para uma aprendizagem frutífera. Apontamentos históricos e pedagógicos da Psicopedagogia no Brasil A busca por um caminho que possibilitasse uma visão mais abrangente que incluísse aspectos psicomotores, cognitivos e emocionais envolvidos na aprendizagem. Revisão curricular na universidade e busca por um referencial mais globalizante e menos tecnicista no final dos anos 1970 e início da década de 1980. Profissionais que trabalhavam com crianças com problemas de aprendizagem buscam um aprofundamento maior. Profissionais que atuavam nas escolas não tinham uma visão clara sobre os problemas de aprendizagem. Comprometimento frente ao currículo. Demanda por profissionais mais qualificados. São criados os primeiros cursos na PUC / São Paulo, no início da década de 1970, com o enfoque psicopedagógico. É criado em São Paulo, no Instituto Sedes Sapientiae, o primeiro curso regular de Psicopedagogia. A partir da década de 80, surgem os cursos de especialização Lato Sensu em Psicopedagogia, a princípio em São Paulo e, posteriormente, em outras instituições e regiões do Brasil. Dados (adaptados, pelo autor) disponíveis em: https://www.portaleducacao.com.b r/conteudo/artigos/esporte/trajetoria-historica-da-psicopedagogia-no-brasil/45599 Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2019). 35 Em linhas gerais, pode-se inferir que o trabalho psicopedagógico deve estar voltado para a propagação dos ideários da inclusão contemporânea, bem como para o respeito à diversidade, engajado sempre na preocupação e/ou objetivo de favorecer o processo de ensino e aprendizagem ao sujeito, enfatizando que a educação é um direito de todos. Este trabalho pautado nestes ideários dão maior estrutura de profissionalização à Psicopedagogia, pois esta deixa as suas contribuições notórias nas ambiências escolares por intermédio dos resultados dos educandos, os quais, após os atendimentos psicopedagógicos, ganham destreza e autonomia para construírem os seus conhecimentos, contando sempre, é claro, com a mediação de professores comprometidos com os seus papéis de ensinar para a emancipação. Princípios norteadores da Formação do Psicopedagogo: Conscientização da diversidade. Priorização de ações que envolvam os direitos humanos. Valorização do pensamento reflexivo, crítico e transformador. Conscientização do trabalho coletivo pautado pela ética e sigilo profissional. Respeito aos saberes específicos das áreas afins e dos profissionais. Dados (adaptados pelo autor) disponíveis em: https://www.abpp.com.br/documen tos_referencias_diretrizes_formacao.html Fonte: elaborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2019). Processo educativo Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/menino-estudante-apoiando-se-escrivaninha-e m-sala-aula_2740599.htm 36 Pensar na aplicabilidade da Psicopedagogia é também refletir sobre a formação humana, sobretudo, é valorizar o ser humano em sua essência, olhando-o nos olhos e conduzindo-o para um caminho que lhe traga uma formação integral, conjecturando assim possibilidades para uma formação humana, a qual é prescrita na contemporaneidade por tantos teóricos, dos quais destaca-se a autora Alarcão (2001), quando trata que as pessoas são a pedra angular de todo o processo de ensino e aprendizagem e precisam ser ouvidas em suas singularidades, a fim de que realmente o processo educativo seja eficaz. Curiosidade A Classificação Brasileira de Ocupações – CBO é o documento normalizador do reconhecimento, da nomeação e da codificação dos títulos e conteúdo das ocupações do mercado de trabalho brasileiro. É ao mesmo tempo uma classificação enumerativa e uma classificaçãodescritiva. Classificação enumerativa: codifica empregos e outras situações de trabalho para fins estatísticos de registros administrativos, censos populacionais e outras pesquisas domiciliares. Inclui códigos e títulos ocupacionais e a descrição sumária. Ela também é conhecida pelos nomes de nomenclatura ocupacional e estrutura ocupacional. A CBO de Psicopedagogo foi instituída pela Portaria Ministerial 391/2002 com a finalidade de identificar nossa ocupação no mercado de trabalho. Perante a CBO, a Psicopedagogia está inserida no quadro de técnicos da educação. Disponível em: https://www.abpp.com.br/documentos_referencias _cbo_classificacao_brasileira_de_ocupacoes.html O crescimento do respeito pela profissionalização do psicopedagogo perpassa pelo entendimento de suas funções, objetivando sempre o progresso no processo de aprendizagem nos sujeitos que estão no ínterim de suas práticas, de maneira que todos sejam respeitados diante dos seus ritmos de aprendizagens, acreditando sempre que cada sujeito pode aprender e/ou tem condições para desenvolver aprendizagem, de acordo com suas especificidades. O psicopedagogo, por sua vez, precisa ter esta sensibilidade de 37 compreender as reais necessidades dos sujeitos, para que tais indivíduos possam desenvolver-se com protagonismo. FUNÇÕES DO PSICOPEDAGOGO: Detectar no indivíduo o que está gerando dificuldades no seu processo de aprendizagem. Criar situações de relação com a comunidade educativa para favorecer uma troca e uma maior integração. Promover orientações metodológicas específicas tanto em grupo quanto no individual. Realizar orientação individual ou em grupo de caráter educacional, vocacional e ocupacional. Fonte: produzido por (BOSSA, 2011), eleborado pelo autor (2019), adaptado pelo DI (2019). Importante A formação em Psicopedagogia deve propiciar o desenvolvimento de habilidades e competências compatíveis com as demandas sociais, contemporâneas e/ou potenciais. A atuação profissional requer uma formação específica que garanta ao psicopedagogo a aquisição qualificada de conhecimentos específicos da área, permitindo a construção de habilidades e competências, sendo elas: a) planejar, intervir e avaliar o processo de aprendizagem, nos variados contextos, mediante a utilização de instrumentos e técnicas próprios da Psicopedagogia; b) utilizar métodos, técnicas e instrumentos que tenham por finalidade a pesquisa e a produção de conhecimento na área; c) participar na formulação e na implantação de políticas públicas e privadas em educação e saúde relacionadas à aprendizagem e à inclusão social; d) articular a ação psicopedagógica com profissionais de áreas afins, para atuar em diferentes ambientes de aprendizagem; e) realizar consultoria e assessoria psicopedagógicas; f) exercer orientação, coordenação, docência e supervisão em cursos de Psicopedagogia; g) atuar na coordenação e gestão de serviços de Psicopedagogia em estabelecimentos públicos e privados. Disponível em: https://www.abpp.com.br/documentos_referencias_ diretrizes_formacao.html https://www.abpp.com.br/documentos_referencias_diretrizes_formacao.html https://www.abpp.com.br/documentos_referencias_diretrizes_formacao.html 38 O psicopedagogo escolar deve conhecer, reconhecer e problematizar o sistema do qual faz parte e, com estes elementos, oferecer subsídios para discussão e reflexão das práticas. Envolvendo a equipe diretiva e pedagógica – supervisor, orientador educacional, psicólogo escolar, professores, alunos, pais e funcionários – ampliar o espectro de compreensão dos fenômenos que podem obstaculizar a dinâmica de funcionamento da escola, tendo, assim um papel importante neste constante pensar e repensar o sistema escolar e sua práxis (BERLIM, PORTELLA, 2007, p. 86). A obtenção de uma postura profissional pelo psicopedagogo, juntamente com seu reconhecimento na sociedade atual e vindoura, está entrelaçada na feitura de sua tarefa com primazia e amorosidade, deixando a sua marca no contexto social e histórico, por intermédio da mudança na vida das pessoas, fazendo com que estas sintam-se capazes de aprender com autonomia, a fim de conquistar uma vida mais digna e feliz, colaborando assim com a configuração de uma sociedade menos desigual. A Psicopedagogia se ocupa de aprendizagem humana, que adveio de uma demanda – problema de aprendizagem, colocado em um território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e a própria Pedagogia – e evoluiu devido à existência de recursos, ainda que embrionários, para atender a essa demanda, constituindo-se, assim, em uma prática (BOSSA, 2011, p. 32, 33). Assim, o trabalho do psicopedagogo é virtuoso, o qual entende o sujeito na sua complexidade perante o processo de ensino e aprendizagem, ou seja, considera todas as realidades internas e externas que compreendem tal processo, compreendendo o sujeito em seus aspectos cognitivos, afetivos e sociais, a fim de interferir neste processo com maestria. Ainda a respeito da Psicopedagogia e seus campos de atuação profissional, são feitos os seguintes destaques: Psicopedagogia familiar, ampliando a percepção sobre os vários processos de aprendizagem de seus filhos, resgatando o papel da dinâmica familiar na educação, respeitando as diferenças. Psicopedagogia empresarial, ampliando formas de treinamento, resgatando a visão do todo, as múltiplas inteligências, trabalhando a criatividade e os diferentes caminhos para solucionar problemas, desenvolvendo o imaginário, a função humanística e dos sentimentos na empresa, ao construir projetos e dialogar sobre eles. Psicopedagogia hospitalar, possibilitando a aprendizagem, o lúdico e as oficinas psicopedagógicas com os internos. Psicopedagogia escolar, priorizando diferentes projetos: Diagnóstico da escola. 39 Definições de papeis na dinâmica relacional em busca de funções e identidades, diante do aprender. Instrumentalização de professores, coordenadores, orientadores e diretores sobre práticas e reflexões diante de novas formas de aprender. Reprogramação curricular, implantação de programa e sistemas avaliativos. Oficinas para vivências de novas formas de aprender. Análise de conteúdo e reconstrução conceitual. Releitura, ressignificando sistemas de recuperação e reintegração do aluno no processo. O papel da escola no diálogo com a família. (FOGALI, 1998 apud BOSSA, 2011, p. 140) 3.2 Ênfase nos aspectos legais da profissionalização do psicopedagogo A regulamentação do exercício da atividade do psicopedagogo no Brasil é um processo que está em vigor desde a década de 1970, por meio das ações de muitas pessoas engajadas nesta causa, que organizaram os cursos ofertados em níveis superiores desde essa época. A própria ABPp com sua organização tem muito contribuído para que a atividade do psicopedagogo ganhe respeito e/ou espaço no mundo acadêmico e profissional brasileiro. A formação do psicopedagogo vem acontecendo de maneira regular nas instituições universitárias desde a década de 1970, sendo regulamentada pelo Ministério da Educação (MEC) em cursos de pós-graduação e especialização com mínimo de 360 horas, porém a maioria dos cursos de psicopedagogia é ofertada com 600 horas, obedecendo às Diretrizes Básicas de Formação de Psicopedagogos no Brasil. É relevante destacar que no século XXI iniciaram os cursos de graduação em psicopedagogia no Brasil. Ainda não existe uma lei nacional que regulamente a profissão do psicopedagogo, e sim Projetos de lei (PL) que estão em transição há mais de 20 anos: PL 3.124/97 – Deputado Barbosa Neto; PL 3512/08 – Deputada Prof.ª Raquel Teixeira; PLC 031/10 – Senador Cyro Miranda; PL 011/05 – Vereador Antônio Goulart (São Paulo). 40 Faz-se o destaque para a Lei Municipal de São Paulo em vigor desde o anode 2013 (15.719), a qual autoriza o exercício da função do Assistente Psicopedagógico nas escolas municipais para atender educandos da Educação Infantil e Ensino Fundamental. A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) classifica a profissão do psicopedagogo como “técnico da educação” (391/2002), com a finalidade de identificar a atividade do psicopedagogo no mercado de trabalho. Portanto, a caminhada em prol da legalização da psicopedagogia no país tem sido longa, mas constante, por intermédio de forças que se unem ao acreditar no atendimento singular de pessoas humanas, as quais merecem total respeito. Pesquise Leia na íntegra os projetos de lei que estão em tramitação a respeito da Profissão do Psicopedagogo no Brasil, como também o exemplo do município de São Paulo, que tem a lei 15.719/2013, que regulamenta a função do Assistente Psicopedagógico nas escolas municipais. Acesse em: https://www.abpp.com.br/documentos_referencias_l egislacao.html A profissionalização do psicopedagogo no Brasil se legitima mediante os conhecimentos psicopedagógicos disseminados no ínterim das relações que permeiam o processo de ensino e aprendizagem, promovendo assim resultados promissores no processo do desenvolvimento dos sujeitos, os quais precisam de um atendimento acolhedor, mais humanístico e/ou singular, sendo que tais anseios são contemplados por um trabalho que se preocupa com veemência em favorecer o processo de aprendizagem do educando. Conclusão da aula 3 A psicopedagogia se incorpora à ambiência nacional a partir de seus conceitos eminentes de atender o indivíduo em sua especificidade de condições para aprender, estimulando este a desenvolver-se com autonomia de acordo https://www.abpp.com.br/documentos_referencias_legislacao.html https://www.abpp.com.br/documentos_referencias_legislacao.html 41 com suas singulares características. O trabalho virtuoso que os conhecimentos psicopedagógicos produzem legitima toda a luta em prol da profissionalização do psicopedagogo. Ainda não se tem uma legislação que regulamente a profissão do Psicopedagogo no Brasil, muito embora exista uma grande organização por parte da sociedade civil, exemplificada pelos teóricos da área, bem como pela ABPp, a qual tem feito o seu papel com maestria. Atividade de Aprendizagem De acordo com as inferências que foram realizadas acerca da profissionalização do psicopedagogo no Brasil, elabore um texto que pontue as principais ideias apresentadas em nossa aula, destacando sua opinião sobre o assunto. Argumente em até 15 linhas. Aula 4 – Um pouco de ética e psicopedagogia Apresentação da aula 4 Nesta nossa última aula serão destacados aspectos acerca das compreensões sobre a ética na sociedade vigente, como também a implicação desta no desenvolvimento do trabalho do psicopedagogo. O Código de Ética do psicopedagogo no Brasil será abordado de maneira reflexiva, fazendo os devidos apontamentos para corroborar as discussões propostas acerca da compreensão da psicopedagogia. Por fim, serão feitas considerações reflexivas sobre a psicopedagogia na contemporaneidade. 4.1 Compreensões acerca da Ética Refletir sobre a ética implica analisar os aspectos morais da sociedade, elencando os pontos que são imorais e morais, os quais são postos por intermédio da historicidade. Assim, a ética é a capacidade de analisar tais 42 aspectos complexos da convivência humana contemporânea e organizar um comportamento digno diante de si mesmo e dos seus semelhantes, comportamento este que seja propagador do bem comum, que não cause danos para ninguém. Vocabula rio Ética: proveniente do grego ethos, que significa, literalmente, morada, habitat, refúgio; filosoficamente significa modos de ser, caráter, índole, natureza. Nas palavras de Cortella (2014), não é de uma ética qualquer que estamos tratando, mas de uma ética como um conjunto de valores e princípios que usamos para guiar nossa conduta (CORTELLA, 2014, p. 24). Então, a ética que direciona os atos do profissional da educação, o qual acredita nos princípios psicopedagógicos de atendimento singular aos seus semelhantes, tem a primazia de estimular o melhor comportamento possível em favor do desenvolvimento pleno do sujeito em seu processo de ensino e aprendizagem. Continuando com a inspiração de Cortella (2014), para tratarmos dos conceitos que permeiam a aplicabilidade da ética nos dias contemporâneos, sublinha-se o escrito do autor: “Não é de qualquer ética que estamos falando quando desejamos uma ética que pressuponha a saudabilidade, isto é, uma ética que não seja provedora de uma alegria restrita, mas de uma alegria coletiva.” (CORTELLA, 2014, p. 24) [Grifos do autor]. A busca pelo bem comum nas ambiências das relações educacionais deve estar intrínseca a todos os objetivos dos processos de ensino e aprendizagem, levando em consideração a especificidade dos sujeitos, ao mesmo tempo que a valorização da diversidade, e/ou a boniteza da complexidade e das diferenças entre os sujeitos sejam enaltecidas, a fim de que os indivíduos aprendam e exerçam a ética propícia aos convívios sociais contemporâneos, visando assim uma partilha da alegria, como bem nos inspira Mario Sergio Cortella, acreditando, com veemência que a ética deve reger o comportamento do humano em sua sociedade à medida que este seja educado a respeitar as normas morais postas em seu meio social e político, 43 e assim julgue a sua conduta de acordo com o bem-estar de suas relações, dos seus ambientes e dos seus semelhantes. Discutir ética na formação do docente e/ou do profissional da educação é fundamental para a aquisição de saberes críticos e modificadores de realidades, pois é necessário pensar no comportamento humano, nas relações que são estabelecidas em todo o discorrer dos processos de aprendizagem, afinal a educação não acontece sem relações humanas. Sendo assim, a ética está intrínseca a todos os âmbitos de construção do conhecimento. Sabiamente, Cortella (2014) enfatiza que: A ética é a inteligência compartilhada a serviço da convivência com todas as condições materiais que são as nossas (CORTELLA, 2014, p. 35). O autor corrobora a discussão de que a ética é totalmente necessária aos ambientes de convivência educacionais ou nos espaços que se almeja construir relações de aprendizagem, e em uma visão mais holística de mundo a ética é fundamental em todo e qualquer momento que haja convivência entre pessoas humanas. Sobretudo, agir com ética é exercer a inteligência, pois assim o indivíduo estará evitando problemas, por exemplo, se eu não escrevo no whatsapp do celular enquanto dirijo no trânsito, logo estou tendo ética em zelar pela minha vida e pela vida dos outros, pois se faço a ação contrária estou aumentando, consideravelmente, as chances de provocar acidentes de consequências para mim e para os meus semelhantes, agindo assim com falta de ética. Portanto, mais uma vez salienta-se que exercer a ética nos ambientes de convivência humana é zelar pela propagação do bem comum. O filósofo Cortella (2014) diz que: se formos esperar uma sociedade ideal para que a ética possa existir, é possível que ela não venha a existir nunca (CORTELLA, 2014, p.35). Entende-se a ética como um saber concreto, ou, em outras palavras, aquilo que escolhemos fazer em nosso cotidiano, por exemplo: jogar ou não o papel de bala pela janela do carro na via pública. Exercer a ética é uma escolha de conduta, de comportamento, que faz o sujeito assumir o seu papel concreto diante da sua sociedade, do seu ambiente de convivência. E nessa perspectiva de escolher ou assumir o seu papel em sua sociedade é que não se pode esperar a concretização de uma sociedade ideal, pois a sociedade “somos nós”, você e eu fazemos parte da atual sociedade. No entanto, a sociedade ideal