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CURSO DE MEDICINA TUTORIA 3a ETAPA SITUAÇÃO PROBLEMA 3: “Mas ela é tão pequenina para fazer uma cirurgia cardíaca!” MINEIROS/GO 2021 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA TUTORIA VII SITUAÇÃO PROBLEMA 3: “Mas ela é tão pequenina para fazer uma cirurgia cardíaca!” Maria Clara Trettel de Oliveira (Relatora) Mariana Oliveira Fernandes Matheus Fleury Alves Mydian Gabriela dos Santos Fernandes Nathalia Martins Carneiro Natália Hugueney Hidalgo Rafaella Ciconello Dal Molin Sara Leite Lira Santos Victor Rodrigues de Souza Vinícius de Moraes Laabs Vinícius de Souza Fernandes Vieira Vitoria Macedo Falcão Ferreira Tamillis Martins Barbosa Willy Johnny Araújo Docente: Dr. Marcos Machado De Alcantara MINEIROS/GO 2021 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 4 2. OBJETIVOS ................................................................................................................................................. 5 2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................................................ 5 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................................. 5 3. DESENVOLVIMENTO ............................................................................................................................... 6 3.1 Conceituar malformações, rupturas, deformações, sequencias e síndromes. ................................. 6 3.2 Conceituar e relacionar: agenesia, aplasia, hipoplasia, anomalias disráficas, falhas de involução, falhas de divisão, atresia, displasia, ectopia ou heterotopia e distopia e exemplos de cada situação. Identificar as principais causas de malformações congênitas. ...................................................................... 7 3.3 Identificar a importância do acompanhamento pré-natal na prevenção e identificação de malformações congênitas (exames de triagem e diagnóstico precoce). ....................................................... 11 3.4 Estudar o desenvolvimento das malformações congênitas do sistema cardiovascular identificando as principais anomalias. .......................................................................................................... 13 3.5 Identificar quais as causas de prematuridade e retardo no crescimento ...................................... 14 3.6 Refletir sobre a rede de atenção a saúde da pessoa com deficiência, as principais ações de prevenção: vacinas, o não uso de drogas lícitas (álcool e tabaco) ou ilícitas e medicamentos nos primeiros 3 meses de vida. .............................................................................................................................. 15 3.7 Discutir a importância do atendimento pré-natal e seguimento pós-natal por equipe multidisciplinar, na UBS ou na referência de ambulatório de especialidades, e o apoio psicossocial dos familiares ......................................................................................................................................................... 17 3.8 Discutir a importância da nutrição sobre o desenvolvimento saudável e estimulação do RN com mal formação. .................................................................................................................................................. 20 3.9 Discutir e interpretar as alterações nos marcadores laboratoriais da anemia ferropriva. .......... 21 3.10 Reconhecer os principais métodos de avaliação da idade gestacional. .......................................... 22 4. CONCLUSÃO ............................................................................................................................................. 24 5. REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................... 25 1. INTRODUÇÃO O relatório da Situação Problema 3 tem como objetivo entender e identificar quais são as principais causas de malformações congênitas e compreender a dificuldade de enfrentar este problema que é a segunda maior causa de morbimortalidade infantil na sociedade brasileira. Assim, é muito importante entender as maiores causas e quais são as anomalias congênitas mais comuns e qual a relação com pré-natal e pós-natal para prevenção, identificação e tratamento destas, é necessário também assimilar como é o desenvolvimento infantil e quais redes de atenção que estas crianças com deficiência são contempladas. Outrossim, é significativo saber as principais malformações congênitas presentes no sistema cardiovascular e a importância dos exames de triagem no diagnóstico precoce dessas malformações. Além do mais, compete ainda discutir a importância da nutrição para o desenvolvimento neurológico, psíquico, fisiológico e mental das crianças, tal como as influencias destas para a prematuridade e retardo no crescimento. Desse modo, reconhecer os principais métodos de avalição da idade gestacional é de suma necessidade para fazer um pré-natal e pós natal de qualidade com acompanhamento da atenção básica ou se essencial ser referenciado para uma atenção mais especializada e multidisciplinar para dar apoio psicossocial as famílias, se preciso em casos de malformações congênitas ou até mesmo para fazer um acompanhamento mais psicológico às mães durante o puerpério. 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Reconhecer as principais causas das Malformações congênitas e conheça a magnitude deste problema que é uma das mais importantes causas de mortalidade infantil no Brasil. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Conceituar malformações, rupturas, deformações, sequências e síndromes. • Conceituar e relacionar: agenesia, aplasia, hipoplasia, anomalias disráficas, falhas de involução, falhas de divisão, atresia, displasia, ectopia ou heterotopia e distopia a exemplos de cada situação. Identificar as principais causas das malformações congênitas. • Identificar a importância do acompanhamento pré-natal na prevenção e identificação de malformações congênitas (exames de triagem e diagnóstico precoce). • Estudar o desenvolvimento das malformações congênitas do sistema cardiovascular identificando as principais anomalias. • Identificar quais as causas de prematuridade e retardo do crescimento. • Refletir sobre a rede de atenção a saúde da pessoa com deficiência, as principais ações de prevenção: vacinas, o não uso de drogas lícitas (álcool e tabaco) ou ilícitas e medicamentos nos primeiros 3 meses de vida. • Discutir a importância do atendimento pré-natal e seguimento pós-natal por equipe multidisciplinar, na UBS ou na referência de ambulatório de especialidades, e o apoio psicossocial dos familiares. • Discutir a importância da nutrição sobre o desenvolvimento saudável e estimulação do RN com mal formação. • Discutir e interpretar as alterações nos marcadores laboratoriais da anemia ferropriva. • Reconhecer os principais métodos de avaliação da idade gestacional. 3. DESENVOLVIMENTO 3.1 Conceituar malformações, rupturas, deformações, sequências e síndromes Anomalias são alterações do desenvolvimento embrionário ou fetal presentes ao nascimento. As causas podem ser herdadas ou adquiridas, envolvendo anomalias estruturais, funcionais, metabólicas e/ou comportamentais (FONTOURA, 2012). As malformações são anormalidades morfológicas de órgão ou partes do corpo que ocorrem devido a um processo anormal de desenvolvimento que pode ser retardado, interrompido ou alterado. Consequentemente, teremosestruturas incompletamente formadas, não devidamente separadas ou não formadas (agenesia). Este defeito é comumente presente nas oito semanas iniciais de gestação (período da organogênese) e pode ter como etiologia fatores genéticos e/ou multifatoriais. Ex.: Fenda Palatina, defeitos cardíacos (FONTOURA, 2012). A ruptura (disrupção) é definida como a destruição ou alteração de estruturas já formadas e normais, como a redução de membros causada por anomalias vasculares, por exemplo. É um defeito morfológico de um órgão, parte dele ou de uma região maior do corpo resultante de perturbação ou interferência de estruturas previamente normais. Assim como a deformação tem como principais causas os fatores ambientais gerando comprometimentos através de compressão, isquemia, hemorragia ou adesão de estruturas. Resulta em alterações na forma, divisão de estruturas ou ainda perda de seguimentos. Como exemplo temos as fendas faciais por bandas amnióticas (FONTOURA, 2012). Já o termo deformação é definido como alteração da forma, contorno ou posição de um órgão, como o pé torto congênito, causada por forças mecânicas, extrínsecas (constrição uterina sobre o bebê no canal de parto) ou intrínsecas (edema fetal) que afetam as estruturas após o seu desenvolvimento inicial (FONTOURA, 2012). Sequência, o termo é utilizado para indicar um padrão de anormalidades que resultam de uma anormalidade primária simples ou de um fator mecânico simples. O processo de sequência funciona como uma “cascata”, na qual uma anormalidade primária resulta em uma secundária, que gera uma terciária e assim por diante. Ex.: Sequência de Potter (oligoidrâmnio), também chamada de Síndrome de Potter, refere-se à aparência física alterada de um feto ou recém-nascido em virtude da existência de oligoidrâmnia, em que a grávida está com líquido amniótico menor que ideal dentro do útero (FONTOURA, 2012). Síndrome é padrão de múltiplas anomalias tidas como patogeneticamente relacionadas e não representam uma sequência geralmente se repetem em um padrão constante e compartilham uma etiologia específica. Pode ser cromossômica, monogênica ou não genética. Ex.: Síndrome de Dow, Síndrome de Apert, Síndrome alcoólica fetal (FONTOURA, 2012). 3.2 Conceituar e relacionar: agenesia, aplasia, hipoplasia, anomalias disráficas, falhas de involução, falhas de divisão, atresia, displasia, ectopia ou heterotopia e distopia e exemplos de cada situação. Identificar as principais causas de malformações congênitas • Agenesia: A ausência completa de um primórdio de órgão ou desenvolvimento incompleto de um órgão ou tecido do organismo. Este processo ocorre durante a embriogênese, quando a mesma está completa, o problema está na ausência de iniciação do desenvolvimento desse órgão. Essa alteração do desenvolvimento é incompatível a vida, quando o órgão afetado é ímpar e essencial, pois quando o órgão é par, acontece o processo de compensação pelo próprio organismo ou órgão similar (KUMAR; ABBAS & FAUSTO, 2016). A Agenesia pode manifestar-se de três maneiras: ausência total de um órgão, como na agenesia unilateral ou bilateral dos rins; ausência de parte de um órgão, como na agenesia do corpo caloso do cérebro; e na ausência de tecido ou células dentro de um órgão, como na ausência das células germinativas testiculares na infertilidade congênita. Logo, alguns exemplos podem ser citados, como a anencefalia, acrania, agnatia, mononefrose, ciclopia (desenvolvimento de apenas um olho), amelia (falta ou desaparecimento de membros), agenesia renal (ausência ou desenvolvimento incompleto unilateral ou bilateral dos rins) e agenesia pulmonar (ausência completa do parênquima pulmonar, brônquios e vasos pulmonares) (KUMAR; ABBAS & FAUSTO, 2016). • Aplasia: Consiste na ausência da formação de órgãos, ou seja, apresenta apenas os primórdios do órgão ou tecido e por isso é uma má formação. Desta forma, houve início do desenvolvimento, porém foi interrompido de forma precoce, devido uma disfunção das células e tecidos (KUMAR; ABBAS & FAUSTO, 2016). Logo, são exemplos de Aplasia: microcefalia; aplasia medular (produção insuficiente de células sanguíneas, glóbulos brancos, vermelhos e as plaquetas, pela medula óssea), aplasia cútis congênita (ausência da formação completa da pele). • Hipoplasia: É uma deficiência na formação, consiste na redução do volume de um órgão, parte dele, ou de alguma parte do corpo, devido a falhas na atividade de formação dos tecidos, pois ocorre a diminuição do número de células. Portanto, houve o início do desenvolvimento, porém não foi completado, devido a isto se difere da hipotrofia, assim de forma fisiológica apresenta um agravo menor que agenesia e aplasia. Além disso, apresenta mais destaque quando atinge órgãos reprodutores masculino e feminino (KUMAR; ABBAS & FAUSTO, 2016). São exemplos de Hipoplasia: Micrognatia (deformação da mandíbula inferior que apresenta um tamanho menor que o parâmetro para normalidade), hipoplasia renal, cerebelar, testicular e ovariana. • Anomalias Disráficas: Anomalias significam alterações que desviam dos parâmetros de normalidade, juntamente ao disrafismo que consiste na fusão incompleta ou fechamento defeituoso da região dorsal mediana do embrião. Sendo assim, a mesma consiste em defeitos causados pela falha de estruturas apostas se fundirem. Com isso, resultam em várias malformações congênitas que afetam a coluna vertebral, as quais são denominadas genericamente de espinha bífida (canal espinhal não fechou de forma adequada, o osso e a pele que recobrem não se fundiram, deixando assim um defeito na linha média), e outras que acometem o crânio, incluindo a anencefalia e suas variações, algumas mais raras são denominadas como crânio bífido (KUMAR; ABBAS & FAUSTO, 2016). Essas anomalias são desenvolvidas durante a fase embriológica e consiste na organização do tubo neural que possui três estágios, a gastrulação, neurulação primária e neurulação secundária. Neste sentido, o tubo neural inicia seu fechamento ao nível da vesícula rombencefálica e suas extremidades do tubo neural, chamadas de neuroporos, seriam as últimas a se fecharem e nesse momento ocorreriam os defeitos do fechamento do tubo neural. Com isso, existem classificações referentes a anomalias oriundas do mal fechamento do tubo neural, sendo cranianos ou espinhais, e abertos ou fechados (ocultos) dependendo ou não da exposição do tecido neural. • Disrafismos cranianos: A anencefalia é um exemplo desta situação, é caracterizada por falha no revestimento craniano com exposição do tecido neural, a qual na vida intrauterina sofre ação líquido amniótico (KUMAR; ABBAS & FAUSTO, 2016). • Disfarismos espinhais abertos: A mielomeningocele ou meningomielocele é o exemplo mais comum, tem uma maior predominância na região lombar e uma discreta preferência pelo sexo feminino. Desta maneira, sua característica principal é a porção aberta do tubo neural, denominada como placódio ou placa neural, envolta por aracnoide e fixada a tecido epitelial displásico. Se a medula espinhal ou as raízes nervosas estiverem contidas no cisto meningeal, o defeito é a espinha bífida com meningomielocele. Quando o cisto contém as meninges e LCE, o defeito é espinha bífida com meningocele (KUMAR; ABBAS & FAUSTO, 2016). • Disrafismos espinhais fechados ou ocultos: A espinha bífida oculta é um defeito do fechamento do tubo neural, o qual é resultante da falha da fusão das metades de um ou mais arcos neurais no plano mediano. Suas manifestações podem ser insidiosas e sua expressão clínica aparece de forma discreta, sendo assim, estigmas cutâneos de linha media estão presentes em mais da metade dos casos. Com isso, as manifestações cutâneas mais comuns são os lipomas, desvio de sulco glúteo, pele displásica, verrucosidades, hipertricose e hemangiomas (KUMAR; ABBAS & FAUSTO, 2016). • Falhas deinvolução: As falhas de involução estão relacionadas a persistência de estruturas embrionárias ou fetais que devem involuir em alguns estágios do desenvolvimento, por exemplo, o ducto tireoglosso persistente é o resultado de uma involução incompleta da via que conecta a base da língua com a tireoide em desenvolvimento (KUMAR; ABBAS & FAUSTO, 2016). • Falhas de divisão: As falhas de divisão são causadas pela clivagem incompleta dos tecidos embrionários quando um processo depende da morte celular programada das células. Os dedos e artelhos são formados na parte distal do broto dos membros pela perda localizada de células entre o primórdio que contém a cartilagem, caso estas células não morrem de um modo programado, os dedos ficarão ligados ou incompletamente separados causando a Sindactilia (KUMAR; ABBAS & FAUSTO, 2016). • Atresia: Refere-se a defeitos causados pela formação quando um órgão ou orifício condutor do corpo é anormalmente fechado ou ausente. Muitos órgãos ocos se originam como faixas e cordões de células cujos centros são programados para morrer, formando assim uma cavidade central. São exemplos de Atresia: Atresia anal (falta congênita de orifício anal por persistência da membrana cloacal ou por falta completa do canal anal), atresia biliar (causada pela obstrução adquirida das vias biliares extra-hepáticas), atresia coanal (é a falha no desenvolvimento da comunicação entre a cavidade nasal posterior e a nasofaringe), atresia esofágica (é caracterizada pela oclusão parcial da luz, a qual não se estabeleceu totalmente na embriogênese), atresia intestinal (estreitamento ou ausência de uma parte do intestino), atresia folicular (é a degeneração ou involução dos folícolos do ovário), atresia pulmonar (é o defeito cardíaco caracterizado pela má formação da válva pulmonar, podendo impedir o correto desenvolvimento do ventrículo direito) (KUMAR; ABBAS & FAUSTO, 2016). • Displasia: É causada pela organização anormal de células em tecidos, uma situação que resulta em histogênese anormal. A esclerose tuberosa é um exemplo marcante de displasia, sendo caracterizada pelo desenvolvimento anormal do cérebro que contém agregados de células normalmente desenvolvidas dispostas em tuberosidades grosseiramente visíveis (KUMAR; ABBAS & FAUSTO, 2016). • Ectopia ou Heterotopia: É uma anomalia na qual um órgão está fora de seu local anatômico normal. Sendo assim, um coração ectópico está situado fora do tórax. As glândulas paratireoides heterotópicas também é um exemplo e podem estar situadas dentro do timo no mediastino anterior (KUMAR; ABBAS & FAUSTO, 2016). • Distopia: A distopia refere-se à retenção de um órgão em um local onde está situado durante o desenvolvimento, por exemplo, os rins estão inicialmente na pelve e movem- se para uma posição mais lombar, rins distópicos são os que permanecem na pelve. Além disso, os testículos distópicos são retidos no canal inguinal, não tendo completado sua descida para o escroto causando Criptorquidismo (KUMAR; ABBAS & FAUSTO, 2016). Portanto, o desenvolvimento anormal do feto pode se resultado de fatores ambientais, por exemplo, vírus, drogas ilícitas e lícitas, medicamento teratógenos, além disso, pode ser resultado de fatores genéticos, como as anormalidades cromossômicas. Os agentes ambientais variam de infecções a fatores químicos, no decorrer da vida pré-natal, o embrião e o feto ficam expostos a muitos micro-organismos, que cruzam a membrana placentária e penetram na corrente sanguínea do feto. Com isso, as patologias infecciosas que causam as malformações, na maioria dos casos são de natureza viral, como a Rubéola que provoca anomalias no primeiro trimestre de gravidez, a qual pode desenvolver catarata, surdez, glaucoma, deficiência mental e malformações cardíacas. Ademais, o HIV pode levar a malformações congênitas, por exemplo, lábio leporino, microcefalia e defeitos craniais, havendo exceções, como a Sífilis, que é causada por uma espiroqueta (Treponema pallidum), e a Toxoplasmose, que é causada por um protozoário (Toxoplasma gondii) e pode provocar microcefalia, hidrocefalia ou microftalmia. Logo, existem outras doenças infecciosas que podem originar diferentes malformações, como a Varicela, que é causada pelo vírus Varicela Zoster e o Citomegalovírus, o qual pode causar microcefalia, retardo mental, retinocoroidite e hepatoesplenomegalia. Além disso, os fatores nutricionais e metabólicos também podem gerar malformações, o ácido fólico por exemplo, pode levar à má formação do tubo neural e a carência de iodo pode levar ao cretinismo. No entanto, algumas substâncias químicas que são consideradas teratógenos causam defeitos congênitos, como a talidomida. A Tetraciclina causa malformações ósseas e defeitos nos dentes, a Varfarina causa hidrocefalia e defeitos ósseos, as Anfetaminas causam malformações cardíacas, fenda palatina e lábio leporino, a Cocaína, heroína e tabaco causam retardo mental, pouco desenvolvimento físico, malformações faciais e diminuição do peso da criança. A radiação ionizante, a qual pode ocasionar lesões nas células do embrião, causando retardo no crescimento físico e mental, é outro fator ambiental a ser mencionado. Os fatores genéticos são os maiores responsáveis pelas anomalias, elas podem ser causadas durante a divisão celular, especialmente na meiose, surgem anomalias na divisão de cromossomos ou mutações de genes e ocorrem em função de defeitos presentes nas células germinativas, herdado de um dos pais ou de ambos. O ambiente também pode contribuir para os defeitos genéticos, quando isto acontece denomina-se Herança Multifatorial, a qual podem gerar malformações genéticas e consequentemente as mutações que ocorrem em virtude da ação dos agentes teratogênicos. As mutações alteram os genes produzindo proteínas sem função ou até mesmo tornando o gene inativo. O ser humano possui 46 cromossomos ou 23 pares, sendo 22 pares autossômicos e 1 par sexual, quando não existem os 46 cromossomos, mas, sim, 45 (monossomia) ou 47 (trissomia), o defeito genético é conhecido como aneuploidia, ocorrem devido a não disjunção dos cromossomos homólogos ou das cromátides irmãs durante a meiose, além disso, podem ocorrer erros de não disjunção durante o desenvolvimento do zigoto, gerando mosaicismo. Por fim, é importante frisar o acompanhamento pré-natal, o qual pode diagnosticar e tratar precocemente malformações congênitas e amenizar os riscos através de exames, campanhas educativas e da ampliação do acesso ao aconselhamento genético (KUMAR; ABBAS & FAUSTO, 2016). 3.3 Identificar a importância do acompanhamento pré-natal na prevenção e identificação de malformações congênitas (exames de triagem e diagnóstico precoce) O acompanhamento pré-natal é muito importante desde o início para orientar e prevenir problemas de malformação congênita em que o feto pode estar exposto. Muitos fatores podem ocasionar o desenvolvimento de malformação, como os ambientais, genéticos e através da relação do meio com a susceptibilidade genética. Muitos desses fatores podem ser evitados por meio do acompanhamento pré-natal e orientação para as gestantes como o não uso de bebidas alcoólicas, drogas ilícitas, tabaco, radiação etc (MOORE & PERSAUD, 2008). Algumas técnicas foram desenvolvidas para avaliar e identificar possíveis malformações no feto ao longo do seu crescimento, dentre elas pode-se citar a ultrassonografia, testes sorológicos maternos, amniocentese e amostragem de vilosidades coriônicas (SADLER, 2016). A ultrassonografia é um exame que utiliza ondas de alta frequência para captar imagens, é muito essencial para avaliar o crescimento e a saúde do feto. Ela é utilizada para detectar algumas malformações congênitas como: defeitos do tubo neural, presença de espinha bífida e anencefalia, problemas na parede abdominal, fenda palatina defeitos cardíacos. A ultrassonografiajuntamente com o exame chamado translucência nucal, consegue avaliar presença de algumas anomalias cromossomais, principalmente a síndrome de Down. Esse exame tem como objetivo medir o espaço translucente na nuca do feto e atestar se há líquido e a gravidade dele (SADLER, 2016). Os testes sorológicos da gestante têm a finalidade de encontrar marcadores bioquímicos no soro materno. Quando o feto possui algum defeito do tubo neural, onfalocele, atresia intestinal, extrofia da bexiga, síndrome da banda amniótica, teratoma sacrococcígeo e gastrosquise, ocorre aumento dos níveis de α-fetorpoteína (AFP) no líquido amniótico e que passa para a circulação da mãe por meio da placenta. Já nos casos de síndrome de Down, anomalias dos cromossomos sexuais, triploidia e trissomia do 18, ocorre uma diminuição desse marcador (SADLER, 2016). A amniocentese é realizada através da retirada de uma quantidade de líquido presente na cavidade amniótica por meio de uma agulha, é um exame feito por volta da decima quarta semana de gestação. Esse liquido que foi retirado será analisado a AFP, acetilcolinesterase e células do feto que estão presentes nesse líquido. Essas células serão úteis para fazer a cariotipagem de metáfase e outros fatores genéticos. Pode-se avaliar se há presença de translocação, trissomias e monossomias (SADLER, 2016). A amostragem de vilosidades coriônicas é um exame que realiza uma retirada de tecido viloso da massa placentária através de uma agulha inserida no abdome ou pela vagina. As células do tecido retirado podem ser avaliadas para identificar problemas genéticos, principalmente para constatar presença de aneuploidia (SADLER, 2016). Os exames de triagem pré-natais são extremamente importantes e devem ser realizados precocemente, pois algumas malformações podem ser corrigidas ou amenizadas de acordo com a idade fetal em que foi descoberta (MOORE & PERSAUD, 2008). 3.4 Estudar o desenvolvimento das malformações congênitas do sistema cardiovascular identificando as principais anomalias. As malformações congênitas são causadas por muitos fatores, entre eles estão a herança genética, o uso de antidepressivos, de alguns tipos de anticonvulsivantes e de drogas ilícitas, ademais, nas primeiras oito semanas de gravidez, algumas doenças como: diabetes, lúpus e rubéola, podem impactar o momento da formação do coração. Além disso, observa-se que os defeitos congênitos são muito comuns e com uma frequência de seis a oito casos a cada 1.000 recém-nascidos, assim, são a principal causa da morbidade neonatal (MOORE, PERSAUD & TORCHIA, 2016). Dessa forma, observa-se os principais defeitos congênitos: • Dextrocardia: é o defeito de posicionamento do coração mais frequente, entretanto, nessa doença, se não houver nenhuma outra anomalia associada a ela, o coração funciona normalmente (MOORE, PERSAUD & TORCHIA, 2016). • Ectopia cardíaca: essa malformação é muito rara, onde o coração se encontra em uma localização anormal, parcialmente ou totalmente exposto na parede torácica, assim, a morte ocorre na maioria dos casos durante os primeiros dias de vida após o nascimento do bebê, causado muitas vezes por infecção, insuficiência cardíaca, ou hipoxemia (MOORE, PERSAUD & TORCHIA, 2016). • Defeitos do septo atrial: ele é mais frequente em mulheres e a forma mais comum é o forame oval patente, assim, uma sonda pode ser passada de um átrio para outro através da parte superior do assoalho da fossa oval, entretanto, se houver outros defeitos cardíacos, ele pode ser forçado a se abrir e contribuir para a patologia funcional do coração (MOORE, PERSAUD & TORCHIA, 2016). Além disso, existem quatro tipos de defeitos do septo atrial: defeito do ostium secundum, defeito do coxim endocárdico com defeito do ostium primum, defeito do seio venoso e do átrio comum (MOORE, PERSAUD & TORCHIA, 2016). • Defeitos do septo ventricular: esses ocorrem com mais frequência em homens e podem ocorrer em qualquer parte do septo interventricular, no entanto, o membranoso é o mais comum e o muscular é o menos comum (MOORE, PERSAUD & TORCHIA, 2016). • Tronco arterioso persistente: é o resultado da falha no desenvolvimento normal da crista troncal e do septo aórtico pulmonar em dividir o tronco arterioso em aorta e tronco pulmonar (MOORE, PERSAUD & TORCHIA, 2016). • Defeito do septo aórtico pulmonar: é uma condição rara, onde há uma abertura entre a aorta e o tronco pulmonar próximo à valva aórtica, assim, ele resulta de um defeito que está localizado na formação do septo aórtico pulmonar (MOORE, PERSAUD & TORCHIA, 2016). • Transposição de grandes artérias: é a causa de doença cardíaca cianótica em neonatos e é muito associada a outros defeitos cardíacos, assim, a aorta se localiza anterior e a direita do tronco pulmonar, se originando do ventrículo direito (MOORE, PERSAUD & TORCHIA, 2016). • Divisão desigual do tronco arterioso: resulta quando a divisão do tronco arterioso superior às valvas é desigual (MOORE, PERSAUD & TORCHIA, 2016). • Tetralogia de fallot: é um grupo de quatro defeitos cardíacos, sendo eles: Estenose da artéria pulmonar (obstrução do fluxo de saída ventricular direito), defeito do septo ventricular, dextraposição da aorta (substituição ou sobreposição da aorta) e hipertrofia ventricular direita (MOORE, PERSAUD & TORCHIA, 2016). • Estenose e atresia aórticas: esse defeito pode se desenvolver após o nascimento, como também pode ser congênito (MOORE, PERSAUD & TORCHIA, 2016). • Síndrome do coração esquerdo hipoplásico: as crianças que têm esse defeito normalmente morrem durante as primeiras semanas após o nascimento (MOORE, PERSAUD & TORCHIA, 2016). 3.5 Identificar quais as causas de prematuridade e retardo no crescimento Segundo Marcondes (2002), a prematuridade é uma alteração multifatorial em que se torna difícil definir uma causa exata ou causa única. O autor ainda aponta que os principais fatores desencadeantes de complicações para um parto prematuro são o não acompanhamento do pré-natal, tabagismo, o alcoolismo, o uso de entorpecentes, o estresse exacerbado, as infecções urinárias, o sangramento vaginal, o diabetes, a obesidade, a hipertensão e a gravidez gemelar. Marcondes (2002) ainda aponta que todos estes fatores acabam resultando em complicações, que são as causas finais do parto prematuro. Dentre estas, podemos considerar: o Hipertensão crônica; o Pré-eclâmpsia; o Descolamento prematuro da placenta; o Má-formação do útero; o Infecções no útero; o Má-formação do feto. Pensando no retardo do crescimento, há duas situações que podem ocorrer: tem-se o retardo no crescimento do recém nascido e o retardo do crescimento intrauterino (RNIU), que embora sejam coisas diferentes, estão relacionadas. Um bebê nascido prematuro apresentará um retardo no crescimento pós-parto devido à imaturidade dos seus sistemas. Considerando a primeira infância, ele também poderá apresentar algum retardo no crescimento devido à alguma possível sequela em decorrência do desenvolvimento tardio. (MARCONDES, 2002). O Ministério da Saúde, através da cartilha de saúde da criança de 2002, define que o ambiente e os hábitos de vida têm influência direta no desenvolvimento. Os seguintes fatores são considerados como principais causas desse retardo: • Alimentação: após o fim da amamentação, a dieta da criança deve ser muito bem elaborada, uma vez que apenas o crescimento consome cerca de 32% das necessidades calóricas de um recém-nascido. Em outras palavras, a alimentação infantil deve ter qualidade, quantidade, frequência e consistência adequadas de acordo com a faixa etária. • Infecções: É extremamente importante que as crianças sejam imunizadas contra as principais infecções que acometem as crianças, para evitar que as mesmas se contaminem e sofram com sequelas. Sendo assim, é muito importante queo cartão de vacinação esteja em dia. Além de possíveis sequelas, o próprio processo de passar por uma infecção pode causar danos, uma vez que se estima que para cada grau de temperatura acima de 38oC, as necessidades calóricas das crianças aumentem em cerca de 20%. • Higiene: A higiene adequada da criança, do seu ambiente de lar e dos alimentos que consome, contribuem para um bom desenvolvimento. 3.6 Refletir sobre a rede de atenção a saúde da pessoa com deficiência, as principais ações de prevenção: vacinas, o não uso de drogas lícitas (álcool e tabaco) ou ilícitas e medicamentos nos primeiros 3 meses de vida. A Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência (RCPD) é uma ação estabelecida pela Portaria de Consolidação n° 3 de 28 de setembro de 2017, a qual remete a Portaria nº 793 de 24 de abril de 2012 que primeiro instituiu tal rede ao considerar leis e decretos pregressos tocantes aos direitos das pessoas com deficiências. Há ainda a Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência instituída, em 2002, pela Portaria n° 1060, que objetiva a inclusão deste grupo social a todo o Sistema Único de Saúde e suas redes, a fim de promover (primariamente) uma assistência integral, melhora da qualidade de vida e prevenção de deficiências; esses pontos norteiam tal política ao compor as diretrizes da mesma (BRASIL, 2017). Ademais, quanto a RCPD, ela busca desenvolver ações de prevenção, identificação precoce de deficiências em todas as fases de vida, promoção de cuidados para a habilitação, reabilitação e a inclusão das pessoas com deficiência. Para tal, procura atuar de modo integrado, articulado e principalmente efetivo/resolutivo nos diferentes pontos de ação para fornecer de fato assistência integral com caráter vinculativo e inclusivo (BRASIL, 2017). Cabe salientar que os componentes desta rede se distribuem na Atenção Primária que tem como pontos de atenção o Núcleo de Saúde da Família – NASF e a atenção odontológica; na Atenção Especializada em Reabilitação Auditiva, Física, Intelectual, Visual, Ostomia e em Múltiplas Deficiências que é composta por estabelecimentos de saúde habilitados em apenas um Serviço de Reabilitação, por Centros Especializados em Reabilitação (CER), os quais se dividem em unidades que apresentam dois, três, quatro ou mais serviços de reabilitação e por Centros de Especialidades Odontológicas (CEO); por fim, há o componente da atenção Hospitalar e de Urgência e Emergência (BRASIL, 2017). Entre as diretrizes e objetivos da Portaria de Consolidação n° 3 de 28 de setembro de 2017 estão: • Promoção do respeito às diferenças e aceitação de pessoas com deficiência, com enfrentamento de estigmas e preconceitos; • Diversificação das estratégias de cuidado; • Organização dos serviços em rede de atenção à saúde regionalizada, com estabelecimento de ações intersetoriais para garantir a integralidade do cuidado; • Promoção de estratégias de educação permanente; • Desenvolver ações de prevenção e de identificação precoce de deficiências na fase pré, peri e pós-natal, infância, adolescência e vida adulta; • Desenvolver ações intersetoriais de promoção e prevenção à saúde em parceria com organizações governamentais e da sociedade civil; • Produzir e ofertar informações sobre direitos das pessoas, medidas de prevenção e cuidado e os serviços disponíveis na rede, por meio de cadernos, cartilhas e manuais. Tais pontos destacados, relacionam-se direta ou indiretamente com ações preventivas de vacinação, não uso de drogas lícitas (álcool e tabaco) ou ilícitas e medicamentos nos primeiros três meses de vida; atitudes essas que visam minimizar potenciais efeitos lesivos e deficiências, a exemplo se tem a vacina contra a Poliomielite (Paralisia Infantil). O principal componente responsável por desenvolver esses atos é a atenção Básica (todos os demais também devem atuar), a “porta de entrada” do SUS, a qual apresenta maior contato e conhecimento da realidade que está inserida, sendo assim capaz de se ajustar as necessidades do meio, promovendo assistência integral de modo articulado e intersetorial, fornecendo cuidados, educação permanente com informações e orientações (BRASIL, 2017). 3.7 Discutir a importância do atendimento pré-natal e seguimento pós-natal por equipe multidisciplinar, na UBS ou na referência de ambulatório de especialidades, e o apoio psicossocial dos familiares A atenção obstétrica e neonatal, prestada pelos serviços de saúde, deve ter como características essenciais a qualidade e a humanização. É dever dos serviços e profissionais de saúde acolher com dignidade a mulher e o recém-nascido, enfocando-os como sujeitos de direitos. Estados e municípios necessitam dispor de uma rede de serviços organizada para a atenção obstétrica e neonatal, com mecanismos estabelecidos de referência e contrarreferência, considerando os seguintes critérios: • Vinculação de unidades que prestam atenção pré-natal às maternidades/hospitais, conforme definição do gestor local; • Garantia dos recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à atenção pré-natal, assistência ao parto e ao recém-nascido e atenção puerperal, com estabelecimento de critérios mínimos para o funcionamento das maternidades e unidades de saúde; • Captação precoce de gestantes na comunidade; • Garantia de atendimento a todas as gestantes que procurem os serviços de saúde; • Garantia da realização dos exames complementares necessários; • Garantia de atendimento a todas as parturientes e recém-nascidos que procurem os serviços de saúde e garantia de internamento, sempre que necessário; • Vinculação à Central de Regulação Obstétrica e Neonatal, de modo a garantir a internação da parturiente e do recém-nascido nos casos de demanda excedente; • Transferência da gestante e/ou do neonato em transporte adequado, mediante vaga assegurada em outra unidade, quando necessário (SAMU); • Garantia de atendimento das intercorrências obstétricas e neonatais; • Atenção à mulher no puerpério e ao recém-nascido. Uma atenção pré-natal e puerperal qualificada e humanizada se dá por meio da incorporação de condutas acolhedoras e sem intervenções desnecessárias; do fácil acesso a serviços de saúde de qualidade, com ações que integrem todos os níveis da atenção: promoção, prevenção e assistência à saúde da gestante e do recém-nascido, desde o atendimento ambulatorial básico ao atendimento hospitalar para alto risco (SOARES FILHO, 2005). Estados e municípios, por meio das unidades integrantes de seu sistema de saúde, devem garantir atenção pré-natal e puerperal realizada em conformidade com os parâmetros estabelecidos a seguir: 1. Captação precoce das gestantes com realização da primeira consulta de pré-natal até 120 dias da gestação; 2. Realização de, no mínimo, seis consultas de pré-natal, sendo, preferencialmente, uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no terceiro trimestre da gestação; 3. Desenvolvimento das seguintes atividades ou procedimentos durante a atenção pré- natal: • Escuta da mulher e de seus(suas) acompanhantes, esclarecendo dúvidas e informando sobre o que vai ser feito durante a consulta e as condutas a serem adotadas; • Atividades educativas a serem realizadas em grupo ou individualmente, com linguagem clara e compreensível, proporcionando respostas às indagações da mulher ou da família e as informações necessárias; • Anamnese e exame clínico-obstétrico da gestante; • Exames laboratoriais • Imunização antitetânica: aplicação de vacina dupla tipo adulto até a dose imunizante (segunda) do esquema recomendado ou dose de reforço em mulheres já imunizadas; • Avaliação do estado nutricional da gestante e monitoramento por meio do SISVAN; • Prevenção e tratamento dos distúrbios nutricionais; • Prevenção ou diagnóstico precoce do câncer de colo uterinoe de mama; • Tratamento das intercorrências da gestação; • Classificação de risco gestacional a ser realizada na primeira consulta e nas subsequentes; • Atendimento às gestantes classificadas como de risco, garantindo vínculo e acesso à unidade de referência para atendimento ambulatorial e/ou hospitalar especializado; • Registro em prontuário e cartão da gestante, inclusive registro de intercorrências/urgências que requeiram avaliação hospitalar em situações que não necessitem de internação. 4. Atenção à mulher e ao recém-nascido na primeira semana após o parto, com realização das ações da “Primeira Semana de Saúde Integral” e realização da consulta puerperal (entre a 30ª e 42ª semanas pós-parto). Além disso, há o serviço de referência prestado a gestante, identificando-se um ou mais fatores de risco, a gestante deverá ser tratada na unidade básica de saúde (UBS), conforme orientam os protocolos do Ministério da Saúde. Os casos não previstos para tratamento na UBS deverão ser encaminhados para a atenção especializada que, após avaliação, deverá devolver a gestante para a atenção básica com as recomendações para o seguimento da gravidez ou deverá manter o acompanhamento pré-natal nos serviços de referência para gestação de alto risco. Nesse caso, a equipe da atenção básica deverá manter o acompanhamento da gestante, observando a realização das orientações prescritas pelo serviço de referência (SOARES FILHO, 2005). O ciclo grávido-puerperal acarreta grandes modificações não apenas corporais, como na maneira de ser da mulher e em suas relações pessoais, constituindo-se em período de transição existencial das mais importantes. Para todas as pessoas, independentemente do nível educacional ou sociocultural, as vivências deste período são semelhantes, assim as diferenças condicionadas ao cenário da gravidez, desejada ou indesejada; primeiro ou segundo filho; com ou sem vínculo estável entre o homem e a mulher ou entre familiares e amigos. Frente a tantas modificações e sensações, a mulher precisa do chão seguro de um vínculo de suporte e de confiança (SOARES FILHO, 2005). No que diz respeito a esse ciclo, entende-se que o apoio familiar é de extrema importância, pois pode ser fundamental no manejo de uma série de demandas especificas do pós-parto. Tornar-se mãe é uma das transições importantes e difíceis da vida adulta. A gravidez e o puerpério são períodos cruciais, tanto biológicos, quanto psicológicos, devido às alterações fisiológicas que preparam a gestante para o parto, nascimento e cuidados posteriores. Nesta fase torna-se imprescindível a revisão dos papéis sociais e familiares (SOARES FILHO, 2005). 3.8 Discutir a importância da nutrição sobre o desenvolvimento saudável e estimulação do RN com mal formação As crianças pequenas prosperam com amamentação exclusiva do nascimento aos 6 meses de idade e contato corporal próximo, ou contato de pele com pele, e início da amamentação imediatamente após o nascimento. A desnutrição, quando presente, determina desaceleração, interrupção ou involução do crescimento físico (peso) e do desenvolvimento neuropsicomotor, conforme a gravidade da carência nutricional. Dessa forma, a nutrição adequada é fundamental para o processo do desenvolvimento, ainda mais para RN com mal formação que são mais vulneráveis a essas regressões do crescimento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Estimulação precoce é um termo que abrange uma variedade de estímulos para auxiliar o desenvolvimento motor e cognitivo de lactentes e crianças e pode ser definido como um programa de acompanhamento e tratamento multiprofissional para recém-nascidos de risco ou com alguma deficiência (XAVIER, 2017). É importante frisar que os programas de estimulação precoce podem ser benéficos para qualquer recém-nascido de risco que apresente condições ou agravos de saúde que interfiram no seu desenvolvimento neuropsicomotor, como a prematuridade, a paralisia cerebral, doenças congênitas, entre outras. Dessa forma, há diversas técnicas fisioterapêuticas podem ser usadas para a estimulação precoce, sendo o tratamento neuroevolutivo o mais utilizado no meio terapêutico, com o objetivo é direcionar a facilitação das atividades motoras apropriada para cada criança, baseado na idade cronológica (XAVIER, 2017). É pouco provável que RN pré-termo submetido à restrição nutritiva grave consiga ficar sem qualquer alteração do SNC. A dúvida reside nos limites a partir dos quais a deficiência nutricional seria suficiente para causar lesão. Assim, são sempre bem-vindas medidas que melhorem a nutrição dos RNs pré-termo, tendo sempre em mente a importância de procedimentos seguros e precoces. Logo, promovendo crescimento adequado, que corresponda ao que haveria intraútero se a criança não tivesse nascido, deseja-se garantir bom desenvolvimento neurológico e, se possível, ajudar a contornar possíveis alterações neurológicas e metabólicas que porventura tenham ocorrido no período periparto (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). Em dos fundamentais mecanismos usados, é a nutrição enteral, e, com o objetivo de proporcionar ao RN prematuro crescimento semelhante ao crescimento fetal, é um dos grandes desafios da neonatologia. A importância da nutrição adequada para a sobrevida, o crescimento e o desenvolvimento dos RNs são tão grandes que tem sido reconhecida como uma emergência neonatal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). A nutrição enteral é importante para: • Diminuir a perda de proteína endógena nos primeiros dias de vida; • Proporcionar perda de peso mínima nos primeiros dias de vida; • Proporcionar ganho de peso de 14 a 16g/kg/dia após a recuperação do peso de nascimento; • Evitar que o RN atinja o termo com peso abaixo de dois desvios-padrão (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). 3.9 Discutir e interpretar as alterações nos marcadores laboratoriais da anemia ferropriva A anemia ferropriva pode ser descoberta por métodos como o hematológico e o bioquímico, os quais podem ser utilizados de modo isolado ou associação. Nesse sentido, existem marcadores laboratoriais para fazer o diagnóstico da doença, que são a capacidade total de ligação do ferro, a dosagem de ferro sérico, a saturação de transferrina e ferritina sérica, a protoporfirina e zinco protoporfirina séricas (COSTA, 2015). Desse modo, a ferritina é uma proteína que armazena ferro e se relaciona com o ferro corporal total, quando em baixas concentrações, indicam a depleção do depósito de ferro. Por outro lado, a capacidade total de ligação de ferro sofre aumento quando há a deficiência de ferro, podendo aumentar antes da depleção total das reservas de ferro. Ademais, a Fração de Reticulócitos Imaturos tem sido utilizada como indicadora de atividade eritropoética em pacientes com anemia por carência de ferro (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2007). O exame realizado para verificar se há anemia no paciente é o hemograma, no entanto, esse teste não fornece informações suficientes para especificar as anemias. Sendo assim, essas possibilidades permitem realizar uma análise conjunta de cada teste e gera uma maior confiabilidade dos testes e um diagnóstico minucioso da causa da deficiência de ferro (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2007). 3.10 Reconhecer os principais métodos de avaliação da idade gestacional A data da última menstruação é dada fundamental para o cálculo da idade gestacional e data provável do parto. Quando a data da última menstruação (DUM) é conhecida com segurança por parte da gestante, usa- se o método do calendário onde se soma o número de dias do intervalo entre a DUM e a data da consulta. Dividindo esse número por sete, teremos o resultado em semanas de gestação (PORTO, 2013). Quando a data da última menstruação é desconhecida, e o período do mês conhecido se utiliza também ométodo calendário adotando como DMU os sias 5, 15 e 25. (BRASIL, 2012). Quando não se tem certeza da DUM uma ultrassonografia realizada no primeiro trimestre data com precisão a gravidez pois na 5 semana já é possível ver o saco gestacional e com 6 semanas os batimentos cardíacos, já no segundo e terceiro trimestre se usa a a medida do diâmetro bi parietal em conjunto com o comprimento do fêmur e do úmero e dos núcleos de ossificação são muito utilizados, pois com 32 semanas o núcleo de ossificação está presente na porção distal do fêmur, com 36 semanas na porção proximal da tíbia e com 38 semanas na porção proximal do úmero (PEIXOTO, 2014). Outro método de avaliação gestacional é a regra de Nãegele que considera que a gravidez tenha duração média de 280 dias e baseia-se na DUM, então somam-se 7 dias ao dia do mês do início da última menstruação e subtraem-se 3 do mês e assim calcula-se a data do parto com uma margem de erro de 7 dias. (PEIXOTO, 2014). Há uma correlação entre a idade gestacional e medida da altura uterina. Com 12 semanas, a altura uterina está na sínfise púbica; com 16 semanas, está entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical e com 20 semanas, está na altura da cicatriz umbilical. Sendo a idade gestacional em semanas é igual à altura uterina multiplicada por oito e o resultado dividido por sete. (PEIXOTO, 2014). Há também os métodos de avaliação gestacional que leva em conta o estado do bebe quando nasce que é o método de Capurro e o método de New Ballard. O Método de Capurro é feito a partir de padrões somáticos e neurológicos, e estima a IG de RN de 29 semanas ou mais. O Método Capurro Somático utiliza cinco padrões a serem avaliados como a textura da pele, forma da orelha, glândula mamaria, formação do mamilo e as pregas plantares e o Método Capurro Somático e Neurológico são avaliados a forma da orelha, textura da pele, glândulas mamarias, pregas, sinal de xale e a posição da cabeça quando RN é levantado. Assim, cada padrão recebe pontuações diferenciadas e a avaliação da IG é feito em semanas, a partir da soma dos pontos e mais 204 e depois dividido por sete (BRASIL, 2012). O Método de New Ballard é considerado um método rápido e preciso para a avaliação da IG em RN com muito baixo-peso ao nascer (a partir de 20 semanas), assim utiliza-se seis padrões de maturidade física como a pele, lanugo, superfície plantar, glândula mamaria, olhos e orelhas, genital masculino e feminino, e avalia também seis padrões de maturidade neuromusculares como a postura, ângulo de flexão de punho, retração do braço, ângulo poplíteo, sinal do xale e a manobra calcanhar a orelha. Assim, a cada padrão estabelece uma pontuação que depois fará parte de uma somatória da classificação da maturidade neuromuscular e física em que será estabelecido assim a idade gestacional (KLIEGMAN, 2014). 4. CONCLUSÃO Em suma, viu-se a necessidade de acompanhamento do pré-natal, principalmente para identificação de anomalias congênitas como também identificação de doenças maternas que poderiam trazer problemas á saúde materno-fetal. Além disso, o acompanhamento é importante para alertar as mães ao uso de drogas ilícitas ou licitas, medicamentos durante a gestação que podem interferir no desenvolvimento fetal e até mesmo implicar em malformações. Dessa forma, além de propiciar um acompanhamento pré-natal, é fundamental que as mães façam acompanhamento pós-natal em Unidades Básicas de Saúde para realização de consultas de rotina que auxiliarão ao analisar o desenvolvimento infantil, bem como, em famílias que tiverem seus filhos diagnosticados com malformações que as redes de atenção integrem esta criança afim de propiciar toda atenção biopsicossocial que o individuo merece. 5. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção à Saúde do Recém-Nascido. Brasília, 2012. Acessado 22 fev., 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria de Consolidação nº 3, de 28 de setembro de 2017. Brasília, 2017 BRASIL. Ministério da Saúde. Organização Pan- Americana de Saúde. MANUAL AIDPI NEONATAL. Brasília, 2012. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_aidpi_neonatal_3ed_2012.pdf >Acesso em 21 de fev. 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. SAÚDE DA CRIANÇA: Nutrição Infantil Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Brasília, 2009. Acessado 22 fev. 2021. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Saúde da Criança: Acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento infantil. Brasília, 2002. Disponível em: < https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/crescimento_desenvolvimento.pdf>Acesso em 20 de fev. 2021. COSTA, R. A. Avaliação da anemia ferropriva e seus marcadores laboratoriais: uma abordagem atualizada baseada em evidências. Academia de Ciência e Tecnologia, São José do Rio Preto – SP, 2012. FONTOURA, F.C. Recém-nascidos com malformações congênitas: prevalência e cuidados de enfermagem na unidade neonatal. 2012. KLIEGMAN, R.M. et al. NELSON: Tratado de Pediatria. 19ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2014. KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. ROBBINS & COTRAN: Patologia. 9ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2016. MARCONDES, E. et al. Pediatria básica: geral e neonatal - Tomo I. 9. ed. São Paulo: Sarvier, 2002. MOORE, K.L. & PERSAUD, T.V.N. Embriologia Clínica. 8ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. MOORE, K.L. et al. Embriologia Clínica. 10 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. PEIXOTO, S. Manual de assistência pré-natal. 2a. ed. São Paulo (SP): Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2014. Disponível em: <https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/biblioteca/manual-de-assistencia-pre-natal/>. Acessado em 21 fev. 2021. PORTO, C.C. Semiologia Médica. 7ª Edição. Editora Guanabara Koogan. 2013. SADLER, T. W. Langman: Embriologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. SOARES FILHO, Adauto Martins et al. Pré-natal e puerpério: atenção qualificada e humanizada. Brasília: Ms, 2005. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pre-natal_puerperio_atencao_humanizada.pdf>. Acesso em: 21 fev. 2021. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Anemia Carencial Ferropriva. Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Rio de Janeiro, 2007. XAVIER, J. Malformação neurológica: estimulação precoce em crianças é fundamental. Fio Cruz, 2017.Disponível em:<https://portal.fiocruz.br/noticia/malformacao-neurologica- estimulacao-precoce-em-criancas-e-fundamental>. Acessado em 22 fev., 2021. https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/biblioteca/manual-de-assistencia-pre-natal/ https://portal.fiocruz.br/noticia/malformacao-neurologica-estimulacao-precoce-em-criancas-e-fundamental https://portal.fiocruz.br/noticia/malformacao-neurologica-estimulacao-precoce-em-criancas-e-fundamental
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