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SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA (SIDA- AIDS) EPIDEMIOLOGIA No Brasil, a epidemia de HIV/aids é concentrada em alguns segmentos populacionais que respondem pela maioria de casos novos da infecção, como gays e outros homens que fazem sexo com homens, pessoas trans e profissionais do sexo. Além disso, destaca-se o crescimento da infecção pelo HIV em adolescentes e jovens Porém, o pertencimento a um desses grupos não é suficiente para caracterizar indivíduos com frequentes situações de exposição ao HIV, o que é definido por práticas sexuais, parcerias ou contextos específicos que determinam mais chances de exposição ao vírus. Fase avançada: 65% no sexo masculino e 35% no sexo feminino. Região que mais ocorre: sudeste. A faixa etária mais acometida em ambos os sexos: 25 a 39 anos. POPULAÇÕES-CHAVE E PRIORITÁRIAS: O MS recomenda que haja uma priorização dos esforços de prevenção em alguns segmentos populacionais específicos principio da equidade (atendimento de acordo com a necessidade de cada pessoa, oferecendo mais a quem mais precisa) POPULAÇÃO CHAVE: a motivação para que essas populações sejam consideradas chave reside no fato de serem – por razões comportamenta is, mas, sobretudo estruturais – mais vulneráveis ao HIV. Os índices epidemiológicos são reflexo dessa fragilidade, e não sua origem »Gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH); » Pessoas que usam álcool e outras drogas; » Trabalhadoras do sexo; » Pessoas trans; e » Pessoas privadas de liberdade POPULAÇÕES PRIORITÁRIAS Além dessas populações-chave, é preciso observar que outros segmentos populacionais também apresentam fragilidades que os tornam mais vulneráveis ao HIV/aids que a média da população e, portanto, também devem ser priorizados pelo Ministério da Saúde em ações específicas de prevenção. São segmentos populacionais que possuem caráter transversal e suas vulnerabilidades estão relacionadas às dinâmicas sociais e locais e às suas especificidades. São populações prioritárias: » População negra; » População jovem; » População em situação de rua; e » População indígena. CONCEITOS PVHIV: Em 2017, o Programa Conjunto das Nações Unidas em HIV/AIDS divulgou, durante o 11º Congresso de HIV/AIDS, a tradução adaptada de seu Guia de Terminologia, em que recomenda que não se utilize o termo “pessoa vivendo com HIV/Aids” (PVHA) e sim “pessoa vivendo com HIV” (PVHIV), porque a sigla PVHA é estigmatizante e ofensiva para muitas pessoas vivendo com HIV e, além disso, a maioria das pessoas vivendo com HIV não tem aids. AIDS O aparecimento de IO e neoplasias é definidor da aids. Entre as infecções oportunistas, destacam-se: pneumocistose, neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, meningite criptocócica e retinite por citomegalovírus. As neoplasias mais comuns são sarcoma de Kaposi (SK), linfoma não Hodgkin e câncer de colo uterino, em mulheres jovens. Nessas situações, a contagem de LT- CD4+ situa-se abaixo de 200 céls/mm³, na maioria das vezes. SRA – SÍNDROME DA RECONSTITUIÇÃO IMUNE (SRI) A recuperação do sistema de defesa é um dos objetivos da terapia antirretroviral. No entanto, a melhora da competência imunológica (associada à queda da carga viral e consequente aumento na contagem de CD4) pode desencadear uma reação inflamatória que paradoxalmente produz lesão em órgãos e tecidos do hospedeiro!!! Por que isso acontece? Se o CD4 estava muito baixo, diversos agentes patogênicos (fungos, vírus, bactérias e até mesmo neoplasias) podem ter aproveitado para se disseminar pelo corpo do paciente. Como a capacidade de resposta imune estava comprometida, não houve uma contenção eficiente dessa disseminação! Com a TARV, no entanto, a carga viral é suprimida e a contagem de CD4 aumenta, o que pode fazer com que o sistema imune “passe a enxergar” a presença dos agentes patogênicos, reagindo de acordo... Às vezes, a “carga” acumulada do patógeno é tão grande – e a competência imune se recupera de forma tão rápida – que o resultado é uma resposta inflamatória extremamente intensa contra o agente, o que, inevitavelmente, acaba lesando as estruturas onde ele se encontra (ex.: linfadenite, hepatite, pneumonite, aumento da pressão intracraniana) É importante diferenciar as infecções subclínicas que aparecem pela primeira vez em pacientes em TARV (“SIR desmascarada”) e infecções clinicamente evidentes já existentes no início da terapia, que muitas vezes, paradoxalmente, pioram durante a terapia (“SIR paradoxal”). Não adira o início da TARV por medo da SIR, porque os benefícios superam os riscos Fator preditor para SIR: início da TARV em paciente com baixas contagens de LT-CD4+ O diagnóstico da SIR é clínico e deve ser considerado quando sinais ou sintomas inflamatórios ocorrem entre quatro a oito semanas após o início da TARV, na reintrodução de um esquema interrompido ou na modificação para um esquema mais eficaz após a falha virológica. Observa-se, em geral, aumento na contagem de LT-CD4+ e redução na CV-HIV, o que demonstra a efetividade do tratamento. No diagnóstico diferencial, deve ser excluída falha da TARV por má adesão ou resistência viral, falha ao tratamento da coinfecção ou IO, interações medicamentosas e eventos adversos associados à TARV. TRATAMENTO DA SIR: A prevenção das complicações associadas à SIR envolve identificação e manejo precoce. Na suspeita de SIR, deve-se priorizar o diagnóstico e tratamento da IO. Na maior parte dos casos, sua resolução é espontânea, envolvendo tratamento sintomático, tais como anti-inflamatórios não hormonais. Ressalta-se que a TARV não deverá ser interrompida, exceto em casos graves. A terapia com corticosteroides para supressão da resposta inflamatória deve ser utilizada nos casos graves. Pode ser necessário o uso de prednisona 1-2 mg/kg, ou equivalente, durante uma a duas semanas, com posterior e gradual retirada PREVENÇÃO COMBINADA INDICAÇÕES DE PREP E PEP 1) PREP PREP: profilaxia pré-exposição Consiste no uso de antiretrovirais (ARV) para reduzir o risco de adquirir a infecção pelo HIV. Essa estratégia se mostrou eficaz e segura em pessoas com risco aumentado de adquirir a infecção. faz parte das estratégias de prevenção combinada Pessoas em parceria sorodiscordante para o HIV também são consideradas prioritárias para uso da PrEP Assim, novamente, o simples pertencimento a um desses grupos não é suficiente para caracterizar indivíduos com exposição frequente ao HIV. Para essa caracterização é necessário observar as práticas sexuais, as parcerias sexuais e os contextos específicos associados a um maior risco de infecção. Portanto, devem também ser considerados outros indicativos, tais como: › Repetição de práticas sexuais anais e/ou vaginais com penetração sem o uso de preservativo › Frequência das relações sexuais com parcerias eventuais › Quantidade e diversidade de parcerias sexuais › Histórico de episódios de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) › Busca repetida por Profilaxia Pós-Exposição (PEP) › Contextos de troca de sexo por dinheiro, objetos de valor, drogas, moradia, etc. A indicação de PrEP requer a avaliação do risco de exposição, o que inclui abordar: » Práticas sexuais; » Contextos de vulnerabilidade; » Populações com maior prevalência de HIV; » Parcerias sexuais. COMO FAZER? -Indica-se para a PrEP a combinação de tenofovir associado a entricitabina, em dose fixa combinada TDF/FTC 300/200mg, 1 comprimido por dia, via oral, em uso contínuo. -as farmaccocinéticas de TDF e FTC variam de acordo com o tecido corporal Para relações anais, são necessários cerca de 7 dias de uso de PrEP para alcançar a proteção. Para relações vaginais, são necessários aproximadamente 20 dias de uso. SEGUIMENTO DA PESSOA EM USO DE PrEP: (1) Acompanhamento clínico laboratorial (a cada 3 meses, e no início do uso em intervalosmais curtos) OBS: A realização de teste rápido para HIV a cada visita trimestral é obrigatória -A função renal necessita ser regularmente avaliada, pela dosagem de creatinina sérica e urinária para o cálculo do ClCr, devido à possibilidade de dano renal associado ao TDF. (2) Avaliação de eventos adversos: Informar ao usuário que os eventos adversos esperados (náusea, cefaléia, flatulência e edemas) são transitórios e que há a possibilidade de uso de medicação sintomática para resolução dos sintomas. Usuários devem ser orientados sobre sinais e sintomas de infecção aguda pelo HIV que precisam de avaliação médica imediata. (3) Avaliação de adesão, de exposições de riso e orientações sobre a prevenção Os seguintes pontos devem ser levantados: › Avaliação da adesão da pessoa em uso da PrEP à tomada da medicação e às demais medidas de prevenção do HIV; › Identificação de barreiras e facilitadores da adesão, evitando julgamentos ou juízos de valor; › Reforço sobre a relação entre boa adesão e efetividade da PrEP; › Identificação das melhores estratégias para garantir a adesão, como associar a tomada do medicamento a eventos que fazem parte da rotina diária do indivíduo; › Identificação de possíveis mecanismos de alerta para tomada de medicação, como despertadores, aplicativos Viva Bem; › Utilização de dados da farmácia ou do Siclom para avaliar histórico de dispensação do medicamento no período entre as consultas e contagem de comprimidos a cada dispensação; › Avaliação e manejo de eventos adversos (4) Quando interromper a PrEP Seguintes casos: › Diagnóstico de infecção pelo HIV; › Desejo da pessoa de não mais utilizar a medicação; › Mudança no contexto de vida, com importante diminuição da frequência de práticas sexuais com potencial risco de infecção; › Persistência ou a ocorrência de eventos adversos relevantes; › Baixa adesão à PrEP, mesmo após abordagem individualizada de adesão. Caso tenha havido relações sexuais com potencial risco de infecção pelo HIV, recomenda-se que o usuário mantenha o uso de PrEP por um período de 30 dias, a contar da data da potencial exposição, antes de interromper seu uso. Para quem interrompe a PrEP: realizar teste anti HIV no período de 4 semanas após a interrupção Se a pessoa usando PReP tiver o diagnóstico de infecção pelo HIV, recomenda-se interromper imediatamente a PrEP, realizar exame da carga virale genotipagem pré tratamento e iniciar logo que possível o TARV. 2) PEP: PROFILAXIA PÓS-INFECÇÃO É uma das estratégias de prevenção do HIV; É uma medida de prevenção com a utilização de antirretrovirais como profilaxia, o que evita a multiplicação do vírus HIV no organismo de uma pessoa Uma vez identificado que a pessoa potencialmente se expôs ao HIV dentro das últimas 72h, deve-se recomendar o início imediato da PEP. É indicada a usuários que possam ter tido contato com o vírus em alguma situação de risco, tais como: » Violência sexual; » Relação sexual desprotegida; e » Acidente ocupacional. Indivíduos com indicação momentânea de PEP podem ser futuros candidatos à PrEP. A transição para PrEP pode ser feita após os 28 dias de uso de PEP e exclusão de infecção por HIV. COMO FAZER? O uso de antirretroviral de maneira ininterrupta por 28 dias seguidos, sob pena de insucesso dessa medida profilática. Além disso, para ser efetiva, a PEP deve ser iniciada em até duas horas após a exposição, podendo ser iniciada em até 72 horas da exposição ao risco. Assim, o primeiro atendimento após a exposição ao HIV é considerado pelo Ministério da Saúde um atendimento de urgência. FISIOPATOLOGIA A doença causada pelo HIV é essencialmente caracterizada por uma queda progressiva na contagem de linfócitos T CD4+ (linfócitos T helper). A perda dessas células ― que têm o papel de “maestros” do sistema imune – resulta no aparecimento de infecções e neoplasias oportunistas, culminando num estado de profunda imunodeficiência Como o HIV compromete os linfócitos T CD4+? (1) destruição direta pela replicação viral (efeito citopático) e (2) destruição indireta mediada pelo próprio sistema imune do indivíduos que reconhece e agride as células infectadas (ex.: citotoxicidade de linfócitos T CD8+, células natural killer e anticorpos anti-HIV). (3) Ocorrem ainda os fenômenos de “exaustão celular” ou anergia (disfunção qualitativa) e apoptose (morte celular programada), ambos desencadeados pela ativação imune exagerada INFECÇÃO TÍPICA DE UM CASO NÃO TRATADO 1) INFECÇÃO PRIMÁRIA E DISSEMINAÇÃO DO VÍRUS São os linfócitos “ativados” os responsáveis pelos primeiros ciclos de replicação viral no organismo (primeiras horas da infecção)! Os vírions produzidos nessa etapa são drenados para os linfonodos regionais onde encontram uma grande concentração de alvos suscetíveis (ou seja, mais linfócitos TCD4+ ativados) A partir daí a multiplicação viral se torna exponencial e o HIV invade a corrente circulatória atingindo a cifra de bilhões de cópias por ml nas próximas semanas (pico inicial de viremia), disseminando-se por todos os órgãos e tecidos do corpo. Uma poderosa resposta imune adaptativa específica para o HIV (com braços celular e humoral) é montada para “freiar” essa amplificação do HIV OBS: Por este motivo, deve-se entender que a magnitude do pico inicial de viremia NÃO é fator prognóstico, porém, a viremia basal, após cerca de seis meses a um ano (que reflete a capacidade do sistema imune em atingir um “estado de equilíbrio” com o vírus, determinando o chamado set point da carga viral), permite uma previsão muito mais acurada da taxa de progressão da doença Quanto mais alto for o set point da carga viral após 6 meses a um 1 do início da infecção, mais rápida será a evolução para a fase de imunodeficiência, pois menor é a capacidade do indivíduo em conter a replicação do HIV! Desse modo, alguns pacientes evoluem em pouquíssimo tempo para a fase sintomática (Aids), enquanto outros levam anos para chegar lá ou mesmo não atingem tal estágio (“não progressores de elite”). Em média, transcorrem cerca de dez anos entre a infecção primária e o surgimento da Aids. 2) ESTABELECIMENTO DE UMA INFECÇÃO CRÔNICA COM REPLICAÇÃO VIRAL PERSISTENTE Na maioria das infecções virais ou ocorre a morte do hospedeito pelo vírus ou ele é completamente eliminado. Após essa resposta imune, o individuo se torna resistente a uma nova infecção (memória imunológica). No caso do HIV, nada disso acontece. Lembre-se que este agente possui uma fantástica capacidade de evoluir, surgindo inúmeras quase-espécies dentro do hospedeiro devido à rápida aquisição de mutações genéticas vantajosas. Tal fato lhe permite escapar da imunoeliminação completa, e a replicação viral persiste mesmo após o estabelecimento de uma resposta imune adaptativa!!! Assim, mesmo que o indivíduo continue assintomático, enquanto seus níveis de CD4 forem suficientes para manter a competência imunológica (latência clínica), a todo momento o vírus pode ser encontrado no sangue porque não existe uma latência virológica Curioso paradoxo ajuda a explicar a não eliminação do vírus: seus alvos são justamente as células controladoras do sistema imune ou seja, quanto mais o sistema imune tentar destruir o vírus (produzindo linfócitos T CD4+ específicos contra ele), mais substrato estará sendo oferecido ao mesmo para a sua replicação! De fato, foi demonstrado que linfócitos T CD4+ específicos contra o HIV aparecem logo no início da infecção, porém são rapidamente destruídos, tornando o sistema imune definitivamente incapaz de erradicar o vírus 3) DOENÇA AVANÇADA A maioria dos indivíduos que não recebe Terapia Antirretroviral (TARV), ou nos quais o tratamento falha, evolui para um estado de imunodepressão profunda, caracterizado pela queda na contagem de linfócitos T CD4+ para < 350 céls/microlitro Nesse momento diversas infecções e neoplasias oportunistaspodem surgir de repente, mesmo nos pacientes que até então se mantiveram assintomáticos Sem o devido controle da replicação viral o CD4+ continua caindo, e não raro pode chegar a “zero” mas por que o CD4 cai? Na infecção pelo HIV a todo momento os TCD4+ estão sendo destruídos, sendo que aqueles específicos para o vírus tendem a ser destruídos primeiro. Com o tempo a capacidade do organismo em sustentar a produção de novos linfócitos TCD4+ é exaurida (possivelmente peã destruição de percussores no timo) e sua contagem entra em declínio progressivo A TARV efetiva, aliada à quimioprofilaxia e tratamento das infecções oportunistas, comprovadamente prolonga a sobrevida mesmo quando o paciente já se encontra em estágios muito avançados da doença! HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 1) INFECÇÃO AGUDA Define-se infecção aguda pelo HIV como o intervalo entre o contágio e o surgimento de anticorpos anti- HIV (soroconversão) Soroconversão ocorre em média 4 semanas após o contagio Durante a conversão costuma surgir a síndrome retroviral aguda (SRA) Trata-se de um conjunto de sinais e sintomas inespecíficos, comum a diversas viroses sistêmicas, que reflete o desenvolvimento de uma poderosa resposta imune contra o pico inicial de viremia Nesta fase, BILHÕES de cópias do HIV circulam diariamente no sangue do paciente, representando um dos momentos de maior infectividade na história natural da doença! CV-HIV e linfócitos (especialmente TCD4+) Seu curso é autolimitado, resolvendo-se espontaneamente dentro de 3 a 4 semanas. Certas manifestações residuais, no entanto, podem persistir por meses (ex.: linfadenopatia, letargia, astenia)... Raramente o paciente morre por causa da SRA. OBS: De acordo com evidências recentes, marcadores prognósticos ainda mais precoces seriam a intensidade e a duração dos sintomas da SRA! Manifestações muito intensas, persistindo por > 14 dias, associam-se a uma progressão mais rápida para a fase de imunodeficiência Os principais achados clínicos de SRA incluem febre, cefaleia, astenia, adenopatia, faringite, exantema e mialgia. A SRA pode cursar com febre alta, sudorese e linfadenomegalia, comprometendo principalmente as cadeias cervicais anterior e posterior, submandibular, occipital e axilar. Podem ocorrer, ainda, esplenomegalia, letargia, astenia, anorexia e depressão. Sintomas digestivos, como náuseas, vômitos, diarreia, perda de peso e úlceras orais podem estar presentes. Entretanto, o comprometimento do fígado e do pâncreas é raro na SRA. Cefaleia e dor ocular são as manifestações neurológicas mais comuns, mas pode ocorrer raramente quadro de meningite asséptica, neurite periférica sensitiva ou motora, paralisia do nervo facial ou síndrome de Guillan-Barré. Rash cutâneo da SRA: lesões maculopapulares costumam ter curta duração (<3dias) e predominam na face, pescoço e região superior do tronco. Com ou sem prurido. Em alguns pacientes as lesões se espalham para Membros, podendo atingir regiões palmo-plantares Os sinais e sintomas da SRA por serem muito semelhantes a outras infecções virais são habitualmente atribuídos a outra etiologia e a infecção pelo HIV comumente deixa de ser diagnosticada nessa fase inicial ou aguda É muito importante que o médico, diante de um quadro viral agudo, considere a infecção aguda pelo HIV entre os diagnósticos possíveis e investigue potenciais fontes de exposição ao vírus. A sorologia para a infecção pelo HIV pode variar bastante nessa fase, dependendo do ensaio utilizado. Em média, a janela diagnóstica dos imunoensaios de quarta geração é de aproximadamente 15 dias. O diagnóstico da infecção aguda pelo HIV pode ser realizado mediante a detecção da CV-HIV 2) FASE DE LATÊNCIA CLÍNICA Resolvida a SRA, a maioria dos doentes entra na chamada fase de latência clínica, que em média dura cerca de dez anos na ausência de tratamento. MESMO COM LATÊNCIA CLÍNICA, NÃO HÁ LATÊNCIA VIROLÓGICA (replicação viral ativa e há vírus no sangue) De forma mais rara, a doença apresenta um curso fulminante, passando da SRA diretamente para a fase de imunodepressão grave (Aids) EXCEÇÃO: “não progressores de elite” (que mantêm o CD4 estável em longo prazo) e nos “progressores rápidos” (cujo CD4 cai de forma acelerada), ocorre uma queda inexorável na contagem de linfócitos T CD4+, com média de 50 céls/ano, a não ser que o paciente receba TARV. Exame físico: pode ser normal, mas com técnica semiológica apurada pode-se detectar a presença de linfadenopatia em boa parte dos casos. Alguns indivíduos, inclusive, são acometidos pela chamada Linfadenopatia Generalizada Progressiva (LGP), definida pelos critérios a seguir Laboratório básico pode estar alterado: plaquetopenia isolada (por isso é importante investigar HIV no diagnostico diferencial da PTI). Alguns ainda cursam com anemia normocítica e normocrômica e discreta leucopenia 2.1. IMUNODEFICIÊNCIA PROGRESSIVA À medida que a competência imunológica se reduz (pela queda na contagem de CD4), infecções típicas do indivíduo imunocompetente começam a aparecer com frequência e gravidade aumentadas: LT -CD4+ > 350 cel/mm3 predominam infecções bacterianas e micobacterianas, principalmente do trato respiratório (sinusite, pneumonia, TB pulmonar cavitária apical) Com a progressão da infecção, começam a ser observadas apresentações atípicas das infecções, resposta tardia à antibioticoterapia e/ou reativação de infecções antigas À medida que a infecção progride, sintomas constitucionais (febre baixa, perda ponderal, sudorese noturna, fadiga), diarreia crônica, cefaleia, alterações neurológicas, infecções bacterianas (pneumonia, sinusite, bronquite) e lesões orais, como a leucoplasi oral pilosa, tornam-se mais frequentes, além do herpes-zoster. Nesse período, já é possível encontrar diminuição na contagem de LT-CD4+, situada entre 200 e 300 céls/mm³. Candidíase orofaríngea é considerada um indicativo de que “a Aids está próxima”. Marcador clínico precoce de imunodepressão grave e foi associada ao desenvolvimento de peumonia por pneumocystis jiroveci Diarréia crônica, FOI e leucoplasia oral pilosa são preditores da evolução para AIDS 3) SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA (SIDA) O aparecimento de infecções oportunistas (IO) e neoplasias é definidor da AIDS Quais são as principais infecções oportunistas? pneumocistose, neurotoxoplasmose, tuberculose pulmonar atípica ou disseminada, meningite criptocócica e retinite por citomegalovírus. As neoplasias mais comuns são sarcoma de kaposi (SK), linfoma não Hodgkin e câncer de colo uterino, em mulheres jovens nessas situações o LT-CD4+ situa-se <200 cél/mm3, na maioria das vezes Além das infecções e das manifestações não infecciosas, o HIV pode causar doenças por dano direto a certos órgãos ou por processos inflamatórios, tais como miocardiopatia, nefropatia e neuropatias, que podem estar presentes durante toda a evolução da infecção pelo HIV MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA INFECÇÃO CRÔNICA PELO HIV (1) MANIFESTAÇÕES RESPIRATÓRIAS As doenças do trato respiratório representam a maior causa de morbimortalidade na infecção pelo HIV. Das dez doenças definidoras de Aids mais frequentes, três acometem os pulmões: pneumonia bacteriana recorrente, tuberculose e infecção pelo P. jiroveci. Genericamente, a forma mais comum de apresentação é a pneumonia (infiltrado pulmonar nos exames de imagem), e a principal causa de óbito, em nosso meio, é a tuberculose A etiologia das infecções respiratórias no paciente HIV+ varia em função de diversos fatores, a saber: (1) nível de CD4; (2) região de moradia/visitação; (3) condições socioeconômicas; (4) uso de quimioprofilaxia. SINUSITE E TRAQUEOBRONQUITE. O quadro clínico é semelhante ao do paciente imunocompetente. Febre, cefaleia e secreção nasal, ou febre e tosse produtiva PNEUMONIA BACTERIANA. Sua incidência aumentamuito na infecção pelo HIV (principalmente com CD4 ~ 300), e o agente etiológico mais comum, assim como nos soronegativos, é o pneumococo. A chance de pneumonia pneumocócica no paciente HIV+ é seis vezes maior que na população geral, e a chance de bacteremia por este germe chega a ser cem vezes maior! É importante ressaltar que o risco de pneumonia por Staphylococcus aureus e Pseudomonas aeruginosa – mesmo em pacientes oriundos da comunidade – também está aumentado na vigência do HIV! Tabagistas HIV+ que conseguem parar de fumar reduzem o risco de pneumonia bacteriana em cerca de 50% PNEUMOCISTOSE PULMONAR (PCP): Antes do advento da TARV e da quimioprofilaxia, o fungo unicelular Pneumocystis jiroveci (que vive como saprófita nas vias aéreas e é transmitido de pessoa a pessoa) causava infecção pulmonar em mais de 80% dos pacientes HIV+. O quadro clínico tem curso arrastado, com semanas de queixas inespecíficas do tipo febre, fadiga, tosse seca (ou com pouco escarro claro), dispneia aos esforços, dor torácica retroesternal e perda ponderal. A ausculta respiratória só está alterada em 1/3 dos casos (com roncos e estertores). O RX de tórax pode ser normal (20% nas fases precoces), ou então, apresentar infiltrado intersticial bilateral e difuso (a TC de alta resolução é o método mais sensível, revelando a presença de áreas de “vidro fosco” ou “pneumonite”). Densos infiltrados peri-hilares são pouco comuns nos dias de hoje, mas podem aparecer evolutivamente! Pode haver cistos pulmonares que se rompem, gerando pneumotórax espontâneo TUBERCULOSE: Pacientes HIV+ que não apresentam sinais e sintomas de tuberculose ativa devem realizar a Prova Tuberculínica (PT) na avaliação laboratorial inicial, repetindo este exame anualmente caso o resultado seja negativo. Indivíduos que num primeiro momento tinham CD4 muito baixo também devem repetir a PT após aumento do CD4 com a TARV. Se PT ≥ 5 mm, descartada “tuberculose-doença”, tratar a infecção latente por tuberculose, ou ILTB, com isoniazida diária por 9 meses. Pode-se associar piridoxina (vitamina B6) 50-100 mg/dia, como prevenção da neuropatia induzida por isoniazida As manifestações clínicas, no entanto, são bastante variáveis em função do CD4: contagens altas (> 350) se associam à forma pulmonar apical cavitária, ao passo que contagens mais baixas (< 350) se associam às formas pulmonares atípicas (ex.: infiltrado em lobos inferiores + adenopatia hilar), doença extrapulmonar ou mesmo TB disseminada – nesta última, o infiltrado micronodular bilateral e difuso no RX de tórax (infiltrado “miliar”) costuma ser acompanhado por derrame pleural e adenomegalias intratorácicas, sendo comum também o comprometimento de múltiplos órgãos e tecidos (ex.: medula óssea, fígado, baço, SNC)!!! (2) MANIFESTAÇÕES CARDIACAS Fatores de risco clássicos para aterosclerose tendem a ser mais prevalentes neste grupo, como hiperlipidemia (principalmente aumento de triglicerídeos e diminuição do HDL) e tabagismo. Hoje já está claro que a própria replicação viral, ao induzir ativação imunoinflamatória aberrante, por si só aumenta o risco cardiovascular (ex.: síntese de fatores pró-trombóticos; disfunção endotelial). As alterações do metabolismo lipoproteico ainda podem ser agravadas pela TARV (ex.: inibidores de protease) OBS: Como tratar a dislipidemia em pacientes HIV+? Do mesmo modo que em outras situações, isto é, com dieta + atividades físicas (“prevenção positiva”), e com o emprego de agentes hipolipemiantes... As estatinas são metabolizadas pela enzima 3A4 do citocromo P450, a qual é inibida pelos inibidores de protease. Logo, os níveis séricos de estatina (e o risco de rabdomiólise fármaco-induzida) encontram-se aumentados pelo uso concomitante de IP... Felizmente, existem três estatinas que contornam esse problema, sendo seguras em associação com a TARV: atorvastatina (1a escolha), pravastatina e rosuvastatina. Quando a hipertrigliceridemia predomina, a droga de escolha é o gemfibrozil (um fibrato). Lembre-se que devemos evitar a combinação de estatinas + fibratos, pelo grande aumento no risco de rabdomiólise. (3) MANIFESTAÇÕES GASTROINTESTINAIS LESÕES DO ESÔFAGO: devem ser suspeitadas em todo paciente com dor retroesternal e odinofagia. Infecção por cândida = mucosa oral; Na infecção pelo CMV, é clássico o encontro de uma úlcera única de grandes dimensões (> 2 cm), enquanto o HSV tipicamente produz múltiplas pequenas úlceras agrupadas. (3.2) LESÕES NO ESTÔMAGO: infreqüentes, mas a acloridria; (3.3) LESÕES NO INTESTINO DELGADO: diarréia, dor abdominal e febre representam sinais e sintomas mais prevalentes, abrindo uma gama de possibilidades diagnósticas. a) infecções bacterianas: Salmonella, shigella, campylobacter cursam com febre, anorexia, fadiga e diareia Febre tifóide (S.typhi) Disenteria aguda por shigella ou campylobacter forte dor abdominal em cólica, febre alta e diarréia sanguinolenta/leucócitos fecais aumentados b) Infecções por protozoários 3 protozoarios que mais provocam diarreia (principalmente crônica) no paciente HIV+: (1) cryptosporidia (2) microsporidria e(3) isopora) A criptosporidíase possui incidência de 1% ao ano com CD4 < 300, sendo adquirida por consumo de água ou alimentos contaminados. O principal agente etiológico é o Cryptosporidium parvum. A apresentação clínica varia em função do grau de imunodepressão... Pacientes com CD4 relativamente preservado tendem a cursar com episódios únicos ou recorrentes de diarreia aguda autolimitada. Já os portadores de Aids avançada têm diarreia grave e persistente, ameaçadora à vida (pode haver perda de até 25 litros de fezes/dia). Em 75% dos casos existe dor abdominal em cólica, e em 25% ocorrem náuseas e vômitos. Às vezes a doença se estende para a árvore biliar, surgindo colecistite alitiásica ou colangite. A microsporidíase possui manifestações gastrointestinais semelhantes às da criptosporidíase. A grande diferença é que esta condição é causada por protozoários de pequeno tamanho, obrigatoriamente intracelulares (espécie mais comum = Enterocytozoon bieneusi), o que dificulta o diagnóstico pelo exame de fezes com microscopia óptica convencional. Outra diferença importante é que a microsporidíase pode se disseminar para diversos sítios extraintestinais (ex.: olhos, fígado, SNC, músculos), provocando lesão local (ex.: conjuntivite, hepatite etc.). Outra diferença importante é que a microsporidíase pode se disseminar para diversos sítios extraintestinais (ex.: olhos, fígado, SNC, músculos), provocando lesão local (ex.: conjuntivite, hepatite etc.). A isosporidíase é causada pela Isospora belli, um patógeno típico de regiões tropicais e subtropicais. As queixas gastrointestinais básicas também são semelhantes ao que foi descrito para a criptosporidíase, e pode ocorrer diarreia grave c) Infecções virais: A colite por Citomegalovírus (CMV) acomete 5-10% dos portadores de Aids na ausência de TARV. O quadro é marcado por diarreia crônica, dor abdominal, perda ponderal e anorexia. O diagnóstico é confirmado pelo exame endoscópico (ex.: colonoscopia), que revela a presença de múltiplas ulcerações mucosas. A biópsia das lesões demonstra as típicas inclusões intranucleares (“olhos de coruja”) e intracitoplasmáticas. Define-se enteropatia induzida pelo HIV como o quadro de diarreia crônica em que nenhum agente etiológico além do HIV pode ser identificado. Hoje já está claro que o próprio HIV consegue lesar a mucosa do tubo digestivo... Ocorre atrofia e redução do número de figuras de mitose ou, em outras palavras, o HIV induz um estado hiporregenerativo na mucosa gastrointestinal! Isso leva à perda de enzimas digestivas na borda em escova dos enterócitos, resultando em deficiência de lactase e síndrome de má absorção A causa mais comum de doença perirretal no paciente HIV+ é o herpes-simplex (geralmente o tipo 2). Na Aids, o aspectodas lesões costuma ser atípico, isto é, em vez de agrupamentos de vesículas podemos encontrar grandes áreas de ulceração desnuda e confluente, extremamente dolorosas (às vezes se estendendo pela fissura interglútea). O tratamento é feito com aciclovir ou foscarnet sistêmico. Outras lesões perirretais na Aids são o condiloma acuminado – ou verruga anogenital (HPV) – o sarcoma de Kaposi e o câncer anal. (3.4) LESÕES HEPATOBILIARES Atualmente, cerca de 1/3 das mortes em portadores de HIV/ Aids se relaciona de alguma forma à existência de problemas hepáticos. As principais condições envolvidas são: (1) hepatites virais crônicas; (2) esteatose hepática; (3) hipersensibilidade medicamentosa; (4) síndrome da reconstituição imune (geralmente na forma de uma “hepatite granulomatosa”). (4) MANIFESTAÇÕES RENAIS E GENITURINÁRIAS A maior causa de IRC terminal em PVHIV é a nefropatia associada ao HIV (HIVAN) glomerulopatia crônica, na histopatologia renal apresenta padrão de GESF em 80% dos casos e Glomerulonefrite Proliferativa Mesangial (GPM) em 10-15% quadro clínico: proteinúria, azotemia progressiva e rins de tamanho aumentados (USG). AIDS aumenta a probabilidade de manifestações sistêmicas de algumas condições, como a SÍFILIS, que tem maior chance de se apresentar como sífilis secundária o rash cutâneo característico da sífilis secundária, denominado Condylomata lata incidência de candidíase vulvovaginal em mulheres. ALTERAÇÕES METABÓLICAS EM PVHIV A ativação imune persistente, associada a infecção pelo HIV gera um processo inflamatório crônico PVHIV tem níveis mais elevados de marcadores de inflamação, associados ao aumento do risco cardiovascular. Recomenda-se que o risco cardiovascular seja avaliado em todas as PVHIV na abordagem inicial e a cada mudança na TARV, por meio da escala de risco de Framingham Pacientes infectados pelo HIV possuem um risco aumentado de doença cardiovascular, quando comparados à população geral. A ativação imune persistente, promovida pela infecção, com inflamação e lesão endotelial, colaboram para o aumento do RCV Pacientes em TARV com CV-HIV indetectável apresentam proteção para DCV quando comparados a pacientes sem TARV ou com CV-HIV detectável LIPODISTROFIA: Síndrome caracterizada pela combinação de hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, aumento de apolipoproteína B e resistência à insulina (hiperglicemia + hiperinsulinemia), acompanhada por mudanças estereotipadas na distribuição do tecido adiposo corporal: (1) lipoatrofia periférica – afinamento do panículo adiposo nas extremidades, nádegas e rosto; (2) lipo-hipertrofia central – acúmulo de gordura no abdome, tronco, mamas e dorso (ex.: corcova de búfalo). Pode ser encontrada, em graus variáveis, em até 75% dos portadores do HIV em uso de TARV. O ARV mais associado à lipodistrofia é a estavudina, mas a zidovudina e os inibidores de protease também podem ser implicados PRINCIPAIS COINFECÇÕES 1) TUBERCULOSE Sendo a TB uma infecção de alta prevalência entre PVHIV, sua presença deve ser investigada em todas as oportunidades de atendimento às PVHIV. Também é necessário realizar o teste para HIV em todas as pessoas com diagnóstico de TB. Epidemiologia: doença infecciosa de maior mortalidade entre as PVHIV. AÇÕES PRIORITÁRIAS PARA COINFECTADOS (PVHIV com TB): As PVHIV em seguimento clínico devem ser triadas para TB em todas as visitas aos serviços de saúde, mediante o questionamento sobre a existência de um dos quatro sintomas: febre, tosse, sudorese noturna e emagrecimento. E na vigência de qualquer um desses sintomas, a TB ativa deve ser investigada Nos Pacientes com imunossupressão grave, as formas extrapulmonares e disseminadas da TB devem fazer parte das investigações sobre IO DIAGNÓSTICO: TRM-TB ou baciloscopia devem ser sempre acompanhados da realização de cultura, identificação da espécie e teste de sensibilidade frente a suspeita de TB pulmonar, utilizando, quando necessário, o escarro induzido ou exame de broncoscopia para coleta de lavado bronco alveolar. Para a investigaçã de formas extrapulmonares e disseminadas, é freqüente a necessidade de procedimentos invasivos e de maior complexidade, conforme a topografia analiasada. O início precoce da TARV também é uma estratégia de prevenção da TB, já que diminui a incidência de TB nessa população.. O diagnóstico e o tratamento da infecção latente da tuberculose (ILTB) em PVHIV são fundamentais para minimizar o risco de adoecimento existe relevante benefício a ser considerado na realização de tratamento da ILTB em PVHIV, mesmo na indisponibilidade de acesso ao PPD. A estratégia de controle da coinfecção TB-HIV está pautada no diagnóstico precoce das 2 infecções e na garantia de tratamento adequado para o paciente, de forma oportuna. OBS: a síndrome inflamatória de reconstituição imune (SIR) pode ocorrer em pacientes coinfectados TB-HIV, podendo levar uma resposta inflamatória exacerbada que estimula a formação de grânulos, causando agravamento das lesões pré-existentes ou aparecimentos de novos sinais, sintomas ou achados radiológicos de novas lesões, tais como linfadenomegalias com sinais flogísticos, que podem evoluir para fistulização e compressão de estruturas nobres ou levar à perfuração de órgãos (como o intestino). Esse fenômeno ocorre em resposta a antígenos micobacterianos e não caracteriza falha no tratamento da TB nem no da TARV 2) HEPATITE C A evolução clínica da doença hepática relacionada ao HCV progride mais rapidamente em pessoas coinfectadas com HIV. Pacientes coinfectados HIV-HCV têm um risco três vezes maior de progressão para cirrose ou doença hepática descompensada que os pacientes monoinfectados com HCV O tratamento do HCV é uma prioridade para as pessoas com coinfecção HIV-HCV, independentemente da contagem de LT-CD4+. É aconselhável iniciar primeiramente o tratamento para o HIV e atingir a supressão virológica antes de iniciar o tratamento com HCV, especialmente em pacientes com imunossupressão grave Os pacientes portadores de coinfecção HIV-HCV devem receber esquemas de tratamento para hepatite C compatíveis com a TARV em uso INFECÇÕES OPORTUNISTAS 1) MENINGITE OU MENINGOENCEFALITE CRIPTOCÓCICA A criptococose é a causa mais freqüente de menigite oportunistas nas PVHIV As manifestações clínicas mais comuns são cefaleia, febre, mal-estar geral, náuseas e/ou vômitos, e rebaixamento do nível de consciência. Além disso, o impacto sistêmico é frequente, podendo haver envolvimento pulmonar (por exemplo, consolidação lobar, infiltrados nodulares ou intersticiais) e cutâneo (por exemplo, pápulas umbilicadas semelhantes às lesões de molusco contagioso). Sinais meníngeos nem sempre estão presentes; entretanto, na manifestação de hipertensão intracraniana (HIC), pode haver vômitos, diplopia, confusão mental (confundidos com quadros psiquiátricos), coma e papiledema. Diagnóstico: Os pacientes com meningite ou meningoencefalite criptocócica apresentam, geralmente, contagem de LT-CD4+ abaixo de 100 céls/mm3. A punção lombar diagnóstica deve ser sempre realizada na suspeita clínica de meningite criptocócica e na ausência de contraindicações ao procedimento A HIC não controlada é responsável pela maioria das mortes por meningite ou meningoencefalite criptocócica nas duas primeiras semanas após início do tratamento. Portanto, a pressão de abertura liquórica deve ser sempre avaliada. OBS: O início imediato da TARV não é recomendado em PVHIV com meningite/meningoencefalite criptocócica, pelo risco de SIR. A TARV deve ser iniciada entre quatro a seis semanas após o início do tratamento antifúngico ESTRATÉGIA DE TRIAGEM: para PVHIV sem uso prévio de TARV ou experimentados em ARV, mas sem tratamento efetivo, com contagem de LT-CD4+<100 cél/mm3 e procedentes de locais com prevalência de antigiemia criptocócica métodos: teste de aglutinação com látex ou LFA em soro ou plasma 2) TOXOPLASMOSE CEREBRAL A toxoplasmose é a causa mais comum de lesões expansivas cerebrais em PVHIV. As manifestações clínicas mais comuns são cefaleia, sinais focais (hemiparesia, disfasia e outras alterações motoras). Febre, convulsões e alteração do estado mental podem estar presentes O diagnóstico definitivo de NTX requer confirmação histopatológica. Na prática clínica diária, o diagnóstico presuntivo se estabelece com a presença de manifestações clínicas e radiológicas compatíveis, associadas à adequada resposta clínico-radiológica, após 10 a 14 dias de tratamento antiparasitário. De maneira geral, a melhora clínica precede a resposta radiológica. Ressalta-se que o exame de imagem deve ser antecipado se houver deterioração clínica Recomenda-se, portanto, que todas as PVHIV que apresentem sinais clínicos compatíveis e exame de imagem sugestivo de neurotoxoplasmose sejam tratadas empiricamente para essa infecção. Exame de imagem preferencial: TC de crânio com e sem contraste (mais disponível na rede) Achado de DNA de T. gondii mediante técnica de PCR no LCR um teste positivo confirma a presença de toxoplasmose, mas um teste negativo não exclui o diagnóstico. Se a PCR estiver disponível e não existirem contraindicações para realizar punção liquórica, o teste pode ser solicitado A sorologia IgG anti-T. gondii é reagente em mais de 90% a 95% dos casos de NTX. Uma sorologia IgG anti- T. gondii não reagente torna o diagnóstico menos provável, mas não o exclui, devendo ser mantido o tratamento empírico até definição diagnóstica. Obs: A TARV pode ser iniciada nas duas primeiras semanas de tratamento antiparasitário. 3) PNEUMOCISTOSE A PCP é a causa mais comum de doença pulmonar oportunista em PVHIV com contagem de LT-CD4+ abaixo de 200 céls/mm³ O início dos sintomas é tipicamente insidioso, sendo as manifestações clínicas mais comuns: febre (mais de 80% dos casos), tosse seca e dispneia progressiva. Fadiga e perda de peso também são sintomas frequentes. Tosse com expectoração purulenta é uma manifestação rara de PCP e, portanto, sua presença deve levantar suspeita de infecção bacteriana secundária (pneumonia bacteriana). Exame físico: taquipneia, taquicardia e AR normal ou com estertores finos ao final da expiração. O achado radiográfico mais típico de PCP é o infiltrado intersticial peri-hilar e simétrico. Pneumatoceles e pneumotórax também podem ser observados. Ressalta-se que o Rx de tórax pode ser normal em até um quarto dos casos de PCP; nessa situação, a TC pode revelar atenuação pulmonar em vidro fosco. Diagnóstico: diagnostico presuntivo baseado nos dados clínicos, laboratoriais e de imagem compatíveis O diagnóstico definitivo é realizado pela identificação do agente por meio das colorações de azul de toluidina, Grocott, Giemsa ou técnica de imunofluorescência a partir de espécimes respiratórios. A pesquisa direta do agente oportunista em amostras de escarro espontâneo ou induzido geralmente é pouco sensível para PCP. Amostras biológicas obtidas por broncoscopia com LBA e biópsia pulmonar transbrônquica elevam a precisão do diagnóstico etiológico. OBS: Em pacientes ainda sem uso de ARV, recomenda-se o início da TARV após duas semanas de tratamento da PCP. 4) DOENÇA CITOMEGÁLICA Doenças em órgãos causadas pelo CMV ocorrem em pacientes com avançada imunossupressão, tipicamente naqueles com contagem LTCD4+ abaixo de 50 céls/mm³, que frequentemente não estão em uso de TARV ou estão em falha virológica ao esquema prescrito. FATOR DE RISCO PARA REATIVAÇÃO DA DOENÇA: LT- CD4+ <100 e CV-HIV >100.000 cópias/mL Os principais sítios de infecção são retina e aparelho digestivo, podendo ser acometidos também pulmões, fígado, vias biliares e SNC (demência, ventriculoencefalite e polirradiculomielite). DIAGNÓSTICO: Testes para detectar viremia (PCR ou antigenemia) não são bons preditores de doença ativa ou recorrência em PVHIV. Não se recomenda tratar viremia na ausência de evidência de lesão orgânica. Resultados negativos da antigenemia ou PCR plasmático não excluem a doença por CMV em órgãos (1) CMV no aparelho digestivo: diagnóstico é sugerido pelo aspecto endoscópico de ulceração clássica da muscosa, mediante biopsia identificando células com inclusão intracelular (“olhos de coruja”) e dados clínicos e laboratoriais de imunossupressão avançada (2) Retinite por CMV: diagnóstico é clínico e baseia-se no aspecto da lesão retiniana e dados clínicos e laboratoriais de imunossupressão. Recomenda-se fundoscopia sob dilatação pupilar para detecção de lesões periféricas 5) CANDIDÍASE ESOFÁGICA E OROFARÍNGEA As candidíases orofaríngea e esofágica são comuns em pacientes com imunossupressão pelo HIV, sendo observadas, geralmente, em pacientes com contagem de LT-CD4+ inferior a 200 céls/mm³ O principal agente da candidíase é a Candida albicans. O sintoma mais comum de candidíase orofaríngea é o aparecimento de placas removíveis esbranquiçadas. Pode se apresentar também como queilite angular ou pápulas eritematosas na mucosa Os sintomas típicos de candidíase esofágica incluem dor retroesternal difusa, disfagia e/ou odinofagia, normalmente sem febre. A candidíase oral está presente na grande maioria dos casos e, geralmente, os pacientes apresentam LT-CD4+ ainda mais baixos (inferiores a 100 céls/mm³). DIAGNÓSTICO: O diagnóstico de candidíase oral e/ou esofágica é clínico, sendo a cultura de material dessas regiões pouco útil em razão da presença do fungo como comensal dessas mucosas. 6) HISTOPLASMOSE A histoplasmose no Brasil é causada pelo fungo dimórfico Histoplasma capsulatum, cuja infecção se dá por inalação de esporos presentes no solo. A doença pode ocorrer por infecção primária ou por reativação endógena e sua apresentação clínica varia de acordo com o grau de comprometimento imunológico. A contagem de LT-CD4+ abaixo de 150 céls/mm³ aumenta o risco de doença por histoplasmose na forma disseminada. A pneumonia é a principal forma de apresentação, sendo o infiltrado pulmonar retículo-nodular difuso o achado radiológico mais característico. Os principais sinais e sintomas clínicos são febre, perda de peso, hepatoesplenomegalia, linfadenomegalia, alterações pulmonares e lesões mucocutâneas numerosas, que se iniciam como pápulas, progredindo para pequenos nódulos umbilicados e úlceras. O achado de pancitopenia é frequente, sendo menos comum o comprometimento osteoarticular, gastrintestinal e do SNC. O diagnóstico laboratorial é feito por cultivo micológico e/ou exame histopatológico de espécimes obtidos por raspado ou biópsia de lesões Ressalta- se que exames de cultura de sangue, amostras respiratórias e outros tecidos, especialmente medula óssea, são o padrão-ouro para o diagnóstico da histoplasmose. PROFILAXIA PRIMÁRIA PARA IO O principal parâmetro para orientar a introdução e a suspensão da profilaxia é a contagem de LT-CD4+, uma vez que o risco de IO está diretamente associado ao nível dessas células de defesa. PROFILAXIA SECUNDÁRIA DIAGNÓSTICO DO HIV É fundamental que os profissionais de saúde ofereçam a possibilidade de testagem para o HIV e outras IST a todos os pacientes sexualmente ativos, independentemente de sintomas ou queixas. Oferecer a testagem para o HIV e outras IST durante avaliações de rotina, mesmo na ausência de sintomas, em especial à população jovem, permite construir um vínculo maior entre profissional e paciente e diagnosticar precocemente a infecção, instituindo-se, assim, os benefícios do tratamento e melhorando o prognóstico e qualidade de vida do usuário e suas parcerias As estratégias para testagem têm o objetivo de melhorar a qualidade do diagnóstico da infecção pelo HIV e, ao mesmo tempo, assegurar que o diagnóstico seja realizado o mais precocemente possível, de forma segura e com rápida conclusãoESTÁGIOS DA INFECÇÃO RECENTE CLASSIFIAÇAO DE FIEBIG (2003) Esse sistema classifica em detalhe as fases iniciais da infecção e facilita o entendimento sobre qual teste ou fluxograma é mais indicado para realizar o diagnóstico da infecção pelo HIV em diferentes situações. Segue a descrição de cada um desses estágios › Estágio 0 (ou período de eclipse): é caracterizado pela ausência de marcadores virais em amostras de sangue. Esse período tem uma duração média de dez dias, a partir da infecção até a primeira detecção de RNA viral; › Estágio I: o RNA viral é consistentemente detectável em amostras de sangue e nenhum outro ensaio laboratorial é reagente. A duração média desse estágio é de sete dias; › Estágio II: os testes para RNA viral e antígeno p24 são reagentes, mas os anticorpos estão ausentes (resultado não reagente) no IE de 3ª geração. A duração média desse estágio é de cinco dias; › Estágio III: o RNA, o antígeno p24 e o IE de terceira geração (sensíveis à detecção de IgM anti-HIV) são reagentes, mas o WB não mostra bandas específicas do HIV-1. Esse estágio é o mais curto e tem duração média de três dias; › Estágio IV: apresenta perfil de reatividade idêntico ao do estágio III, mas com padrão indeterminado no WB, ou seja, observa-se a presença de bandas específicas de HIV-1, mas que não preenchem os critérios de interpretação de WB reagente, que é definido pela presença de duas das três bandas seguintes: p24, gp41 ou gp120/160. A duração média é de seis dias; › Estágio V: apresenta perfil de reatividade idêntico ao do estágio IV, mas com padrão reagente de WB, exceto pela ausência de reatividade da proteína p31 (pol). Esse estágio é mais longo e o tempo médio até o aparecimento da p31 é de 70 dias; › Estágio VI: apresenta perfil de reatividade idêntico ao do estágio V, mas com o padrão de reatividade do WB completo, incluindo a banda p31. A duração desse estágio não é definida; no entanto, ele pode ser subdividido em dois períodos de infecção: recente e crônica. Essa subdivisão é baseada em testes laboratoriais que exploram certas características dos anticorpos anti-HIV, como quantidade (concentração), avidez e proporção. Dependendo do teste utilizado, a infecção recente tem duração de 120 a 180 dias após a infecção. Estudos posteriores demonstraram que os testes de quarta geração podem detectar amostras do estágio II ou III, dependendo do fabricante do teste. Da mesma forma, os TR de terceira geração podem detectar amostras no estágio III ou IV, dependendo do fabricante do TR CONHECENDO OS TESTES Testes complementares convencionais (WB, IB ou IBR) são menos sensíveis que os imunoensaios de 3ª e 4ª geração, podendo produzir falso-não reagentes. Por isso, são inadequados para detecção de infecções recentes, e elevam o custo do diagnostico. Atualmente os testes moleculares são os mais eficazes para confirmação diagnóstica, pois permitem o diagnóstico de infecções agudas e/ou recentes e apresentarem melhor custo-efetividade. Por outro lado, existem indivíduos, chamados de controladores de elite, que mantêm a viremia em um nível baixo e até indetectável em testes moleculares. Nesses casos, o diagnóstico só pode ser realizado mediante a utilização dos testes complementares convencionais (WB, IB e IBR) citados Fluxogramas que utilizam testes moleculares para confirmação quando feitos em indivíduos controladores de elite e indivíduos não infectados que apresentaram resultados falso-reagente no teste inicial terão resultado igualmente não reagente no TM para diferenciar essas 2 situações será necessário a realização de testes como WB, IB ou IBR Diante desses vários cenários NÃO é possível usar apenas um fluxograma para cobrir todas as situações. Assim, casos de infecção recente são melhor identificados com a utilização de um teste de 4ª geração como teste inicial e um TM como teste complementar. Controladores de elite podem ser identificados com imunoensaios de 3ª ou 4ª geração, seguidos da realização de um WB como complementar Pessoas na fase crônica da infecção são identificadas por meio de qualquer combinação de testes inicias (3ª ou 4ª geração) seguidos por um teste complementar (WB, IB, IBR, ou TM) 1) IMUNOENSAIO DE 4ª GERAÇÃO: mais moderno -Detecta ao mesmo tempo anticorpos Anti HIV de todas as classes (IgM, IgG, IgA e IgE) e antígenos circulantes produzidos diretamente pelo vírus (o p24 do capsídeo viral) -apresenta menor janela imunológica (~15 dias) 2) IMUNOENSAIO DE 3ª GERAÇÃO: a única diferença é que não detecta antígenos, logo, possui maior janela diagnóstica, tornando-se positivo somente após 22 a 25 dias do início da infecção. Sendo recomendado apenas quando o de 4ª geração não estiver disponível. 3) TESTE RÁPIDO (TR): são imunoensaios simples, com resultado em até 30 min, realizado preferencialmente de forma presencial (teste realizado na presença do indivíduo ou presencial) em ambiente nnão laboratorial com amostra de sangue total obtida por punção digital ou amostra de fluido oral -INDICAÇÕES do TR: › Serviços de saúde sem infraestrutura laboratorial ou localizados em regiões de difícil acesso; › Instituições da Atenção Primária à Saúde (ex.: UBS) e outras Instituições pertencentes a Programas do MS, como Rede Cegonha, Programa de Saúde da Família, Consultório na Rua › Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) e Unidade de Testagem Móvel (UTM); › Centro de Atenção Psicossocial (Caps); › Segmentos populacionais flutuantes; › Serviços de atendimento de emergência, pronto- socorro, hospitais e maternidades; › Populações-chave; › Populações prioritárias; › Parcerias de pessoas vivendo com HIV/aids; › Acidentes biológicos ocupacionais; › Gestantes que não tenham sido testadas durante o pré-natal ou cuja idade gestacional não assegure o recebimento do resultado do teste antes do parto; ›Parturientes e puérperas que não tenham sido testadas no pré-natal ou quando não se conhece o resultado do teste no momento do parto; › Abortamento espontâneo, independentemente da idade gestacional; › Laboratórios que realizam pequenas rotinas (rotinas com até cinco amostras diárias para diagnóstico da infecção pelo HIV); › Pessoas em situação de violência sexual, para fins de profilaxia da infecção pelo HIV; ›Pacientes com diagnóstico de tuberculose, de hepatites virais; › Outras situações especiais definidas pelo DIAHV para ações de vigilância, prevenção e controle das infecções sexualmente transmissíveis (IST), do HIV/ aids e das hepatites virais. 4) TESTE MOLECULAR: fragmentos específicos de ácidos nucléicos do HIV são amplificados por uma sequência de reações bioquímicas revelando a presença do vírus através da identificação de seu genoma. -tem uma janela imunológica curta 5) WESTERN BLOT: Identificação de antígenos (p24, gp41, gp120/gp160) do HIV contra os quais o paciente possui anticorpos específicos 6) IMUNOBLOT: teste equivalente ao WB, só difere que no IB são usadas proteínas virais nativas e no WB proteínas virais recombinantes FLUXOGRAMAS Desde o início da epideia do HIV, o diagnostico sorológico é realizado com pelo menos 2 testes, um inicial (sensível) e um segundo, mais específico, para complementar o resultado do teste inicial. Na maioria das situações, o fluxograma mais comumente utilizado inclui o emprego de testes em série ou sequenciais (fluxograma em série) é um fluxograma lógico e custo-efetivo Os Fluxogramas 1, 2 e 3 são os preferenciais por combinarem os testes que permitem agilizar o diagnóstico da infecção, sendo também os que apresentam maior resolutividade e, por esses motivos, o DIAHV os indica como sendo os de primeira escolha nas situações nas quais está recomendada sua aplicação -Todos os indivíduos que apresentarem resultados reagentes em dois testes rápidos devem realizar imediatamente oexame de quantificação da carga viral, cujo resultado confirma a presença do vírus, e contagem de linfócitos T-CD4+ -Este fluxograma não define o diagnóstico de infecção por HIV-2 + não é adequado para diagnóstico de infecção aguda pelo HIV-1 + em crianças com idade ≤18 meses -A coleta da amostra pode ser realizada por punção da polpa digital ou punção venosa 2 Encaminhar o paciente para realizar o teste de Quantificação de Carga Viral do HIV-1 e contagem de linfócitos T CD4+. 3 Se persistir a suspeita de infecção pelo HIV, uma nova amostra deverá ser coletada 30 dias após a data da coleta desta amostra. O Fluxograma 3 emprega um imunoensaio de 4ª geração (IE4ªG) como teste inicial e um teste molecular (TM) como teste complementar para amostras reagentes no teste inicial. O IE4ªG deve ser capaz de detectar anticorpos anti-HIV-1, incluindo o grupo O, e anticorpos anti-HIV-2, além de antígeno p24 do HIV-1. a grande vantagem do IE de 4ª geração (detecção simultânea de antígeno viral e anticorpos anti-HIV) é sua menor janela diagnóstica, identificando os indivíduos infectados de maneira extremamente precoce. O teste molecular, por sua vez, nada mais é que uma dosagem da carga viral, um método ainda mais sensível que o IE de 4ª geração, sendo também altamente específico. Logo, a imensa maioria das pessoas infectadas pelo HIV apresentará ambos os testes positivos! Por outro lado, um indivíduo não infectado dificilmente terá os dois testes positivos. O Fluxograma 3 é o que permite o diagnóstico mais precoce da infecção pelo HIV. Tem a possibilidade de um imunoensaio ser positivo e o TM negativo (carga viral abaixo do limite de detecção) essa situação pode ter 2 explicações: (1) IE é um “falso positivo” (2) TM é um “falso negativo” Quem resolver essa duvida são os testes sorológicos confirmatórios: WB, IB ou IBR Este fluxograma é semelhante ao fluxograma 3, diferindo por um único detalhe: o teste 1 é um IE de 3a geração, isto é, um teste sorológico onde se pesquisa apenas a presença de anticorpos anti-HIV, sem detecção de antígeno p24... A grande desvantagem é a janela diagnóstica um pouco maior... Todavia, vale lembrar que, na prática, a maioria dos infectados pelo HIV não se encontra nos estágios iniciais da infecção... Logo, este fluxograma é capaz de estabelecer o diagnóstico na maior parte dos casos! Até pouco tempo atrás este era o fluxograma habitualmente realizado. Encontra-se agora ultrapassado, por não permitir um diagnóstico verdadeiramente precoce da infecção, além do que necessita obrigatoriamente de testes sorológicos confirmatórios, o que onera e aumenta complexidade do processo diagnóstico. Fatores relacionados a obtenção de resultados falso- reagentes Fatores relacionados à obtenção de resultados falso não reagentes Doenças autoimunes (AR, LES, síndrome de Stevens- johnson, etc.) Hepatopatias causadas por uso de medicamentos, drogas ou álcool e outras doenças crônicas do fígado Pacientes hemodialisados e em terapia com interferon Pacientes que sofreram múltiplas transfusões de sangue Vacinação recente contra influenza A-H1N1 Aquisição passiva de anticorpos anti-HIV (mãe – filho) Gravidez Uso de terapia antiretroviral Infecção aguda pelo HIV Indivíduos imunosilenciosos Indivíduos com sistema imunológico comprometido Realização do teste anterior a soroconversão ACONSELHAMENTO PRÉ E PÓS TESTAGEM TRATAMENTO QUANDO INICIAR O TARV? Início IMEDIATO para todas as PVHIV, independente de seu estágio clinico e/ou imunológico A TARV deve ser iniciada quando a PVHIV estiver informada sobre seus benefícios e riscos, além de fortemente motivada e preparada para o tratamento, respeitando-se a autonomia do indivíduo. Deve-se enfatizar que a TARV, uma vez iniciada, não deverá ser interrompida. Em nenhuma situação deverá haver qualquer tipo de coerção para início da TARV CLASSES DOS MEDICAMENTOS 1) Inibidores de Transcriptase Reversa análogo de Nucleosídeos (ITRN): atua sobre a transcriptase reversa, tornando defeituosa a cadeia de DNA que o vírus DNA cria dentro das células de defesa do organismo impede reprodução do vírus Ex: Abacavir (ABC); Didanosina (ddI); Lamivudina (3TC); Zidovudina (AZT) 2) Inibidores de Transcriptase Reversa análogo de Nucleotídeo (ITRNt): único TENOFORVIR (TDF) 3) ITRNN = Inibidor de Transcriptase Reversa Não Análogo de Nucleosídeo: também atua sobre a enzima TR, bloqueando diretamente sua ação e multiplicação do vírus Ex: Efavirenz (EFZ); Nevirapina (NVP); Etravirina (ETR) 4) Inibidores de protease: bloqueiam a ação da protease, impedindo a produção de novas cópias de células infectadas com HIV. Ex: Atazanavir (ATV); Darunavir (DRV); Fosamprenavir (FPV); Lopinavir (LPV); Nelfinavir (NFV); Ritonavir (RTV); Saquinavir (SQV); Tipranavir (TPV) Os Inibidores de Protease (IP) agora são considerados drogas “de resgate”, isto é, deverão compor os esquemas ARV somente após falha ao esquema inicial, desde que indicado pelo teste de genotipagem porque tem uma toxicidade maior que as outras drogas aumenta o risco de má adesão Associar ao ritonavir (r): inibidor da citocromo P450 hepático aumenta o nível dos outros IP 5) Inibidores de fusão: impedem a entrada do vírus HIV nas células de defesa do organismos, impedindo sua reprodução Ex: Enfuvirtida (T20) 6) Inibidores de integrase: bloqueiam e enzima integrase que insere o DNA do HIV ao DNA humano. Assim, inibe a replicação do vírus e sua capacidade de infectar novas células Ex: Dolutegravir (DTG); Raltegravir (RAL) Suas principais vantagens são: (1) elevada potência; (2) segurança (pouco efeitos colaterais); (3) alta barreira genética; e (4) posologia ideal (dose única diária). Os esquemas ARV iniciais estruturados com DTG são mais duradouros e seguros, além de extremamente potentes. COMO INICIAR? A terapia inicial deve sempre incluir combinações de três ARV, sendo dois ITRN/ ITRNt associados a uma outra classe de antirretrovirais (ITRNN, IP/r ou INI) No Brasil, para os casos em início de tratamento, o esquema inicial preferencial deve ser a associação de dois ITRN/ITRNt – lamivudina (3TC) e tenofovir (TDF) – associados ao inibidor de integrase (INI) – dolutegravir (DTG). Exceção a esse esquema deve ser observada para os casos de coinfecção TB-HIV, MVHIV com possibilidade de engravidar e gestantes Situações especiais de intolerância ou contraindicação devem ter seus esquemas iniciais adequados para esquemas iniciais alternativos EFEITOS ADVERSOS DOS ARV DISLIPIDEMIA ITRN: d4T, AZT, ABC TG e LDL ITRNN: EFV TG, LDL, HDL IP: todos TG, LDL, HDL EXAMES PARA O PACIENTE COM HIV ABORDAGEM INICIAL EXAMES DE ACOMPANHAMENTO Para pacientes estáveis, em TARV, com CV-HIV indetectável e contagem de LT-CD4+ acima de 350 céls/mm3, a realização do exame de LT-CD4+ não traz nenhum benefício ao monitoramento clínico- laboratorial. Flutuações laboratoriais e fisiológicas de LT-CD4+ não têm relevância clínica e podem inclusive levar a erros de conduta, como troca precoce de esquemas ARV ou manutenção de esquemas em falha virológica Em pacientes em uso de TARV, o foco do monitoramento laboratorial deve ser a CV-HIV para avaliar a eficácia da TARV e detectar precocemente a falha virológica, caracterizada por dois exames sequenciais de CV-HIV detectáveis EPIDEMIOLOGIA CONCEITOS PREVENÇÃO COMBINADA FISIOPATOLOGIA HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA INFECÇÃO CRÔNICA PELO HIV INFECÇÕES OPORTUNISTASPROFILAXIA PRIMÁRIA PARA IO PROFILAXIA SECUNDÁRIA DIAGNÓSTICO DO HIV ACONSELHAMENTO PRÉ E PÓS TESTAGEM TRATAMENTO EXAMES PARA O PACIENTE COM HIV