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Geriatria - Iatrogenias

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1 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
Problema 1, fechamento 2 
1. Entender iatrogenia e as consequências para o 
idoso. 
• O termo iatrogenia deriva do grego 
(iatros=médico, gignesthai=nascer, que deriva 
da palavra gênesis=produzir) e significa 
qualquer alteração patogênica provocada pela 
prática médica. 
• Tal condição é conflitante com os princípios de 
boa prática médica, como, por exemplo, o 
juramento de Hipócrates, de que a Medicina 
não deve causar dano ao paciente, ou o 
princípio primum non nocere, o qual deve reger 
qualquer intervenção médica. 
• Em Geriatria, esse princípio é fundamental, 
pois o idoso é mais vulnerável às reações 
adversas associadas a drogas e outras 
intervenções não medicamentosas, em função 
da senescência, de risco mais alto de 
polipatogenia, polifarmácia e incapacidades. 
• Portanto, o plano de cuidados pode até não 
trazer benefícios a determinados pacientes, 
mas tem a obrigação de, pelo menos, não 
piorar sua autonomia e independência. 
A iatrogenia significa qualquer alteração 
patogênica provocada pela prática médica. Deve-se 
evitar iatrogenia em idosos devido à sua natural 
vulnerabilidade mais acentuada às reações adversas, ás 
intervenções não-medicamentosas, decorrentes da 
senescência, do risco de polipatogenia e de polifarmácia, 
além de incapacidades. 
• A iatrogenia resulta da presença de uma ou 
mais das seguintes situações: 
I. Iatrofarmacogenia: decorrente do uso 
de medicamentos, de polifarmácia, da 
interação medicamentosa e do 
desconhecimento das alterações 
farmacocinéticas associadas ao 
envelhecimento. 
II. Internação hospitalar: que pode 
potencializar os riscos decorrentes do 
declínio funcional, da subnutrição, da 
imobilidade, da úlcera de pressão e da 
infecção hospitalar. 
III. Iatrogenia da palavra: associada ao 
desconhecimento de técnicas de 
comunicação de más notícias; 
IV. Iatrogenia do silêncio: que decorre 
da dificuldade de ouvir 
adequadamente o paciente e sua 
família; 
V. Subdiagnóstico: pela tendência a 
atribuir todas as queixas apresentadas 
pelo idoso ao fenômeno “da idade”, o 
que pode resultar em grave erro; 
VI. Cascata propedêutica: em que a 
solicitação de exames é feita de forma 
desnecessária, extensiva, sem 
indicação precisa; 
VII. Distanásia: caracterizada pelo 
prolongamento artificial da vida sem 
perspectiva de reversibilidade, com 
sofrimento para o paciente e sua 
família; 
VIII. Prescrição de intervenções fúteis 
e/ou sem comprovação científica: 
que impõem ao paciente risco 
desnecessário; 
IX. Iatrogenia do excesso de 
intervenções reabilitadoras: o 
excesso de “equipe interdisciplinar” 
pode trazer consequências 
desfavoráveis ao paciente, assim 
como o faz a polifarmácia. A 
priorização é fundamental tanto na 
escolha das drogas a serem utilizadas 
quanto na definição dos profissionais 
que participarão do trabalho 
interdisciplinar. 
• Grande parte da iatrogenia resulta do 
desconhecimento das alterações fisiológicas 
do envelhecimento e das peculiaridades da 
abordagem ao idoso, desde a dificuldade no 
estabelecimento de diagnósticos etiológicos e 
funcionais, a tomada de decisões, até a 
prescrição final. Trata-se, portanto, da principal 
síndrome geriátrica potencialmente reversível 
ou até mesmo curável. Basta doses regulares 
e contínuas de conhecimento específico na 
área. 
Obs: os 7 I’s da geriatria → incapacidade cognitiva, 
instabilidade postural, imobilidade, incapacidade 
comunicativa, incontinência urinária, incontinência 
esfincteriana e insuficiência familiar. 
 
• Os aspectos farmacológicos envolvidos na 
iatrogenia são muito enfatizados, porém é 
importante ressaltar que condutas não 
farmacológicas também podem ser 
iatrogênicas aos idosos. 
• Os fatores que contribuem para esse cenário 
de problemas relacionados aos medicamentos 
são: polifarmácia, prescrição de medicamentos 
 
2 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
inapropriados, má complacência, uso de 
medicamentos não prescritos e falta ou 
inadequação nas orientações aos pacientes e 
cuidadores sobre os perigos dos 
medicamentos. 
• Comumente, os idosos apresentam mais de 
uma doença e têm vários especialistas, sendo 
cada um deles responsável pelo tratamento de 
uma doença, fragmentando o cuidado. Além 
disso, a apresentação atípica das doenças 
associada às modificações da composição 
corporal, da função hepática, renal e outras 
alterações contribuem para o mais alto risco de 
iatrofarmacogenia no idoso. 
• Na avaliação das medicações adequadas para 
os indivíduos idosos, deve-se considerar a 
dosagem apropriada, a presença de terapia 
duplicada ou redundante, o alto potencial de 
interação dos medicamentos e a duração 
adequada do tratamento. Qualquer novo 
sintoma no idoso deve ser considerado como 
potencialmente associado ao uso de 
medicamentos, até que se prove o contrário. 
• A polifarmácia é uma das principais causas de 
iatrogenia. Isso se deve, basicamente, aos 
seguintes fatores: baixa complacência ao 
tratamento (probabilidade aumenta com a 
complexidade do regime posológico); risco 
mais alto de reações adversas às drogas; risco 
mais alto de interações droga-droga e droga-
doença. 
• Polifarmácia: é a prescrição de cinco ou mais 
medicamentos de uso contínuo (há autores que 
consideram de 2 a 10 medicamentos prescritos 
simultaneamente para um mesmo indivíduo ou 
dois ou mais medicamentos sem indicação 
precisa na rotina do idoso). Aumenta o risco de 
efeitos adversos dos medicamentos e das 
associações entre eles, como quedas, 
hospitalização, institucionalização, mortalidade 
e outros. Boa parte pode ser descontinuada ou 
trocada por substância equivalente. 
• Medicamentos inapropriados: várias 
ferramentas têm sido utilizadas para se avaliar 
a prescrição de medicamentos a pacientes 
geriátricos em razão do risco potencial desses 
fármacos. Entre elas se destacam a lista de 
Beers; a Improved Prescribing in the Elderly 
(IPET) e as ferramentas Screening Tool of 
Older Person’s Prescriptions (STOPP) e 
Screening Tool to Alert Doctors to the Right 
Treatment (START). Com o auxílio dessas 
ferramentas, fica mais fácil identificar 
medicações que podem ser inapropriadas ou 
suspensas, ou ainda as que devem ser 
prescritas. 
• Subutilização de medicamentos apropriados: 
algumas medicações apropriadas são 
subutilizadas, o que se observa em casos de 
não aderência ao tratamento e da 
subprescrição. 
• Não aderência ao tratamento: entre os diversos 
fatores associados à não aderência, os de 
maior influência – de acordo com a OMS – 
distribuem-se em cinco dimensões, conforme o 
quadro. 
 
 
 
 
 
 
• A baixa aderência habitualmente está 
associada a altos custos na saúde, baixa 
qualidade de vida e evoluções clínicas 
prejudiciais, devendo o médico ser também um 
fator motivacional no processo de aderência 
medicamentosa. 
 
 
 
• Subprescrição: 
a relação entre 
polifarmácia e 
subprescrição já 
está bem 
estabelecida. A 
possibilidade de 
subprescrição 
cresce com a 
polifarmácia, e o 
subuso de 
prescrições 
formais pode 
chegar a 64% 
dos casos. 
 
 
 
 
 
3 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
• Existem teorias cobre a questão conhecida 
como risco paradoxal do tratamento, em que se 
deixa de prescrever medicamentos importantes 
e indicados, prescrevendo-se medicamentos 
menos importantes e até questionáveis quanto 
à relação custo-benefício e ao risco de efeitos 
colaterais. 
• Além dos fatores já considerados, deve-se 
ressaltar a dificuldade de se aplicarem as 
evidências sobre efetividade e segurança dos 
tratamentos farmacológicos nos idosos frágeis. 
Isso se deve aos seguintes fatores: 
✓ Frequentemente, os trabalhos com 
idosos excluem aqueles com múltiplas 
comorbidades. Felizmente, percebe-se 
redução dos trabalhos em que a idade 
é critério de exclusão. Entretanto, a 
representatividade dos idosos e das 
mulheres nos trabalhos ainda é 
relativamente baixa. 
✓ Número insuficiente de informações 
sobre o efeito das drogas nos idosos;✓ Carência de estudos sobre as 
consequências das alterações 
fisiológicas e funcionais decorrentes da 
senescência; 
✓ O potencial de efeitos adversos 
aumenta com o número de drogas (6% 
quando o idoso usa duas drogas, 50% 
com cinco drogas e 100% com oito 
drogas ou mais); 
✓ A adesão ao tratamento reduz o 
aumento do número de drogas 
prescritas (aproximadamente 80% 
quando se usa uma droga, 50% com 
três drogas e 20% com seis ou mais 
drogas); 
✓ Dificuldade de previsão do real 
benefício de uma intervenção quando 
há inúmeras possibilidades de 
interação droga-droga, droga-doença; 
✓ Inexistência de um sistema capaz de 
coletar, analisar, processar e 
disseminar as informações sobre os 
efeitos das drogas na população idosa, 
especialmente após aprovação da 
medicação. 
• Com efeito, é importante frisar que a iatrogenia 
não ocorre exclusivamente na população 
idosa. Todavia, dada a fragilidade desses 
indivíduos, a repercussão das práticas médicas 
é maior que nas outras faixas etárias. 
 
Farmacocinética das drogas no 
idoso 
• Todos os medicamentos sofrem alguns 
processos farmacológicos ao entrarem em 
contato com o organismo. Tais processos 
recebem influência das alterações fisiológicas 
e patológicas do envelhecimento e das 
comorbidades associadas. 
• O conhecimento da farmacocinética (“o que o 
corpo faz com a droga”) e da farmacodinâmica 
(“o que a droga faz no corpo”) nos idosos é 
essencial para uma prescrição racional, 
evitando-se, assim, a iatrogenia. 
 
 absorção 
• O processo de 
absorção das drogas nos idosos é pouco 
influenciado pelo envelhecimento, 
trazendo repercussões mínimas na 
prescrição, exceto em idosos mais frágeis 
e com polifarmácia. Nestes, o uso 
concomitante de drogas que reduzem o pH 
gástrico pode prejudicar a absorção de 
determinadas drogas. 
• Por outro lado, alguns cuidados devem ser 
obedecidos: 
- algumas drogas são capazes de alterar a 
palatabilidade dos alimentos, causando 
inapetência e perda de peso: fluoxetina, 
digoxina, inibidores da ECA, sulfato 
ferroso, anticolinérgicos, etc. 
- nos idosos dementados, o comprimido ou 
cápsula pode ficar mais tempo na cavidade 
oral, aumentando o risco de irritação e 
erosão local. 
- disperistalse esofágica comumente 
associada ao envelhecimento pode 
favorecer a permanência de comprimidos 
na luz esofágica, aumentando o risco de 
reações locais, como, por exemplo, com os 
bifosfonados (alendronato, etc...). 
 
 
 
 distribuição 
 
• O nível sérico das drogas depende da 
composição dos compartimentos corporais e 
das características físico-químicas e 
moleculares das drogas. 
• A meia vida é diretamente proporcional ao 
volume de distribuição e inversamente 
proporcional à velocidade de depuração da 
droga. 
• O volume de distribuição é a quantidade da 
droga no corpo a uma dada concentração. É 
especialmente importante para as drogas que 
inicialmente são administradas com dose de 
ataque. 
• Tendo em vista a redução da quantidade de 
água e o aumento proporcional de tecido 
 
4 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
adiposo, via de regra as drogas hidrofílicas se 
distribuem num menor compartimento, 
enquanto que nas drogas lipofílicas ocorre o 
contrário. 
• As drogas ácidas circulam ligadas à albumina 
e as drogas básicas ligam-se à α1-ácido 
glicoproteína. 
 
 
 
Metabolização 
e excreção 
• Com o envelhecimento, ocorrem alterações na 
eliminação pré-sistêmicas (1ª passagem 
hepática), metabolização hepática e eliminação 
renal. A redução do efeito da primeira 
passagem hepática aumenta a 
biodisponibilidade das drogas lipossolúveis, 
como o propranolol, nitrato, metildopa, morfina, 
nortriptilina, etc. 
• Além disso, o clearence hepático não se faz 
pela eliminação da droga (excreção biliar), e 
sim pela inativação das drogas. A 
biotransformação hepática é fundamental para 
as drogas altamente lipofílicas, que 
apresentam difícil excreção renal. 
• Com o envelhecimento, ocorre o 
comprometimento da biotransformação 
hepática, secundário às seguintes alterações: 
- redução de 35% do fluxo sanguíneo hepático; 
- redução do tamanho do fígado (35%); 
- redução do conteúdo, afinidade e atividade 
das enzimas hepáticas (sistema microssomal 
hepático): algumas drogas são indutoras do 
clearence microssomal hepático (omeprazol, 
rifampicina, fenitoína, fumo, etc), enquanto 
outras têm efeito inibidor (cetoconazol, 
fluoxetina, paroxetina, amiodarona, cimetidina, 
etc), aumentando o risco de interação droga-
droga. 
• Fase I: METABOLISMOS OXIDATIVOS 
Drogas metabolizadas pela fase I são 
comprometidas com o envelhecimento, 
reduzindo o clearence dessas drogas (20-40%) 
e aumentando a sua via média. Reações 
mediadas pelo CYP450. Ex.: diazepam, 
morfina, levodopa, nortriptilina etc. 
• Fase II: REAÇÕES DE CONJUGAÇÃO 
As drogas metabolizadas pela fase II sofrem 
pouca influência do envelhecimento. 
Metabólitos geralmente são 
farmacologicamente inativos. 
• O envelhecimento renal, associado às 
comorbidades comuns no idoso, compromete o 
clearence das drogas, aumentando o risco de 
toxicidade daquelas excretadas pelos rins, 
como digoxina, cimetidina, aminoglicosídeos, 
furosemida, metformina, ranitidina, 
vancomicina, procainamida, inibidores da 
enzima conversora, lítio, amantadina, 
Clorpropamida, entre outras. 
• A queda do clearence de creatinina não é 
acompanhada por uma elevação proporcional 
da creatinina sérica, provavelmente pela 
redução concomitante da massa muscular 
(sarcopenia). Assim, a dosagem sérica de 
creatinina não reflete adequadamente a 
função renal. 
 
Farmacodinâmica das drogas nos 
idosos 
• A farmacodinâmica das drogas está modificada 
pelas alterações dos mecanismos de controle 
homeostático e alterações nos receptores e 
pós-receptores ligadas ao envelhecimento. 
Ambas são agravadas pela presença de 
comorbidades e/ou drogas. 
• As principais alterações de controle 
homeostático são: 
- controle da pressão arterial: mais tendência à 
hipotensão ortostática (5 a 33% dos idosos) por 
disfunção dos barorreceptores, agravadas pelo 
uso de anti-hipertensivos, neurolépticos, 
tricíclicos, benzodiazepínicos, 
antiparkinsonianos, etc; 
- menos atividade colinérgica central: mais 
tendência à confusão mental e ao delirium, 
agravado pelo uso de drogas como a teofilina, 
drogas anticolinérgicas, betabloqueadores, 
hipnóticos, etc; 
- comprometimento do controle postural: mais 
tendência a quedas, agravada pelo uso de 
psicotrópicos, particularmente os 
benzodiazepínicos de média e longa duração 
(lipossolúveis); 
- comprometimento da termorregulação, 
agravado pelo uso de neurolépticos, 
barbitúricos, álcool; 
- redução da função dopaminérgica: mais 
sensibilidade extrapiramidal (antivertiginosos, 
metoclopramida). 
• As principais alterações no receptor e pós-
receptor ligadas ao envelhecimento são: 
- hiporresponsividade α e β-adrenérgica (down 
regulation): menos efeito anti-hipertensivo dos 
simpaticolíticos (os miócitos senescentes 
respondem mais lentamente à estimulação β-
adrenérgica); 
- menos atividade do sistema renina-
angiotensina-aldosterona; 
- aumento da sensibilidade anticolinérgica: 
risco mais alto de confusão mental, retenção 
vesical, fecaloma, constipação intestinal; 
- comprometimento dos quimiorreceptores: 
risco mais alto de depressão respiratória; 
 
5 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
- aumento da sensibilidade ao warfarin, 
opioides e benzodiazepínicos (sedação, 
confusão mental, ataxia e comprometimento 
cognitivo). 
 
2. Analisar os problemas mais prevalentes 
relacionados ao processo de prescrições de 
medicamentos para idosos. 
• A utilização de drogas no idoso está associada 
a várias complicações, que podem ser 
agrupadas em reações adversas e 
complicações associadas à suspensão súbita. 
• Outros problemas que não podem ser 
desprezados referem-se aos erros por 
omissão, em que drogas comprovadamente 
eficazes não são utilizadas (p.ex.: disfunção 
sistólica e inibidores da enzima conversora). 
• Dosessubterapêuticas, reações 
idiossincráticas, prescrição ininteligível são 
problemas comuns na prescrição para idosos. 
• Estima-se que até 50% das prescrições para o 
idoso sejam inapropriadas. Todo sintoma ou 
sinal recente, sem causa aparente, deve ser 
inicialmente atribuído à reação adversa a 
drogas, especialmente os sintomas 
relacionados no quadro 33.10. 
• O idoso é particularmente vulnerável ao efeito 
anticolinérgico. O neurotransmissor acetilcolina 
é fundamental para o funcionamento adequado 
de vários sistemas fisiológicos principais. Com 
o envelhecimento, há redução progressiva do 
tônus colinérgico. Portanto, o uso de drogas 
com ação anticolinérgica deve ser evitado no 
idoso. 
• Os efeitos anticolinérgicos mais precoces são 
a xerostomia (boca seca) e o prejuízo na 
sudorese. Progressivamente, apresenta 
aumento da sede, taquicardia e midríase 
pupilar. E, posteriormente, a toxicidade 
anticolinérgica manifesta-se pela presença de 
retenção urinária, agitação, alucinações, 
convulsões, arritmias cardíacas e bloqueios de 
condução intracardíacos. 
Efeitos anticolinérgicos 
✓ Sistema nervoso central: sonolência, fadiga, 
irritabilidade, desorientação, delirium; midríase, 
“visão borrada” pela perda da acomodação, 
glaucoma de ângulo fechado 
✓ Coração: taquicardia 
✓ Sistema respiratório: Inibição da secreção 
nasal, faringe e brônquios, resultando em 
ressecamento da mucosa do trato respiratório, 
comprometendo o clearence mucociliar 
✓ Sistema gastrintestinal: inibição das 
glândulas salivares (xerostomia), lentificação 
do esvaziamento gástrico e motilidade 
intestinal (trânsito intestinal lento e 
constipação), redução da secreção gástrica 
✓ Sistema urinário: diminuição do tônus e 
amplitude da contração da musculatura da 
bexiga (músculo detrusor) 
✓ Glândulas sudoríparas: inibição da diaforese 
 
 
6 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
• As principais drogas associadas a reações 
adversas secundárias à suspensão súbita são: 
benzodiazepínicos, antidepressivos, anti-
hipertensivos (inibidores da enzima conversora 
e clonidina), β-bloqueadores e 
antiparkinsonianos (levodopas). 
• A prescrição medicamentosa para idosos deve 
seguir recomendações rigorosas. Entre elas: 
- a monitorização rígida das drogas 
(aminoglicosídeos, digoxina, teofilina, lítio, 
fenitoína, ácido valproico e warfarin); 
- o cuidado com o “ímpeto da prescrição de 
drogas” – a receita como resposta 
indispensável numa consulta médica; 
- o respeito à regra “se não souber o que deve 
ser feito, nada faça. Aguarde mais tempo. 
Estude e discuta melhor o caso”; 
- evitar a polifarmácia sempre que possível; 
- a polipatogenia e a polifarmácia exigem a 
presença de um gerenciador médico capaz de 
avaliar o paciente como um todo; 
- evitar a prescrição de sintomáticos para tratar 
reações adversas a outras drogas (cascata 
iatrogênica) 
 A cascata de prescrição ocorre quando se 
prescreve um primeiro fármaco e, por efeitos colaterais, 
prescreve-se um segundo medicamento para reverter os 
efeitos adversos do primeiro, o qual não foi ou não pode ser 
suspenso. 
- evitar a continuidade do uso de drogas 
indicada por curto tempo, como no caso de 
antivertiginosos; 
- evitar drogas mais lipofílicas e metabolizadas 
durante a fase I da biotransformação hepática; 
- simplificação do regime terapêutico; 
- iniciar devagar e progredir lentamente; 
- sempre questionar se a droga é realmente 
necessária; 
- sempre rever os diagnósticos; 
- qualquer sintoma recente deve ser atribuído 
ao uso de drogas, até que se prove o contrário; 
- sempre solicitar ao paciente trazer todos os 
medicamentos prescritos e não prescritos 
(automedicação); 
- revisão regular da prescrição. 
 
 
 
 
• As reações medicamentosas adversas (RMAs) 
do tipo A resultam de efeitos fisiológicos 
esperados embora indesejados ou exagerados 
do fármaco. Por exemplo, os β-bloqueadores 
podem causar bradicardia, que resulta em 
síncope. As RMAs do tipo B, que são menos 
comuns, resultam de efeitos idiossincráticos 
não relacionados com os alvos fisiológicos 
usuais do fármaco, por exemplo, anafilaxia à 
penicilina. Em idosos, as RMAs do tipo A 
frequentemente se originam da interação de 
um fármaco e características subjacentes do 
paciente. 
• Para muitos idosos, a questão não é se está 
tomando muitos ou poucos remédios, mas se 
ele está tomando os remédios certos 
considerando as suas doenças, suas 
preferências e a capacidade de adesão ao 
tratamento. 
• Os desvios de um esquema ideal podem ser 
vistos como problemas de uso excessivo (uso 
de fármacos quando não há necessidade de 
uma farmacoterapia), uso errado (uso de um 
fármaco quando há uma melhor alternativa 
disponível) e subuso (o não uso de um fármaco 
que seria benéfico). 
A. Uso excessivo e uso errado: é comum que os 
fármacos sejam continuados por muito tempo 
após não serem mais necessários. Por 
exemplo, aproximadamente metade dos 
pacientes que iniciam tratamento com 
inibidores da bomba de prótons para profilaxia 
de úlcera de estresse durante a permanência 
hospitalar mantêm essa medicação após a alta 
por nenhum motivo definido. 
Vários critérios explícitos, chamados 
comumente de “lista de fármacos a serem 
evitados”, foram desenvolvidos para identificar 
medicações e situações terapêuticas que são 
potencialmente inadequadas para idosos. 
B. Subuso: embora o uso inadequado de 
fármacos seja discutido comumente em idosos, 
de igual importância é o subtratamento de 
condições que poderiam ser ajudadas pela 
farmacoterapia. Os idosos têm menos 
probabilidade de receber medicações 
indicadas do que suas contrapartes mais 
jovens, mesmo após responsabilizar-se pelas 
contraindicações a essas terapias. O medo 
excessivo de causar eventos adversos, a 
distração por outros aspectos clínicos, uma 
sensação de futilidade e uma sutil 
discriminação contra idosos provavelmente 
contribuem para esse padrão. Além disso, 
condições tratáveis costumam ser 
subdiagnosticadas em pacientes idosos, e 
sintomas como dor, fadiga e humor deprimido 
podem ser atribuídos incorretamente a “ficar 
velho”. 
Os critérios START (ferramentas de 
rastreamento para alertar os médicos para o 
tratamento correto) são critérios de consenso 
que identificam o subuso potencial de 
medicações benéfica em idosos. 
 
 
7 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
Drogas e seus efeitos iatrogênicos em idosos 
→ AINES: podem causar IR; sangramento do TGI. 
Deve-se limitar seu uso a situações clínicas em que são 
absolutamente necessários, com menor dose em 
menor tempo possível. 
Analgésico alternativo: Acetaminofen, pode ser usado 
seguramente no idoso. 
Relaxantes musculares: pouco tolerados. Podem 
provocar hipotensão ortostática, depressão do SNC e 
ação anticolinérgica. 
→ Analgésico opioide: Meperidina e propoxifeno, 
risco maior de delirium. 
→ Antibióticos: ajustar dose com clearence renal para 
não causar lesão renal. 
→ Anticolinérgicos: idosos são mais sensíveis aos 
efeitos devido ao declínio na neurotransmissão 
colinérgica central (visão embaçada, xerostomia, 
constipação, retenção urinária, taquicardia, hipotensão 
ortostática, delirium). A nortriptilina é mais segura para 
o idoso. 
→ Antidepressivos e antipsicóticos: produzem 
efeitos anticolinérgicos em idosos. Os ADs são 
metabolizados mais lentamente em idosos. O aumento 
do volume de distribuição e o metabolismo retardado 
dos ADs promovem uma série de consequências. Entre 
elas, aumenta da concentração do fármaco, taxa de 
depuração prolongada e aumenta da meia-vida. O uso 
de antipsicóticos tem potentes efeitos extrapiramidais, 
anticolinérgicos e risco alto de discinesia tardia. 
→ Bloqueadores de H2: cimetidina e ranitidina 
interferem com metabolismo hepático de drogas, 
aumentando a toxicidade de drogas que são 
metabolizadas no fígado (propranolol, lidocaína, 
warfarin). 
Todos os bloqueadores de H2 podem causar confusão 
mental nos idosos. Usar doses menores devido a 
menor excreção renal ou trocar por alternativas menos 
tóxicas.8 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Benzodiazepínicos 
 
 
• São comumente empregados na clínica diária 
para o tratamento dos distúrbios de ansiedade 
e do sono em pacientes idosos. Fármaco 
hipnótico/psicotrópico. 
Não recomendados para idosos: Lorazepam 
>3,0 mg/dia; alprazolam > 2mg/dia; 
Diazepam, clorazepato; flurazepam; 
• Os BZDs de ação prolongada dependem do 
metabolismo oxidativo e têm sua eliminação 
prolongada em idosos, pois estão 
envolvidos nas reações de 
biotransformação da fase I, que estão 
diminuídas nos pacientes geriátricos 
portadores de doenças comprometedoras da 
função hepática.Como resultado, os BZDs 
podem acumular-se nos pacientes idosos e 
atingir níveis tóxicos, evidenciados por 
sinais e sintomas de confusão, fala ininteligível, 
dispnéia, falta de coordenação e fraqueza 
acentuadas. 
• A avaliação do peso corpóreo, da massa 
magra, do clearance de creatinina e da função 
hepática é imprescindível para a prescrição de 
BZDs em idosos, especialmente os de longa 
meia-vida (flurazepam, 74 horas; diazepam, 
43 horas; e quazepam, 39 horas). 
• Recomenda-se usar dosagens menores de 
BZDs e intervalos maiores entre as 
administrações para idosos.Além disso, é 
indicado o uso de BZDs de curta duração 
(lorazepan, alprazolam), se for necessário. 
• Existe um receptor GABAérgico que é um canal 
seletivo de cloreto. Nesse receptor, liga-se o 
GABA (de modo geral, neurotransmissor 
inibitório do SNC). Ao se ligar a esse 
neurotransmissor, esse receptor se “abre” e 
permite a entrada de íons cloreto (Cl-) – canal 
seletivo de cloreto – canal operado por ligante. 
Como já se estudou na fisiologia, a entrada de 
íons com carga negativa dentro da célula 
promove uma hiperpolarização. Isso significa 
que a célula ficará mais negativa que o normal, 
portanto, mais difícil de gerar um potencial de 
ação. 
• Os BZP (assim como o álcool e os 
barbitúricos), por sua vez, tem mesmo efeito 
final que o do neurotransmissor GABA. Esses 
fármacos se ligam ao receptor GABAérgico em 
um sítio específico* (diferente do sítio do 
GABA, ou seja, não competem pelo sítio), 
aumentando, pois, a afinidade do receptor pelo 
GABA, permitindo a entrada de íons Cl- 
(cloreto) e dificultando a geração de um novo 
potencial de ação. 
• Propriedades farmacológicas dos BZP: 
- Aumenta a frequência de abertura dos canais 
de Cl-; 
-Sedação; 
 
9 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
-Hipnose; 
-Redução da ansiedade; 
-Relaxamento da musculatura (a contração 
muscular é feita por Ach, mas existem 
interneurônios GABAérgicos que se ligam a 
receptores colinérgicos fazendo sinapses; a 
hiperpolarização também acontece em celular 
musculares); 
-Amnésia anterógrada; 
- Atividade anticonvulsivante (associado). 
• Características: 
- Os BZP não são antidepressivos; eles 
sedam e induz o sono se for utilizado sozinho, 
ele piora o quadro de depressão; 
- Utilizados em casos agudos de ansiedade; 
por exemplo: morte de um parente; 
- Ação sobre o sono REM (diminui); 
- Adjuvante anestésico -> para induzir o sono 
no paciente – NÃO tem ação anestésica; isso é 
feito através da hiperpolarização, com isso, a 
dose de anestésico pode ser menor porque 
dificulta a deflagração de potencial de ação; 
- São dependentes de GABA porque ele não é 
capaz de estimular a liberação desse. 
 
Metaclopramida 
 
• O cloridrato de metoclopramida (PLASIL) é um 
produto de síntese original dotado de 
características químicas farmacológicas e 
terapêuticas peculiares, sua substância ativa 
metoclopramida é quimicamente o cloridrato de 
N-dietilaminoetil-2-metoxi-4-amino-5-
clorobenzamida. 
• A metoclopramida, antagonista da dopamina, 
estimula a motilidade muscular lisa do TGI 
superior, sem estimular as secreções gástrica, 
biliar e pancreática. O efeito na motilidade não 
é dependente da inervação vagal intacta, 
porém, pode ser abolido pelas drogas 
anticolinérgicas. 
• Seu mecanismo de ação é desconhecido, 
parecendo sensibilizar os tecidos para a 
atividade da Ach. Aumenta o tônus e amplitude 
das contrações gástricas (especialmente 
antral), relaxa o esfíncter pilórico, duodeno e 
jejuno, resultando no esvaziamento gástrico e 
no trânsito intestinal acelerados. Aumenta o 
tônus de repouso do esfíncter esofágico 
inferior. 
• Movimentos anormais ou perturbados foram 
relatados em pacientes idosos tratados por 
períodos prolongados. Entretanto, não há 
recomendações especiais sobre o uso 
adequado desse medicamento. 
• Contraindicações: 
- Em pacientes com antecedentes de 
hipersensibilidade a Metoclopramida ou a 
qualquer componente da fórmula. 
- Em que a estimulação da motilidade 
gastrintestinal seja perigosa, como por 
exemplo, na presença de hemorragia 
gastrointestinal, obstrução mecânica ou 
perfuração gastrointestinal. 
- Em pacientes epiléticos ou que estejam 
recebendo outras drogas que possam causar 
reações extrapiramidais, uma vez que a 
frequência e intensidade destas reações 
podem ser aumentadas. 
- Em pcts com feocromocitoma, pois pode 
desencadear crise hipertensiva, devido à 
provável liberação de catecolaminas 
do tumor. Esta crise hipertensiva pode ser 
controlada com fentolamina. 
- Em pacientes com histórico de discinesia 
tardia induzida por neurolépticos ou 
Metoclopramida. 
- Em combinação com levodopa devido a um 
antagonismo mútuo. 
 
Cinarizina 
• A cinarizina é um 
medicamento antagonista do cálcio. São 
derivadas da piperazina e, além de bloquear os 
canais lentos de cálcio, também bloqueiam os 
receptores H1 da histamina e possui atividade 
antisserotoninérgica. 
• Age como um vasodilatador cerebral. Além 
deste antagonismo direto ao cálcio, a cinarizina 
diminui a atividade contrátil das substâncias 
vasoativas, como a norepinefrina e a 
serotonina, através do bloqueio do receptor dos 
canais de cálcio. O bloqueio do influxo celular 
de cálcio é tecido-seletivo, e resulta em 
propriedades anti-vasoconstritoras sem efeito 
na pressão sanguínea e frequência cardíaca. 
• Indicações: 
- Distúrbios circulatórios cerebrais: 
profilaxia e tratamento dos sintomas de 
espasmo vascular cerebral e arteriosclerose 
como tontura, zumbido no ouvido, cefaleia 
vascular, falta de sociabilidade e irritabilidade, 
fadiga, distúrbios do sono como despertar 
precoce, depressão de involução, perda de 
memória falta de concentração, incontinência e 
outros distúrbios devidos à idade; sequelas de 
traumas cranioencefálicos; sequelas funcionais 
pós-apopléticas; enxaqueca. 
- Distúrbios circulatórios periféricos: 
profilaxia e tratamento dos sintomas que 
acompanham os distúrbios circulatórios 
periféricos (arteriosclerose, tromboangeite 
obliterante,doença de Raynaud, diabete, 
acrocianose, etc), tais como: claudicação 
intermitente, distúrbios tróficos, pré-gangrena, 
úlceras varicosas, parestesia, câimbra noturna, 
extremidades frias. 
- Distúrbios do equilíbrio: profilaxia e 
tratamento dos sintomas dos distúrbios do 
equilíbrio (arteriosclerose labiríntica, 
irritabilidade do labirinto, Síndrome de 
Menière), tais como vertigem, tontura, 
zumbido, nistagmo, náuseas e vômitos; 
profilaxia dos distúrbios de movimento. 
• Após várias semanas de tratamento, idosos às 
vezes apresentam pequenos problemas de 
movimento como tremor, leve rigidez muscular 
ou pernas inquietas. Casos de agravamento ou 
 
10 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
aparecimento de sintomas extrapiramidais, 
às vezes associados com sentimentos 
depressivos foram relatados. Em tais casos o 
tratamento deve ser descontinuado. 
• Como os outros anti-histamínicos, pode causar 
desconforto gástrico, e a administração do 
medicamento após as refeições pode diminuir 
a irritação. 
• Em pacientes com DP, a cinarizina deve ser 
administrada apenas se os benefícios forem 
superiores aos possíveis riscos de 
agravamento da doença. 
• Pode causar sonolência, especialmente no 
início do tratamento. Portanto, deve-se tomar 
cuidado com o uso concomitante de álcool ou 
depressores do SNC. 
• Contraindicação:em caso de 
hipersensibilidade a cinarizina ou aos 
excipientes da fórmula. 
 
3. Comparar a nova lista de BEERS (2019) com as 
anteriores e identificar as tecnologias e 
ferramentas utilizada para avaliar a qualidade 
das prescrições de medicamentos na população 
geriátrica. 
• A prescrição farmacológica é o desenlace mais 
comum de uma consulta médica e representa 
o principal tipo de intervenção terapêutica. A 
escolha do medicamento apropriado para cada 
doença em particular é um processo complexo, 
pois é essencial que a prescrição seja 
clinicamente efetiva, segura e tenha uma 
relação custo-benefício satisfatória. 
• Uma prescrição inapropriada abrange o uso de 
medicamentos que apresentam um risco 
significante de evento adverso, quando há 
evidência de alternativa igual ou mais efetiva e 
com menor risco para tratar a mesma condição. 
• Além disso, a prescrição inapropriada inclui o 
uso de medicamentos em uma frequência ou 
um período maior do que os clinicamente 
indicados, o uso de múltiplos medicamentos 
que possuem interações medicamentosas ou 
medicamento-doença e, sobretudo, a 
subutilização de medicamentos benéficos que 
são clinicamente indicados, mas não são 
prescritos por discriminação da idade ou 
razões ilógicas. 
• A adequação da prescrição em idosos tem sido 
avaliada por meio de instrumentos que utilizam 
critérios implícitos, baseados em julgamentos 
clínicos, ou explícitos, que são fundamentados 
em padrões predeterminados. Esses últimos 
são os mais utilizados na prática clínica e em 
pesquisas, pois são mais fáceis de serem 
aplicados, sem grande interferência de um 
julgamento clínico pessoa. 
• Na prática, são instrumentos baseados na 
verificação de uma lista de medicamentos 
considerados potencialmente inapropriados 
em condições ou situações específicas. 
• As listas de medicamentos potencialmente 
inapropriados (MPI) para idosos mais citadas e 
utilizadas são os Critérios de Beers, 
desenvolvido nos Estados Unidos, e o 
Screening Tool of Older Persons’ 
Potentially Inappropriate Prescriptions 
(STOPP), elaborado na Irlanda. 
• Ambos foram desenvolvidos por meio do 
consenso de uma equipe de especialistas 
nacionais, composta, dentre outros, por 
geriatras, farmacologistas e farmacêuticos 
clínicos, utilizando a técnica de Delphi. 
• Desenvolvidos em 1991 para instituições de 
longa permanência, os Critérios de Beers 
foram os pioneiros. Após revisões e 
atualizações posteriores, foram adequados 
para aplicação em diversos cenários. Como, 
porém, esses critérios apresentavam algumas 
limitações – como a inclusão de medicamentos 
que já eram na época raramente utilizados e 
indisponíveis na maioria dos países europeus, 
em 2008, foi desenvolvido na Europa a primeira 
versão do STOPP. 
• Nesses critérios, os medicamentos/classes 
farmacológicas foram agrupados por sistemas 
fisiológicos, incluindo casos de interações 
fármaco-fármaco, fármaco-doença e de 
prescrição duplicada de medicamentos de 
mesma classe. 
• Mais recentemente, em 2012 e 2015, foram 
publicadas as novas versões dos critérios de 
Beers. Esses incluem listas de 
medicamentos/grupos farmacológicos que 
devem ser evitados em todos os idosos, 
aqueles que devem ser evitados em idosos 
com determinada condição clínica e os que 
devem ser utilizados com precaução. 
• A abordagem baseada em evidências, com 
recomendações segundo a qualidade de 
evidência e a força de recomendação, bem 
como a adição de medicamentos 
recentemente comercializados e a exclusão 
daqueles em desuso são alguns pontos 
positivos das novas versões. 
• Uma vez que essas ferramentas requerem 
revisões constantes, o STOPP também foi 
recentemente atualizado e expandido em sua 
última versão publicada em 2015. 
• Podem ser utilizados ferramentas que 
rastreiam medicamentos potencialmente 
inapropriados, a exemplo do STOPP, bem 
como aquelas que indicam medicamentos 
inicialmente omitidos, como a START. 
• O propósito desses instrumentos é melhorar a 
qualidade e a segurança da prescrição para 
idosos. Embora os critérios de Beers e o 
STOPP apresentem semelhanças e algumas 
recomendações em comum, na tomada de 
decisão quanto à prescrição de medicamentos 
para idosos indica-se seu uso complementar e 
combinado. 
• Por outro lado, devido às diferenças na 
disponibilidade dos fármacos, assim como em 
relação às diferentes condutas prescritivas 
adotadas, esses instrumentos têm sido 
adaptados em muitos países. 
• A American Geriatrics Society (AGS) lançou a 
atualização de 2019 dos critérios de Beers, a 
 
11 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
qual foi publicada em 29 de janeiro de 2019. Os 
critérios de 2019 contêm 30 medicamentos ou 
classes farmacológicas que devem ser, em 
geral, evitados em idosos, e 40 medicamentos 
ou classes farmacológicas que devem ser 
usados com cautela ou evitados para alguns 
pacientes com doenças ou enfermidades 
específicos. Dois critérios foram acrescentados 
em resposta à crise dos opioides – não 
prescrever opioides junto com 
benzodiazepínicos ou gabapentinoides. 
• Oito anticonvulsivantes, oito medicamentos 
para insônia e os vasodilatadores para síncope 
foram excluídos dos critérios. Alguns desses 
medicamentos foram retirados porque os 
problemas associados ao seu uso não são 
exclusivos dos pacientes idosos. Dois 
medicamentos – ticlopidina e pentazocina – 
foram omitidos por já não estarem disponíveis 
nos EUA. 
Excluídos dos critérios 
• Os antagonistas dos receptores H2 foram 
retirados dos critérios porque as evidências 
sobre seus efeitos adversos nos pacientes com 
demência são fracas. Esses medicamentos, 
indicados para o tratamento do refluxo 
gastroesofágico, ainda podem ser usados para 
pacientes com delirium. 
• Os quimioterápicos carboplatina, cisplatina, 
vincristina e ciclofosfamida foram excluídos 
porque o grupo de especialistas os consideros 
“especializados demais” e fora do escopo dos 
critérios. 
“Use com cautela” 
• A associação de dextrometorfano e quinidina 
deve ser utilizada com cautela, por ter eficácia 
limitada no alívio dos sintomas 
comportamentais da demência nos pacientes 
sem transtorno da expressão emocional 
involuntária (ou afeto pseudobulbar), e porque 
pode aumentar o risco de quedas e interações 
medicamentosas. 
• A rivaroxabana deve ser usada com cautela 
para tromboembolia venosa ou fibrilação atrial 
em pacientes com mais de 75 anos, em função 
do risco de quedas e interações 
medicamentosas. 
• A associação de sulfametoxazol-trimetoprima 
pode aumentar o risco de hiperpotassemia nos 
pacientes com diminuição da função renal, que 
estejam tomando inibidores da enzima 
conversora de angiotensina ou bloqueadores 
dos receptores de angiotensina. 
• Carbamazepina, mirtazapina, oxcarbazepina, 
serotonina, inibidores da recaptação da 
norepinefrina, inibidores seletivos da 
recaptação de serotonina, antidepressivos 
tricíclicos e tramadol devem ser usados com 
cautela, pois podem causar ou exarcebar a 
síndrome da secreção inapropriada do 
hormônio antidiurético. Os níveis de sódio 
devem ser monitorados de perto ao prescrever 
esses medicamentos. 
• O ácido acetilsalicílico para prevenção primária 
da doença cardiovascular ou do câncer 
colorretal merece atenção especial entre os 
pacientes com mais de 70 anos, e não mais de 
80 anos, porque novos dados mostraram uma 
redução na idade em que há aumento do risco 
de sangramento nos pacientes idosos. 
• Inibidores da recaptação da serotonina e da 
norepinefrina devem ser prescritos com cautela 
para pacientes com risco de quedas ou de 
fraturas. 
Outras novidades 
• Para a doença de Parkinson, a recomendação 
de evitar todos os antipsicóticos foi revista, e 
passa a aceitar a quetiapina, a clozapina e a 
pimavanserina. 
• Em caso de insuficiência cardíaca, os 
antagonistas dos canais de cálcio e os não di-
hidropiridínicos não devem ser prescritos para 
os pacientes com diminuição da fração de 
ejeção. Os anti-inflamatórios não esteroides, os 
inibidores da COX-2,as tiazolinedionas e a 
dronedarona devem ser prescritos com cautela 
para pacientes sem sintomas de insuficiência 
cardíaca. 
• Macrolídios (exceto a azitromicina) ou o 
ciprofloxacina não devem ser prescritos junto 
com a varfarina pelo risco de sangramento. 
• O ciprofloxacina e a teofilina não devem ser 
associados, devido ao aumento da toxicidade 
da teofilina. 
• Para pacientes com diminuição da função 
renal, o uso de ciprofloxacino está associado 
ao aumento do risco de ruptura de tendão e 
aumento dos seus efeitos no sistema nervoso 
central. O uso de sulfametoxazol-trimetoprima 
está associado a piora da insuficiência renal e 
hiperpotassemia. 
 
Atualização dos Critérios de Beers AGS 2019, 
para medicações potencialmente 
inapropriadas em idosos – SBGG 
 
Disponível em: https://www.sbgg-sp.com.br/atualizacao-dos-
criterios-de-beers-ags-2019-para-medicacoes-
potencialmente-inapropriadas-em-idosos/ 
 
• Cada um dos cinco tipos de critérios na 
atualização de 2015 foi mantido nesta 
atualização de 2019: 
1) medicamentos que são potencialmente 
inapropriados na maioria dos idosos; 
2) aqueles que normalmente devem ser evitados em 
idosos com certas condições; 
3) medicamentos para serem usados com cautela; 
4) interações medicamentosas; e 
5) ajuste da dose de droga com base na função renal. 
 
• Os métodos utilizados para a atualização de 
2019 do AGS Beers Criteria® foram 
semelhantes aos utilizados em 2015, com 
ênfase adicional na extensão do rigor do 
processo de revisão e síntese de evidências. O 
 
12 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
painel de especialistas compreendeu 13 
clínicos e incluiu médicos, farmacêuticos e 
enfermeiros que participaram naquela data. A 
busca na literatura ocorreu no Pubmed e 
Cochrane Library de janeiro de 2015 a 30 de 
setembro de 2017. 
Resultados: Os resultados foram apresentados 
em tabelas de acordo com os 5 tipos de 
critérios utilizados 
 
Tabela 2: Medicamentos que são 
potencialmente inapropriados na maioria 
dos idosos 
• Antagonistas do receptor H2 foram removidos 
da lista de medicamentos a serem evitados em 
pacientes com demência ou declínio cognitivo, 
pois suas evidências sobre efeitos cognitivos 
são fracas. No entanto, essas medicações 
permanecem na lista dos “evitados” em 
pacientes com delirium. 
 
Tabela 3: Medicamentos que normalmente 
devem ser evitados em idosos com certas 
condições 
• Esta tabela mostra que os inibidores de 
receptação serotonina-norepinefrina foram 
adicionados à lista dos medicamentos a serem 
evitados em pacientes com história de quedas 
ou fraturas. 
• Os antipisicóticos devem ser evitados em 
idosos com Parkinson, exceto quetiapina, 
clozapina e pimavanserina. 
• Medicamentos a serem evitados em idosos 
com insuficiência cardíaca foram 
reorganizados. As recomendações atualizadas 
são de que os bloqueadores dos canais de 
cálcio não diidropiridínicos devem ser evitados 
em idosos que tenham insuficiência cardíaca 
com fração de ejeção reduzida; o uso de 
antiinflamatórios não esteroides (AINEs), 
inibidores da ciclooxigenase-2, 
tiazolidinedionas (“glitazonas”) e dronedarona 
devem ser usados com cautela em idosos com 
insuficiência cardíaca assintomáticos (bom 
controle dos sinais e sintomas da insuficiência 
cardíaca, com ou sem uso de medicamentos) e 
evitar o uso em idosos sintomáticos; e que o 
cilostazol deve continuar a ser evitado em 
pacientes idosos com insuficiência cardíaca de 
qualquer tipo. 
 
Tabela 4: Medicamentos para serem usados 
com cautela 
• O limite de idade para utilização da aspirina 
como prevenção primária de doença 
cardiovascular foi reduzida para 70 anos ou 
mais. Este critério também foi expandido para 
abranger o uso da aspirina como prevenção 
primária do câncer colo retal. Importante, este 
critério não se aplica ao uso da aspirina para 
prevenção secundária de qualquer doença. 
• Além do cuidado já existente com a 
dabigatrana, os critérios atualizados enfatizam 
o uso de rivaroxabana para tratamento de 
tromboembolismo venoso ou fibrilação atrial 
com idade igual ou superior a 75 anos. 
• O tramadol foi adicionado à lista de 
medicamentos associados a hiponatremia ou 
síndrome de secreção inapropriada do 
hormônio antidiurético. Os agentes 
quimioterápicos carboplatina, ciclofosfamida, 
cisplatina e vincristina foram removidos dessa 
lista porque o painel achou que a prescrição 
dessas drogas altamente especializadas 
estava fora do escopo dos critérios. 
• Os vasodilatadores foram removidos, pois 
síncope não é exclusiva dos idosos. 
• A combinação dextrometorfano/quinidina foi 
adicionada à tabela “usar com cuidado” com 
base na eficácia limitada em pacientes com 
sintomas comportamentais de demência, 
aumentando o risco de quedas e interações 
medicamentosas 
• A combinação sulfametoxazol-trimetroprim 
(SMX-TMP) deve ser usada com cautela por 
pacientes com função renal reduzida e uso de 
inibidor da enzima conversora de angiotensina 
(IECA) ou bloqueador do receptor de 
angiotensina (BRA) devido ao risco aumentado 
de hipercalemia. 
 
Tabela 5: Medicamentos com interações 
medicamentosas entre as drogas 
• As novas recomendações incluem evitar o uso 
de opioides concomitantemente com 
benzodiazepínicos e também com gabapentina 
e pregabalina devido ao risco aumentado de 
sedação excessiva e parada respiratória. 
• O antibiótico SMX-TMP em combinação com 
fenitoína ou varfarina aumenta o risco de 
toxicidade da fenitoína e de sangramento da 
varfarina, respectivamente. Os macrolídeos, 
(excluindo azitromicina) e o ciprofloxacina 
quando em combinação com a varfarina 
aumentam o risco de sangramento. Ainda, o 
ciprofloxacina, quando em combinação com 
teofilina aumenta o risco de toxicidade da 
teofilina. 
• O uso simultâneo de uma combinação de três 
ou mais agentes do sistema nervoso central 
(antidepressivos, antipsicóticos, 
benzodiazepínicos, não-benzodiazepínicos, 
antagonistas dos receptores 
benzodiazepínicos, antiepilépticos e opioides) 
e aumento do risco de queda foi colocado em 
uma única recomendação ao invés de 
recomendações separadas para cada classe 
de drogas. A recomendação para se evitar o 
uso concomitante de medicações que 
aumentam o potássio sérico foi ampliada para 
abranger uma gama mais ampla desses 
medicamentos. 
 
Tabela 6: Medicamentos que necessitam de 
ajuste da dose de droga com base na função 
renal 
• Dois antibióticos foram adicionados à 
necessidade de ajuste de dose de acordo com 
a função renal: ciprofloxacina, devido a 
 
13 
 
Marcella Carvalho 2021.2 
preocupações com os efeitos sobre o SNC e 
ruptura de tendões, e SMX-TMP por 
agravamento da função renal e hipercalemia. 
• O dofetilide foi também adicionado por causa 
das preocupações de prolongamento do 
intervalo QT corrigido e torsade de pointes. 
• O edoxabano deve ser evitado em clearance 
menor de 15 mL/min. 
 
• A revisão dos critérios de Beers têm várias 
limitações. A evidência dos benefícios e danos 
causados pelas medicações em idosos é 
muitas vezes limitada, particularmente a partir 
de ensaios clínicos randomizados, e assim as 
decisões sobre a composição dos critérios 
foram frequentemente feitas no contexto das 
evidências mais disponíveis, em vez de 
definitivas. Além disso, os enquadramentos de 
avaliação das evidências não estão 
perfeitamente ajustados para a avaliação da 
segurança de medicamentos. 
 
4. Analisar criticamente o uso indiscriminado de 
vitaminas e outras substâncias usadas em 
terapia anti-envelhecimento, os Anti-Age ou 
Anti-Aging. 
• O envelhecimento do organismo é um 
processo natural, contínuo, progressivo e 
irreversível. Os efeitos da passagem do tempo 
estão presentes em todas as células, tecidos, 
órgãos e sistemas. Tais alterações 
manifestam-se por mais limitação na execução 
das atividades do cotidiano e por mais 
vulnerabilidade às agressões do meio interno e 
externo. 
• Não se pode falar, portanto, em incapacidade 
definida como a impossibilidade de se manter 
a independênciae a autonomia. O 
envelhecimento por si limita, mas não 
incapacita. Esta diferença é fundamental na 
interpretação dos sintomas e sinais 
comumente relatados pelos idosos. 
• Hereditariedade, hábitos de vida e meio 
ambiente são os principais determinantes da 
presença de incapacidade na velhice. Dieta 
equilibrada, atividade física regular, não fumar, 
evitar o excesso de álcool e cuidar do 
psiquismo são as únicas maneiras 
comprovadas de se atingir a velhice bem 
sucedida. 
• O uso indiscriminado de suplementação 
vitamínica, sais minerais e hormônios é comum 
e potencialmente perigoso. Não existem 
intervenções capazes de retardar ou impedir o 
envelhecimento fisiológico. 
• A medicina antienvelhecimento e sua prática é 
um tópico bastante controverso e que divide 
opiniões de médicos de várias especialidades 
no Brasil e no mundo. Em Ageinst Age, Vincent 
(2009) nos apresenta quatro tipos de medicina 
antienvelhecimento: 
✓ Mitigação de sintomas: constituem 
as tentativas de esconder, retardar ou 
aliviar os efeitos do envelhecimento 
biológico. Esse tipo de medicina 
antienvelhecimento tem um grande 
potencial comercial, uma vez que nele 
se encaixam as intervenções estéticas 
e cosméticas que tem por objetivo 
preservar a aparência jovem do 
indivíduo, e, ainda, práticas profiláticas 
e compensatórias, como o uso de 
vitaminas, a prescrição de dietas e 
medicamentos que proporcionam 
vitalidade e apetite sexual aos idosos. 
✓ Aumento da esperança de vida: 
desta perspectiva, o envelhecimento 
não está ligado apenas à aparência do 
corpo, mas às condições de saúde da 
pessoa, deste modo, procura 
desenvolver técnicas que aumentem a 
extensão dos anos de vida livres de 
doenças. 
✓ Expansão da longevidade: do ponto 
de vista da biogerontologia, o 
envelhecimento (senescência celular) 
é um processo fundamental aplicado a 
todos os seres vivos, não apenas aos 
seres humanos. É uma falha técnica e, 
deste modo, uma função corporal que 
pode ser prevenida através de 
intervenção científica. 
✓ Abolição da velhice: aqui reside a 
mais polêmica concepção de velhice, 
aquela que busca de um modo ou de 
outro aboli-la ou revertê-la. Nesse 
campo, se inserem pesquisas 
relacionada à criogenia, por exemplo. 
• O princípio que norteia a medicina 
antienvelhecimento nos moldes atuais baseia-
se na ideia de que o envelhecimento é causado 
pela queda dos hormônios no organismo. Com 
base nisso, os médicos que prescrevem esse 
tipo de tratamento recomendam reposição 
hormonal, uso de hormônios bio-idênticos e 
suplementos vitamínicos e de minerais como 
forma de combater o envelhecimento. 
• Para muitos médicos, a manipulação hormonal 
e a reposição de vitaminas e minerais para 
pacientes que não sofrem de deficiência destes 
acarreta muitos riscos e, por isso, a prática 
deve ser proibida. 
• As críticas a esses tratamentos, principalmente 
os que envolvem a reposição de hormônios, 
alegam uma inversão na concepção do 
envelhecimento. Para os críticos, os níveis 
hormonais sofrem decréscimo porque 
envelhecemos, e não o contrário, que 
envelhecemos por causa da queda dos 
hormônios, como afirmam os defensores da 
medicina anti-aging. 
• Pensar no envelhecimento do ponto de vista 
apenas fisiológico, hormonal, é encarar a 
questão de modo muito simplista, e ignorar 
muitos outros fatores envolvidos no processo. 
• Há ainda os que afirmem que esses 
profissionais que divulgam essas técnicas 
 
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agem de má-fé ao oferecer uma proposta de 
jamais envelhecer. 
• Em outubro de 2012, o Conselho Federal de 
Medicina (CFM) divulgou uma medida 
condenando e proibindo a prática de terapias 
antienvelhecimento ou anti-aging, os médicos 
que não acatassem a decisão estariam sujeitos 
às punições previstas nos processos ético-
profissionais. A alegação do conselho é que 
não há comprovação científica da eficácia 
desses tratamentos. 
• Para o CFM, a promessa de retardar o 
envelhecimento através desses tratamentos é 
uma ilusão, e que o envelhecimento saudável 
é possível através da mudança de hábitos 
(adoção de uma alimentação saudável, prática 
de esportes, abandono do tabaco, uso 
moderado do álcool, entre outros). 
• Em maio de 2013, entretanto, uma decisão 
provisória suspendeu a proibição estabelecida 
pelo CFM, afirmando que a prática de medicina 
anti-aging não é antiética e que o conselho não 
tem o poder de banir a prática. A medicina 
antienvelhecimento, contudo, não é 
reconhecida como especialidade médica pelo 
Conselho federal de Medicina no Brasil. 
• A manutenção dos 
mecanismos homeostáticos depende de 
reações enzimáticas intracelulares, cujos 
produtos finais são energia (ATP) e 
radicais livres. Normalmente, a célula 
dispõe de substâncias antioxidantes 
(glutationa, catalases, selênio, cobre, 
zinco, manganês e vitaminas E, C e β-
caroteno) e de enzimas (superóxido 
dismutase, catalase glutationa peroxidase) 
que bloqueiam a ação de radicais livres ou 
impedem que eles se formem. 
• Entretanto, quando ocorre desequilíbrio 
entre a produção de radicais livres e de 
antioxidantes, instala-se o estresse 
oxidativo, que possivelmente acelera o 
processo de envelhecimento celular, 
predispondo ao surgimento precoce de 
doenças como a aterosclerose, catarata, 
degeneração macular, alguns tipos de 
câncer, algumas doenças degenerativas 
do SNC, interferindo também na resposta 
imune. 
• Sugere-se, através de evidências 
experimentais e estudos epidemiológicos, 
que substância antioxidantes são capazes 
de impedir ou acelerar a inativação dos 
radicais livres. Podem reduzir a 
intensidade dessas lesões – ou por ação 
direta com neutralização dos radicais livre 
ou ainda pela participação indireta em 
sistemas enzimáticos.
• A produção excessiva de radicais livres é 
responsável pela oxidação do LDL-
colesterol via peroxidação lipídica. A LDL-
oxidada tem ação lesiva no endotélio 
vascular, reduzindo a produção de óxido 
nítrico e aumentando a produção de fatores 
quimiotáticos para monócitos e a 
proliferação de células musculares lisas, 
além de estimular a agregação plaquetária. 
Com isto, há mais estímulo para o 
desenvolvimento da placa de 
aterosclerose, além de facilitar a ruptura da 
placa e trombose local. 
• A utilização de vitamina E, vitamina C e β-
caroteno para redução do risco de doença 
cardiovascular tem suscitado interesse 
tanto da comunidade científica como do 
público em geral.
• A degeneração macular está entre as 
principais causas de cegueira nos idosos. 
A etiopatogenia da doença ainda é 
bastante desconhecida, mas 
possivelmente está associada à produção 
excessiva de radicais livres na mácula. 
• A deficiência de 
vitamina D é um fenômeno mundial. A 
vitamina D está envolvida, prioritariamente, 
no funcionamento do sistema músculo-
esquelético, regulando o metabolismo do 
cálcio e fósforo, juntamente com o 
paratormônio e a calcitonina. 
• Sua produção depende basicamente da 
exposição solar (radiação ultravioleta B – 
UVB). Nos vegetais, os raios UVB 
produzem o ergocalciferol (vitamina D2, 
enquanto que a vitamina D3 (colecalciferol 
D3) é de origem animal e sintetizada na 
pele, graças à conversão do 7-
deidrocolesterol cutâneo. Mais de 90% da 
vitamina D provém da síntese cutânea.
• Com o envelhecimento, há redução 
significativa da produção de vitamina D3, 
superior a 50%, quando comparado com 
adultos. Além disso, há mais resistência à 
ação do calcitriol (forma ativa da vitamina 
D).
• Há menos ativação renal da 1,25Oh2-
vitaminaD3, mais resistência à supressão 
renal pelo PTH, mais resistência intestinal 
à ação renal da forma ativa, com redução 
da absorção intestinal do cálcio.
• Na natureza, a 
vitamina A pode ser encontrada na sua 
forma pré-formada e na forma pró-vitamina 
A. O retinol é sua forma pré-formada e de 
origem animal, encontrada em alimentos, 
como o óleo de fígado de peixe, fígado, 
gema de ovo, leite e derivados. A vitamina 
A de origem vegetal ou carotenoides é a 
forma conhecidacomo pró-vitamina A e 
está presente nos vegetais de cor amarela, 
alaranjada e verde escura. 
• O nível sérico considerado seguro ainda 
não está definido, pela grande variabilidade 
do seu controle homeostático e pela 
 
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dificuldade de definição de toxicidade 
crônica. Com o envelhecimento, observa-
se aumento da taxa de absorção de 
vitamina A, elevando o risco de 
Hipervitaminose, agravado ainda mais por 
disfunções hepáticas (presentes nos 
idosos). 
• A hipovitaminose é bastante rara em 
adultos e idosos. Nos países em 
desenvolvimento, as fontes de vitamina A 
são de origem vegetal, pró-vitamina A, a 
qual não apresenta toxicidade, ao contrário 
da vitamina pré-formada, pois necessita ser 
convertida em retinol, por reação 
metabólica autocontrolável. Além disso, 
são parcialmente absorvidas (20-50%), 
dependendo do indivíduo e de outros 
componentes da alimentação, ainda pouco 
definidos. 
 
• A vitamina B12 e o ácido fólico participam 
ativamente, como co-enzimas, de várias 
reações metabólicas envolvidas no processo 
de mielinização e hematopoiese. A deficiência, 
isolada ou conjunta, está associada a diversas 
alterações hematológicas, neuropsiquiátricas e 
à hiperhomocisteinemia. Devem ser dosados, 
rotineiramente, nos idosos. 
• A hipovitaminose B12 resulta, basicamente, de 
dois mecanismos: dieta e má-absorção. Outras 
causas mais raras incluem deficiências 
congênitas, como a deficiência de 
transcobalamina, etc. A gastrite crônica auto-
imune ou anemia perniciosa é responsável por 
20 a 50% dos casos em idosos. 
• As principais manifestações clínicas são nos 
seguintes sistemas: 
- sistema hematopoiético: anemia, 
macrocitose, hipersegmentação neutrofílica, 
plaquetopenia, neutropenia, pancitopenia; 
- sistema nervoso central e periférico: déficit 
cognitivo, demência, depressão, mania; 
polineuropatia sensitiva (sensibilidade 
vibratória e/ou posicional), ataxia, distúrbios da 
marcha, instabilidade postural, sinal de 
Babinksy, etc. A deficiência de B12 e ácido 
fólico está comumente associada à Doença de 
Alzheimer, agravando a incapacidade 
cognitiva; 
- sistema digestivo: glossite, dispepsia, dor 
abdominal, distúrbios do funcionamento 
instetinal, aumento de LDH, icterícia, etc. 
• A deficiência de vitamina B12, ácido fólico e 
vitamina B6 está associada à elevação dos 
níveis séricos de homocisteína. A 
hiperhomocisteinemia está sendo considerada 
fator de risco de aterosclerose e suas 
complicações, via injúria endotelial, inflamação 
vascular, oxidação do LDL, além da ação pró-
coagulante e pró-agregação plaquetária. 
• A administração excessiva de ácido fólico, por 
sua vez, pode precipitar manifestações 
neuropsiquiátricas resultantes de deficiência da 
vitamina B12. Esse feito não é só resultante do 
mascaramento dos efeitos hematológicos da 
hipovitaminose B12, retardando o diagnóstico, 
mas também por um desvio da cobalamina das 
reações metabólicas responsáveis pela síntese 
de mielina, em favor do sistema 
hematopoiético. Recentemente, foi 
demonstrado que o consumo de altas doses de 
ácido fólico em idosos está associado a 
declínio mais rápido das funções cognitivas. 
• O envelhecimento do sistema 
endócrino resulta de alterações morfológicas e 
neuroquímicas no núcleo supraquiasmático, 
responsáveis pelo decréscimo de vários 
hormônios, tais como testosterona, hormônio 
do crescimento (GH), dehidroepiandrosterona 
(DHEA). 
• Porém, o declínio do hormônio do crescimento 
e da testosterona tem seus níveis séricos 
considerados normais. Esses hormônios têm 
sido considerados “super hormônios” e 
medicamentos “antienvelhecimento”, que 
podem influenciar favoravelmente as 
condições patogênicas nos idosos a partir das 
suas ações e até mesmo como a possível 
“fonte da juventude”. 
• As principais alterações associadas ao 
envelhecimento, como a sarcopenia e a 
osteopenia, o aumento da adiposidade e sua 
redistribuição, a maior resistência periférica à 
insulina, menos resistência aeróbica, a 
aterosclerose e até mesmo a maior tendência 
ao rebaixamento do humor podem ser 
secundárias à menor secreção de GH e IGF-1. 
• A reposição de GH/IGF-1 é promissora, em 
relação à qualidade de vida e função músculo-
esquelética. Todavia, esses benefícios não são 
superiores àqueles observados em programa 
de atividade física regular. Os efeitos adversos 
incluem retenção de sódio e água, hipertensão 
arterial, artralgia, síndrome do túnel do carpo e 
hiperglicemia. Evidências epidemiológicas 
sugerem a presença de efeito mitogênico em 
tumores como os de ovário, mama, próstata, 
colorretais, entre outros. Portanto, até o 
momento, a suplementação de GH/IGF-1 não 
deve ser recomendada a idosos. 
• Supõe-se que o declínio de DHEA com o 
envelhecimento justifique pelo menos 
parcialmente as mudanças dependentes dos 
hormônios sexuais, tais como a perda óssea e 
a massa muscular. Possivelmente, estão 
envolvidos na libido, no humor, na disposição 
geral e sensibilidade à insulina. Assim, sua 
suplementação, em teoria, pode apresentar as 
seguintes ações: aumento da força e estrutura 
muscular; melhora da cognição e do 
comportamento; redução do estresse; aumento 
da energia e da libido; aumento da massa 
 
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óssea e da função imune. A DHEA não é 
considerada droga pela FDA, mas sim 
suplemente dietético. Portanto, até o momento, 
a suplementação não deve ser recomendada a 
idosos. 
• A reposição de testosterona ainda é tema 
bastante controverso. Existem diversas 
formulações disponíveis no mercado: injetável, 
transdérmica, intranasal e oral. Todavia, até o 
momento, não dispomos de estudos suficientes 
para indicar a reposição deste hormônio, 
levando-se em conta a relação risco, benefício 
e custo. 
 
 
 
 
1. NUNES, Edgar. Princípios básicos da geriatria 
e gerontologia. 
2. NUNES, Edgar; MARINO, Marília Campos de 
Abreu; SANTOS, Rodrigo Ribeiro. Principais 
Síndromes Geriátricas. Ver Med Minas Gerais, 
2010. 
3. ALVES, Cristina Alesxandra do Nascimento. 
Dissertação de mestrado – Envelhecimento e 
longevidade na modernidade técnica: os 
desafios do prolongamento da vida. UFSE. 
2014. 
4. LEWIS, Ricki. Atualização dos critérios de Beers 
de uso de medicamentos em idosos – 
Medscape – 2019. 
5. FIGUEIREDO, Eduardo A. P. de. Iatrogenia na 
prescrição de medicamentos ao idoso. 
Programa de Atualização em Geriatria e 
Gerontologia, 2017.

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