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Intolerância e Alergia Alimentar Pediatria - Vinheta 5 Reação Adversa ao Alimento: É a reação anormal após a ingestão de alimentos ou aditivos alimentares, podendo ser tóxica (Originadas pela produção de toxinas no organismo por bactérias) ou não tóxicas (Reações de alergia e intolerância alimentar). Se essa reação é imunomediada, chamamos de alergia alimentar. Se essa reação não for imunomediada chamamos de intolerância alimentar. Intolerância Alimentar: É a alteração que pode ocorrer nos processos metabólicos de digestão e absorção de determinado alimento, por exemplo por deficiência enzimática, efeitos farmacológicos, liberação de histamina ou irritação direta do TGI, sem envolver resposta imunológica. Intolerância à lactose: Sinais e sintomas clínicos: dor abdominal, diarreia, náusea, flatulência e/ou distensão abdominal. O que é? É o resultado da má digestão ou má absorção da lactose Causas: Na congênita a pessoa não tem lactase desde o nascimento (mas isso é MUITO raro). Na genética os sintomas começam a partir dos 4 anos. Também tem a intolerância à lactose secundária a outras patologias (enterite, diarreias, ...) Obs: A absorção da lactose ocorre na borda em escova da mucosa do intestino delgado pela ação da lactase, então a lactase é facilmente afetada por qualquer agente agressor luminar. Então, diarreia viral ou bacteriana prolongada, diarreia crônica grave, doença celíaca e enteropatias, podem gerar a intolerância à lactose temporária. Com a falha da absorção os carboidratos acabam se acumulando na luz intestinal promovendo um gradiente osmótico onde água e eletrólitos também se acumulam. Quando chegam no cólon, as bactérias fazem fermentação gerando ácidos, gases, etc. Com isso, a pessoa tem diarreia com grande conteúdo líquido e com pH baixo (ácido) de intensidade variada a depender da quantidade de lactose ingerida e do grau de deficiência da lactase. Então, a criança vai apresentar: fezes líquidas, explosivas, ácidas, flatulência, borborigmo, dor abdominal e dermatite perianal (lembrar que o conteúdo é ácido). Lembrar que pode ocorrer no momento da transição do colostro para o leite maduro. Diagnóstico: O diagnóstico é clínico e laboratorial. Quando chega o paciente com diarreia aquosa e fermentativa com piora na ingesta de leite e derivados começo a suspeitar e retiro a lactose da dieta. Assim, haverá melhora do quadro clínico. Dentre os exames laboratoriais podemos citar: Exame de fezes (Medida do pH e de substâncias redutoras nas fezes), teste de absorção de lactose pela sobrecarga oral (se tiver sintomas até 48 horas após a ingestão da solução-teste pode-se considerar intolerância à lactose), teste do H2 expirado e teste genético. Tratamento: Fórmula infantis à base de leite de vaca isentas de lactose são a melhor escolha para substituir, quando necessário, o leite materno. As fórmulas infantis à base de proteína isolada de soja também são uma opção (é sem lactose, mas usa-se preferencialmente em > de 6 meses). Nos casos de deficiência congênita de lactase, excluir definitivamente a lactose. Na intolerância secundária, não deve suspender o leite materno (mesmo tendo mais lactose do que o de vaca) na diarreia aguda ou persistente, pois benefícios superam os sinais e sintomas da intolerância secundária. Também existem hoje capsulas de lactase que são ingeridas imediatamente antes da alimentação que contem lactose. Intolerância a outros carboidratos: Lactose: Encontrada em frutas, verduras, legumes e mel, mas tem sido utilizada para adoçar diversos produtos alimentares. A manifestação clínica do paciente com intolerância a esse dissacarídeo é: náuseas, gases, diarreia e dor abdominal. O consumo excessivo desse açúcar também é associado a obesidade e doença gordurosa do fígado. FODMAPS: São dissacarídeos, monossacarídeos e oligossacarídeos fermentáveis e poliois com alto poder de fermentação. Estão presentes em diferentes frutas e vegetais. Possuem baixa absorção e quando não são hidrolisados são fermentados por bactérias intestinais. Isso gera descontrole osmótico (aumenta quantidade de água luminal) e aumento da produção de gás, acarretando em alterações de motilidade, distensão abdominal, dor/desconforto e flatulências. Leptina e insulina: diminuem o apetite Grelina: aumenta o apetite Pq dizer isso? Pq a frutose tem relação direta com esses hormônios. A frutose não estimula produção de insulina e não aumenta o nível de leptina além de que inibe a supressão da grelina. O pediatra deve dar preferência à ingestão das frutas inteiras, pois os sucos naturais não contam com todo o potencial nutritivo e constituem uma fonte adicional de carboidratos. Sua retirada da dieta tem melhorado muito as queixas resultantes da fermentação Alergia Alimentar: É uma reação adversa imunologicamente mediada a uma proteína alimentar após sua ingestão, sendo os alimentos mais alergênicos em crianças o Leite de vaca, ovo, soja, trigo, amendoim, frutos do mar, nozes e peixes. A alergia a proteína do leite de vaca (APVL): É uma das mais frequentes nos primeiros anos de vida. Fatores de risco: Parto cesáreo x vaginal (microbiota protetora) AME x fórmula precoce Exposição precoce a antígenos alimentares Fator genético Carga antigênica As alergias podem ser mediadas por IgE onde as manifestações ocorrem de forma rápida após a ingestão dos alimentos (tende a ser mais permanente) e as não mediadas por IgE que tendem a manifestar-se horas após a ingestão do alimento (tende a desaparecer no primeiro ano de vida). APLV IGE MEDIADA: resposta mediada por linfócito B que produz IgE específicos contra a proteína do leite e então degranula mastócitos e ocorre a liberação de substâncias inflamatórias. Suas manifestações ocorrem no imediato ou nas primeiras 2h após a ingestão, sendo que sintomas podem ser: urticária, angioedema, rinite, broncoespasmo, anafilaxia. APLV NÃO IGE MEDIADA: resposta mediada por linfócitos T que se ativa e libera substâncias inflamatórias, ocorrendo mais tardiamente, ou seja, após 2h, 12h e até 72h após a ingestão alimentar. Sintomas podem incluir: náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia, dificuldade em ganhar peso. Manifestações clínicas: Não específicas: DRGE, constipação, cólicas, SII. Clássica: proctocolite, enteropatias, síndrome da enterocolite produzida por proteína alimentar (FPIES), esofagite eosinofílica e síndrome de Heiner FPIES: É considerada a mais grave das hipersensibilidades alimentares não mediadas por IgE. Geralmente acontece pela proteína do leite de vaca, mas tbm pode ocorrer por soja, peixe, frango e outros alimentos, sendo o desenvolvimento dos sintomas principalmente no primeiro ano de vida. Sintomas: Vômitos persistentes (intratáveis) que desidratam rapidamente. Depois de algum tempo inicia diarreia com muco e sangue e a criança evolui com palidez, choque hipovolêmico, hipotermia, hipotensão e pode haver leucocitose no hemograma. FPIES AGUDO: Toda vez que mama faz vômitos incoercíveis com hipovolemia, necessitando de internação. FPIES CRONICO: Apresenta vomito, distensão abdominal, diarreia crônica, perda de peso, dificuldade de crescimento podendo ter sangue nas fezes. PROCTOCOLITE ALÉRGICA: não se trata de alergia ao leite materno, mas de alergia às proteínas alimentares ingeridas pela mãe e presentes no leite materno Manifestações: fezes sanguinolentas (geralmente só raias), mas com estado geral satisfatório e ganho de peso adequado. Também pode apresentar cólica, irritabilidade e choro excessivo. NÃO DEVEMOS SUSPENDER O LEITE MATERNO, MAS ORIENTAR A DIETA DE RESTRIÇÃO PARA A MÃE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ENTEROPATIA ALÉRGICA: acontece geralmente nos primeiros meses de vida, após o desmame e no início das formulas com leite de vaca ou soja. Pode apresentar de forma insidiosa com diarreia crônica, eritema perianal,distensão abdominal, vômitos, anemia, perda de peso e insuficiência do crescimento. SINTOMAS LEVES: apresentam irritabilidade, cólica, vomito, refluxo, recusa alimentar, muitos gases com distensão abdominal, diarreia, constipação, vários sintomas inespecíficos ao mesmo tempo. Podem ter prurido na pele, muco ou sangue nas fezes. APLV EM CRIANÇAS MAIORES: Pode apresentar irritabilidade, constipação intestinal crônica refratária a tratamentos habituais, síndrome da alergia oral (mediada por IgE) com edema dos lábios, intumescimento da língua, prurido e inchaço palpebral após contato com alérgeno. Diagnóstico da APVL: Suspensão da proteína do leite da vaca por 2 a 4 semanas e realização do teste de provocação oral (realização necessária) Pesquisa de anticorpos IgE específicos para o leite da vaca Teste de provocação com alimento duplo-cego Orientações maternas: Ler rótulos Verificar risco de contaminação cruzada Preferir produtos embalados diretamente pelo fabricante e não os frios fatiados em padarias Tratamento lactentes em fórmula: Em pacientes que usam fórmulas a base de leite de vaca ou soja, recomenda-se a mudança dessas para as fórmulas extensamente hidrolisadas (FeH). Se o caso for muito grave ou refratário está indicada a fórmula de aminoácidos (FAA) A partir do 6º mês pode ser tentado leite de soja (alergia cruzada). Não recomendada a sua utilização em crianças abaixo de 6 meses de idade Como são essas fórmulas? Indicações de uso de fórmula de aminoácidos: Sinais e sintomas que não tenham resolvido com a fórmula de proteína extensamente hidrolisada Anafilaxia grave Enteropatia grave com hipoalbuminemia e déficit de crescimento
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