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WEBCONFERÊNCIA 1 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA UNIDADE 1 • Exame físico e inquéritos alimentares UNIDADE 2 • Inquéritos alimentares e avaliação nutricional de crianças UNIDADE 3 • Avaliação nutricional de crianças UNIDADE 4 • Avaliação nutricional de adultos, idosos e gestantes Exame físico • Semiologia nutricional • Pacientes internados na clínica médica: é possível detectar a existência de desnutrição que varia de acordo com a doença de base que apresentam e sua cronicidade • Aspectos considerados: emagrecimento, alterações no apetite, aspecto fisionômico, estado de humor, alterações dos diversos grupos musculares, formas de abdômen, evidências de perdas gordurosas e, principalmente, o significado destas alterações com relação à gravidade da doença principal. Semiologia nutricional Causas da desnutrição proteico-calórica: • Ingestão insuficiente de nutrientes • Consumo maior das reservas energéticas • Metabolismo inadequado dos nutrientes • Ou associação destes fatores • Anorexia • Síndromes de má absorção • Estados hipermetabólicos • Abuso do álcool e drogas • Baixa renda FATORES PREDISPONENTES: Desnutrição hospitalar • Prevalência alta: ~50% (Ibranutri) Semiologia nutricional é importante: A identificação e a adequada correção do estado nutricional resulta em menos complicações, menor tempo de internação e melhor qualidade de vida Semiologia nutricional – análise da expressão facial • Informa sobre a repercussão de uma determinada doença na expressão facial do paciente • Há diferenças entre o “fácies” da desnutrição aguda (aquela em que o paciente encontra-se descompensado) da crônica (há uma maior adaptação) • “Fácies agudo”: paciente parece exausto, cansado, não consegue manter seus olhos abertos por muito tempo • Músculos orbiculares palpebrais são os primeiros que se cansam • Quando estamos cansados: temos dificuldade em manter os olhos abertos • Adequada terapia de reposição nutricional já causa melhora (paciente já demonstra mudanças positivas) Semiologia nutricional – análise da expressão facial • “Fácies crônico”: paciente parece deprimido, triste, não quer muito diálogo, prefere ficar quieto no seu canto. Muitas vezes é confundido com estado de depressão • Obs.: pacientes desnutridos podem estar com depressão e vice-versa • Mas cuidado para não confundir distinção é difícil • Nutricionista + psicólogo Semiologia nutricional – análise da pele ANEMIA Sinais: • Coloração da pele regiões palmoplantares (mãos e pés) e mucosas (conjuntival e labial) Causas: • Doenças hematológicas: leucemias, linfomas • Deficiências de nutrientes: de ferro, de vit. B12, ácido fólico • Causas secundárias: hemorragias, cirrose hepática, desnutrição, insuficiência renal crônica Semiologia nutricional – análise da pele DESIDRATAÇÃO Sinais e sintomas: • Depende da intensidade • Sede intensa, fraqueza, dor de cabeça, apatia, sonolência, convulsões Causas: • Ingestão de água insuficiente • Perdas excessivas (cutânea, urinária, digestiva): vômitos, diarreia, fístulas digestivas, sudorese, poliúria • Atenção aos idosos Semiologia nutricional – pele DESIDRATAÇÃO Mahan & Escott-Stump, 2010 Semiologia nutricional – análise da pele ICTERÍCIA Sinais: impregnação por pigmentos biliares na pele e mucosas (esclerótica e sublingual) coloração amarela • Não confundir com hiperbetacarotenemia (ingestão de carotenoides) esclerótica fica com coloração normal Causas: • Icterícia colestática: obstrução das vias biliares • Sintoma: prurido (coceira na pele) depósito dos sais biliares na pele Semiologia nutricional – análise da musculatura temporal • Análise da atrofia temporal bilateralmente • Unilateral = causa neuromuscular • Significa que o paciente deixou de usar a mastigação como fonte principal de ingestão alimentar dieta hipocalórica • Qualquer pessoa que resolva fazer dieta líquida por 3 a 4 semanas (mastigação) vai atrofiar musculatura bitemporal emagrecimento imunoincopetência Semiologia nutricional – análise da bola gordurosa de Bichart • Perda bilateral da bola gordurosa de Bichart • Relaciona-se com redução prolongada da reserva calórica • Se for unilateral = sequela de paralisia facial ou perda da dentição • Atenção: a atrofia da musculatura bitemporal antecede a perda da bola gordurosa de Bichart Atrofia da Bola gordurosa de Bichart Semiologia nutricional – sinal de “asa quebrada” • Perda bilateral da bola gordurosa de Bichart + atrofia da musculatura bitemporal • Significa perda proteico-calórica prolongada Semiologia nutricional – alterações na cavidade oral Exame da língua: • Coloração (língua magenta ou esbranquiçada) def. vitaminas B • Aspecto (língua saburrosa) falta de mastigação • Presença de queilite angular (inflamação no canto dos lábios) def. Vit. C • Candidíase indicador de imunodeficiência Semiologia nutricional – alterações na cavidade oral Língua magenta Estomatite angular Semiologia nutricional – verificação das massas musculares no pescoço, tórax, dorso e membros superiores Exame do pescoço: análise das perdas musculares com exacerbação das regiões supra e infra-claviculares e da fúrcula esternal • Atrofia das regiões supra e infra-claviculares: paciente em pé, sentado ou deitado indica que já perdeu massa muscular há muito tempo perda crônica • Significa também perda da capacidade de formação adequada de anticorpos Infraclavicular Supraclavicular Fúrcula esternal Semiologia nutricional – verificação das massas musculares no pescoço, tórax, dorso e membros superiores Exame do tórax: análise da retração intercostal • Atrofia dessa região implica em menos força respiratória em situações de dispneia • Atrofia da musculatura paravertebral: reduz força de sustentação corporal dificuldade em ficar sentado paciente adota postura incorreta da coluna (cifose) e prefere ficar deitado na capacidade de expansão ventilatória pulmonar hipoventilação de bsases pulmonares maior propensão à pneumonia de base • A infecção no paciente desnutrido geralmente começa pelo pulmão ClavículaEscápula Desnutrido Eutrófico Semiologia nutricional – verificação das massas musculares no pescoço, tórax e membros superiores Exame dos membros superiores: • Atrofia da musculatura bi e tricipital • Atrofia da musculatura de pinçamento do polegar • Menos força de apreensão menor competência para ingerir alimentos sozinho Tríceps (desnutrido) Tríceps (eutrófico) Bíceps (desnutrido) Bíceps (eutrófico) Semiologia nutricional – verificação do abdome O abdome pode estar distendido (ascítico), plano ou escavado. • Escavado: paciente já está privado de alimentos há muito tempo. Já perdeu toda a sua reserva calórica tem menor imunidade • Exceção: pacientes desnutridos com insuficiência hepática (abdome distendido pela ascite) Abdômen Escavado Abdômen Ascítico Abdômen em avental Semiologia nutricional – exame dos membros inferiores Atrofia da musculatura das coxas • Principalmente na porção interna: percebido quando o paciente junta as pernas e encosta os joelhos, mas há um “vale” formado pela perda de massa muscular na sua porção medial • Reflete uma menor força em adotar o decúbito antigravitacional com isto, maior fraqueza nas pernas maior preferência pelo decúbito dorsal favorece o surgimento de infecções respiratórias Semiologia nutricional – exame dos membros inferiores Atrofia da musculatura das panturrilhas • É a mais precoce atrofia a ocorrer quando se instala o processo de desnutrição proteico-calórica, principalmente nos pacientes graves em unidades de terapia intensiva • Somada à atrofia nas coxas, favorecem o maior enfraquecimento dos membros inferiores Semiologia nutricional – pesquisa de edemas • Importante para o diagnóstico de desnutrição proteico-calórica (mais precisamente o componente proteico) • Está relacionadocom a presença de hipoproteinemia (< 5 g/dL), principalmente hipoalbuminemia (< 2,5 g/dL) • Fisiopatologia é complexa: cirrose hepática e síndrome nefrótica A pesquisa se inicia pelos pés: • Pressionar com os dedos, de modo suave, contra a estrutura óssea • Procurar a presença de uma depressão tecidual que demorará algum tempo até que volte ao normal sinal de Cacifo ou sinal de Godet Semiologia nutricional – pesquisa de edemas • De acordo com a resistência conferida à pressão, o edema pode ser classificado como: Mole, intermediário e duro • Sempre que houver inflamação Edema quente e doloroso • Edema dos estados hipoproteicos: frio, mole e indolor • Estimativa de peso com edema: Semiologia nutricional – alterações na pele, pelos e unhas • Cada vez mais raras: atualmente há melhores condições de tratamento nutricional (principalmente as relacionadas às hipovitaminoses) • Grupos de risco: • Crianças desnutridas • Etilismo crônico • Síndromes disabsortivas • Doentes crônicos hospotalizados e acamados por muito tempo • Diarreia crônica, etc. Semiologia nutricional Local Manifestações clínicas Carência Cabelo Perda de brilho, seco, quebradiço, despigmentação, fácil de arrancar PTN e zinco Face Saborreia nasolabial, edema de face B2, ferro, PTN Olhos Palidez conjuntival, xerose Ferro, B12, Vit. A, B6 Lábios Estomatite angular, queilite B2 Língua Glossite, língua magenta, atrogia das papilas gustativas B3, B2, B9, B12 Gengiva Esponjosas, sangramento Vit. C Pele Xerose, hiperqueratose folicular, petéquias, equimoses excessivas Vit. A, Vit. C, Vit. K Unhas Coiloníqueas, quebradiças Ferro Tecido subcutâneo Edema, pouca gordura PTN, calorias Crianças - Sinais Clínicos de Desnutrição Grave - MARASMO • Magreza extrema e atrofia muscular. • Perda intensa de tecido subcutâneo. • Abdomen proeminente devido à magreza. • Pele frouxa, sobretudo nas nádegas. • Peso/Idade sempre inferior ao Percentil 3. • Irritabilidade. • Apetite preservado na maioria dos casos. Crianças - Sinais Clínicos de Desnutrição Grave - KWASHIORKOR • Edema geralmente generalizado. • Perda moderada de tecido subcutâneo. • Hepatomegalia. • Cabelo fraco, seco e descolorido. • Alterações cutâneas • Peso/Idade acima de Percentil 3. • Apatia. • Anorexia Crianças - Sinais Clínicos de Desnutrição Grave – KWASHIORKOR MARASMÁTICO • Características de marasmo com edema ou sinais de Kwashiorkor. • Perda intensa de tecido subcutâneo. • Peso/Idade inferior ao Percentil 3. • Depois de curto período de tratamento apresenta características típicas de marasmo. Ferramentas de triagem nutricional Avaliação Nutricional Subjetiva Global • método de triagem nutricional proposto por Detsky et al. (1984) • proposta inicialmente para utilização em pacientes cirúrgicos os estudos desenvolvidos ao longo dessas duas últimas décadas têm mostrado a viabilidade de seu uso em outras populações. • Em doenças como insuficiência renal, oncologia e hepatopatias, a ANSG tem mostrado bonsresultados. • método amplamente utilizado, porém, considerando que é mais extenso/abrangente, e com o desenvolvimento de métodos mais simplificados para a triagem, tem sido mais utilizada como uma das etapas da avaliação nutricional e importante auxiliar para o estabelecimento do diagnóstico nutricional em adultos. Rossi, Caruso, Galante, 2015 Rossi, Caruso, Galante, 2015 Conclusão • O diagnóstico de desnutrição proteico-calórica deve ser feito com cautela e sempre associado com os diversos métodos que serão estudados nas próximas aulas • A interpretação dos achados no exame físico amplia a necessidade de divulgar este conhecimento para todos os membros da equipe multidisciplinar de terapia nutricional a fim de obtermos melhor aproveitamento da eficácia da terapia nutricional Referências • Duarte, A.C.G. Avaliação nutricional: aspectos clínicos e laboratoriais. Ed. Atheneu, 2007 • Mahan, L.K.; Escott-Stump, S.E. Krause: Alimentos nutrição e dietoterapia. 12º ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. • Rossi, L.; Caruso, L.; Galante, A.P. Avaliação nutricional: novas perspectivas, 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015
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