Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sífilis Definição A sífilis é uma doença infecciosa crônica, de contato sexual e eventualmente transplacentária, que pode provocar lesões cutâneas, mucosas, cardiovasculares e nervosas. Etiologia Treponema pallidum. Manifestações clínicas ■ Maior incidência no sexo masculino 15 a 55 anos. ■ A transmissão horizontal entre adolescentes e adultos é primariamente sexual; transmissão para o feto via placentária ou na presença de lesões genitais da mãe. ■ Fatores de risco associados: baixo nível socioeconômico, uso de crack, prostituição e infecção pelo HIV. Sífilis primária: a lesão característica é o cancro indolor na genitália, no lábio ou no anus. Aparecimento 3 semanas após o contágio e regressão espontânea. Sífilis secundária: lesões localizadas ou difusas, linfadenomegalia, sintomas gripais, 4 a 6 semanas após aparecimento de lesão primária. Resolução de 1 semana a 12 meses. Sífilis latente precoce: menos que 1 ano geralmente assintomática. ■ Sífilis latente tardia: mais que 1 ano, gomas sifilíticas na pele, mucosas, sistema esquelético e vísceras. ■ Manifestações cardiovasculares: aortite, aneurisma, regurgitação aórtica. ■ Neurossífilis: assintomática ou tabes dorsalis, sífilis meningovascular, paralisia geral, irite, coroidorretinite e leucoplaquia . Exame físico Lesão primária: lesão endurada, ulcerada, eritematosa e repleta de espiroquetas na genitália, na boca ou no ânus. Lesão secundária: rash generalizado, que pode consistir em lesões maculosas, papulosas, maculopapulosas com predominância Figura 2 Sífilis primária: cancro com bordas enduradas e fundo limpo. Figura 1 Sífilis secundária: lesões figuradas no pênis. palmoplantar, condiloma plano nas mucosas. Exame diagnostico • Sorologia não treponemica (VDRL ou RPR- quali ou quantitativo) • Testes sorológicos: testes não específicos (antilipídicos ou reagínicos) e testes específicos ou antitreponêmicos (FTA-Abs, TPHA, Elisa). • PCR Diagnóstico diferencial ■ Herpes simples genital. ■ Cancro mole. ■ Erupções medicamentosas. ■ Pitiríase rósea. ■ Sarampo. ■ Rubéola. ■ Condiloma acuminado ■ Hanseníase. Tratamento Primeira linha ■ Sífilis recente (primária, secundária e latente com menos de 1 ano de evolução): penicilina benzatina 2.400.000 UI, intramuscular, dose única. ■ Sífilis tardia, latente, cutânea e cardiovascular: penicilina benzatina 7.200.000 UI, intramuscular, administrada em 3 doses de 2.400.000 UI, por semana. Nos casos de alergia à penicilina: Doxiciclina 100 mg, VO, 12/12 horas, por 15 dias; tetraciclina 500 mg, VO, 6/6 horas, por 15 dias; eritromicina 500 mg, VO, 6/6 horas, por 15 dias; ceftriaxona, 250 mg, IM/dia, por 10 dias. Na sífilis tardia, latente, cutânea e cardiovascular: doxiciclina 100 mg, VO, 12/12 horas, por 4 semanas; tetraciclina 500 mg, VO, 6/6 horas, por 4 semanas; eritromicina 500 mg, VO, 6/6 horas, por 4 semanas. Na neurossífilis assintomática e nas formas oligossintomáticas: penicilina procaína, 600.000 UI/dia, IM, durante 20 dias. Cancro mole ( cancroide ) Definição ■ Doença infecciosa sexualmente transmissível, caracterizada clinicamente pela presenca de úlceras na região genital, anal ou ano- genital. Etiologia Haemophilus ducreyi bacilo Gram- negativo Figura 4 Sífilis secundária: lesões papulosas com descamação na região palmar. Figura 3 Sífilis secundária: lesões papulosas com descamação na região plantar. Aproximadamente 40% dos doentes não tratados progridem para sífilis terciária após períodos de latencia de 3 a 10 anos. Clínica Maior incidência no sexo masculino. ■ Alta infectividade, baixa patogenicidade e virulencia. ■ Incubacão de 2 a 5 dias. Exame físico Lesão inicial: pápula eritematosa ou vesicopustulosa, que evolui para úlcera dolorosa, rasa, de base amolecida e bordas irregulares, com halo eritematoso ao redor. No homem, localiza-se principalmente junto ao freio, sulco balanoprepucial e face interna do prepúcio. Na mulher, no fórnix, pequenos e grandes lábios, vestíbulo e clitóris. ■ Pode haver enfartamento ganglionar, com fistulização (uma única fístula). Exames diagnósticos ■ Cultura GRan - ■ Identificação: bacterioscopia, reações bioquímicas e PCR. Diagnóstico diferencial ■ Linfogranuloma venéreo. ■ Donovanose. ■ Protossifiloma. ■ Herpes simples. ■ Leishmaniose tegumentar americana. Tratamento Primeira linha • Tianfenicol 500 mg, de 8/8 horas, por 5 dias. • Tianfenicol granulado, 5 g, dose única. • Azitromicina 1 g, VO, dose única • Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única. • Eritromicina 500 mg, de 6/6 horas, por 7 dias. • Ciprofloxacino, 500 mg, dose única. Linfogranuloma venéreo ( doenca de nicolas-favere) Doença infectocontagiosa, que se manifesta por quadro inguinal clássico, podendo ocorrer envolvimento anorretal De 5 a 30% dos casos podem estar associados ao T. pallidum, originando úlceras com características comuns a ambas as doenças, de bordas infiltradas e elevadas, fundo sujo, com intensidade de dor variável (cancro misto de Rollet). Etiologia O agente etiológico é a Chlamydia trachomatis (sorotipos LI, L2 e L3), organismo linfadenotrópico. Manifestações clínicas ■ Transmitida por via sexual, de distribuição mundial ■ O pico de incidência se dá entre 20 e 40 anos, período de maior atividade sexual, sendo mais comum nos homens ■ Incubacão de 3 a 30 dias. Exame físico Estágio primário: fases iniciais/lesões precoces. A primeira lesão é pápula indolor, de 2 a 3 mm de diametro, no penis, ou pústula anogenital, que evolui para úlcera pequena e cicatriza espontaneamente. Estágio secundário (síndrome inguinal): envolvimento dos linfonodos regionais. Linfangite aguda, com linfonodos aumentados e dolorosos, conhecidos como bubões. Estágio terciário (síndrome anogenital): formas tardias com sequelas da doença. Acometem o reto e a genitália, incluindo a ele- fantíase. Mais comuns em mulheres. Exames diagnósticos • Sorologia. • Identificação da C. trachomatis no fluido do bulbão (punção aspirativa) ou material de ulceração. • PCR, microscopia de fluorescência direta ou cultura. Anatomopatológico. Diagnostico diferencial • Sífilis primária. • Cancroide. • Infecção pelo herpes simples. Infecção pelo citomegalovírus. Tratamento • Tetraciclina 250mg, VO,6/6h- 2x ao dia por 21 dias • Doxiclina 100mg, VO/ 2x dia por 21 dias Em caso de resistência: • Tianfenicol: dose inicial 5 g, seguido por 500 mg, 3x/dia, por mais 5 dias. Figura 5 cancro mole com BUBÃ0 Figura 6 Lesões ulceradas no sulco balanoprepucial acompanhadas de linfadenite supurativa inguinal. Donovanose (Granuloma ingnal ) Doença bacteriana crônica que acomete a pele e as mucosas da região genital. Clínica Transmissão controversa, relacionada a condições de pouca higiene, mais na raca negra, dos 20 aos 40 anos. Em média, período de incubação de 50 dias. lesão inicial é uma pápula ou um nódulo que rapidamente úlcera, tornando-se uma lesão ulcerovegetantes (apresentação mais comum). A partir daí, as manifestações estão diretamente ligadas às respostas tissulares do hospedeiro, originando formas localizadas ou extensas e, até mesmo, lesões viscerais por disseminação hematogênica. Por autoinoculação, surgem lesões em espelho e satélites que confluem formando grandes lesões indolores de crescimento lento e progressivo. Inicialmente, o fundo da lesão é cor de carne, recoberto porsecrecão serossanguinolenta, enquanto nas lesões antigas a secrecão é seropurulenta, de odor fétido Etiologia Calymmatobacterium granulomatis (Klebsiella granulomatis) GRAN- Exame físico A doença tem início com pápulas ou nódulos subcutaneos, que evoluem para úlceras indolores, sangrantes, de crescimento lento, podendo atingir grandes tamanhos, acometendo principalmente as dobras. Pode haver complicações como evolução para estenose vaginal, uretral e anal. Raramente ocorre disseminação para outros órgãos e a doença pode cursar com febre, toxemia e anemia. Figura 7 lesão ulcerada acometendo dobras Lesão ulcerovegetantes na região perineal. exames diagnósticos Pesquisa de corpúsculos de Donovan no Citodiagnóstico e/ou exame anatomopatológico. Microscopia eletrônica e técnicas de detecção gênica por PCR. O diagnóstico de Donovanose deve ser sempre lembrado em casos de lesões ulcerovegetantes de evolução crônica, localizadas na genitália e em áreas circunvizinhas, sem que haja comprometimento dos gânglios linfáticos regionais. É possível a coexistência de outra DST. Diagnostico diferencial Condiloma plano. ■ Carcinoma espinocelular. ■ Condiloma acuminado. ■ Tuberculose cutanea. ■ Pioderma gangrenoso. ■ Leishmaniose. Tratamento Azitromicina: 1 g, VO, no primeiro dia e depois 500 mg/dia ou doxiciclina: 100 mg, VO, 2x/dia. Gestantes: eritromicina (estearato): 500 mg, VO, 4x/dia. Referencias Azulay and medgrupo Figura 8 Donovanose sistêmica desencadeada após “operação de hemorroidas”, inclusive o paciente apresentava lesões líticas.
Compartilhar