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Síndromes Paraneoplásicas

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Constituem manifestações clínicas que não podem ser explicadas apenas pela existência de um tumor em 
determinado local (tumor primário ou metástase) ou por substâncias produzidas no órgão de origem da 
neoplasia. Dentre as causas desses eventos estão a produção de substâncias que causarão sintomas à distância 
e a depleção de substâncias normais, levando a manifestações clínicas. Elas ocorrem em cerca de 10% das 
pessoas com doenças malignas. Apesar de sua relativa infrequência, é importante reconhecer as síndromes 
paraneoplásicas, por diversos motivos: 
 Elas podem representar a manifestação mais precoce de um neoplasma oculto. 
 Em pacientes afetados, elas podem representar problemas clinicamente significativos e podem até ser 
letais. 
 Elas podem mimetizar a doença metastática e, assim, atrapalhar o tratamento. 
Manifestações endócrinas. 
As endocrinopatias são síndromes paraneoplásicas frequentemente encontradas. Por desrepressão de certos 
genes, células tumorais que não são de origem endócrina passam a produzir hormônios. Por esse motivo, fala-
se em produção ectópica de hormônios. Os exemplos mais conhecidos são: 
Síndrome de Cushing: aparece em alguns tipos de câncer, principalmente carcinoma de pequenas células do 
pulmão. Nesses casos, as células tumorais produzem ACTH ou peptídeos com atividade biológica semelhante, 
o que resulta em estimulação excessiva da cortical da suprarrenal. O precursor da corticotrofina é uma 
molécula grande conhecida como pró-opiomelanocortina. Pacientes com câncer de pulmão e síndrome de 
Cushing possuem níveis séricos aumentados de pró-opiomelanocortina e de corticotrofina. A primeira não é 
encontrada no soro de pacientes com corticotrofina em excesso produzida pela hipófise. 
Hipercalcemia: como manifestação paraneoplásica, é devida à produção de substâncias químicas com ação 
biológica semelhante à do paratormônio. Com isso, há reabsorção óssea excessiva e aumento do cálcio na 
circulação. O TGF-α, produzido por certos tumores, também é implicado na hipercalcemia, pois in vitro é 
capaz de estimular osteoclastos. O carcinoma de células escamosas do pulmão é o câncer mais associado a 
hipercalcemia. Dois processos gerais estão envolvidos na hipercalcemia associada ao câncer: (1) a osteólise 
induzida por câncer, quer seja no osso primário, tal como no mieloma múltiplo, ou metastática para o osso 
advinda de qualquer lesão primária e (2) a produção de substâncias humorais calcêmicas por neoplasmas 
extraósseos. A hipercalcemia em decorrência de metástases esqueléticas não é uma síndrome paraneoplásica. 
Diversos fatores humorais foram associados à hipercalcemia paraneoplásica da malignidade. O mais 
importante, a proteína relacionada ao hormônio da paratireoide (PTHRP), é uma molécula associada ao 
hormônio da paratireoide (PTH), mas distinta dele. A PTHRP lembra o hormônio nativo somente em sua 
extremidade N-terminal. Ela possui algumas ações biológicas similares às do PTH, e ambos os hormônios 
compartilham um receptor ligado à proteína G, conhecido como receptor PTH/PTHRP (frequentemente 
referido como PTH-R ou PTHRP-R). Diferentemente do PTH, o PTHRP é produzido em pequenas 
quantidades por muitos tecidos normais, incluindo ceratinócitos, músculos, ossos e ovários. Ele regula o 
transporte de cálcio na mama lactante e através da placenta, parecendo participar da regulação do 
desenvolvimento e da remodelação do pulmão. Os tumores mais frequentemente associados à hipercalcemia 
paraneoplásica são os carcinomas da mama, do pulmão, dos rins e de ovário. Nos cânceres de mama, a 
produção de PTHRP está associada à doença osteolítica do osso, à metástase óssea e à hipercalcemia humoral. 
Além do PTHRP, diversos outros fatores, tais como IL-1, TGF-α, TNF e diidroxivitamina D, também foram 
envolvidos na etiologia da hipercalcemia da doença maligna. 
Oncologia 
Por: ANA CLARA MELO 
Manifestações neuromusculares 
Podem surgir sinais e sintomas de degeneração cerebelar, demência, neuropatia periférica e manifestações 
semelhantes às da polimiosite e miastenia gravis. A causa dessas síndromes é pouco compreendida. Em alguns 
casos, anticorpos, presumivelmente induzidos contra os antígenos das células tumorais que fazem reação 
cruzada com antígenos dos neurônios, foram detectados. Postula-se que alguns antígenos neurais são 
expressos ectopicamente por cânceres viscerais. Por alguma razão desconhecida, o sistema imune reconhece 
esses antígenos como estranhos e monta uma resposta imunológica. 
Manifestações hematológicas 
Alguns tumores (hepatocarcinoma, hemangioblastoma do cerebelo, leiomioma uterino etc.) podem produzir 
eritropoetina e, consequentemente, eritrocitose. 
Mais importante, porém, é a anemia que acompanha muitos cânceres. Algumas vezes, há causas aparentes 
(destruição medular por infiltração neoplásica, carência nutricional relacionada com caquexia, perdas 
sanguíneas por hemorragias etc.), mas em muitos casos não se consegue estabelecer um fator causal para a 
anemia. Nestes últimos, anemia constitui manifestação paraneoplásica. 
Outra alteração hematológica é o estado de hipercoagulabilidade encontrado em pessoas com câncer. Células 
neoplásicas ou produtos de sua destruição contêm fatores pró-coagulantes que favorecem a formação de 
trombos. Aliás, trombose associada a câncer é manifestação clínica frequente e pode apresentar-se em forma 
de coagulação intravascular disseminada, endocardite trombótica abacteriana (ou marasmática, pelo estado de 
deficiência nutricional grave do paciente) ou tromboflebite migratória. Esta última é conhecida como 
síndrome de Trousseau e manifesta-se principalmente em pacientes com carcinoma pancreático ou pulmonar. 
A coagulação intravascular disseminada aguda está mais comumente associada à leucemia pró-mielocítica 
aguda e ao adenocarcinoma prostático. A endocardite trombótica não bacteriana forma vegetações fibrinosas 
não bacterianas, suaves e pequenas, formadas algumas vezes nos folhetos das valvas cardíacas (mais 
frequentemente nas válvulas do lado esquerdo), principalmente em indivíduos com adenocarcinomas 
secretores de mucina. As vegetações são fontes em potencial de êmbolos que podem complicar ainda mais o 
curso do câncer. 
Manifestações renais 
As glomerulonefrites paraneoplásicas estão associadas a diversos tumores benignos e malignos, sendo os mais 
comuns os carcinomas de pulmão e trato gastrintestinal. A lesão glomerular mais comumente associada a 
tumores sólidos é a nefropatia membranosa, apresentando-se como síndrome nefrótica que se caracteriza por 
proteinúria > 3,5 g em 24 horas por 1,73 m2, hipoalbuminemia, edema e hiperlipidemia. Outras formas de 
glomerulopatia paraneoplásicas descritas são por lesão mínima, nefropatia por IgA, glomerulosclerose focal 
e segmentar, glomerulonefrite membranoproliferativa, glomerulonefrite crescêntica, amiloidose e 
microangiopatia trombótica. 
A patofisiologia envolve a imunidade a antígenos tumorais, além de antígenos fetais e/ou virais. Em alguns 
casos, a patogênese parece estar relacionada à coagulação intravascular disseminada ou amiloidose. Em 
relação à nefropatia membranosa paraneoplásica, que é a mais frequente manifestação da doença renal 
glomerular, diversos tumores já foram descritos como causa, entretanto, os mais comuns parecem ser o câncer 
gástrico e o carcinoma broncogênico. 
A síndrome hemolítico-urêmica é encontrada, mais frequentemente, em hemangiomas e 
hemangioendoteliomas, leucemias como a promielocítica, câncer de próstata, gástrico e pâncreas. 
Manifestações cutâneas 
Dentre as doenças cutâneas que podem estar relacionadas a síndromes paraneoplásicas, podem-se citar: 
metástases cutâneas, síndrome de Sweet, acantose nigricans, doença de Paget extramamária, síndrome de 
Bazex (acroceratose paraneoplásica), dermatomiosite, eritema giratum repentino, pênfigo paraneoplásico, 
síndrome da unha amarela, doença de Cowden e outras.O tratamento dessas desordens depende do tratamento 
da neoplasia primária. 
Acantose nigricans é uma dermatose caracterizada por placas espessadas, hiperpigmentadas e localizadas 
tipicamente no pescoço, regiões flexoras e anogenital. Ela pode estar relacionada desde a desordens 
endocrinológicas a malignidades. Quando associada a essa última, tende a progredir mais rapidamente, e o 
prurido é um sintoma comum. As alterações cutâneas podem ocorrer antes, concomitante ou após o 
diagnóstico da neoplasia. O adenocarcinoma gástrico é a neoplasia mais frequentemente associada a essa 
alteração cutânea. A patogênese permanece desconhecida. Ela acomete comumente indivíduos obesos e está 
associada à resistência insulínica e endocrinopatias. A possibilidade deve ser sempre considerada em pacientes 
não obesos com rápido desenvolvimento dessa manifestação, na ausência de endocrinopatias. Nesse caso, 
recomenda-se uma avaliação extensiva do trato gastrintestinal. 
A síndrome de Bazex (acroceratose paraneoplásica) manifesta-se como uma erupção psoríase-like eritematosa 
a violácea que ocorre primariamente em superfície acral. Usualmente acomete a região das mãos, pés, nariz e 
orelhas. Essa desordem está associada a carcinomas do trato respiratório superior e digestivo. A patogênse 
ainda é desconhecida, porém o fator de crescimento epidérmico secretado pelo tumor parece estar relacionado. 
Outras manifestações 
A osteoartropatia hipertrófica aparecem em alguns cânceres, principalmente broncopulmonar. Essa desordem 
é caracterizada por: (1) formação de osso novo periosteal, primariamente nas extremidades distais dos ossos 
longos, nos metatarsos, nos metacarpos e nas falanges proximais; (2) artrite das articulações adjacentes e (3) 
baqueteamento dos dedos. A causa da osteoartropatia hipetrófica é desconhecida.

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