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Aula 7: A política educacional dos anos 90 A ideologia neoliberal, apresentada como única via para enfrentar a crise econômica nacional, ocupou paulatinamente credibilidade junto às elites brasileiras e tornou-se hegemônica a partir do governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC). A política educacional brasileira dos anos 90 foi implementada através de um conjunto articulado de reformas, com orientação do Banco Mundial, de acordo com o que preconizava tal ideologia no que tange à educação. No vídeo acima, você vê parte da campanha para reeleição de FHC (1998). Quem é o Banco Mundial? O Banco Mundial e a América Latina A crise do endividamento, vivida pelos países da América Latina a partir dos anos 80, possibilitou uma maior interferência do Banco na política interna dessas nações. Sob essa perspectiva, o Banco Mundial, no final dos anos 80, formulou um conjunto de reformas a serem aplicadas nos países endividados para atender às necessidades de expansão do capital internacional. Essas reformas, que ficaram conhecidas como “Consenso de Washington”, defendiam principalmente: a) o equilíbrio orçamentário mediante a redução dos gastos públicos; b) a abertura comercial; c) a liberalização financeira; d) a desregulamentação dos mercados internos; e) a privatização das empresas e dos serviços públicos. Embora esses países pudessem enfrentar recessão e aumento da pobreza num primeiro momento de implantação das reformas, só assim, afirmava o Banco, seria possível retomar o crescimento econômico. Enfim, retomar o desenvolvimento sustentável. No vídeo acima, você vê o anúncio da então Ministra da Economia do Governo Collor anunciado um pacote econômico, em 16/03/1990. Economia e política social Política educacional: lógica neoliberal Funcionamento da reforma educacional Nesse sentido, as Reformas Educacionais indicadas pelo Banco Mundial apresentaram basicamente dois eixos. O primeiro voltado para uma educação racional e eficiente, capaz de reduzir os custos, o que implica na divisão de responsabilidades entre o Estado e a sociedade. O segundo, centrado na qualidade do ensino em função do diagnóstico apresentado pelo Banco acerca dos principais problemas da educação. Tais problemas estão relacionados ao acesso e permanência dos alunos na escola, crescimento acelerado da demanda de educação secundária e superior, alfabetização de adultos e aprofundamento da distância entre países da OCDE (Organização para Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e da América Latina e Caribe. Para saber mais: Sendo assim, o documento do Banco Mundial (1995) que apresenta a sua posição e a sua prioridade para esse setor propõe mudanças no financiamento e na gestão do sistema educativo, de maneira a melhorar o acesso, a equidade e a qualidade. No Brasil, o Banco Mundial ampliou sua atuação a partir da década de 80, com um maior volume de empréstimos vinculados à interferência na elaboração dos projetos educacionais, como, por exemplo, o Projeto EDURURAL, ou Nordeste I, desenvolvido entre 1980 e 1987. Mas é na década de 90, com a incorporação das recomendações provenientes das Conferências Internacionais (1990, na Tailândia; 1993, em Nova Delhi) ao Plano Decenal Brasileiro para a Educação que vamos verificar, de fato, a importância que esse Organismo Internacional assume na política educacional brasileira. Política neoliberal para a educação A concepção neoliberal que passou a orientar essa política educacional tratou a educação não mais como um direito do cidadão, mas sim como uma mercadoria. Não seria por outro motivo que, Paulo Renato Souza, um economista que foi ministro da educação nos dois governos de Fernando Henrique, tenha ocupado uma vice-presidência no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A educação ocupou um papel relevante na reforma do Estado brasileiro. Para tanto, o primeiro governo de Fernando Henrique (1995-1998) sofreu uma profunda reformulação, tomando como base o conceito de equidade social* da forma que aparece nos estudos produzidos pelos Organismos Internacionais ligados à ONU e promotores da Conferência de Jomtien. * Por equidade podemos entender a possibilidade de estender certos benefícios obtidos por alguns grupos sociais à totalidade das populações, sem, contudo, ampliar na mesma proporção às despesas públicas para esse fim (cf. Oliveira, 1999:74). Descentralização do ensino ou da responsabilidade? A “Conferência de Educação para Todos” (Março de 1990, em Jomtien) estabeleceu como orientação priorizar o ensino fundamental em detrimento dos demais níveis de ensino. Ainda, defendeu que a tarefa de assegurar a educação é de todos os setores da sociedade. De acordo com essa postura, o dever do Estado foi relativizado. A teoria na prática O eixo descentralização/racionalização tem, na municipalização do ensino e na criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF), a principal articulação do governo federal para ampliar o atendimento ao ensino fundamental, sem aumentar os recursos destinados a esse nível de ensino. O governo federal repassa aos municípios, muitas vezes as unidades mais pobres da Federação, a responsabilidade com esse nível de ensino, como bem podemos observar no quadro a seguir: Relação Administrativa 1996 1997 1998 Nº % Nº % Nº % Estadual 18.468.772 63 18.098.544 59 17.266.355 53 Municipal 10.921.037 37 12.436.528 41 15.113.669 47 Total 29.389.809 100 30.535.072 100 32.380.024 100 Texto adicional: Reforma do sistema educacional dos anos 90: breves considerações sobre os aspectos históricos, econômicos, e políticos. 1. Marque a alternativa CORRETA: A educação teve lugar de destaque nas propostas do Banco Mundial para década de 90, na América Latina. Sendo assim, o Banco orientou que: Parte superior do formulário a) a educação deveria ser entendida como um direito social; b) a educação deveria ser racional e eficiente; c) a educação deveria ser de responsabilidade apenas do Estado; d) a educação não deveria ser de responsabilidade da sociedade. 2. Marque a alternativa INCORRETA No governo de Fernando Henrique: Parte superior do formulário a) foi realizada uma completa reforma educacional; b) foi centralizada toda a política educacional; c) foi descentralizada a execução da política educacional; d) foi considerada a educação um direito de todos os cidadãos. Parte inferior do formulário 3. Marque a alternativa CORRETA: A Conferência de Educação Para Todos, realizada em 1990, na Tailândia, estabeleceu que: Parte superior do formulário a) a educação deve ser de qualidade, para todos e em todos os níveis; b) os países pobres devem priorizar o ensino fundamental; c) o ensino superior é o mais importante, pois produz ciência e tecnologia; d) os países pobres devem priorizar a educação infantil e o ensino fundamental. Parte inferior do formulário Parte inferior do formulário