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Sarcoidose: 1. Introdução: 1.1) Epidemiologia 1. Universal: acomete todas as raças, etnias e idades. 2. Pico (bimodal): adultos jovens 20-39 anos (mais acometida) e após os 55 anos 3. Incidência: 1. Europa: prevalência de 40 casos/100 mil habitantes 2. Japão: 1-2 casos/100 mil habitantes 3. Brasil: incidência intermediária - 10 casos / 100 mil habitantes 4. Predileção pela raça negra 2. Fisiopatologia (provavelmente doença autoimune): Um indivíduo com predisposição genética, quando exposto ao antígeno, desenvolve o processo inflamatório granulomatoso sistêmico, característico da sarcoidose. Fatores envolvidos que culminam na doença e manifestação: 1. Predisposição genética. 2. Exposição ao antígenos. 3. Inflamação granulomatosa sistêmica. 2.1) Fatores Genéticos Isoladas diversas alterações em portadores de sarcoidose. Relacionado muitas vezes com a etnia e com a evolução da doença. Causa um envolvimento, resolução radiográfica / cardiovascular ou renal 1. Brancos Alemães: 3p e 6p. 2. Negros Americanos: 5p e 5q. 3. BTNL 2 (6p). 4. 1p36: resolução radiográfica. 5. 18q22: envolvimento cardíaco e renal. 2.2) Antígenos (Causas Ambientais) A exposição ao antígeno deflagra o processo inflamatório granulomatoso sistêmico em indivíduo com predisposição genética: 1. Queima de lenha, pólen 2. Partículas inorgânicas ocupacionais (Obs. ataque terrorista nas torres gêmeas) 3. Inseticidas 4. Antígenos de micobactérias (Obs. portadores de sarcoidose foram encontrados diversas proteínas relacionadas a micobactérias) circulação desses antígenos no organismo era maior do que normalmente se encontra em indivíduos sem sarcoidose 3. Quadro Clínico (90% dos pacientes com acometimento pulmonar): 1. Acometimento pulmonar (Parênquima pulmonar ou de linfonodos): 1. Evolução lenta (semanas a meses) e insidiosa com sintomas inespecíficos: 2. Dispneia, Tosse, Sibilos 3. Estágios 1, 2, 3, 4. 4. Hiperreatividade brônquica: 5-83% 5. Quadro consumptivo: febre intermitente, perda ponderal, sudorese noturna, fadiga 2. Sd. Lofgren (agudo): artrite, eritema nodoso, adenopatia hilar bilateral (9 a 34% dos pacientes). 3. Extrapulmonares: pele e olhos. 4. Classificação Radiológica: A classificação radiológica define os estágios da doença (1,2,3,4) importantes para o prognóstico. 4.1) Tipo 1 (Adenomegalia) 1. Sem acometimento do parênquima pulmonar. 2. Linfonodos aumentados na região hilar/mediastinal. 3. Acometimento bilateral e simétrico. 4. Geralmente benigna: normalmente não tem sintoma e a doença regride sem tratamento. 4.2) Tipo 2 (Adenomegalia + Parênquima) 1. Acometimento bilateral e simétrico, com acometimento parenquimatoso 2. Linfonodos aumentados na região hilar 3. Nódulos bilaterais no campo médio 4. Presença de adenomegalia mostra a possibilidade de melhor evolução 5. Parte tem regressão da doença sem necessidade de tratamento 4.3) Tipo 3 (Parênquima) 1. Acometimento do parênquima significativo, havendo consolidação e presença de micronódulos difusos 2. Sem adenomegalia 3. Sintomática; sem tratamento não há regressão dos sintomas 4.4) Tipo 4 (Fibrose Pulmonar) 1. Fibrose pulmonar já estabelecida. 2. Pode ou não ter acometimento de linfonodo. 3. Diagnóstico geralmente é feito nos outros estágios. 4. Classificação exclusivamente radiológica, sem levar outros fatores em consideração. Disposições Gerais - essa classificação tem relação com o prognóstico - doença de parênquima: evolução mais difícil e severa - conforme o tipo se acentua, o prognóstico fica mais restrito - é mais fácil observar as mudanças pela tomografia - sarcoidose se dissemina pelos vasos linfáticos (se observa mudanças por onde os vasos circulam) - normalmente a superfície do vaso é lisa, mas, no caso da doença, na trajetória dos vasos se nota a presença de pequenos nódulos - geralmente micro-nódulos que se distribuem no caminho da árvore nas fissuras pulmonares, separando um lobo do outro, é o que caracteriza a doença 5. Quadro Clínico Extra-pulmonar: 5.1) Envolvimento Cutâneo 1. 25-35% dos pacientes 2. Lesões avermelhadas: máculas, pápulas e placas em grupos ou isoladamente - nuca e costas, extremidades, tronco, cicatrizes prévias e tatuagens 3. Lúpus pérnio (nariz, bochechas, lábios e orelhas) - até cartilagem e ossos 4. Lesões arroxeadas profundas, infiltrativas 5. Eritema nodoso (10%). 6. Localizados na região subcutânea; palpáveis e doloridas. 5.2) Fígado e Baço (geralmente assintomática) 1. 10% tem aumento de aminotransferases e fosfatase alcalina 2. Clinicamente silencioso/síndrome colestática 3. 5-15% dos pacientes: lesões evidenciadas em TC 4. 60%: sintomas constitucionais 5. Hipertensão portal, varizes esofágicas, síndrome hepatopulmonar e cirrose (menos de 1%) 6. Normalmente é um achado de exame 7. Raro acontecer complicações em fígado e baço 5.3) Quadro Neurológico 1. 25% dos pacientes na autópsia 2. 10% dos pacientes com sintomas clínicos 3. Paralisia de nervos cranianos (Paralisia de Bell (em especial) do facial): Cefaléia, ataxia, disfunção cognitiva, perda de força muscular e convulsões 4. Líquor: inflamação linfocítica. 5. RM com gadolínio. 5.4) Complicações Oftalmológicas (“olho vermelho e dolorido”) (mais comum depois da pele) 1. Uveíte anterior aguda em 65% dos pacientes com acometimento oftalmológico 2. Uveíte anterior crônica (glaucoma e perda visual) 3. Uveíte posterior 4. 10-15% uveíte: segmento posterior e anterior 5.5) Sarcoidose Cardíaca 1. 25% das autópsias: sarcoidose cardíaca 2. 5% dos pacientes com clínica 3. Parte do VE livre e septo interventricular (onde passa o sistema de condução elétrico) 4. Arritmias (ESV - extra-sístoles, taqui e bradiarritmias) (devem ser pesquisadas em todos os portadores de sarcoidose) 5. Cardiomiopatia (ICC) - RM e FDG PET 6. Morte súbita 5.6) Doença Renal: 1. Alterações do metabolismo da vitamina D (macrófagos): 1. macrófagos secretam hormônio que converte vitamina D em cálcio 2. influência de mediadores inflamatórios (quadro inflamatório da sarcoidose) 2. Alteração do metabolismo do cálcio 1. hipercalcemia (11%) - arritmias e morte súbita 2. hipercalciúria (40%) 3. cálculo renal (10%) 3. IRC: deposição intra-renal de cálcio 5.7) Ossos e Articulações 1. Lesões semelhantes a metástases (essas, extremamente dolorosas) 2. Geralmente são assintomáticas 3. Artralgias crônicas > artrite 4. Descobertos em exames de imagem. 6. Exames de Screening: 1. TC de tórax, espirometría 2. Hemograma, cálcio sérico, uréia, creatinina, FA, TGO, TGP 3. ECG, holter, ecocardiograma 4. Avaliação oftalmológica 5. SNC: se quadro clínico - RM, FDG, PET, LCR 7. Diagnóstico: 1. Diagnóstico depende da interação do quadro clínico, radiológico e comprovação anatomopatológica (menos invasivo possível) 2. Processo inflamatório granulomatoso 3. Biópsia transbrônquica: 85% de sensibilidade 4. do lado do brônquio (a biópsia tem boa sensibilidade) 5. FDG-PET: melhor local para biópsia 8. Evolução Clínica 1. 2/3 dos pacientes: remissão espontânea em 10 anos 2. Remissão em metade dentro de 3 anos 3. Recorrência após remissão é rara (menos de 5%) 4. Morte: menos de 5% - fibrose pulmonar, envolvimento cardíaco e neurológico 9. Tratamento Indicação de tratamento: função orgânica ameaçada 1. oftalmológico: pode haver perda definitiva da visão 2. cardiológica: ICC - arritmia e morte súbita 3. neurológica: convulsão (pode ser fatal) hipercalcemia refratária ao tratamento - corticoide sistêmico: prednisona (0,5-1 mg/kg) - reavaliar em 3 meses - tratamento 6-12 meses - tratar pacientes classificados como 3 e 4 e aqueles classificados como 2 que apresentam sintomatologia significativa
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