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Introduzindo os lanches e as técnicas // Principais lanches nacionais e internacionais Desvendando os sanduíches // Conhecer a história, tipos e processos dos sanduíches Massas folhadas // Compreender os processos da massa folhada, técnicas de preparo e produtos UNIDADE 3. O universo dos lanches Gabrielle Assunção Minuzi OBJETIVOS DA UNIDADE Analisar os lanches nacionais e internacionais; Conhecer a história dos sanduíches; Aprender os tipos de sanduíches; Avaliar as técnicas para produção dos lanches mais populares; Estudar técnicas para elaboração de massas folhadas. Introduzindo os lanches e as técnicas No dicionário, a palavra lanche é definida como uma refeição ligeira, entre o jantar, sendo também chamada de merenda. Em termos estadunidenses, lanche é associado às opções fast-food, comida rápida, ou ao termo snack, que designa um lanche ingerido rapidamente. Ou ainda, ao termo finger food, referente à comida sem o auxílio de talheres. Embora alguns lanches se valham de talheres, a maioria é deglutida sem pratos ou talheres, usando às vezes apenas um guardanapo. Uma das características mais relevantes da categoria é a praticidade, pensada para pessoas que não dispõem de tempo ou desejam funcionalidade e um preço justo para um alimento de qualidade. Historicamente, no período imperial do Brasil (1822-1889), mulheres escravizadas trabalhavam fora de casa vendendo quitutes a um preço acessível. Dessa forma, é possível supô-los como os primeiros lanches a serem comercializados no Brasil. Um fator a ser observado é que, devido ao baixo custo de produção e venda, havia e ainda há informalidade nesse trabalho, uma vez que as pessoas trabalham para obter uma renda extra. Vale ressaltar que os lanches requerem processos de higiene por parte do manipulador para que haja condições seguras para serem conservados e servidos. Nas padarias, para atrair a clientela, os lanches ocupam lugar especial, graças aos salgados fritos, como coxinha e risoles, e assados, como pastéis e empadas. Saborosos, eles cumprem um papel de saciar de forma rápida e prática. A despeito das redes de fast-food especializadas em hambúrgueres e batata frita, neste primeiro momento, a abordagem se centraliza nos lanches salgados, divididos em fritos e assados. Figura 1. Risoles de carne. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/05/2020. Risoles de carne // Ingredientes: Leite -1 L; Manteiga – 20 g; Sal – 8 g; Farinha de trigo – 500 g. // Modo de preparo: Numa panela, adicione leite, manteiga e sal; Leve ao fogo até ferver, cuidando para não derramar; Após a fervura, ponha toda a farinha, mexendo vigorosamente até a massa soltar da panela; Então, retire do fogo, coloque a panela em superfície seca e deixe-a esfriar. // Recheio: Água – 200 ml; Azeite de oliva – 40 g; Cebola - 1 unidade grande; Alho - 3 dentes grandes; Adicione 2 ovos à massa e mexa; Carne moída – 500 g; Sal – 7 g; Orégano – 10 g (opcional); Pimenta do reino preta moída – 3 g (opcional); Farinha de rosca fina para empanar – 500 g; Óleo de soja para fritar – 600 ml; 2 claras de ovos para pincelar as risoles. // Modo de preparo: Numa panela, adicione o azeite, a cebola e o alho picados; Doure por cerca de três minutos e incorpore a carne moída, de modo que ela fique uniforme, em pedaços pequenos; Complemente com sal, temperos, água e cozinhe cerca de cinco minutos ou até que a água evapore; Se necessário, ponha mais sal; Espere esfriar. // Modelagem: Sove bem a massa, abra com um rolo e corte em círculos com um cortador próprio; Insira o recheio com o auxílio de uma colher e feche apertando bem as bordas. Para tanto, é aconselhado fechar com o auxílio de um produto específico, para que não se corra o risco de abrir na fritura; Empane na clara de ovo e na farinha de rosca, frite em óleo quente a 190 graus até que doure por igual e escorra-os em papel toalha; A massa rende cerca de 50 unidades de 8 cm. Figura 2. Coxinha de frango. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/05/2020. Coxinha de frango // Ingredientes: Água do cozimento do frango – 1 l; Farinha de trigo – 500 g; Manteiga – 10 g; Sal – 10 g. // Modo de preparo: Numa panela, encha com a água de cozimento do frango, manteiga e sal; Leve ao fogo até ferver e, após a fervura, ponha a farinha aos poucos, mexendo vigorosamente até a massa soltar da panela; Retire do fogo, assente a panela em superfície seca e deixe esfriar. Recheio // Ingredientes: Água – 2 l; Azeite de oliva – 30 ml; Cebola - 1 unidade grande; Alho - 4 dentes grandes; Peito de frango – 600 g; Sal – 15 g; Salsinha fresca – 20 g (opcional); Pimenta do reino branca moída – 3 g (opcional); Farinha de rosca fina para empanar – 500 g; Óleo de soja para fritar – 600 ml; 2 claras de ovos para pincelar as coxinhas. // Modo de preparo: Numa panela, adicione azeite, cebola e alho picados; Doure por cerca de três minutos e reserve; Na mesma panela, mas com água, frango e sal, cozinhe por cerca de uma hora; Reserve 1 l da água do cozimento; Espere o frango esfriar para desfiar e, depois, volte-o para panela, ponha os temperos (pimenta e salsinha), o alho e a cebola refogados e mexa para incorporar bem. // Modo de preparo: Sove bem a massa, abra com um rolo e corte em círculos com um cortador próprio; Insira o recheio com o auxílio de uma colher no centro do círculo e una as pontas da massa, de forma a fazer a ponta da coxinha; Empane na clara de ovo e na farinha de rosca; Frite em óleo quente a 190 graus até a coxinha dourar por igual e escorra em papel toalha; A massa rende cerca de 40 unidades. A massa do risoles e da coxinha são bem semelhantes e podem ser congeladas cruas pelo período de três meses. Ao vender congelado, é necessário embalar em plástico filme, de modo que a umidade não entre em contato com a massa. O recheio é variado, sendo de presunto e queijo, legumes, queijo, carne ou frango com requeijão, cabendo ao padeiro usar da criatividade. Esses lanches fritos são apreciados nacionalmente, e o ideal é que sejam consumidos na hora, pois a fritura tende a perder a crosta crocante. Outro produto que é sucesso nas lanchonetes brasileiras é o pastel. Em formato de meio círculo ou quadrado, tem origem incerta, mas, ao que tudo indica, quem trouxe o pastel para terras brasileiras foram os imigrantes japoneses, ao adaptarem a massa de um prato japonês, o harumaki, ou rolinho primavera. Os imigrantes montaram pastelarias e, hoje, o pastel é prestigiado no Brasil inteiro e sua massa combina com diversos recheios. Figura 3. Pastel de feira. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/05/2020. Pastel frito // Ingredientes: Farinha de trigo – 500 g; Água morna – 200 ml; Óleo de soja – 10 ml; Cachaça – 20 ml; Sal – 7 g; Óleo de soja – 600 ml (ou mais, para fritar) // Modo de preparo: Num recipiente, adicione sal e 300 g de farinha; Faça um buraco no meio e coloque óleo e cachaça, com mais farinha e água aos poucos, até ter uma consistência macia. Se a massa estiver dura, mais água, se estiver pegajosa, farinha; Numa superfície enfarinhada, abra a massa com o auxílio de um rolo. Para uma massa crocante, é preciso que ela fique bem fina, com cerca de 1 cm de espessura; Os recheios são os mesmos aplicados à coxinha ou ao risole. Pastéis doces, recheados com geleias de frutas, banana com canela e goiabada com queijo, também são populares; Para fechar o pastel, é necessário o auxílio de um garfo, apertando bem a massa para que o recheio não vaze. Para o formato, se emprega um cortador redondo ou quadrado. A massa rende cerca de 15 unidades commédia de 15 cm; Para fritar pastéis desse tamanho, o óleo deve estar quente a cerca de 180 graus. Frite até que a massa fique dourada, retire e escorra em papel toalha. DICA Como se percebe não só na receita de pastel publicada no site do jornal Estadão, a cachaça é uma das bebidas mais tradicionais do Brasil e utilizada para molhos, massas e para flambar. Nas massas, ela é um dos ingredientes secretos para a receita tão querida pelos brasileiros ficar ainda mais saborosa. Ela faz com que a massa seja mais crocante e sequinha, sendo aproveitada em massas de pizza para o mesmo propósito. No tocante aos pastéis assados, há um corriqueiro na Argentina e encontrado em padarias no Brasil. As empanadas são massas grossas em formato de meio círculo, cujos recheios são múltiplos e sua finalização é feita de forma delicada com a ponta dos dedos. Figura 4. Empanadas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/05/2020. Empanada // Ingredientes: Farinha de trigo – 300 g; Banha de porco – 50 g; Ovo – 1 unidade e 1 gema (para finalizar); Páprica doce – 5 g; Sal – 5 g; Água – 200 ml. // Modo de preparo: Numa vasilha, bata ligeiramente o ovo com sal, páprica doce e água (50 ml); Adicione a farinha de trigo aos poucos, alternando com a banha de porco e agregando mais água ou farinha até a massa ficar com uma aparência lisa; Descanse a massa por uma hora e enfarinhe uma superfície para trabalhá-la; Ao chegar a uma espessura de 2 a 2,5 cm, coloque o recheio (carne, frango, porco, legumes) e, ao fechar, utilize a ponta dos dedos para fazer a finalização característica da empanada, puxando a massa de leve e torcendo- as nas pontas; Misture água (cerca de 20 ml) com a gema de ovo para pincelar a empanada; Em forma untada com óleo, asse por cerca de 30 minutos, ou até que a massa esteja dourada, na temperatura de 180 graus. De vários tamanhos e recheios, não apenas no Brasil, mas em Portugal, a empada é uma espécie de torta salgada, coberta com massa e levada ao forno. Figura 5. Empadas de frango. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/05/2020. Empada // Ingredientes: Farinha de trigo – 500 g; Ovos – 2 unidades e 1 gema; Manteiga – 120 g; Sal – 10 g. // Modo de preparo: Num recipiente, misture a farinha com a manteiga. É importante que farinha esteja gelada para manter a temperatura ideal da massa; Junte os ingredientes até obter uma farofa grossa; Acrescente sal e os dois ovos, amasse até a massa ficar homogênea e embale-a em plástico filme. // Modelagem: Abra a massa com auxílio de um rolo, deixando-a na espessura de 1 cm, para que não fique massudo; Unte as formas de empada com manteiga, corte a massa e molde-a na forma; Insira o recheio, corte a cobertura da empada e cubra a pequena massa recheada; Misture 20 ml de água e, com a gema, pincele para dourar a empada; Asse na temperatura de 200 graus ou até que a empada esteja dourada; Espere esfriar para desenformar. A mais ilustre entre os brasileiros é a empadinha com recheio de frango, porém, ela é tão versátil quanto as demais receitas, permitindo a criatividade para diversos tipos de empadas. PRINCIPAIS LANCHES NACIONAIS E INTERNACIONAIS Assim como no Brasil, os lanches são acessíveis no resto do mundo. Em Londres, há o fish and chips, iscas de peixe e batata palito frita. Em Paris, o crêpe é comido como sobremesa nos restaurantes, mas também como um lanche. O kebab, vindo do Oriente Médio, é feito de pequenos pedaços de carne assados, acompanhados de pão e molho. Na Alemanha, nos anos 60, foi criado o Doner Kebab, isto é, uma massa recheada com o kebab, conhecida como rolo de kebab. No Japão, há o okonomiyaki, panquecas grossas recheadas com fatias de bacon. Na Índia, existe a samosa, um típico pastel triangular, cuja massa leva iogurte e gergelim e cujos molhos que acompanham são à base de hortelã ou gengibre. Elas são consumidas também em algumas regiões do continente africano. Não só no Brasil, mas no resto do mundo, os lanches à base de massas são aproveitados, considerando o baixo custo para produção, análogo ao pão (farinha, água, sal). No tocante aos recheios, carnes, queijos e vegetais, variam conforme a região, e são uma questão cultural. Apesar da pluralidade, os lanches não são tão díspares assim. O que vale, quando se fala de lanches, sejam eles nacionais ou internacionais, é a praticidade e o preço acessível. Desvendando os sanduíches Adorado mundialmente, o sanduíche admite inúmeros recheios e possibilidades, mas o motivo para explicar tamanha notoriedade, além da versatilidade e praticidade, não se sabe ao certo. Entre os historiadores que pesquisam a origem dos alimentos, a maioria concorda que o sanduíche surgiu na Inglaterra, em 1762. John Montagu, o 4º Conde de Sandwich, era um grande jogador de cartas e, em meio a uma série de jogos que duravam horas, ele instruiu seu cozinheiro para preparar algo que se comesse sem interromper o jogo. O que lhe foi trazido é similar ao que se sabe hoje, dado que ele podia se alimentar com uma mão e permanecer com a outra livre para jogar, algo inspirado no mezze, prato da região do Mediterrâneo, composto de pequenas porções para petiscar antes da refeição principal, em geral de carne misturados com queijos e colocados entre camadas de pão. Contudo, os sanduíches só apareceram nos livros de receitas culinárias americanos na metade do século XVIII, pois os cozinheiros não gostavam de ter sua imagem associada às tendências culinárias britânicas. Os primeiros sanduíches eram recheados com carne de língua bovina, embora não se encontre esse sanduíche com facilidade hoje em dia. Mas o maior diferencial do sanduíche britânico do americano é que o primeiro levava carne e o segundo, presunto. Esse alimento se difundiu entre as classes trabalhadoras. No final do século XIX e início do século XX, os comerciantes encontraram no sanduíche uma forma de atrair público às tabernas — lugares onde vendiam bebidas e petiscos, equivalente ao boteco ou bar da atualidade — oferecendo o sanduíche de graça, na compra de bebidas. O recheio não era questionado, era para mastigar, engolir e saciar a fome, em razão da funcionalidade no transporte, fazendo com que ele substituísse refeições, já que não carece de talher, prato ou qualquer utensílio, ao contrário de uma refeição. Um fator que fez com que ele se perpetuasse era que o trabalhador morava longe do seu local de trabalho. Como o sanduíche é armazenável, foi aderido à rotina das pessoas que precisavam se alimentar durante a jornada de trabalho. Os sanduíches foram se transformando ao longo dos anos. Em 1840, a manteiga era espalhada nas fatias de pão e fatias finas de carne — língua, presunto ou carne branca — eram adicionadas. Em 1866, foram agregadas fatias finas de queijo, ovos cozidos e carnes defumadas. Em 1869, o molho para o sanduíche era composto por manteiga, mostarda, sal, pimenta e gema de ovo. Tudo era batido com uma pedra de gelo para manter o molho frio. Em seguida, a carne era picada em fatias finas e misturada ao molho. O canapé, um derivado do sanduíche que se alastrou na Europa, nasceu ao retirar uma das fatias de pão do sanduíche, mas mantendo o recheio. No ano de 1920, o pão com bacon e, em 1929, a combinação com tomate fizeram-se populares. Em 1935, passaram a ser desenvolvidos os sanduíches de três camadas. A forma de montar o sanduíche é a mesma desde seu advento; carne, queijo, molho e acompanhamentos. A técnica evoluiu, bem como os recheios, todavia, ao analisar sua história, se compreende que ela se manteve tradicional em muitos aspectos e seu processo de montagem segue igual. CONHECER A HISTÓRIA, TIPOS E PROCESSOS DOS SANDUÍCHES A partir do sanduíche, produtos parecidos apareceram. Um clássico americano, o hot dog, ou cachorro-quente, é um pão comuma salsicha no meio, e ingredientes misturados. Sobre a sua origem, tudo indica que, em 1860, um imigrante alemão tenha ido para Nova York e abriu a primeira carrocinha de cachorro-quente. Figura 6. Ingredientes para cachorro quente. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/05/2020. Em 1893, se iniciou a tradição de consumi-lo nos estádios de beisebol. Até 1904, as pessoas comiam apenas a salsicha cozida. Em consequência do fato de estarem quentes, luvas brancas eram emprestadas para segurar o alimento. Como a maioria delas não eram devolvidas, o comerciante teve a ideia de pedir para um padeiro criar pães redondos, do tamanho da salsicha. Apesar da história ser contestada e se acredite que vários alemães já haviam fabricado pães específicos para o cachorro-quente, ele foi sendo difundido pelo resto do mundo. Um sucesso mundial é o hambúrguer. Na Alemanha, a região de Hamburgo é famosa pela carne de qualidade. Em 1848, quando imigrantes alemães foram para os Estados Unidos, sua comida foi disseminada e, já em 1867, a carne picada ao estilo de Hamburgo foi divulgada no território americano graças os moedores de carne, inclusive de uso doméstico. Então, a carne moída em formato de bife e o hambúrguer tiveram sua ascensão. Figura 7. Sanduíche com bacon frito, alface e tomate. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/05/2020. Porém, em 1906, um jornalista mostrou a realidade dos frigoríficos, nos quais a carne moída era misturada com conservantes e outras partes da carne. Assim, o hambúrguer foi alvo das acusações e, só no ano de 1921, é que um restaurante no Kansas, com uma proposta refinada, reforçando a higiene no local, trouxe o hambúrguer como um de seus produtos. Uma das medidas tomadas pelo restaurante era moer a carne no próprio estabelecimento, algo replicado, anos mais tarde, pelas redes de fast food especializadas em hambúrguer. O hambúrguer BLT (bacon, lettuce, tomato), traduzido como bacon, alface e tomate, é um dos mais tradicionais hambúrgueres nos Estados Unidos e é um clássico no resto do mundo. Sua versão original leva pão, bife de hambúrguer, bacon, alface e tomate, mas existem versões com queijo e ovo, maionese e mostarda. Para deixar o sanduíche com uma textura extra, é recomendada a alface americana, o tomate não muito maduro e o bacon deve estar crocante. O sanduíche pode ser feito no pão de forma, de preferência, tostado. BLT // Ingredientes: Pão de hambúrguer ou pão de forma – duas fatias; Bife de hambúrguer – uma unidade (180 g); Bacon – 3três fatias médias; Alface – duas folhas; Tomate – três rodelas; Maionese e mostarda opcionais. // Modo de preparo: O hambúrguer deve ser grelhado. Para que a carne não fique ressecada, tampe para que o vapor mantenha a carne suculenta; Frite o bacon e toste o pão; Corte o tomate em rodelas grossas. // Montagem: Acrescente uma fina camada de maionese e a alface. Se as folhas forem grandes, rasgue-as com os dedos, sem desperdiçar pedaços pequenos; Coloque a alface sobre a maionese, as rodelas de tomate, a mostarda, o bife de hambúrguer e as fatias de bacon, fechando o sanduíche com outra fatia de pão. Itens trazidos por imigrantes e adaptados para cair no gosto do paladar brasileiro são comuns em lanchonetes e restaurantes. Um caso de sanduíche criado em São Paulo e célebre até fora do Brasil é o bauru, que leva a alcunha do seu criador, Casimiro Pinto Neto, cujo apelido era Bauru por ser oriundo da cidade homônima, no interior de São Paulo. Em 1937, no restaurante Ponto Chic, nasceu o bauru. O restaurante era frequentado por alunos de diversas instituições. O então aluno Casimiro Pinto Neto chamou o sanduicheiro e pediu um pão francês sem miolo, com pouco queijo. De proteína, foi incluído rosbife. Quase ao final, o aluno interveio dizendo que faltava vitamina e pediu para adicionar tomate e pepino. Ao saborear seu sanduíche, um amigo pegou um pedaço e pediu ao garçom um sanduíche como o do Bauru. As pessoas aprovaram e pediram o sanduíche, que consagrou o restaurante como local de criação de um dos sanduíches mais adorados do Brasil. Figura 8. Sanduíche bauru. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/05/2020. Bauru // Ingredientes: Pão francês – uma unidade; Rosbife – 60 g; Tomate – três rodelas; Pepino em conserva – uma unidade grande; Água – 200 g; Manteiga – 90 g; Queijo prato – 45 g; Queijo gouda – 45 g; Queijo estepe – 45 g. // Modo de preparo e montagem: Corte o pão francês, retire o miolo e coloque rosbife, tomate e pepino cortado em rodelas finas; Numa panela, bote a água para aquecer, adicione a manteiga e derreta os queijos; Quando os queijos estiverem derretidos e homogêneos, jogue-os dentro do pão, na parte sem o miolo; É servido ao meio ou inteiro. Quando se pensa em lanches que cabem na palma da mão, o pão de queijo está entre as opções. O pequeno alimento nasceu, ao que tudo indica, em terras mineiras, onde é costume oferecê-lo para acompanhar o café. À base de polvilho e queijo, surgiu a partir dos biscoitos de goma de polvilho, ingrediente que veio da mandioca, característica e abundante na culinária brasileira. Através das histórias das quituteiras, se conta que os primeiros pães de queijo eram feitos com as sobras de queijo que ficavam duras e, para que não houvesse desperdício, eram misturadas a polvilho, óleo e ovos. O pão de queijo é feito com diversos queijos, além não conter glúten. Figura 9. Pão de queijo. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/05/2020. Pão de queijo // Ingredientes: Polvilho azedo – 500 g; Leite – 200 ml; Óleo de soja – 100 g; Ovos – duas unidades; Queijo minas frescal ou queijo parmesão – 120 g; Sal – 5 g. // Modo de preparo: Deposite o polvilho num recipiente e reserve; Numa panela, introduza leite, óleo, sal e espere aquecer até ferver; A seguir, despeje a mistura quente sobre o polvilho; Mexa bem com o auxílio de uma colher e acrescente os ovos, a fim de agregar todos os ingredientes; Junte o queijo ralado, retire a massa do recipiente para poder trabalhá-la em superfície enfarinhada; Sove até que ela fique macia e homogênea. // Modelagem: Enrole pequenas bolinhas de 30 g com a palma da mão. É recomendável passar um pouco de óleo na mão para auxiliar na moldagem; Disponha os pães em assadeira enfarinhada e asse na temperatura de 200 graus por 20 minutos ou até que os pães estejam dourados; Eles são modelados em tamanhos maiores, ajustando a temperatura para cerca de 180 graus, a fim de que eles fiquem bem assados. ASSISTA A animação produzida pela Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, ajuda a conceber como funciona a fabricação de queijo minas frescal, matéria-prima do pão de queijo e que, assim como ele, é um representante da culinária nacional. Os lanches possuem semelhanças, como os sanduíches, cuja base é um carboidrato, seja ele num pão francês, de cachorro-quente ou de hambúrguer, lembrando ainda dos pastéis e empanadas, com recheios envoltos por massas. Com o wrap, isso não é diferente. De origem árabe, a massa de pão folha ganhou admiradores pelo mundo inteiro, por ser leve, o, que combina com recheios como saladas, legumes e carne branca. Figura 10. Kebabs. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/05/2020. Pão folha // Ingredientes: Farinha de trigo – 500 g; Água – 350 ml; Sal – 7 g; Óleo – 20 g. // Modo de preparo: Numa superfície própria para trabalhar a massa, adicione farinha, sal e óleo, misturando a água aos poucos; Sove a massa até que ela fique macia e homogênea; Coloque mais água ou farinha até que a massa não fique dura nem pegajosa; Descanse a massa por uma hora e embale em plástico filme. // Modelagem: Abra a massa com auxílio de um rolo, numa superfície enfarinhada; Divida a massa em bolas para auxiliar no formato final, com uma espessuracerca de 1,5 cm; Utilize o cortador para dar forma ao pão, por volta de 25 cm de diâmetro; Uma dica para cozinhar a massa é que a chapa ou frigideira deve estar em temperatura bem quente, mas é aconselhado untar com pouco óleo; O pão fica por cerca de quatro minutos de cada lado e, quando fizer bolhas, vire a massa Massas folhadas A massa folhada é uma massa leve, não fermentada e com grande quantidade de gordura intercalada entre as camadas de massas, técnica que lhe dá uma textura crocante, aproveitada em doces e salgados. Tem sua origem provável no Egito, na época do Império Novo. Na Europa, seu uso teria se desenvolvido pelo francês Claude Lorrain, que trabalhou como cozinheiro, antes de se tornar pintor. Não obstante, quase 30 anos antes, o cozinheiro espanhol Domingo Hernández de Maceras, autor do Libro del arte de cocina, já descrevia uma massa folhada muito semelhante à que se consome atualmente. Um produto feito com a massa é o croissant que, embora seja associado à culinária francesa, tem sua origem em terras austríacas. Segundo a lenda, ele foi criado em Viena, no ano de 1683, quando o Império Otomano tentava entrar na Europa. Ao não conseguir entrar pela frente, o exército cavou túneis para chegar ao centro da cidade. No entanto, os padeiros da cidade de Viena trabalhavam arduamente, preparando pães para todos. Numa das noites de trabalho, eles ouviram o barulho do exército inimigo e alardearam para o restante da cidade. Dessa maneira, os invasores turcos não obtiveram sucesso na tentativa de ataque. Como forma de recompensa, os padeiros pediram para criar algo que remetesse à vitória e criaram pãezinhos em forma de meia-lua, símbolo representado na bandeira turca. O gesto faria com que o povo vienense, ao comer o pãozinho, estaria simbolicamente destruindo seus inimigos. CURIOSIDADE O croissant chegou às terras francesas levado por Maria Antonieta, austríaca que se tornou rainha consorte da França depois de casar com Luís XVI em abril de 1770. Apesar de ambos terem sido mortos pela Revolução Francesa, o croissant faz parte do hábito alimentar francês até os dias de hoje. Figura 11. Fazendo massa folhada. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/05/2020. Croissant // Ingredientes: Leite – 225 ml; Fermento biológico fresco – 15 g; Açúcar – 15 g; Sal – 8 g; Manteiga amolecida – 40 g; Farinha de trigo – 400 g; Manteiga – 225 g. // Modo de preparo: É empregado o método direto, isto é, todos os ingredientes são misturados; Primeiro, o leite é aquecido até ficar morno e é acrescentado aos demais ingredientes, exceto a última parte da manteiga (225 g); Misture a massa até obter uma consistência lisa, não sovando em excesso para não trabalhar demais o glúten; O tempo de descanso da fermentação é de 1 h e meia na temperatura de 24 graus; Passado esse tempo, abra a massa numa assadeira plana retangular e deixe-a descansar na geladeira ou em câmara fria. Figura 12. Fazendo croissants. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/05/2020. Para realizar o processo da massa folhada, a dobra simples consiste na massa dobrada três vezes em partes iguais; O processo de dobrar e abrir a massa é denominado de volta e, após fazer esse processo, a massa descansa na geladeira por 30 minutos, para que o glúten relaxe; Após cada volta, faça uma marca com o auxílio da ponta dos dedos para marcar as voltas e não se perder no número de voltas; Abra a massa em forma de retângulo e espalhe a manteiga amolecida sobre dois terços do retângulo, abrindo uma pequena margem ao redor das bordas da massa; Cada vez que a massa for aberta, estique a massa em todas as direções cuidando para ela não rasgar; O lado irregular da massa é virado para cima antes de abrir, pois ela fica escondida e é ajustada conforme as dobras são feitas; Abra a massa num retângulo comprido e, novamente, dobre a massa em três, começando pela terceira parte do lado de cima. Então após a dobra, dobre o outro terço da massa. Vale lembrar que a incorporação da manteiga não é válida na contagem da massa. // Modelagem: Após a massa descansar em filme plástico pelo período de uma noite, se pega um pedaço da massa, esticado até que atinja 5 mm de espessura. É importante retirar as bordas com o auxílio de uma faca afiada, com movimentos exatos; Corte triângulos de 15 cm de base por 20 cm de lado, com um pequeno corte no centro da base do triângulo; Dobre as pontas do corte para dentro e estique a massa com as mãos, enrolando e pressionando com suavidade as pontas, dobrando-as no sentido oposto ao enrolado; Elas são dispostas numa assadeira untada com manteiga de modo que uma não esteja sobreposta à outra, evitando o risco das pontas queimarem enquanto assam, devendo fermentar até que dobrem de volume; Pincele uma mistura de ovo batido e sal e as asse na temperatura de 200 graus por cerca de 20 minutos ou até que estejam douradas; Ao sair do forno, se pincela uma calda feita com 50% de açúcar e 50% de água para que elas não ressequem. O cata-vento é outra forma de cortar a massa folhada, mas recheada com alguma calda, geleia ou fruta no centro. Figura 13. Cata-vento de mirtilo. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/05/2020. Cata-vento de mirtilo // Modelagem: Primeiro, abra um pedaço da massa com o auxílio de um rolo, até que ela fique com 5 mm de espessura; Depois, tire as bordas e corte a massa em quadrados de 10 cm de lado, com a ajuda de um cortador específico; Use uma régua para que os quadrados fiquem padronizados, mantendo a uniformidade; Corte a massa pelos vértices do quadrado, utilizando uma faca bem afiada para não rasgar a massa e para que o corte não chegue até o centro da massa; Dobre as pontas, virando-as para o centro da massa, de maneira a formar a figura de um cata-vento. Aloque-os numa assadeira untada com manteiga e, no centro de cada cata-vento, ponha uma fruta ou, com o auxílio de um saco para confeitar, uma calda ou geleia, a fim de que o resultado final seja satisfatório para quem faz e para quem consome; Deixe-o fermentar até dobrar de volume e pincele uma mistura de ovos batidos com sal; Espere secar e polvilhe açúcar de confeiteiro; Leve ao forno para assar na temperatura de 200 graus por cerca de 20 minutos ou até que estejam dourados; Após serem retirados do forno, pincele a mistura 50% de água e 50% açúcar para manter a cor viva e a crocância por mais tempo. COMPREENDER OS PROCESSOS DA MASSA FOLHADA, TÉCNICAS DE PREPARO E PRODUTOS A massa folhada batizada de factura na Argentina está presente no café da manhã do país, recheada com doce de leite ou creme de confeiteiro e finalizada com açúcar de confeiteiro. Uma das características é a crosta dourada e crocante e o miolo macio, finalizado com caldas. Alguns lugares optam por fazer da meia-lua base para um sanduíche, cortado na lateral e recheado como qualquer outro sanduíche. Figura 14. Sanduíche de croissant com salame, queijo e tomate. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 05/05/2020. Uma forma de modelar a massa folhada é em espiral, coberta por chocolate e creme de confeiteiro. Sanduíche de croissant // Modelagem: Abra a massa até atingir a espessura de 5 mm; Retire as bordas e pincele toda a superfície da massa com ovos batidos; Espere secar, jogue chocolate meio amargo picado por toda superfície e vá enrolando a massa com o recheio até formar um rolo de 7 cm de diâmetro; Ao cortar o rolo, utilize uma faca bem afiada. Coloque os pães numa assadeira untada com manteiga e, com o auxílio de um saco de confeiteiro, coloque um pouco de creme de confeiteiro; Deixe a massa fermentar até dobrar de volume. Ela é assada em forno na temperatura de 200 graus, por volta de 20 minutos; Ao retirar, para finalizar a massa, pincele glacê derretido ou a calda 50% águae 50% açúcar. Alguns detalhes caracterizam as massas folhadas, feitas com diversas espécies de gordura. A gordura hidrogenada é financeiramente melhor, mas a manteiga dá mais sabor. É fundamental vigiar a temperatura da massa durante o tempo de descanso. Do contrário, há o risco da gordura escapar de dentro do folhado, fazendo com que a massa fique dura e perca suas camadas crocantes. Há o chamado folhado rápido, mais fácil de preparar porque, em vez de sovar a massa primeiro para depois acrescer a gordura, a gordura gelada vai aos pedaços na massa inteira. Em seguida, é feita a laminação da massa, que não requer tempo de descanso. Outro tipo é o folhado invertido. Para fazer essa massa, é preciso que o padeiro já tenha habilidade com massas folhadas, visto que é a mais difícil. Na técnica, a posição da gordura é invertida, isto é, a gordura fica do lado de fora da massa. Para que o processo seja feito da melhor maneira, a massa descansa em ambiente refrigerado. O preparo da massa base é igual, o que muda é a disposição da cama de gordura. O termo viennoiserie vem do francês e é considerado por profissionais do segmento alimentício como uma combinação entre confeitaria e panificação. As massas folhadas de encaixam dentro do termo, bem como aquelas enriquecidas com ingredientes como manteiga, ovos e leite. O processo de laminação cria camadas de massa e manteiga a fim de obter uma massa leve por meio da técnica. É essencial compreender que o profissional da panificação domina as técnicas de fermentação, cálculo de tempo de fermentação, mistura e cozimento, além da composição estética e da criatividade para combinar ingredientes e criar sabores e texturas. Da mesma maneira que a panificação básica requer técnicas básicas para fermentação, os pertencentes à viennoiserie necessitam de cuidados. Os estágios da massa do pão e da viennoiserie são semelhantes nos ingredientes e nas etapas. O trabalho manual como a massa mistura os ingredientes, sova, faz a laminação, a divisão, a pré-moldagem, a moldagem, o descanso e a fermentação ou, dependendo da receita, a pré-fermentação. A diferença se dá no processo da laminação, no qual o padeiro tem maior atenção com a massa. SINTETIZANDO Nesta unidade, foi compreendido o contexto histórico e origem dos lanches, sua importância no campo alimentar, a relevância social e como eles estão inseridos na rotina da população em razão da praticidade e variedade de opções. O baixo custo, em muitos casos, é o que o fez tão disseminado, de forma que o mundo inteiro tem suas opções de lanches. Foi possível analisar como os lanches agregam ingredientes específicos de cada região, observando a panificação como base para grande parte dos lanches. Então, para o profissional que quer se especializar em lanches, é necessário conhecimento de panificação e de harmonização entre os componentes. Ao falar dos lanches, foram lembradas a evidente versatilidade e fama mundial, as origens e os principais sanduíches, como o cachorro-quente, o hambúrguer e o wrap, sem falar no contexto nacional e os representantes apreciados fora do Brasil, como o pão de queijo e o bauru. Por fim, aprendemos as técnicas e processos que envolvem as massas folhadas, as bases para doces e salgados, sem contar as precauções para armazenar e manusear a massa, procurando mostrar a relevância das técnicas e medidas e prezando por ingredientes de qualidade e pela criatividade do padeiro.