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GESTÃO POR COMPETÊNCIA - TEMA 8 - MAPEAMENTO E DESCRIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS

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Mapeamento e descrição das 
competências
Irma Carina Brum Macolmes
Introdução
O mapeamento de competências tem como principal objetivo identificar quais as competências individuais
necessárias para o alcance dos objetivos da empresa. Além disso, busca descrevê-las de forma que executores e
avaliadores sejam capazes de identificar, claramente, o que a empresa espera em termos de desempenho para
cada atividade.
Os métodos e técnicas utilizados para mapeamento de competências são oriundos da área de pesquisa social.
Mas, quais seriam os principais processos utilizados para esse fim? Quais as características, vantagens e
desvantagens de cada um deles? E como devem ser descritas as competências coletadas por meio dessas
ferramentas? É o que vamos ver, neste tema.
Ao final desta aula, você será capaz de:
• Identificar métodos e técnicas para mapear as competências.
Descrição de competências
A descrição das competências busca esclarecer o que se espera das pessoas no desempenho de um determinado
trabalho. Por isso, é fundamental que sua redação evite abstrações e subjetividade. O texto deve ser claro tanto
para as pessoas que executarão a atividade, quanto para as que avaliarão se o objetivo foi alcançado.
O formato mais utilizado para descrição de competências utiliza um verbo seguido de um objeto, tal como
Recepcionar Clientes. Sendo que podem ser acrescentadas qualificações, a exemplo de critérios, atributos ou, até
mesmo, restrições, como na competência Higienizar Livros, "utilizando equipamentos e produtos específicos". É
possível, ainda, acrescentar procedimentos ou instrumentos a serem usados durante a execução de uma
atividade, com no caso da competência Costurar Roupas, "utilizando máquina de costura industrial eletrônica".
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Figura 1 - Descrição de competências
Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2019.
Mas, se um texto contendo apenas um verbo e um objeto for capaz de transmitir a mensagem para executores e
avaliadores, não há necessidade do uso de explicações ou detalhamentos. Para tanto, essa análise deve ser
realizada durante o processo de elaboração das descrições.
Sobre o descritivo das competências, Brandão (2012) apresenta algumas dicas do que se deve evitar:
• Textos muito longos e com múltiplas ideias - confundem tanto o executor quanto o avaliador. Torna-se muito
difícil identificar se um objetivo foi realmente atingido quando a descrição traz uma diversidade de ideias.
• Obviedades - a redação deve ser simples, para que seja compreendida facilmente, mas é preciso evitar textos
óbvios, que são desnecessários à compreensão.
• Duplicidades e redundância - para que sejam evitadas duplicidades e redundâncias é interessante recorrer ao
significado das palavras. É comum que se usem dois ou mais termos que acabam por significar a mesma coisa.
• Abstrações - textos que contém abstração se tornam de difícil entendimento para executores e avaliadores das
tarefas. Permitem subjetividades e, consequentemente, diferentes interpretações.
• Estrangeirismos e termos excessivamente técnico - só devem ser utilizados quando são plenamente dominados
pelos envolvidos ou não há um substituto em português.
• Ambiguidades - o texto da descrição da competência não pode permitir diferentes interpretações, por isso, é
fundamental que seja corretamente redigido.
• Palavras desnecessárias - a redação deve ser a mais concisa possível, evitando-se o uso de termos
desnecessários.
• Uso de verbos inadequados - os verbos utilizados transmitam ideias concretas, passiveis de verificação.
EXEMPLO
É possível descrever uma competência por meio da habilidade Formatar Artigos. Entretanto,
poderia restar a dúvida: formatar usando qual regra? Nesse caso, a descrição ficaria mais
completa se fosse usada a seguinte redação: Formatar Artigos, utilizando as normas da ABNT.
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• Uso de verbos inadequados - os verbos utilizados transmitam ideias concretas, passiveis de verificação.
É aconselhável que a proposta de redação das competências seja submetida a outras pessoas da organização
antes de sua implementação, para que sejam identificados pontos de melhoria.
Métodos e técnicas para mapeamento de 
competências
O mapeamento de competências busca a identificação das habilidades individuais requeridas por cada atividade
desenvolvida na instituição, para que a mesma alcance seus propósitos. Embora seja possível encontrar listas
prontas, contendo sugestões de algumas competências genéricas, Brandão (2012) desaconselha seu uso. Na
visão do autor, isso contraria justamente o principal objetivo do mapeamento de competências, que seria o foco
nas especificidades da instituição.
As principais técnicas utilizadas para o mapeamento de competências têm sua origem nos métodos empregados
em pesquisas sociais, especialmente, as de caráter qualitativo. O que é bastante compreensível, uma vez que esse
tipo de investigação, conforme Minayo, Deslandes e Gomes (2011), busca compreender e descrever um
fenômeno ou uma situação.
Análise documental
Entre os principais métodos e técnicas usados na coleta de dados e elaboração do mapeamento de competências,
está a consulta de dados em documentos. Nesse caso, é necessário ter acesso, principalmente, aos documentos
referentes ao planejamento estratégico da empresa e às legislações que incidem sobre suas atividades.
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Figura 2 - Análise documental
Fonte: Modella, Shutterstock, 2019.
É aconselhável que seja realizada uma leitura aprofundada nesses materiais, buscando informações que possam
auxiliar na identificação das competências individuais necessárias para o alcance dos objetivos organizacionais.
Conforme Brandão (2012), a análise documental para descrição das competências individuais pode seguir dois
caminhos. No primeiro, são estabelecidas categorias previamente e a leitura procurará identificar as
competências e já ligá-las a uma dessas categorias. Na segunda possibilidade, as categorias são definidas a partir
da leitura dos documentos. Ao final dos dois métodos, essas categorias serão agrupadas por semelhança, para
que se identifique necessidades de ajustes.
Entrevista
Ainda sobre métodos, a entrevista é muito utilizada nas pesquisas qualitativas e extremamente útil no
mapeamento de competências. Conforme Gil (2008), trata-se de uma forma de interação social, na qual é
conduzido um diálogo em busca de informações.
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Figura 3 - Entrevista para mapeamento de competências
Fonte: Pressmaster, Shutterstock, 2019.
Há diferentes tipos de entrevistas e, entre as principais classificações utilizadas, estão a entrevista estruturada
(roteiro pouco flexível), a não estruturada (questionamentos construídos durante a conversa) e a
semiestruturada (há um roteiro prévio, mas a interação entre entrevistador e entrevistado pode levar a novas
perguntas), essa geralmente mais usada no mapeamento de competências.
Grupo focal
Essa metodologia busca apresentar um tema para um grupo que deverá discutir sobre o mesmo com o auxílio de
um moderador. Conforme Brandão (2012), quando essa técnica é aplicada ao mapeamento de competências, o
moderador apresenta ao grupo os tópicos ou questões para discussão, utilizando um roteiro preestabelecido,
assim como ocorre na realização de uma entrevista individual.
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Questionário
Este recurso tem como principal vantagem o fato de ser autopreenchido, o que otimiza o tempo de quem está
realizando o diagnóstico. Como principal desvantagem está em não proporcionar interação, o que pode causar
dificuldades de entendimento. Por isso, é importante que o mesmo traga em seu cabeçalho detalhes sobre o
processo, tais como o motivo das pessoas estarem respondendo essas perguntas e até quando deverá ser a
devolução (BRANDÃO, 2012). Assim como nas entrevistas, os questionários podem ser estruturados (somente
questões fechadas com alternativas objetivas para serem marcadas), não estruturados (somente perguntas
abertas) e semiestruturados (perguntas abertas e fechadas).
Figura 4 - Questionário para mapeamento de competências
Fonte:Kinga, Shutterstock, 2019.
Os questionários fechados são mais fáceis de terem seus resultados tabulados. Já os abertos apresentam maior
riqueza de informações, pois permitem que as pessoas expressem suas ideias mais livremente. No caso de
mapeamentos de competências, geralmente são utilizados questionários abertos.
FIQUE ATENTO
Embora produza interessantes resultados, a técnica do grupo focal é mais complexa que as
demais, pois exige do moderador a capacidade de condução de uma dinâmica de grupo. Podem
surgir sérias divergências e, até mesmo, discussões com as quais ele terá que lidar. Cabe ao
moderador o estímulo à discussão, o controle do tempo, a atenção ao foco do debate, igualdade
de oportunidades para participação e, concomitantemente, o registro dos dados.
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Observação
A observação consiste no acompanhamento da realização das atividades pelos executores. Permite que sejam
identificados detalhes que poderiam ser esquecidos em outros métodos de coleta de dados. É recomendável,
principalmente, para o mapeamento de atividades que são mais operacionais, nas quais seria difícil coletar
detalhes por meio de entrevistas, questionários ou grupos focais.
Normalmente, a pessoa que está mapeando as competências assume uma postura passiva nesse método e fica
apenas observando e registrando. Entretanto, é viável realizar uma observação participante, na qual ela exercerá
as atividades juntamente com o grupo. (BRANDÃO, 2012)
No que se refere ao mapeamento de competências, podem ser combinados mais de um dos métodos de coleta de
dados. É possível utilizar, por exemplo, em um primeiro momento, a aplicação de questionários, seguida de
observação para identificação de detalhes que não foram manifestados pelos respondentes.
Fechamento
Vimos que o mapeamento de competências visa identificar as competências individuais necessárias ao alcance
dos objetivos da empresa. Desta forma, sua descrição deve ser simples e objetiva, para que os envolvidos, tanto
executores quanto avaliadores, percebam claramente o que a empresa espera de cada um.
Os principais métodos e técnicas utilizados para coleta de dados para esse mapeamento são oriundos da
pesquisa social, mais especificamente da pesquisa qualitativa, tais como análise documental, entrevista, grupo
focal, questionário e observação. Reforçando que, para um diagnóstico mais aprofundado e completo, é possível
a utilização de um dos métodos concomitantemente a outro.
FIQUE ATENTO
Para que a técnica de observação produza melhores resultados, é fundamental que se construa
um bom relacionamento entre o observador e os observados. Neste caso, é necessário
estabelecer a confiança e, portanto, não é indicada a observação disfarçada.
SAIBA MAIS
Para que seja realizado um aprofundamento sobre métodos de coletas de dados utilizados em
pesquisas qualitativas, empregadas no mapeamento de competências, faça a leitura do capítulo
seis da obra de Roberto K. Yan, "Pesquisa qualitativa do início ao fim" (2016).
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Referências
BRANDÃO, H. P. : métodos, técnicas e aplicações em gestão de pessoas. SãoMapeamento de competências
Paulo: Atlas, 2012.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MINAYO, M. C. DE S.; DESLANDES, S. F.; GOMES, R.. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 30. ed.
Petrópolis: Vozes, 2011.
YAN, R. K. Pesquisa qualitativa do início ao fim. Porto Alegre: Penso, 2016.
	Introdução
	Descrição de competências
	Descrição de competências
	Métodos e técnicas para mapeamento de competências
	Análise documental
	Análise documental
	Entrevista
	Entrevista para mapeamento de competências
	Grupo focal
	Questionário
	Questionário para mapeamento de competências
	Observação
	Fechamento
	Referências