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Sistema de Ensino A DISTÂNCIA
educação fisica licenciatura 
dafillin bianca ribeiro josette
PROJETO DE ENSINO
EM educação fÍsica 
Barra do bugres-MT
2021
dafillin bianca ribeiro josette
PROJETO DE ENSINO
EM educação fÍsica 
 Projeto de Ensino apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial à conclusão do Curso de Licenciatura em Educação Física.
Orientação: Prof. Bruno Jose Frederico Pimenta. 
Barra do Bugres MT
2021
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO	1.7
1	JUSTIFICATIVA	8
2	PARTICIPANTES	9
3	OBJETIVOS	10
4	PROBLEMATIZAÇÃO	11
5	REFERENCIAL TEÓRICO	14
6	METODOLOGIA	20
7	CRONOGRAMA	23
8	RECURSOS	24
9	AVALIAÇÃO	25
CONSIDERAÇÕES FINAIS	26
REFERÊNCIAS	27
 INTRODUÇÃO
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) da área da Educação Física, esse componente curricular pode ser entendido como uma área que trata de um tipo de conhecimento, denominado de cultura corporal de movimento e que tem como temas o jogo, a ginástica, o esporte, as lutas, a dança, a capoeira e outras temáticas que apresentarem relações com os principais problemas dessa cultura corporal de movimento e o contexto histórico-social dos alunos (BRASIL, 1998, p. 26).
O jiu jitsu é uma luta/ arte marcial com grande vínculo com a cultura brasileira e está em processo de ampliação de público e de praticantes. Os Parâmetros Curriculares Nacionais propõem a inclusão do tema lutas dentro das aulas de Educação Física na escola. Com isso, o objetivo do presente estudo foi discutir a inserção do jiu jitsu brasileiro como um possível conteúdo das aulas de Educação Física escolar, levando-se em conta as três dimensões dos conteúdos: atitudinal, conceitual e procedimental. O trabalho utiliza uma metodologia de revisão bibliográfica. O jiu jitsu brasileiro nas aulas de Educação Física torna possível a aprendizagem de uma série de práticas, conhecimentos e valores que forneçam aos alunos vivências significativas dentro do âmbito da cultura corporal de movimento.
Dessa forma, é constituído na sua essência de uma perspectiva de construção de uma proposta teórico-metodológica de ensino do Jiu-Jitsu Brasileiro na escola. As introduções das Lutas/Artes Marciais nos currículos escolares proporcionaram maior riqueza na oferta de atividades aos alunos (LANÇANOVA, 2008).
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JUSTIFICATIVA
A introdução das Lutas/Artes Marciais nos currículos escolares proporcionara maior riqueza na oferta de atividades aos alunos (LANÇANOVA, 2008). As lutas/artes marciais são capazes de proporcionarem momentos de integração social, o que estimula a formação de um cidadão adaptado à um saudável convívio social, e contribuem na capacitação dos alunos numa arte marcial, já que, aprendem técnicas de defesa pessoal (GONÇALVES E SILVA, 2013).
Tendo em vista os preceitos filosóficos e disciplinais, aliado a prática de uma Arte Marcial que trabalha todo o corpo, bem como a mente dos praticantes, desenvolvendo e ampliando a coordenação motora e atributos motores, e por fim, sendo um ótimo exercício físico que utiliza todo o corpo, o Jiu-Jitsu brasileiro surge como importante ferramenta no âmbito escolar para as Aulas de Educação Física, não como é ensinado dentro das academias com intuito de formar atletas e competidores, mas sim na formação de pessoas confiantes, tranquilas, disciplinadas, com boa coordenação motora e conhecimento à cerca do seu corpo. Partindo desse pressuposto surge o seguinte questionamento: “Como inserir o Jiu-Jitsu Brasileiro no âmbito da Educação Física escolar? ”
PARTICIPANTES
O projeto está sendo destinado para alunos do ensino fundamental de escolas públicas para ampliação da sistematização do conhecimento. O aluno amplia o referencial dos conceitos no seu pensamento, toma consciência da sua atividade mental e toma consciência da atividade teórica, potencializando as compreensões da realidade. Começa a reorganizar a identificação da realidade através do pensamento teórico.
Neste ciclo, cabe ao aluno ampliar a sistematização do conhecimento: da Luta e contextualizando-os, relacionando-os ao cotidiano, refletindo sobre o sentido e o significado, sobre valores éticos e sociais, reorganizando o conhecimento tratado em aulas, oficinas, seminários e festivais priorizando o pensamento teórico e a propriedade de teoria de cada tema da Cultura Corporal, extrapolando o conhecimento para a comunidade escolar
OBJETIVOS
 Objetivo Geral 
Propor a reflexão do Jiu-Jítsu Brasileiro como conteúdo da Educação Física nas fases finais do ensino fundamental.
Objetivos Específicos
Apresentar um quadro de estruturação do ensino do Jiu-Jítsu Brasileiro como conteúdo da Educação Física ao longo das fases finais do ensino fundamental;
Descrever os movimentos básicos do Jiu-Jítsu Brasileiro e mostrar os benefícios da pratica que são;
1. Controle muscular;
2. Aperfeiçoamento dos reflexos;
3. Desenvolvimento do raciocínio;
4. Equilíbrio mental;
5. Reforço dos princípios morais;
6. Fortalecimento da autoconfiança;
7. Cuidado e respeito pelo outro (os parceiros de combate);
8. Percepção e senso de disciplina;
9. Respeito as hierarquias da academia;
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PROBLEMATIZAÇÃO
	
O Jiu-jítsu é uma prática corporal de origem muito provavelmente indiana e chinesa, que adquiriu o status de arte marcial no Japão, onde se tornou a luta oficial do exército imperial (CBJJ, 2009). O termo Jiu-jítsu, chamado atualmente de Jiu-Jítsu, é formado por dois caracteres chineses: Ju, que significa “suavidade” ou “ceder” e Jiu-jítsu, que pode ser interpretado como “arte” ou “prática” (KANO, 1994). Embora seja uma arte marcial milenar, o Jiu-Jítsu chegou ao Brasil apenas em 1917, com o então cônsul japonês Myutso Maeda (DELL VECHIO et al., 2007). Com o intuito de popularizar esta prática em solo brasileiro, Conde Koma, como era conhecido, fez várias apresentações que chamaram a atenção de vários alunos. Dentre estes destacou-se Carlos Gracie, que juntamente de seus cinco filhos homens, desenvolveram um estilo de luta diferente, dando prioridade para as técnicas de solo, como alavancas, chaves, estrangulamentos e imobilizações (GEHRE et al., 2010). 
Esta arte marcial diferencia-se do Jiu-jítsu e é conhecida hoje como Jiu-Jítsu Brasileiro. Embora o Jiu-Jítsu Brasileiro possuía cerca de 350 mil atletas no Brasil, em 2003, é difícil estimar o atual número exato de praticantes da modalidade no país. No entanto, esta modalidade adquiriu tamanha popularidade que foi exportada para países do mundo inteiro. Nos Emirados Árabes Unidos, por exemplo, professores brasileiros têm sido contratados para darem aulas em suas instituições de ensino público por meio do School Jiu Jitsu Program, locais onde o ensino do Jiu-Jítsu Brasileiro é obrigatório, atingindo mais de 130 escolas e 76.000 alunos participantes (UAE JIU JITSU FEDERATION, 2017; BUENO; SAAVEDRA, 2016). No Brasil, entretanto, o Jiu-Jitsu Brasileiro ainda não é pensado como um conteúdo a ser trabalhado nas aulas de Educação Física. Porém, começam a surgir as primeiras perspectivas da sua utilização como conteúdo nas aulas de Educação Física Escolar brasileiras (RUFINO; DARIDO, 2009) No Brasil, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) estabelecem a área de Educação Física como um tipo de conhecimento denominado de cultura corporal de movimento e que tem como temas o jogo, a ginástica, o esporte, as lutas, a dança, a capoeira e outras 9 temáticas que apresentarem relações com os principais problemas dessa cultura corporal de movimento e o contexto histórico-social dos alunos (BRASIL, 1998, p. 26).
Neste contexto, as lutas correspondem a uma das manifestações da cultura corporal influenciadas pela sociedade com inúmeras formas de lutas que podem ser inseridas dentro desse tema (RUFINO; DARIDO, 2009). O Jiu-Jítsu Brasileiro é apenas uma delas. De acordo com os PCNs, as lutas são disputas em que o (s) oponente (s) deve (m) ser subjugado (s), com técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determinadoespaço na combinação de ações de ataque e defesa. No entanto, o ensino das lutas na escola não é ensinar simplesmente os movimentos da luta, mas sim as condutas necessárias para se aperfeiçoar (CAZETTO, 2009). Nesse contexto, segundo Zaballa (1998), os conteúdos devem ser organizados em três diferentes dimensões, sendo elas conceitual, procedimental e atitudinal. Na área da Educação Física, a fim de permitir uma identificação mais precisa das intenções educativas, os PCNs utilizam estas dimensões na categoria conceitual (fatos, princípios e conceitos), procedimental (ligados ao fazer) e atitudinal (normas, valores e atitudes) (BRASIL, 1998). O Jiu-Jítsu Brasileiro, por ser uma arte-marcial de origem brasileira, mas com raízes milenares, é um conteúdo que pode ser contemplado na escola por diversos enfoques, como a luta, a arte, a história, o esporte, a educação, o lazer e o jogo. Ainda, assim como outras lutas/artes marciais, o Jiu-Jítsu Brasileiro é contrário a qualquer atitude de violência e de deslealdade (RUFINO; DARIDO, 2009). Assim, além da eficiência reconhecida do Jiu-Jítsu Brasileiro na capacidade de desenvolvimento de aspectos motores e melhora da saúde, assim como outras lutas (WOODARD, 2008), esta modalidade possibilita o desenvolvimento de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, destacando-se como importante conteúdo para as aulas de Educação Física escolar. No entanto, os tratamentos da temática das lutas pelos professores de Educação Física escolar têm apresentado inúmeras dificuldades.
A dificuldade de aceitação por parte dos alunos e a dificuldade dos professores que não são experientes em pelo menos algum tipo de luta/arte marcial em aplicar esses conteúdos nas aulas são as principais queixas (RUFINO; DARIDO, 2009). Ainda, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) – Lei nº 9.394/96 possibilita aos professores a exploração de novos conteúdos na sua disciplina. Além disso, o surgimento de novas metodologias emergentes da Educação Física escolar solicita uma disciplina recheada de conteúdos significativos. Sendo assim, a criação de uma estrutura de ensino que apoiasse os professores a inserção do Jiu-Jítsu Brasileiro como conteúdo da Educação Física escolar poderia ser de grande valia para reduzir as dificuldades enfrentadas pelos professores ao abordarem os conteúdos das lutas na Educação Física Escolar. Desta maneira, pretende-se nesta pesquisa propor uma reflexão sobre a inserção do Jiu-Jítsu Brasileiro como conteúdo da Educação Física nas fases iniciais do Ensino Fundamental. Diante do exposto, coloca-se o seguinte problema de pesquisa: Pode o Jiu-Jítsu Brasileiro ser considerado como um conteúdo da Educação Física nas fases iniciais do ensino fundamental?
REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Machado Neto (2010) a luta e as artes marciais possuem movimentos riquíssimos que podem contribuir significativamente no desenvolvimento psicomotor da pessoa. Os movimentos das lutas e os movimentos de lateralidade e coordenação motora estão bem relacionados, o que caracteriza um dos principais itens a serem trabalhados por meio das lutas. Em relação aos conhecimentos corporais, os movimentos básicos de lutas estão relacionados às práticas corporais, e quando utilizados com caráter utilitário ou lúdico, as lutas visam combinar o aumento da eficiência dos movimentos corporais com a busca a satisfação e do prazer em executar os movimentos de luta (GERMANO, MOURA, 2011).
A arte marcial é composta de várias utilidades físicas, habilidades motoras básicas. No passado, mesmo sem o entendimento do que era inteligência interpessoal, já e era trabalhada, uma vez que se refletia no comando das batalhas (MOREIRA apud MACHADO NETO, 2010). As lutas marciais apresentam uma forma estabelecida de movimentos, às vezes em maior ou menor quantidade de movimentos, e às vezes com movimentos mais estáticos, que estabelecidos de forma sequencial podem ser utilizados para estimular a psicomotricidade das crianças nas aulas de educação física (MACHADO NETO, 2010).
Os gestos motores ensinados em educação física com o objetivo da vivência da maior quantidade de movimentos diferenciados para o enriquecimento da cultura corporal devem ser ensinados com naturalidade, e, que essa naturalidade expressa pela arte marcial que é “a própria pessoa, com todos os seus sentidos naturais desenvolvidos” (Centro Filosófico do Kung Fu – Internacional apud GERMANO, MOURA, 2011). Os movimentos de luta podem auxiliar no desenvolvimento de uma maior consciência corporal e cognitiva, pois com a criança conhece melhor seu corpo, e assim entra em harmonia com ele e desenvolve melhor noção de espaço e tempo.
O jiu jitsu na escola
Cazetto (2009) afirma que existem dois ambientes importantes que precisam ser conquistados para a difusão de uma prática: a escola e a olimpíada. Ele afirma que há um grande número de pessoas nas escolas, e esse público está em processo de formação, ou seja, podem ser observados como um investimento para o futuro. Com isso, o fato social da modalidade ser aceita na escola é vital para a difusão dela. O ambiente escolar é um local específico de especial aceitação: estar dentro da escola significa ter certo grau diferenciado de respeito, aumento de popularidade, estar acima de “suspeitas”, ser aceito pelo corpo acadêmico, etc. (CAZETTO, 2009, p.42). Cazetto (2009) ainda afirma que uma modalidade ser aceita na escola é um fator simbólico, pois quer dizer que ela é tida como um possível conteúdo dentro do processo de formação educacional. Agora, deve-se observar que não é porque determinada modalidade está na escola que ela está “acima de qualquer suspeita”. Porque se não, estaremos sendo condizentes com os inúmeros professores que apenas aplicam o futebol para os meninos nas aulas de Educação Física, o popular “rola a bola”, por exemplo. Especificamente no caso do jiu jitsu brasileiro, é interessante trabalhá-lo nas três diferentes dimensões dos conteúdos assim, abrangendo muito mais vertentes do que se trabalharmos apenas na dimensão do “saber fazer”, a dimensão procedimental. No caso da dimensão procedimental, pode-se trabalhar com o jiu jitsu na escola de diferentes formas tais como: aplicação dos exercícios de alongamento (flexibilidade) e aquecimento, brincadeiras pré-desportivas que envolvam questões de desequilíbrio, rolamentos, movimentações no solo, imitações de animais e movimentos básicos do esporte, aplicação de determinadas técnicas da luta de solo como algumas chaves, estrangulamentos e projeções, além de técnicas que envolvam o trabalho da guarda (que no jiu jitsu é representada pelas pernas), o trabalho de passagem de guarda, aquisição de posições de superioridade como a montada, a imobilização lateral (popularmente chamada de “cem quilos”) e a pegada pelas costas, por exemplo, estratégias de luta e diferenciações das formas de lutar (como o lutador que prefere “puxar para a guarda” e o lutador que prefere derrubar e trabalhar para “passar a guarda”), dentre muitas outras possibilidades. 
Já na dimensão conceitual, há um vasto campo de possibilidades de aplicação do jiu jitsu na escola. Esse trabalho esboçou, embora brevemente, uma introdução sobre a origem do jiu jitsu. Essa é uma das possibilidades que se pode trabalhar com os alunos. Além disso, pode-se discutir as regras do esporte que estão em constante evolução, a relação do jiu jitsu com o MMA (o antigo “vale tudo”), a questão de ser um esporte amador, as formas de treinamento dos atletas (ciclo de treinamento, principais competições, etc), a relação desse esporte com a cultura brasileira, a questão da família Gracie como principal difusora do esporte, a relação do esporte com a mídia, ou seja, será que o jiu jitsu aparece nos maiores veículos de comunicação do país? Se aparece, é quando? Será que é somente quando algum praticante dessa modalidade briga e aparece na televisão e nos jornais? Será que o jiu jitsu não aparece na mídia por ser um esporte de menor número de praticantes em relação a outros esportes ou será que é justamentepor não aparecer na mídia que há menos praticantes? Dentre muitos outros questionamentos. Ainda em relação a mídia podemos discutir com os alunos questões relacionadas à parcialidade ou imparcialidade dos veículos de comunicação e o porquê disso. Pode-se discutir também a visibilidade que os veículos de comunicação relacionados ao jiu jitsu têm na sociedade e se a visibilidade é pequena porque há pouco número de praticantes ou se há pouco número de praticantes porque a visibilidade é pequena? Ainda há questões como se essa “restrição” de veículos de divulgação do jiu jitsu não afeta o desenvolvimento do esporte já que ele fica disponível apenas para uma parcela pequena da população. Como exemplo, há alguns canais de televisão especializados em lutas, mas que só estão disponíveis pela forma de programas pagos para ver, da sigla em inglês “pay per view”. Essas são algumas das possibilidades de trabalhar a questão conceitual do jiu jitsu com os alunos. Por fim, há a dimensão atitudinal. Esse é também um campo muito fértil de inúmeras possibilidades para o professor. Alguns exemplos de como aplicar essa dimensão nas aulas: as atitudes que os alunos devem ter em relação uns ao outro durante as aulas na escola, as relações que os atletas devem ter em relação uns aos outros, aos árbitros, etc. Discutir questões com os alunos como, por exemplo, o respeito pelos limites do próprio corpo já que o jiu jitsu mostra constantemente os limites que a pessoa pode suportar e se ela não respeitar esses limites ela pode acabar se machucando. 
Nesse ponto, há um fato ocorrido que pode ser de interessante discussão com os alunos. Na final do Campeonato Mundial de Jiu Jitsu de 2004 no Rio de Janeiro (quando o mundial ainda era realizado no Rio de Janeiro) na categoria absoluto (quando todos os pesos lutam juntos) faixa preta adulto masculino os lutadores Roger Gracie e Ronaldo Sousa (conhecido como “Jacaré”) lutaram e, em determinado momento da luta, o atleta Ronaldo “Jacaré” estava ganhando por uma diferença de pontos quando, subitamente, o atleta Roger Gracie encaixou uma chave de braço (hiperextensão da articulação do cotovelo) e o atleta Ronaldo “Jacaré” decidiu não desistir e ter o braço quebrado! A luta continuou por mais alguns instantes, mas o tempo acabou e Ronaldo “Jacaré” ganhou a luta, saindo ovacionado pela torcida. Isso repercutiu fortemente em termos de competição a ponto de haver uma revisão das regras e hoje o árbitro pode interromper a luta para preservar a integridade física do atleta ou então, chamar um médico para avaliar o caso. Esse é um exemplo de possibilidade de aplicação da dimensão atitudinal já que poderia ser discutido com os alunos questões como: os lutadores tiveram uma atitude ética? Foi certo quebrar o braço? Ou ainda, foi certo deixar ter o braço quebrado por uma medalha? Mas quanta coisa estava envolvida como dinheiro, patrocínio, visibilidade? Qual é o limiar da dor de cada um? Até que ponto vale a pena penalizar o corpo por uma vitória? Qual a diferença entre praticar o jiu jitsu na escola e em uma competição? Dentre muitos outros questionamentos. Somente para efeito de explicação, quando dois lutadores estão se enfrentando, a luta pode ser ganha por pontuação já que determinadas posições do jiu jitsu promovem pontos para os atletas. Essa pontuação é acumulativa. Além da pontuação existe a vantagem que é quando um lutador aplica determinadas posições, mas não consegue efetivá-las, ganhando apenas vantagens (que são menores que os pontos e também acumulativas). Porém, há também a possibilidade de finalização que é quando um dos lutadores encaixa algum tipo de chave em determinadas articulações ou estrangulamentos, submetendo o outro adversário à desistência com a luta sendo interrompida na hora. Com isso, a luta pode estar, por exemplo, 15 a 0 para um lutador e o outro encaixa alguma finalização e o atleta que estava ganhando a luta desiste, o atleta que finalizou (mesmo estando perdendo por pontos) ganha a luta. Caso não haja finalizações, a luta vai até o final do tempo estabelecido (que varia por faixa, sexo e idade) e há a contagem de pontos e vantagens e, em caso de empate, o árbitro decide quem ganha. 
Outra questão muito pertinente em relação ao jiu jitsu foi algo fortemente vinculado na mídia há algum tempo atrás em relação a uma série de eventos que ocorreram como brigas em boates, praias, academias, etc. e que a mídia publicava (muitas vezes de forma sensacionalista) como sendo lutadores de jiu jitsu “arruaceiros”, “brigões” e “violentos”. Ficaram conhecidos pelo nome de “pit boys”. Pode-se discutir a função da mídia no trato dessas questões, a relação que essas pessoas realmente tinham com o jiu jitsu, se esses “lutadores” podem ser considerados expoentes dessa luta/ arte marcial ou se eles apenas são, quais valores são realmente empregados nas práticas das artes marciais, por que questões de violência estão relacionadas com as lutas/ artes marciais, enfim, dentre inúmeras possibilidades. Fica evidente a relação que as três dimensões dos conteúdos têm entre si. É impossível desassociar questões da dimensão procedimental com questões da dimensão conceitual, por exemplo. Assim, ao mesmo tempo em que o professor pode mostrar determinado movimento (dimensão procedimental), ele pode falar sobre a pontuação dessa posição ou quem a inventou ou em que momento histórico ela foi criada (fatos da dimensão conceitual). Da mesma forma que o professor pode demonstrar um movimento como uma chave de braço, por exemplo, (dimensão procedimental) e falar a respeito do fato ocorrido no Mundial de 2004 e discutir com os alunos a respeito das questões relacionadas aos limites do próprio corpo (dimensão atitudinal). As possibilidades são inúmeras e cabe ao professor ter conhecimento do jiu jitsu nas três diferentes dimensões para que ele possa realizar um processo de ensino-aprendizagem da forma mais pedagógica possível. Vale ressaltar que é necessário que o professor tenha conhecimentos sobre o jiu jitsu, mas não necessariamente ele precisa ser um faixa preto nessa modalidade. Nem mesmo é necessário que ele seja um praticante, e sim que ele tenha conhecimentos suficientes para aplicar vivências com os alunos nas aulas de Educação Física dentro da escola. Outro ponto muito relevante envolve questões de infraestrutura já que a realidade de muitas escolas do Brasil não permite elevados custos com materiais para as aulas de Educação Física. Como exemplo podemos citar o alto custo do tatame, o local usado para a aplicação das técnicas do jiu jitsu. Esse é um ponto que deve ser considerado, entretanto deve ser visto como um obstáculo que pode ser superado ou, na linguagem do jiu jitsu, “finalizado”. Adequações 
Como colchões, colchonetes e até mesmo no chão podem ser feitas. Como a ênfase não é a luta em si, é possível realizar alguns movimentos mesmo quando não há tatames, por exemplo. Em relação as propostas discutidas, nenhuma explicita o jiu jitsu quanto um possível tema a ser abrangido em aulas de Educação Física na escola. A proposta do Estado de São Paulo, por exemplo, cita algumas lutas como o boxe e o judô (como conteúdos possíveis de serem discutidos) e a capoeira (como conteúdo que tem que se discutir com os alunos), entretanto ela não cita nada sobre o jiu jitsu brasileiro. Já para os PCNs, é importante contemplar a categoria das lutas, embora eles não especifiquem nenhuma modalidade de luta. Considerações Finais Cazetto (2009) afirma que ensinar luta/ arte marcial na escola não é ensinar simplesmente os movimentos da luta, mas sim as condutas necessárias para se aperfeiçoar. Existe uma diferença de valores em cada um dos modos de aprendizagem por isso é importante compreender os fatores culturais e sociais e suas implicações pedagógicas (CAZETTO, 2009, p. 156). Com isso, torna-se evidente a diferenciação que deve existir entre o ensinar uma determinada modalidade em diversos contextos diferentes. Por isso, ensinar o jiu jitsu brasileiro em um clube ou uma academia é diferentedo que ensinar o jiu jitsu brasileiro em uma escola. Até mesmo dentro do clube ou da academia há diferenciações na forma de tratar pedagogicamente os conteúdos já que o enfoque para um lutador experiente e competidor deve ser diferente do enfoque dado nos conteúdos para uma criança na iniciação ao esporte. No âmbito escolar Gonçalves Júnior e Drigo (2001), afirmam que a falta de vivência reflexiva dos profissionais de Educação Física com relação às artes marciais deve ser sanada. Isto pode acontecer por meio da busca de interação de conhecimento destes profissionais com os atletas/ praticantes de lutas, devendo observar as pessoas não formadas, mas que são especialistas em artes marciais e também promover fóruns para a discussão conjunta da temática das artes marciais.
Ou seja, é de suma importância que o professor de Educação Física, tanto durante a sua formação, quanto naquela denominada de formação continuada tenha um contato estreito com as diversas temáticas da cultura corporal de movimento, dentre elas, as lutas. Mais importante ainda é que o professor saiba aplicar os conteúdos das diversas temáticas, como as lutas, nas três diferentes dimensões dos conteúdos. 
 Portanto, o jiu jitsu brasileiro torna-se então mais um conteúdo possível de ser aplicado nas aulas de Educação Física escolar, juntamente com outras tantas modalidades dentro do conteúdo das lutas, ressaltando os seus aspectos nas três dimensões dos conteúdos: atitudinal, conceitual e procedimental visando, com isso, a formação do aluno e sua autonomia.
METODOLOGIA
AÇÕES DESENVOLVIDAS 
Desenvolvemos a afetividade e integração entre os alunos, apresentando uma nova visão da arte marcial; 
 Construímos outras possibilidades de movimentar-se corporalmente, reelaborando as práticas vivenciadas, com apoio dos professores e dos colegas; 
 Contextualizamos a arte marcial que está sendo ensinada, responsabilizando-se por passar valores e princípios tradicionais da arte marcial não somente no aspecto físico e técnico; 
 Aplicamos adaptações nos conteúdos de forma lúdica transformando a luta em uma espécie de jogos;
 Observamos as mudanças na percepção corporal dos praticantes da arte marcial do jiu-jítsu; 
 Registramos a percepção da autoestima e autoconfiança dos praticantes da arte marcial do jiu-jítsu;
 Apresentamos a arte marcial do Jiu-Jitsu como instrumento educacional na sociedade;
 Estabelecemos rotinas na academia em que todos recebam apoio necessário para participarem de forma igual e plena;
Examinamos e adotar várias abordagens de ensino, para trabalhar com alunos com diferentes níveis de desempenho, reavaliando as práticas e determinando as melhores maneiras possíveis de promoção a aprendizagem ativa para os resultados educacionais desejáveis.
No planejamento inicial esta aula seria realizada na sala de vídeo para que os alunos pudessem assistir lutas de jiu jitsu, possibilitando a discussão sobre conceitos técnicos da luta (regras oficiais, estratégias e situações de combate). Na sequência seria apresentado o questionário de avaliação. Porém optei pela continuidade das aulas práticas e estimulei a análise dos saberes conceituais técnicos a partir da luta dos próprios alunos. Sendo assim a aplicação do questionário foi adiada para a aula seguinte. Continuando a aula anterior, após brincar de judô, realizamos o jiu jitsu através de jogos escolhidos pelos alunos, então pediram para repetir a luta ajoelhada, brincadeira de passagem de guarda e luta “normal”. Em todas as atividades o foco foi lutar jiu jitsu, porém as regras de cada jogo davam ênfase em diferentes fases da luta. 
Na figura 1 veremos o momento que os alunos formavam duplas e escolhiam as regras para jogar jiu jitsu de acordo com suas preferências. Alguns tinham preferência pela luta em pé e outros queriam fazer guarda.
Figura 1: Fotografia de alunos definindo duplas para jogar a luta. (imagens ilustratriva)
 
Deixei que eles organizassem os jogos e inventassem regras desde que respeitassem a essência do jiu jitsu. Faltando 1 minutos para o fim da aula convidei a turma para sentar em volta do tatame e chamei os alunos interessados em lutar jiu jitsu com regras oficiais, dentro daquilo que eles conheciam (figura 2).
 
Durante a luta fiz diversas perguntas do tipo: Foi ponto? Passou aguarda? Quem está fazendo guarda? Isso vale? Figura 2: Fotografia dos alunos lutando jiu jitsu com regras oficiais figura 1: Fotografia de alunos definindo duplas para jogar a luta 147 Também respondi perguntas dos alunos e fui convidado a lutar com eles em uma das turmas do 7° ano. Foi divertido ver a empolgação da turma. Enfim encerrei a aula e combinei de aplicar o questionário de avaliação na próxima aula. A maior parte dos alunos lamentou o fim da unidade didática de Jiu Jitsu, e durante o ano me cobraram a realização de mais aulas do tema. Algumas vezes, na última semana de cada mês, quando geralmente deixo que os alunos escolham a atividade (“aula livre”), o juiz jitsu costuma ser o tema da aula. Ver a luta duelando com o futebol e queimada na preferência dos alunos me deixou feliz.
CRONOGRAMA
Cronograma do projeto de ensino.
	Etapas do Projeto
	Período (2021)
	1. Planejamento
	01-08 de Setembro
	2. Execução
	11-29 de Setembro
	3. Avaliação
	01-29 de Setembro
.
RECURSOS 
· Espaço físico da escola, incluindo pátio ou quadra poliesportiva;
· Tatame;
· Roupas adequadas;
· Sala de vídeo;
AVALIAÇÃO
Atualmente, a LDB 9.394/96 aponta que a avaliação deve ser contínua, cumulativa e que os aspectos qualitativos devem prevalecer sobre os quantitativos. Portanto, a ênfase deve ser dada não ao ensinar e sim ao aprender. Neste sentido, a avaliação deve estar relacionada com os objetivos do plano escolar, com a sociedade na qual estamos inseridos e a que queremos construir, respaldada em um projeto social progressista e humanizado, pautado em um modelo pedagógico voltado para inclusão e para transformação da sociedade. Assim sendo, a avaliação não deve ser vista como um fim em si mesmo, mas sim, como um meio de diagnosticar o quanto o aluno se aproximou ou se distanciou do objetivo para que o professor possa tomar as decisões e reorganizar o ensino a fim de levar o aluno a uma aprendizagem significativa. (LUCKESI, 1999). Neste caso, a função da avaliação não é detectar déficits, mas sobretudo, analisar, interpretar, tomar decisões para orientar a melhoria do processo ensino-aprendizagem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a realização deste projeto de ensino foi possível realizar o planejamento de uma proposta pedagógica no âmbito da Educação Física Escolar.
Teve uma certa dificuldade de conseguir as matérias necessário logo de início, mas conseguimos apoio do sensei de jiu-jitsu que se encontra na cidade que emprestou o tatame e as roupas adequadas para realização das atividades de uma forma segura e bem orientada. 
REFERÊNCIAS
BETTI, Mauro; ZULIANI, Luiz, R. Educação Física Escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v.1, n.1, p.73-85, 2002.
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1997. 
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação física. vol. 7. Brasília, Secretaria de Educação Fundamental, 2001.
CAZETTO, F. F. A influência do Esporte Espetáculo sobre o modelo de competição dos mais jovens no judô. 2009. 209f. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2009.
CONFEDERAÇÃO BRASIEIRA DE JIU-JITSU ESPORTIVO – (CBJJE). Disponivel em: <www. http://cbjje.com.br/resultados/> Acesso em 01/05/2021.
CORREA, Edimara Antunes. Alternativas Pedagógicaspara a Inclusãodas lutas na Educação Física escolar. SC. 2011. 50f. Monografia (Graduação em Educação Física) –Universidade do Sul de Santa Catarina, Tubarão, 2011.
DARIDO, S. C. et al. Praticas corporais: Educação Física: 6º a 9º anos: manual do professor. 1. ed. – São Paulo: Moderna,2018.
GONÇALVES, A. V. L.; SILVA, M. R. S. D. Artes Marciais e Lutas: uma análise da produção de saberes no campo discursivo da Educação Física brasileira. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 35, p. 657-671, 2013. ISSN 0101-3289. 
KLAUS, Júlia. A filosofia disciplinada do jiu-jitsu. Disponível em: . Acesso em: 31 de Setembro 2021.
TAHARA, A. K.; DARIDO, S. C. Práticas corporais de aventura em aulas de educação física na escola. Conexões, v. 14, n. 2, p. 113-136, 2016.