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Renata Malheiro TIV 1 DEFINIÇÃO • A drenagem torácica consiste na inserção de um dreno na cavidade torácica ou mediastínica. • Conectada à um sistema de drenagem, utilizado para reexpandir o pulmão envolvido e remover o excesso de ar, líquido e sangue. • Em determinadas situações não traumáticas, a punção pleural com agulha precede a drenagem. INDICAÇÕES • Pneumotórax Ø Presença de ar entre as duas camadas da pleura. Ø Pode ser espontâneo, sem causa aparente em pessoas sem doença pulmonar conhecida, como uma ruptura de uma pequena área debilitada do pulmão (bolha). Ø Traumático, consequência de uma lesão penetrante ou fechado Ø Hipertensivo • Hemotórax Ø Consequência de um trauma torácico, seja ele contuso ou penetrante Ø Hemotórax maciço à pode ocorrer um rápido acúmulo com mais de 1500ml ou 1/3 do volume de sangue do doente na cavidade torácica • Derrame pleural sintomático ou redicivante Ø Pode ser estéril, infectada ou inflamatório (empiema, derrame parapneumônico), maligno (tumor) Ø Causando derrame pleural, como no quilotórax que é um acúmulo de linfa no espaço pleural. CONTRAINDICAÇÕES • Não há contraindicação absoluta para a drenagem pleural. • Existem algumas contraindicações relativas à drenagem de tórax como: Ø Coagulopatias ou uso de anticoagulantes orais Ø Cirrose hepática Ø Paquipleuris (espessamento dos dois folhetos da pleura) MATERAIS PARA DRENAGEM • Equipamentos de proteção individual (EPIs): luva estéril, bata, máscara, óculos de proteção • Material de antissepsia: pinça foerster; PVPI tópico ou clorexidina alcoólica e gaze. • Campo cirúrgico • Anestésico: lidocaína 1% • Agulha e seringa para anestesia • Cabo de bisturi (nº 3 ou 4) • Lâmina de bisturi (nº 11 ou 15 para cabo 3 ou 21,22,23 ou 24 para o cabo 4) • Pinça hemostática kelly ou Rochester • Material para sutura: porta agulha; pinça traumática; fio sertix (agulhado); tesoura reta • Material para curativo: gaze; esparadrapo ou micropore • Dreno: diâmetro de 2-6mm (6-26 French) para uso pediátrico Drenagem de Tórax Renata Malheiro TIV 2 Ø Para uso adulto é 5-11mm (20- 40 French) • Sistema selo d’água PREPARAÇÃO • Analisar a necessidade de profilaxia antibiótica antes da colocação do dreno. Ø A maioria das evidências da profilaxia com antibióticos envolve a população adulta acometida por traumas penetrantes e cirurgias torácicas eletivas. • Escolha do dreno apresenta uma ampla variação. Ø Nos adultos, estão disponíveis tubos variando de 24 a 40 French, para criança de 16 a 24 French, e em bebês, os tamanhos variam de 8 a 12 French. Ø Quanto mais viscos o conteúdo a ser drenado (pus ou sangue) mais calibroso será o dreno. • Procedimento necessita ser informado ao paciente e consentido por ele. REFERÊNCIAS ANATÒMICAS • Paciente em decúbito dorsal • Braços abduzidos com a mão atrás da cabeça (facilitando a exposição do tórax) • Localizar aproximadamente entre o 5º espaço intercostal anterior à linha axilar média TÉCNICA Etapas da técnica de drenagem de tórax: • Comunica/informar ao paciente sobre o procedimento • Paramentação completa com os EPIs • Posicionar o paciente • Antissepsia/assepsia e colocação de campos estéreis • Bloqueio anestésico em botão com lidocaína a 1% no local escolhido para inserção do dreno (anestesia-se a pele subcutâneo e periósteo) • Incisão cutânea de 1,5 a 2,0 cm de extensão, paralela aos arcos costais e junto à borda superior da costela inferior, no 5º espaço intercostal anterior à linha axilar média, buscando assim, não atingir os vasos nessa região (em uma emergência, os pontos de referência são a linha do mamilo nos homens e o vinco infra mamário nas mulheres) • Divulsão romba com a pinça Kelly ou Rochester dos planos subcutâneos e muscular até perfurar a pleura parietal. Ø Deve-se, nesse tempo, manter a pinça dentro da cavidade e abri-la para garantir o espaço para passagem do dreno. • Exploração digital do interior da cavidade: avaliar consistência dos órgãos, presença de aderências, corpo estranho, tumorações ou hérnia/lesões diafragmáticas. • O dreno deve ser pinçado com Kelly ou Rochester na extremidade em que será inserido na cavidade (próxima) e na porção distal. • Com o auxílio de uma pinça, o dreno é introduzido na cavidade e direcionado posterossuperiormente (pneumotórax) ou posteroinferiormente (hemotórax Renata Malheiro TIV 3 ou derrame pleural) e depois a pinça proximal é retirada. • O dreno é conectado ao sistema de sela d’água e depois a pinça distal deve ser retirada. Obrigatoriamente deverá haver oscilação da coluna liquida. O contrário indica erro na drenagem. • Fixa-se o dreno à pele, sem perfurá-lo, com um ponto em “U” de fio inabsorvível e resistente. • O fio é trançado ao redor do tubo (nó frouxo) e confeccionado “bailarina”, amarrando o fio apenas na última volta • Coloca-se um curativo oclusivo ao redor do local de inserção do dreno • Vedação da extremidade distal do dreno com o encaixe do selo d’água, utilizando esparadrapo • Pode ser feito um RX de tórax para confirmar a colocação apropriada do dreno. CRÍTÉRIOS PARA RETIRADA DO DRENO • O dreno torácico deve permanecer o menor tempo possível no interior da cavidade • Poderá ser retirado nas seguintes situações: Ø Dreno obstruído, que não consegue desobstruir (o doente é redrenado, se necessário) Ø Dreno que cumpriu sua função inicial, na ausência de borbulhamento, com baixo débito (abaixo de 100 a 200mL/24horas) e com boa expansão pulmonar clínica e radiológica. COMPLICAÇÕES • Enfisema subcutâneo • Lesão do feixe vasculonervoso • Edema pulmonar de reexpansão (volume maior do que 1500mL) • Empiema • Lesão de estruturas torácicas • Lesão de vísceras abdominais • Posicionamento errado do dreno. Renata Malheiro TIV 4