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Ana Clara Silva Freitas Processo de Envelhecimento Palestras UNIME 2021.2 Ana Clara Silva Freitas Aspectos sociais do idoso e subjetividade: Gerontologia. Idade cronológica A velhice está associada à idade avançada. Contudo, a idade cronológica, por se tratar de uma dimensão que se limita apenas a medir a idade com base no tempo percorrido, não pode consistir, por si só, um fator que define a velhice. OBS: A pessoa mais velha quando chega aos 60 anos é definida como idosa, independentemente de seu estado biológico, psicológico e social. Entretanto, o conceito de idade é multidimensional e não deve ser utilizada como medida do desenvolvimento humano. Idade biológica Esta idade é caracterizada a partir das modificações corporais que ocorrem ao longo da vida, ou seja, durante o processo de crescimento e desenvolvimento, transportando a pessoa para o envelhecimento. As alterações que caracterizam esta idade biológica culminando na velhice são: Diminuição da estatura; Perda da elasticidade da pele; Diminuição da visão e da audição; Perda de neurônios e diminuição do peso e do volume encéfalo. Idade psicológica Segundo o ponto de vista de Scheneider e Irigaray, a idade social é determinada pelo grau de adequação do indivíduo no desempenho de papéis e pelos comportamentos esperados pelas pessoas da mesma idade, tendo, porém, em consideração o tempo histórico e a cultura de cada sociedade e a classe social. Ademais, ela é definida pela relação da idade cronológica e as capacidades psicológicas, percepção, aprendizagem e memória que potencializam o desenvolvimento do idoso. Idade Social A idade social é definida pela obtenção de hábitos e status social pelo indivíduo quando realiza os papéis sociais ou expectativa em relação às pessoas de sua idade, sua cultura e seu grupo social. Senescência Declínio físico e mental de forma lenta e gradual, que ocorre, geralmente, após os 65 anos e que não se caracteriza como manifestação patológica. Abrange todas as alterações produzidas no organismo de um ser vivo. Na senescência não ocorrem distúrbios de condutas, amnésias, perda do controle de si mesmo. Em suma, é o “idoso sadio”. Ana Clara Silva Freitas Senilidade É o envelhecimento patológico. O idoso senil perde a capacidade de memorizar, prestar atenção, não consegue mais se orientar, fala sem nexo, vai limitando sua vida ao leito e, chega a perder o controle de urinar e defecar. Só 5% dos idosos padecem em senilidade. Autonomia X Independência A autonomia é um exercício de autogoverno, auto regulação, livre escolha, privacidade, liberdade individual e independência moral. A independência, por sua vez, consiste na capacidade de realizar as ABVD (Atividades Básicas da Vida Diária) e as AIVD (Atividades Instrumentais da Vida Diária). Síndrome da Fragilidade É uma síndrome clínica, de natureza multifatorial, caracterizada pela diminuição das reservas de energia e pela resistência reduzida aos estressores, resultando no declínio acumulativo dos sistemas fisiológicos. Como decorrência, há um aumento de vulnerabilidade e de desenvolvimento de doenças. Maior possibilidade de queda e de óbito. Essa síndrome é influenciada por fatores: Biológicos; Psicológicos; Sociais; Ambientais. A avaliação da fragilidade, segundo Linda Fried et al, é realizada pelos seguintes critérios: 1. Perda de peso (sem justificativa, como dietas); 2. Força; 3. Fadiga; 4. Atividade física; 5. Velocidade da marcha. Quando o indivíduo apresenta nenhuma característica dessas acima, ele é considerado um indivíduo não frágil/robusto. Quando apresenta uma ou duas características é considerado pré-frágil. Por fim, quando apresenta três ou mais dessas características, o indivíduo é considerado frágil. A mulheres possuem uma maior probabilidade de desenvolver a síndrome de fragilidade e os idosos também. Envelhecimento ativo É o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas. Ana Clara Silva Freitas Ter uma vida ativa no processo de envelhecimento, permite a redução de risco associados às principais doenças e aumentar os fatores de proteção ao longo do curso da vida. Ambientes amigos do idoso Para uma melhor qualidade de vida e diminuir acidentes como quedas, é necessário: Facilitar o acesso universal a ar e água não poluídos; reduzir a poluição e minimizar a exposição a poluentes, em especial nos grupos vulneráveis; Construir ambientes sem barreiras para facilitar a mobilidade ativa, o acesso a áreas verdes saudáveis e à alimentação saudável. Autocuidado na velhice É o investimento que o indivíduo realiza em si, beneficiando seu desenvolvimento e a manutenção de seu bem-estar, saúde e vida. Geriatria A geriatria atua nas seguintes áreas: Prevenção: propõe intervenções que se antecipem aos problemas mais comuns que afetam os idosos e orienta a criação de condições adequadas para um envelhecimento com qualidade. Ambientação: orienta a criação de condições ambientais para uma vida com qualidade na velhice, focando nos mais variados espaços por onde circulam ou vivem as pessoas idosas; Reabilitação: propõe intervenções quando ocorrem perdas que são resgatáveis e, quando irreversíveis, orienta a criação de condições individuais e ambientais para uma vida digna; Cuidados paliativos: propõe intervenções quando ocorrem doenças progressivas e irreversíveis, abrangendo aspectos físicos, psíquicos, sociais e espirituais. A atenção deve estendida também aos familiares, a fim de gerar o maior bem-estar possível e dignidade do idoso até a sua morte. Ana Clara Silva Freitas Tipos de violência na terceira idade Negligência; Violência psicológica; Violência patrimonial; Violência física. Doenças osteoarticulares relacionadas ao idoso A investigação das doenças osteoarticulares são iniciadas a partir das seguintes queixas: Fraqueza muscular; Lentidão dos movimentos; Fadiga muscular precoce; Dores articulares (MMII/Coluna vertebral); Limitações funcionais. Ex.: caminhar, levantar, dificuldades de realizar ABVD e AIVD. Principais fatores de incapacidade Dor: A dor causa uma inibição reflexa nos músculos, associado ao processe de fraqueza. Consequentemente, desenvolve-se uma limitação de movimento; A dor pode ser provocada pela alteração dos padrões articulares (sensação final do movimento). Essa alteração, por sua vez, podem estar relacionadas com as alterações fisiológicas provocadas pela idade, associadas a condição genética e hábitos de vida, por exemplo. Além disso, a dor também pode ser causada por: arco de movimento doloroso, alterações posturais, hipersensibilidade ou problemas emocionais. Geralmente a incapacidade de movimento junto a ausência da dor posterga a ida do idoso à uma consulta médica. Performance muscular: Relaciona-se com os fatores que afetam a estrutura do sistema musculoesquelético. Essa alteração resulta de fatores biomecânicos, como: Trauma direto; Alteração cardiovascular; Incoordenação neuromuscular (pode ser tanto fisiológico quanto patológico); Patologias que limitam a produção de força. Classifica-se como impedimento na força: Torque; Potência; Produção de trabalho ou execução de atividades. Ana Clara Silva Freitas Endurace: A endurace é a capacidade de realizar uma atividade de maneira harmônica com um equilíbrio metabólico. É dividida em muscular e cardiovascular. Ambas não possuem tanto impacto aos 60 anos de idade, dependendo dos hábitos de vida. A endurace muscular (resistência) é a capacidade dos grupos musculares executarem contrações repetidas contra uma resistência. O processo de resistência (manutenção corporal e postural) está relacionado à fibramuscular do tipo 1 e o processo de força com as fibras do tipo 2. Desse modo, a endurace muscular está relacionada com a capacidade dos grupos musculares executarem as contrações de maneira repetitiva contra uma resistência. Essa resistência é o peso do tronco, peso da cabeça, dos membros inferiores, ou seja, o peso do corpo de maneira geral. Já a endurace cardiovascular é a habilidade do ritmo cardiovascular em receber, extrair, distribuir e utilizar o oxigênio, além de remover os resíduos das atividades metabólicas. Ou seja, é o equilíbrio entre a oferta de oxigênio e a retirada dos metabólitos do organismo, provocado pelo processo de homeostasia. O desuso, o descondicionamento, a subutilização e os traumatismo são os fatores que impedem a endurace. A artrose no joelho ocasiona uma subutilização dos quadríceps, provocada pela dor, pela limitação do movimento, dentre outros, altera o processo de endurace. Mobilidade e postura: Postura é o estado composto das posições das articulações do corpo em um determinado movimento. Pode ser estática ou dinâmica (marcha). Ela é essencial para uma boa mobilidade. A alteração postural do idoso são os processos de: hipercifose torácica, anteriorização da cabeça, retificação lombar, flexão do quadril, flexão dos joelhos e dorso flexão do pé. Movimento é um evento que ocorre no espaço e no tempo, sendo consequência da interação entre o sistema biológico e o ambiente, inerente a natureza e o homem. Quando há uma postura errônea, a alteração osteoarticular pode gerar outras alterações como a hipercifose. A hipercifose dorsal é oriunda de uma espondilartrose (artrose da coluna vertebral), a qual é responsável por gerar uma restrição à mobilidade da coluna, consequentemente há uma expansibilidade torácica, diminuição da capacidade cardiopulmonar, o que gera incapacidade para outros tipos de movimentos. Envelhecimento do sistema osteoarticular Nesse processo há um equilíbrio da ação dos osteoblastos, dos Osteócitos e dos Osteoclastos. Os fatores que alteram esse equilíbrio são: Hipovitaminose D: ocorre devido a menor exposição solar e a maior utilização de agasalhos, por exemplo; Cartilagem articular: é o produto de secreção dos condrócitos. É também formada por uma matriz de colágeno tipo 2 (confere maior rigidez) altamente hidratada, conjuntamente com agregados de proteoglicanos (confere flexibilidade e amortecimento de impacto da articulação). Com o processo de envelhecimento há menor: agregação de proteoglicanos, resistência mecânica, hidratação do colágeno. Além disso, há maior resistência à colegenase e afinidade pelo cálcio. A partir dos 60 anos de idade o processo degenerativo começa a aumentar. Ana Clara Silva Freitas Principais causas das alterações osteoarticulares Articulação sinovial A sinóvia pode ser considerada um dialisado do plasma sanguíneo com a adição de um mucopolissacarídeo ácido não sulfatado, o ácido hialurônico (importante para o processo de nutrição e para a manutenção da cartilagem na composição anatômica e histológica). Ela desempenha importante papel na nutrição da cartilagem articular. A sinóvia é composta por três camadas: I. Íntima: zona avascular formada por uma camada superficial de células, com espessura normal de 1 a 3 células, chamadas de células limitantes; II. Subíntima: rica em células e em vasos; III. Subsinovial: separa a subíntima do tecido fibroso capsular e é constituída por um tecido conjuntivo frouxo. Sarcopenia A sarcopenia é a perda/diminuição da massa muscular, segundo o Tratado de Geriatria e Gerontologia. A sacrcopenia pode ser influenciada por fatores demográficos (idade, sexo, raça e etnia); comportamentais (inatividade sísica, nutrição inadequada e tabagismo); biológicos (infalamação e modificações hormonais) e por fatores clínicos (doenças crêonicas). A maior perda de massa muscular ocorre entre os 50 e os 80 anos de idade. Outros termos envolvidos nesse processo: Dinapenia: é a diminuição de força muscular relacionada à idade; Sarcodinapenia: é a diminuição de força muscular e de massa muscular. OBS: o indivíduo que apesenta dinapenia, não necessariamente apresenta a sarcopenia. Os membros inferiores possuem maior alteração da composição da massa muscular, pois estão mais relacionadas as ações de atividade funcionais, como andar, levantar e sentar. Em suma, a sarcopenia é caracterizada por uma progressiva e generalizada perda de massa e de força muscular com risco de eventos adversos, como incapacidade física, perda da qualidade de vida e morte. Exercícios melhoram e previnem esse quadro. Os exercícios aeróbicos estimulam a síntese proteica e ativam células satélites. Já os exercícios resistidos melhoram a força, a massa e qualidade muscular. Classificações: Pré-sarcopenia: há uma diminuição da massa muscular, sem necessariamente ter acometimento da força muscular. Assim, não alteração do seu desempenho físico. Sarcopenia: há uma diminuição de massa e de força muscular, assim, tem-se uma alteração do desempenho físico e dos exercícios das atividades. Sarcopenia grave: há uma perda de massa muscular significativa com processo de atrofia visível. Além disso, há diminuição da força muscular e, muitas vezes, gera-se um processo de sedentarismo, fazendo com que a sarcopenia avance ainda mais. Ana Clara Silva Freitas Alteração nervosa Quando se tem uma diminuição da alteração nervosa, há uma degeneração axônica, a qual está relacionada com a condução do impulso nervoso. Dessa maneira, o idoso terá dificuldade no processo de relaxamento da musculatura, o que também pode estar associado ao processo de fadiga. Com o processo de envelhecimento, o neurônio vai se afastando da fibra muscular, o que retarda a contratilidade e retorno da atividade muscular, o que implica nas atividades funcionais do idoso. Osteoporose É uma condição patológica que desencadeia uma baixa massa óssea. Há uma perda grande da parte óssea cortical e da parte óssea trabecular. Normalmente é de difícil diagnóstico e acomete muito mais as mulheres que os homens. Além disso, a osteoporose, torna-se mais perceptível após a fratura de Colles, fratura torácica e lombar e a fratura no fêmur (maior incidência aos 70 anos). Quando a fratura ocorre no corpo do fêmur, mas de maneira transversal, acredita-se que o idoso caiu e depois fraturou. É condicionada por: Microarquitetura trabecular interna; Taxa de remodelamento ósseo, macroarquitetura; Acúmulo de microdanos; Grau de mineralização; Qualidade da matriz. Existem 3 tipos de osteoporose: I. Osteoporose primária: acomete mais as mulheres, devido à perda de estrogênio. Ademais, as fraturas vertebrais são mais comuns. II. Tipo 2: ocorre tanto no homem quanto na mulher e há comprometimento do osso trabecular e do osso cortical. A ocorrência de fraturas vertebrais e no fêmur são bastantes recorrentes. III. Secundária: é decorrente de fármacos, genética, artrite reumatoide, doenças gastrointestinais, transplante de órgãos, imobilização prolongada, mieloma múltiplo, câncer de mama e anemias crônicas. A sua fisiopatologia abrange: Ana Clara Silva Freitas I. Ativação (14 dias): os pré-osteoclastos estimulados pelas forças mecânicas, CSF-GM e microfraturas transformam-se em Osteoclastos; II. Reabsorção (14 a 21 dias): os osteoclastos secretam substância ácida e digerem as matrizes orgânica e mineral do osso; III. Inversão (7 a 10 dias): há cobertura da cavidade por células derivadas de monócitos, formando uma superfície de cemento que previne a erosão óssea adicional. Esta fase é mediada por fatores de crescimento e interleucinas, liberados pela matriz óssea; IV. Formação (150 dias): os osteoblastos preenchem a lacuna com osteoide, o qual é mineralizado progressivamente. Nesse processo há a participação da RANKL, o qual é um membro da superfamília TNF,expresso pelos osteoblastos e seus precursores imaturos. Essa citocina ativa seus receptores RANK, promovendo a formação e a ativação dos osteoclatos, prologando sua sobrevivência por meio da apoptose. Os efeitos das RANKL são bloqueados pela osteoprotegeria (OPG), a qual atua como receptor solúvel, agindo como antagonista do RANKL. OBS 1: Alterações da relação entre RANKL/OPG são críticas na patogênese das doenças ósseas reabsortivas. Exames diagnósticos por imagem: Radiografia; Densitometria óssea. OBS 2: Os osteoblastos dos ossos em mulheres na menopausa respondem de forma insuficiente a diferentes fatores de crescimento, em comparação aos osteoblastos dos ossos de mulheres jovens. OBS 3: A osteoporose secundária desenvolve-se em consequência da terapia com corticosteroides ou processos patológicos que podem afetar a remodelação óssea. Osteoartrite e osteoartrose São uma patologia não progressiva, pois se ela for descoberta de uma forma, é possível manter a integridade da articulação de uma forma mais harmônica, sem uma evolução da doença. Representam cerca de 30 a 40% das consultas em ambulatórios de reumatologia. São responsáveis por 7,5% de todos os afastamentos do trabalho. Além de serem a quarta causa determinante de aposentadoria. Esse processo é pouco comum antes dos 40 anos e mais frequente após os 60 anos. Os tipos de dores nessas patologias são: irradiada, difusa e/ou com agulhadas. Já os Ana Clara Silva Freitas segmentos mais acometodos são a coluna vertebral e o quadril. As doenças mais associadas são: HAS, DM e doenças cardíacas. Quando há degeneração da cartilagem articular, ocasiona-se um atrito entre os ossos. Quanto a patogenia: Os efeitos mecânicos induzem o aumento de citocinas inflamatórias associadas a fatores biológicos, com isso, o equilíbrio entre a formação e a degradação da matriz cartilaginosa é rompida. Assim, a cartilagem começa a apresentar fissuras, há um aumento da composição de água, diminuição de força de tensão da MEC e, consequentemente, menor produção do líquido sinovial. Ainda, as citocinas pró-inflamatórias alteram a função do condrócito, estimulando a liberação de enzimas proteolíticas. Dessa forma, ocorre um adelgamento da cartilagem, microfraturas e, por fim, a inflamação, como processo de defesa do organismo. Quadro clínico: Dor ao movimento; Ausência de dor ao repouso; Alargamento ósseo; Rigidez óssea matinal ou após longo período de inatividade; Crepitações e estalidos; Atrofia ou FM devido ao desuso; Instabilidade articular; Deformidade articular; Limitação nas AVD e AIVD; Inflamação e edema. Locais e acometimento: Coxartrose; Espondilartrose; Gonartrose; Osteoartrose em mãos, ombros e em ATM. O tratamento dessas patologias podem ser: não famarcológico, farmacológico e o cirúrgico. OBS 1: A osteoartrite é uma doença que se inicia de forma insidiosa, lenta e gradualmente progressiva, principalmente nas articulações de carga, coluna e mãos. OBS 2: A osteoartrite é considerada uma insuficiência da articulação que limita a mobilidade devido a rigidez. OBS 3: A membrana sinovial, principal fonte de produção de citocinas pró-inflamatórias e metalproteinases, contribuiu na intermediação dos mecanismos fisiopatogênicos da osteoartrite. Ana Clara Silva Freitas Artrite reumatóide É uma doença inflamatória sistêmica, autoimune e crônica, caracterizada pelo acometimento primordial das articulações sinoviais. Além disso, é uma doença crônica severa, debilitante, com localização variada, mais comumente nas articulações sinoviais e tecidos periarticulares, com dores e deformidades progressivas, considerada até o momento incurável. Possui causa desconhecida. Entretanto, sua natureza é autoimune, genética e/ou hormonal. A persistência dos estímulos ocorre pela incapacidade do sistema imune em controlar a inflamação que leva a cronicidade da doença. Essa patologia acomete homens e mulheres em todas as idades, com picos de incidência em adultos jovens e mulheres pré-menopausa. Contudo, sua maior incidência é maior em mulheres entre 50 e 70 anos. Quanto a fisiopatologia: Um antígeno desconhecido é apresentado ao linfócito T, que estimula macrófagos, monócitos e fibroblastos. Isso vai promover a liberação de fatores de necrose tumoral (TNF) e interleucinas 1, 6 e 10. Posteriormente, a membrana sinovial torna-se alvo de agressão, isso promove hiperplasia, hipertrofia, neoangiogênese, infiltração celular. Esse último gera uma fibrose tecidual e formação de Pânus (tecido que ivade a região intra articular). Manifestações clínicas: Rigidez matinal articular de pelo menos uma hora; Artrite de três ou mais áreas articulares (mãos, punhos, cotovelos, joelhos, tornozelos e pés); Artrite das articulações das mãos; Artrite simétrica; Nódulos reumatoides; Presença do fator reumatóide; Alterações radiológicas (osteopenia periarticular e/ou erosões); Presença de anemia e nódulos subcutâneos. Quanto a patologia: I. Tipo monocíclico: apresenta dor e rigidez articular de até 1 ano; remissão da doença com pouco ou nenhum tratamento; ocorre em cerca de 20% dos casos; II. Tipo policíclico: é presente em 70% dos pacientes; possui curso intermitente com perídos de exacerbação e de melhora; III. Tipo progressivo: tem envolvimento articular aditivo, sem períodos de remissão; rápida destruição articular se não tratado a tempo; são 10 % dos casos. Quanto a suas fases: Aguda: para haver redução da dor e da inflamação é recomendado reposuo e medidas analgésicas e anti- inflamatórios; manutenção de FM e ADM. Sub-agudo: retomada de AVD independente; controle motor adequado para correção de sobrecargas biomecânicas; ênfase na reeducação postural e trabalho muscular ativo; Ana Clara Silva Freitas Crônico: manutenção das capacidades e orientar auto tratamento. Além de uso de medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios associados à agudização. O tratamento pode ser medicamentoso com a prescrição de anti-inflamatórios e corticosteroides. Esse tratamento deve ser rápido para que sejam prevenidos danos irreversíveis. Lúpus esritematoso sistêmico Trata-se de uma doença crônica, multi sistêmica, autoimune e de etiologia desconhecida, caracterizada por episódios de remissão e recidiva. A sua causa é desconhecida, contudo, é de natureza autoimune. As alterações celulares dão origem à produção excessiva e variada de anticorpos, resultando na inflamação tecidual de natureza imunológica. Os fatores epigenéticos e ambientais podem contribuir. Ex.: drogas, luz UV, stress, infecções, fatores étnicos e socioeconômicos. Predomina-se no sexo feminino e os primeiros sintomas aparecem entre 16 e 55 anos. Após aos 50 anos os sintomas são considerados mais leves. Sinais e sintomas: Distúrbios de cognição; Perda de peso; Dores musculares; Fadiga; Erupção malar em borboleta e fotossensibilidade; Artrite migratória não erosiva e simétrica; Dor pleurítica e derrame pleural; Pericardite leve; Anemia e leucopenia; Depressão, ansiedade, cefaleia, visão turva, psicose e neuropatia periférica. O diagnóstico é difícil devido a variabilidade dos sintomas. É necessário que haja 4 ou mais sintomas, entre eles: Erupção malar; Hipersensibilidade; Úlceras orais; Artrite. OBS: todo tratamento depende da condição funcional do indivíduo. Ana Clara Silva Freitas O envelhecimento e as síndromes demenciais Declínio cognitivo Inicialmente, devemos considerar aqueles que não podem ser classificados como demenciados nem como normais, mas possuem prejuízo cognitivo predominantemente de memória. Fatores que caracterizam o declínio cognitivo leve: Esquecimento senil benigno; Demência questinonável; Esquecimento na terceiraidade; Prejuízo de memória associado a idade; Declínio cognitivo associado à idade; Memória comprometida não demenciada; Transtorno cognitivo leve. Transtorno neurocognitivo (TNC) Essa teoria abrange o grupo de transtornos em que o déficit clínico primário está na função cognitiva, sendo transtornos adquiridos em vez de transtornos do desenvolvimento. Os TNCs são aqueles em que a cognição prejudicada não estava presente ao nascimento ou muito no início da vida. Assim, eles representam um declínio a partir de um nível de funcionamento alcançado anteriormente. Como o próprio nome sugere, esses transtornos estão associados à neurologia e à cognição, assim, faz-se necessário compreender a especialização dos lobos. Lobo frontal: funções executivas; Lobo parietal: sensação de dor, tato, gustação, temperatura, pressão lógica matemática, relações espaciais e sintáticas (relativas e passivas); Lobo lateral: é relacionado primeiramente com o processamento da audição. Isso possibilita o reconhecimento de tons específicos e intensidade do som; Lobo occiptal: é responsável pelo processamento da informação visual. DSM-V: Reconhece um nível menos grave de comprometimento cognitivo, TNM leve. Esse é um novo transtorno que permite o diagnóstico de síndrome menos incapacitantes que podem, no entanto, ser foco de preocupação e tratamento. Funções psicológicas superiores: As funções corticais superiores se organizam em diferentes níveis de complexidade e são realizadas pelo trabalho cooperativo das diferentes regiões cerebrais de um mesmo hemisfério ou dos dois em conjunto, ou seja, envolvem regiões corticais e sub-corticais. Elas abrangem: sensação, percepção, memória e linguagem. Funções neuropsicológicas: Ana Clara Silva Freitas As funções neuropsicológicas são um produto de evolução sócio-histórica e da experiência social do indivíduo, internalizada e sedimentada no cérebro. As sensações, por sua vez, constituem a fonte básica dos nossos conhecimentos atinentes ao mundo exterior e ao nosso próprio corpo. A percepção é a transformação de sensações isoladas numa percepção integral. Quando se trata de um objeto, a percepção está sempre associada ao seu reconhecimento ou à sua inclusão em um sistema de associação familiares. Memória As ocorrências dos fenômenos da memória não são transdisciplinares somente no fato, não se deixarem monopolizar por nenhuma área, mas também pelas própria\s contraindicações que a constitui dentro de cada área. Os termos de memória semântica, episódica, procedural, de curto e de longo prazo, de trabalho, são indícios da complexidade da memória enquanto objeto de estudo. Classificação: Memória de trabalho: não produz arquivos; Memória declarativa: registram fato e/ou eventos sejam eles episódicos, semânticos e autobiográficos. Memória procedural; Memória de curta ou de longa duração. Síndromes demenciais São caracterizadas por déficit progressivo na função cognitiva, com maior ênfase na perda de memória, e interferência nas atividades sociais e ocupacionais. Não são causadas por um estado confunsional agudo, como o delírio. Sendo marcadas por episódios constantes. Possuem divisões variadas, como: Primárias: patologias que atingem o SNC e progressivas; Secundárias: patologias que não levam primeiramente a demências. Doença de Alzheimer Responde por cerca de 60% de todas as demências. Possui início insidioso e progressivo. Além disso, historicamente, essa doença possui um prejuízo de memória, o qual é o evento clínico de maior magnitude. Nos estágios iniciais, geralmente, é encontrada uma perda de memória episódica e dificuldades na aquisição de novas habilidades. Assim, há uma evolução gradual com prejuízos em outras funções cognitivas. Ana Clara Silva Freitas Os vários domínios cognitivos e não cognitivos podem ser afetados em cada paciente de modo distinto, ou seja, são diversas as formas de apresentação clínica e de progressão da doença e, provavelmente, de resposta ao tratamento. A dificuldade de precisar a data de início da doença é notória. A piora progressiva dos sintomas ocorre de forma gradual e contínua, em geral, em um período de 8 a 12 anos. Existe, todavia, grande variabilidade na velocidade de progressão da demência da DA, desde períodos muito curtos (2 anos) a períodos muito longos (25 anos). Os fatores que afetam a sobrevida são: idade, gênero e gravidade da demência. Demências vasculares (TNC vascular maior ou leve) O surgimento de déficits cognitivos está temporariamente relacionado com um ou mais de um evento cerebrovascular. Evidências de declínio são destacadas na atenção complexa (incluindo velocidade de processamento e na função executiva frontal). Há evidência da presença de doença cerebrovascular a partir da história, do exame físico e de neuroimagem. Delirium É uma perturbação da atenção e da consciência. Em relação a primeira, possui capacidade reduzida para direcionar, focalizar, manter e mudar a atenção. Quanto a segunda, possui menor orientação para o ambiente. A perturbação se desenvolve em um período breve de tempo (normalmente de horas a poucos dias), representa uma mudança da atenção e da consciência basais. Além disso, tende a oscilar quanto à gravidade ao longo de um dia. Pode apresentar também uma perturbação adicional na cognição, como déficit de memória, desorientação, linguagem e etc. Avaliação de demências: Histórica clínica: presença de sintomas como apatia, confusão mental e agressividade. É importante que a entrevista seja realizada na presença de um familiar; Avaliação cognitiva: aplicação de MEEM, bateria breve de rastreio cognitivo, etc.; Avaliação funcional: índice de AVD, questionário de PFEFFER. Ademais, é importante que sejam checados alguns pontos: Conhecimento da história do paciente; Como retomar essa história? Infância (desenhos, mapas, casos); Trabalho (ambiente, tarefas, dias marcantes); Notícias importantes no mundo; Família, amigos; Orientação para a realidade; Reminiscências. O trabalho de reabilitação com as demências: Cultura e sociedade; Leitura, contos e recontos; Valorização da tradição oral; A utilização de mapas; O trabalho com cotidiano; A valorização das práticas sociais; Ana Clara Silva Freitas O respeito ao idoso. OBS 1: Os sintomas comportamentais e psicológicos da demência são: agitação, perambulação, agressividade, distúrbios do sono e questionamentos repetidos. OBS 2: O potencial de reversão de demência está relacionado à condição patológica, obtenção do diagnóstico e no tratamento eficaz. OBS 3: As síndromes demenciais são caracterizados pelos múltiplos déficits cognitivos, perda de memória e interferência nas atividades sociais e ocupacionais.
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