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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA E CIÊNCIA DOS ALIMENTOS Suelen Cristina Wagner RELATÓRIO SOBRE ÍNDICE DE ACIDEZ EM ÓLEOS E GORDURAS Santa Maria, RS 2021 INTRODUÇÃO A determinação da acidez pode fornecer um dado importante na avaliação do estado de conservação do óleo. Um processo de decomposição, seja por hidrólise, oxidação ou fermentação, altera quase sempre a concentração dos íons hidrogênio. A decomposição dos glicerídeos é acelerada por aquecimento e pela luz, sendo a rancidez quase sempre acompanhada pela formação de ácidos graxos livres. Estes são frequentemente expressos em termos de índice de acidez, podendo sê-lo também em mL de solução normal por cento ou em g do componente ácido principal, geralmente o ácido oléico. Os regulamentos técnicos costumam adotar esta última forma de expressão da acidez. O índice de acidez é definido como o número de mg de hidróxido de potássio necessário para neutralizar um grama da amostra. O método é aplicável a óleos brutos e refinados, vegetais e animais, e gorduras animais. Os métodos que avaliam a acidez titulável resumem-se em titular, com soluções de álcali-padrão, a acidez do produto ou soluções aquosas/alcoólicas do produto, assim como os ácidos graxos obtidos dos lipídios. (INSTITUDO ADOLFO LUTZ, 1985). MATERIAIS E MÉTODOS Materiais • Balança analítica • Espátula • Frasco Erlenmeyer de 125 mL • Proveta de 50 mL • Bureta de 10 mL • Chapa de aquecimento Reagentes • Solução de éter-álcool (2:1) neutra • Solução fenolftaleína 1% • Solução de hidróxido de sódio 0,1 M Método Para determinar o índice de acidez, primeiramente é necessário que as amostras estejam bem homogêneas e completamente líquidas, após deve ser pesado 2 gramas da amostra em um frasco Erlenmeyer de 125 mL e aquecidas até 60 ºC, então adicionar 25 mL de solução éter- álcool (2:1) neutra. Em seguida deve-se adicionar 2 gotas do indicador fenolftaleína e então titular com solução de hidróxido de sódio 0,1 M até o aparecimento da coloração rósea, a qual deverá persistir por 30 segundos. A titulação deve ser feita em duplicata. CÁLCULOS Amostra 1: Óleo de soja v1= 1,4 mL v2: 1,25 mL f= 1,0033 P= 2 g Índice de Acidez = v x f x 5,61 P Índice de acidez= 1,325 mL x 1,0033 x 5,61 2g Índice de Acidez= 7,45 = 3,72 mg NaOH/g de óleo 2g Cálculo do índice de acidez do ácido oleico (IA): Índice de Acidez= V x f x 0,0282 x 100 = g% ácido oléico P Índice de Acidez= 1,325 mL x 1,0033 x 0,0282 x 100 2g Índice de Acidez= 3,75 = 1,87 g% ácido oléico 2g Amostra 2: Azeite de oliva v1= 1,6 mL v2= 1,6 mL f= 1,0033 P= 2 g Índice de Acidez = v x f x 5,61 P Índice de Acidez= 1,6 mL x 1,0033 x 5,61 2g Índice de Acidez= 9,0 = 4,50 mg NaOH/g de óleo 2g Cálculo do índice de acidez do ácido oleico (IA): Índice de Acidez= V x f x 0,0282 x 100 = g% ácido oléico P Índice de Acidez= 1,6 mL x 1,0033 x 0,0282 x 100 2g Índice de Acidez= 4,52 = 2,26 g% ácido oléico 2g RESULTADOS E DISCUSSÕES De acordo com a ANVISA o índice de acidez do óleo de soja refinado expresso em gramas de ácido oléico/100g da amostra de óleo é de no máximo 0,3%. O Índice de Acidez encontrado foi de 1,87 g% ácido oléico, esse valor está muito acima do recomendado. Segundo a Legislação brasileira vigente o azeite de oliva para ser considerado virgem extra deve possuir, no máximo, 0,8g/100g de acidez expressa em ácido oleico (BRASIL, 2012). O Índice de Acidez encontrado foi de 2,26 g% ácido oléico, esse valor também se encontra acima do permitido. Um elevado índice de acidez indica que o óleo ou gordura está sofrendo quebras em sua cadeia lipídica, liberando seus constituintes principais (ácidos graxos). O cálculo deste índice é de extrema importância na avaliação do estado de deterioração de alimentos que contenham lipídios em sua composição, avaliando o estado de rancidez hidrolítica no qual o óleo/gordura se encontra. Quanto maior for o índice de acidez, maior volume de base consumida. (MORETTO, E; FETT, R, 1998). Segundo RIBEIRO et al. (2004), o estado de conservação do óleo está intimamente relacionado com a natureza e qualidade da matéria-prima, com a qualidade e o grau de pureza do óleo, com o processamento e, principalmente, com as condições de conservação, pois a decomposição dos glicerídeos é acelerada por aquecimento e pela luz, enquanto a rancidez é quase sempre acompanhada da formação de ácido graxo livre. Nos parâmetros de qualidade para aceitabilidade de óleos vegetais é importante que os valores para o índice de acidez sejam os menores possíveis, uma vez que valores elevados são indicativos de alterações indesejadas, comprometendo a capacidade de utilização dos mesmos, sejam para fins alimentícios ou carburantes (RIBEIRO et al. 2004). Um óleo ou gordura bem conservado devem apresentar uma baixa acidez (NEUZA, 2009). Óleos com elevado índice de acidez podem conferir sabor e odor desagradáveis aos alimentos, assim como apresentar características químicas comprovadamente nocivas à saúde. (FILHO et al., 2013). CONCLUSÃO De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que o óleo de soja e o azeite de oliva não estão conforme pois seu valor está muito a cima dos padrões de consumo permitidos pela legislação vigente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANVISA, Consulta Pública n° 85, de 13 de dezembro de 2004, D.O.U de 17/12/2004 BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 1, de 30 de janeiro de 2012. Estabelece o Regulamento Técnico da Azeite de Oliva e Óleo de Bagaço de Oliva e Limites de tolerância. Diário Oficial da União, 1 fev. 2012. Seção 1, p.5-8. Disponível em: ˂ Disponível em: ˂http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index. jsp?data=01/02/2012&jornal=1& pagina=5&totalArquivos =112 ˃. Acesso em 15 de agosto de 2021. Filho ST, Sena MFM, Silva ER, Mattos UA, Leal IPM. Avaliação do nível de deterioração do óleo vegetal utilizado em estabelecimentos comerciais de Duque de Caxias-RJ. REGET. 2013;13(13): 2710- 5. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas analíticas do Instituto Adolfo Lutz. v.1.: Métodos Químicos e Físicos para Análise de Alimentos, 3. ed. São Paulo: IMESP, 1985. p. 245-246. NEUZA, J., Química e Tecnologia de Óleos Vegetais. São Paulo: Universidade Estadual Paulista, 2009. MORETTO, E; FETT, R. Tecnologia de óleos Vegetais e Gorduras Vegetais na Indústria de Alimentos. São Paulo: Varela, (1998). RIBEIRO, E. P.; SERAVALLI, E.A.G., Química de Alimentos. Ed. 2ª. Revista. Instituto Mauá de Tecnologia. 2004.
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