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Psicopatologia- Noções gerais sobre o diagnóstico O que causa os transtornos mentais? - Em primeiro lugar, é válido ressaltar que todo e qualquer comportamento só pode ser esclarecido em sua essência se houver o mínimo de conhecimento sobre a história de vida de seu autor, isto é, a análise não pode ser feita pelo comportamento restrito em si. - Há 3 conjuntos de vulnerabilidades que contribuem para o desenvolvimento de um transtorno mental, sendo eles: constitucional, pessoal e circunstancial. → Vulnerabilidade constitucional: é aquela que não depende da ação ou reação do sujeito. Exemplo: hereditariedade, sexo, raça, etc → Vulnerabilidade pessoal: é aquela que depende diretamente da ação ou reação do sujeito ao longo de sua vida. Ex: personalidade, histórico de vida, convívio social, etc → Vulnerabilidade circunstancial: é aquela que depende, em parte, da ação ou reação do sujeito no momento crítico atual. Ex: crise financeira, crise conjugal, contexto social, etc. - Dessa forma, os indivíduos podem se tornar portadoras de transtorno mental se houver comprometimento nos três conjuntos de fatores citados, onde as vulnerabilidades fragilizam sua capacidade de elaboração. Operacionalização do diagnóstico - É necessário a construção teórica, ou seja, ordenar o quadro clínico → organizar as queixas e compreender o real problema. A ordenação é sempre baseada em dados clínicos, ou seja, informações coletadas do sujeito/acompanhante. - Uma história clínica bem colhida e um exame do estado mental minucioso são essenciais para o diagnóstico psicopatológico. - O diagnóstico não é baseado em mecanismos etiológicos, exceto os quadros orgânicos → baseia-se no perfil de sintomas apresentados pelo paciente na história do transtorno. - Não existem sinais ou sintomas psicopatológicos específicos. Não há sintomas patognomônicos. → definitivos e exclusivos. - É fundamental a observação do curso do transtorno - Confiabilidade e validade do diagnóstico: confiabilidade → ao mudar diferentes aspectos do processo de avaliação, o resultado final permanece o mesmo; validade → capacidade de captar O diagnóstico é uma construção teórica feita para compreender melhor a queixa do paciente e estabelecer uma proposta terapêutica. Em alguns casos, há o uso de testes psicológicos ou neuropsicológicos que auxiliam de forma importante o diagnóstico. → é um dado clínico aquilo que se propõe a reconhecer. Aparecer em situações diferentes - Sempre pluridimensional. Alterações das funções mentais - As funções psíquicas não se comprometem de maneira isolada. → Funções mais afetadas nos transtornos psicoorgânicos: consciência, atenção, memória, inteligência, linguagem, orientação. → Funções mais afetadas nos transtornos afetivos, neuróticos e de personalidade: afetividade, vontade, psicomotrocidade. → Funções mais afetadas nos transtornos psicóticos: sensopercepção, pensamento, juízo de realidade, vivência do eu. Apresentação dos transtornos mentais - Transfundos das vivências psicopatológicas: faz parte do psicodiagnóstico, mas não é o diagnóstico em si - Transfundo é a pessoa e a situação em que ela se apresenta. palco estáveis: há sempre uma estrutura que é mais estável, como a personalidade e a inteligência - Todo diagnóstico tem um transfundo estável, que é o “eu” há também os mutáveis e momentâneos, como o nível de consciência, humor Ex: em uma conversa, na qual o suj. está relaxado, calmo e com vontade de conversar, o transtorno mental vai se apresentar de uma forma. Em outra conversa que o suj. está triste, magoado, será de outra maneira que o transt. se apresentará. - Sintomas emergentes: é o principal para fazer o diagnóstico, são as vivências e queixas pontuais, causa pontual do sofrimento do suj. → todas as alterações psicopatológicas individualizáveis e destacadas que não fazem parte do transfundo (alucinação, pensamento, linguagem) Constituição e manifestação dos sintomas - Patogenia/patogênese: transtorno mental de base → como os sintomas se formam e se estruturam → é mais universal e comum a todos os pacientes - Patoplastia: personalidade pré-mórbida → fatores externos e prévios da doença → depende da história de vida singular do paciente e da cultura em que vive - Psicoplastia: eventos e reações do indivíduo e do meio psicossocial → modos de reagir aos conflitos familiares, perdas sociais e ocupacionais. A vivência pontual é usada para fazer o diagnóstico, mas a proposta terapêutica vai se basear também no transfundo, na capacidade da pessoa ser como ela é Exemplo: homem de 50 anos, com episódio depressivo grave (fator patogenético), que sempre teve uma personalidade histriônica e é descendente de italianos (fator patoplástico). Após alguns meses de descuido com suas tarefas ocupacionais perdeu o emprego (fator psicoplástico). Evolução temporal dos transtornos mentais - Crônico: processo ou desenvolvimento 1. o processo é endógeno e incompreensível 2. o desenvolvimento é compreensível e relacionado a personalidade (normal ou anormal). - Agudos ou subagudos: crise ou ataques, episódios, reações vivenciais, fases e surtos. Duram períodos de tempo diferentes 1. crises ou ataques- surgimento e término abruptos 2. episódios- dias ou semanas 3. reação vivencial anormal- intensidade, duração 4. fases- semanas ou meses 5. surto- agudo, endógeno Evolução pós-tratamento - Remissão: retorno ao normal - Recuperação: retorno ao normal ou estado pós-mórbido melhorado após um tempo médio (mais ou menos um ano). Pode permanecer por longo tempo - Recaída: retorno dos sintomas após uma melhora parcial ou quando o estado assintomático é recente (de dois a três meses) - Recorrência: surgimento de um novo episódio após um período médio assintomático (mais de três meses)
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