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Fisiologia do envelhecimento

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Fisiologia do envelhecimento
Composição corporal
· Redução contínua da celularidade (a partir dos 25a)
· Diminuição da água intracelular
O que torna a pessoa idosa desidratada fisiologicamente cuidados com fármacos hidrossolúveis(digoxina).
· Diminuição da musculatura (especialmente fibras do tipo II, contração rápida, como as da mão);
· Aumento da gordura (cintura pélvica);
Cuidado com medicamentos lipossolúveis de ação central tempo de ação aumentado;
Pele
· Possui função excretora e protetora;
· Diminuição das glândulas sebáceas pele seca (xerodermia);
· Papilas dérmicas menos profundas, levando a menor junção entre a derme e a epiderme facilita a formação de bolhas e predispõe a lesões;
· Diminuição contínua de melanócitos (8 a 20% por década após os 30 anos de vida) + alentecimento da reposição das células da epiderme + maior exposição a raios UV = MAIOR RISCO DE CA DE PELE; 
· Diminuição da vascularização palidez e diminuição da temperatura;
Pálpebras
· Atrofia da aponeurose do músculo levantador da pálpebra ptose senil;
· Flacidez da pálpebra superior limita o campo visual lateral;
Predisposição a acidentes e a infecções – coçar o olho com a mão suja;
Fâneros
· Dificuldade de termorregulação (diminuição das g. sudoríparas e vasos sanguíneos);
· Embranquecimento dos cabelos (diminuição dos melanócitos nos bulbos capilares)
· Diminuição da destreza para certos movimentos (diminuição dos corpúsculos de Pacini e Meissner);
· Unhas se tornam quebradiças e frágeis;
Musculatura 
· Perda de massa muscular de 15% a partir de 50a;
· Perda acelerada chegando a 30%, por década, a partir dos 70a;
· Redução tanto de número quanto de volume de fibras;
Obs. O músculo do diafragma quase não sofre alteração, diferente do da panturrilha, que diminui a força significativamente;
· Níveis baixos de vitamina D estão associados à fraqueza muscular;
Suplementação de vit. D traz benefícios em pacientes cujo nível está abaixo de 20ng/ml;
Alterações cardiovasculares
· Perda de fibras na bifurcação do feixe de His propensão a arritmias cardíacas;
· Atrófico em número de células, hipertrófico morfologicamente;
· Hipertrofia de VE, provocando aumento de PA;
· Acúmulo de proteína amiloide amiloidose (são lipossolúveis e incapazes de serem degradadas, acumulam-se e causam danos)
· Aumento da rigidez da parede arterial aumento da impedância do fluxo sanguíneo durante a sístole
· Frequência cardíaca diminuída durante exercício (fórmula: 220 – idade)
Sistema nervoso
Alterações estruturais
· Diminuição do cérebro a partir dos 65a (lobo frontal e temporal, especialmente);
· Maior perda de substância branca (localizada internamente no SNC) que de cinzenta (localizada externamente no SNC);
· Diminuição das sinapses (processos apoptóticos);
Para compensar essas perdas, há aumento das células gliais (gliose), que visa proteger a função neuronal e a plasticidade.
· Diminuição no número de dendritos alteração na neurotransmissão piora da comunicação do SN;
A plasticidade cerebral pode ocorrer aumentando a densidade dos dendritos, assim como seu prolongamento, como uma reação de manutenção da função cerebral;
· No SNP: células do corno anterior da medula diminuem (contém neurônios motores);
· Redução da mielina nos nervos sensoriais; 
Perda da sensibilidade vibratória, do tato e da dor, termorregulação, controle vascular cardíaco e periférico;
Alterações bioquímicas
· Diminuição da acetilcolina (apoptose de neurônios colinérgicos – que produzem ACh – e muscaríneos – que recebem ACh);
Importante para a cognição e memória;
· Diminuição de dopamina e seus receptores;
Ativa os circuitos de recompensa do cérebro, podendo se espalhar para diferentes vias, cada uma com uma função;
Alterações metabólicas e circulatórias 
· Diminuição da água tanto intra quanto extracelular;
· Lentidão da síntese proteica;
· Aumento na oxidação das proteínas e sua glicosilação;
· Diminuição da síntese lipídica pela variação dos substratos lipídicos;
· Alteração na membrana lipídica e na condução nervosa;
· Alterações circulatórias relacionadas à aterosclerose;
· Diminuição do fluxo sanguíneo cerebral e da utilização da glicose;
· A barreira hematoencefálica torna-se permeável a diversas substâncias (susceptibilidade à demência);
Alterações cognitivas e comportamentais
· Mais afetadas:
· Memória episódica e laborativa;
· Função executiva;
· A capacidade de aprender novas informações já diminui aos 30a;
· Fluência verbal é diminuída aos 70a;
Marcha, postura e equilíbrio
(Mulheres tendem a ter um pior desempenho se comparadas aos homens).
· Hesitação ao andar, menor balanço dos braços e passos menores;
· Ao mudar de direção, faz a volta com o corpo em bloco;
· Base alargada (comprometimento do cerebelo), retificação da cervical e um certo grau de cifose torácica, flexão do quadril e dos joelhos;
Sono
· Tendência a dormir mais cedo e acordar mais cedo;
· Sono REM (quando acontecem os sonhos, no idoso praticamente não se altera) e sono não REM (aumento dos estágios 1 e 2 – facilidade no despertar – e diminuição dos estágios 3 e 4 – sono reparador);
· Síndrome das pernas inquietas;
· Diminuição da secreção do hormônio melatonina, em decorrência de sua secreção ser regulada pelo ritmo circadiano;
Memória
Sistema respiratório
Alterações morfológicas no tórax e nos pulmões com o envelhecimento
· Pulmões se tornam mais volumosos;
· Ductos e bronquíolos se alargam;
· Alvéolos se tornam flácidos, com perda de tecido septal;
Consequência disso é o aumento de ar nos ductos alveolares e diminuição do ar alveolar com piora da ventilação e perfusão (já que a hematose ocorre nos alvéolos);
Respiração
· Na inspiração os músculos intercostais externos: elevação das costelas e do diafragma;
· Na expiração os músculos intercostais internos: puxam as costelas para baixo e para dentro – diminuição do volume torácico;
· Falha no controle central (medula e ponte) e nos quimiorreceptores carotídeos e aórticos com a diminuição da sensibilidade a PCO2, PO2 e ao Ph; 
Isso limita a adaptação da pessoa idosa ao exercício físico;
· +F sarcopenia: piora da capacidade e função pulmonar;
· Função mucociliar lenta;
Prejudica a filtração das partículas inaladas e predisposição a infecções;
Já a partir dos 25a o tórax se torna enrijecido devido à calcificação das cartilagens costais e os pulmões distendidos pela diminuição da capacidade de fibras elásticas retornarem após a distensão na inspiração (POR ISSO PULMÕES GRANDES) DIMINUIÇÃO DA CAPACIDADE VENTILATÓRIA AUMENTO DO VOLUME RESIDUAL EM 50%;
Surfactante
· Produzido pelos pneumócitos tipo II mantém a tensão dos alvéolos baixa;
Em idosos a produção está diminuída risco de colabar alvéolos na expiração = atelectasia
Sistema Hematopoético
· Células hematopoéticas respondem lentamente ao envelhecimento (poucas mudanças são observadas);
Multiplicação celular 
· No ciclo de divisão, há maior susceptibilidade de mutações devido à redução da fidelidade de reparo do DNA;
Eritropoese
· Idosos são mais suscetíveis à anemia: mudança de perfil hematológico (células-tronco pluripotentes sugerem exaustão);
· Aumento na produção de radicais livres (alteram MP e função da hemácia hemácias deformadas na circulação e medula produz mais rapidamente numa tentativa de compensar);
· Produção de citocinas pro-inflamatórias, como a IL-6, aumentam com o avanço da idade, reduzindo a resposta das células-tronco;
· O envelhecimento é um estado pró-coagulante fator de risco para trombose venosa profunda;
Sistema urinário
· Há perda de tecido renal (substituído por fibroso). Inicia-se no córtex, comprometendo:
· Concentração urinária;
· Piora da filtração renal;
· Função renal piora progressivamente até os 85a (Peso do rim aos 60a e aos 80, respectivamente: 250g 190g);
· Lesão renal pode resultar em:
· Distúrbios hidroeletrolíticos e HAS;
· Intoxicação medicamentosa;
Função Renal
· Cálculo do Clearance de creatinina:
Para pessoas idosas não é uma medida muito precisa, pois a creatinina é uma proteína muscular e sua produção está diminuída enquantosua secreção tubular está aumentada, fazendo com que a creatinina plasmática permaneça estável a despeito da diminuição da filtração glomerular.
MMC= massa magra corporal;
ClCr para mulheres= 0,85. ClCr para homens;
Obs. PARA IDOSOS COM > 90a O EXAME MAIS APURADO DE FUNÇÃO RENAL É CISTATINA C;
Para esclarecer...
O que é Clearance?
- Quantidade de plasma sanguíneo que é purificado de uma substância X
- Dado em ml/min
- Clearance de uma substância que não é reabsorvida nem secretada é = taxa de filtração glomerular;
- Embora a creatinina não seja reabsorvida, ela é secretada (metabolismo do músculo esquelético e ingesta proteica) Não é o soluto ideal, pois não expõe a taxa de filtração glomerular;
O que é Cistatina C?
- Diferente da creatinina, não sobre interferência de massa muscular, dieta ou gênero;
- Maiores de 50a: Homens 0,72- 1,53mg/l
 Mulheres 0,64 – 1,38mg/l
..................................................................
Alterações das funções glomerular e tubular
· Diminuição de resposta do túbulo coletor ao ADH (ele é produzido);
· Ingesta ideal de água: 2,5 a 3l/dia;
· Há diminuição da capacidade renal de concentração e conservação do sódio, estando os idosos mais propensos à hiponatremia e hipopotassemia;
· A produção da eritropoetina em resposta à hemoglobina parece não sofrer alteração;
Sistema endócrino
Tireoide
· T3/T4 – Níveis normais baixos;
· TSH – normais altos;
· A baixa de hormônios tireoidianos se relaciona a uma ação protetora contra o catabolismo diminuição da taxa do metabolismo basal;
Consequência é o aumento progressivo de tecido adiposo, a diminuição do consumo de oxigênio nos tecidos e a dificuldade de manter a temperatura corporal (aumento da suscetibilidade de hiportermia);
O aumento do colesterol sérico e das lipoproteínas de baixa densidade pode estar relacionada ao declínio da função tireoidiana;
Paratireoide
· O hormônio paratireoidiano e a calcitonina parecem não se alterar de forma marcante.
Hipófise
· Níveis de melatonina tanto diurnos quanto noturnos diminuem, interferindo no sono;
Pâncreas
· É esperado um leve aumento da glicemia em jejum relacionado à idade (1mg/década – segundo a SBEM é de 70 – 100mg/dl para jovens);
· Após a ingesta de alimentos, a glicemia alcança níveis mais elevados e o tempo de retorno é mais longo que em adultos jovens (VR </= 140mg/dl medida 2h após a refeição em adultos);
· Intolerância à glicose: turnover das células B (menor resposta dos tecidos à glicose e à insulina);
Sistema digestório
Boca
· Cáries: cuidados com a perda dentária;
· Maior alteração na mandíbula e na maxila, em consequência das extrações dentárias com atrofia do osso alveolar, trazendo como resultado a diminuição da altura da face e mudando o perfil facial;
· Diminuição da força de mastigação pela redução da massa muscular do masseter e pterigoide; 
· Mucosa oral
· Fina, lisa e seca;
· Língua parece lisa devido à perda das papilas alterações no paladar e sensação de queimação;
Essas questões estão muito relacionadas à deficiência de ferro e das vitaminas B;
· Capacidade de cicatrização inalterada;
· Glândulas salivares
· Queixas de boca seca (xerostosmia) estão muito relacionadas aos efeitos colaterais de medicamentos;
Nesse caso, o uso de estimuladores das glândulas salivares ou de substitutos de saliva alivia esse sintoma.
Na presença de estomatodinia (ardência na boca), pensar em baixa de vitamina B ou candidíase oral subclínica.
Orofaringe
· Menor eficiência mastigatória, aumenta o risco de aspiração, mesmo em pacientes sem disfagia (dificuldade na deglutição);
Esôfago
· Hipertrofia da musculatura esquelética do terço superior do esôfago;
· Diminuição das células ganglionares mioentéricas (coordenam a peristalse) e aumento da espessura da musculatura lisa;
· Prebiesôfago – termo abandonado (contrações repetitivas não peristálticas); 
· 35% das pessoas com 50 – 75a têm incompetência esfincteriana distal do esôfago, permitindo o refluxo do conteúdo ácido 
Alguns pacientes podem sentir dor torácica;
Estômago
· Diminuição das células parietais (secretam suco gástrico e fator intrínseco) e aumento dos leucócitos intersticiais; 
Dificuldade em digerir alimentos, especialmente os ricos em proteína;
· É comum infecção por H. pylori;
· Diminuição da motilidade normal e gastroparesia;
Intestino delgado
· Altura do epitélio colunar diminui absorção de várias substâncias diminui;
· A absorção do cálcio diminui devido à redução dos receptores da vit. D no intestino;
· Malformações vasculares são comuns no trato digestivo alto, provocando sangramentos;
Intestino grosso
· Constipação intestinal;
Alimentação pobre em fibras, falta de atividade física, aumento da sensibilidade a opioides...
· Diminuição do tônus e da força do esfíncter anal, associada a menor complacência retal aumento da chance de incontinência (+F em mulheres);
· Presença de divertículos é prevalente;
Pâncreas
· Endurecido pelo aumento da fibrose e amarelado pelo depósito de lipofucsina;
· Produção da lipase e da tripsina no suco pancreático é diminuída;
Apesar disso, não há repercussão clínica;
Fígado
· Diminuição da capacidade de metabolizar substâncias, contribuindo para aumentar a suscetibilidade do idoso à intoxicação por alimentos;
· Síntese de colesterol diminui e há redução da bile total deficiência de vitaminas lipossolúveis;
· Conteúdo do citocromo P-450 diminui com a idade, podendo ser justificativa para o alentecimento da metabolização de algumas substâncias;

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