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StuDocu is not sponsored or endorsed by any college or university Hepatopatias Cirurgia Geral (Pontifícia Universidade Católica de Goiás) StuDocu is not sponsored or endorsed by any college or university Hepatopatias Cirurgia Geral (Pontifícia Universidade Católica de Goiás) Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias https://www.studocu.com/pt-br/document/pontificia-universidade-catolica-de-goias/cirurgia-geral/hepatopatias/13496682?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias https://www.studocu.com/pt-br/course/pontificia-universidade-catolica-de-goias/cirurgia-geral/4360744?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias https://www.studocu.com/pt-br/document/pontificia-universidade-catolica-de-goias/cirurgia-geral/hepatopatias/13496682?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias https://www.studocu.com/pt-br/course/pontificia-universidade-catolica-de-goias/cirurgia-geral/4360744?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias HEPATOPATIAS • AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO DO FÍGADO (triagem de rotina, testes diagnósticos e quantitativos específicos) • Exames de triagem de rotina Em geral, os exames-padrão da função do fígado não são testes específicos para a doença hepática. No entanto, são valiosos como uma ferramenta de triagem geral que pode fornecer indicações básicas para reconhecer a presença de indícios de doenças e funções hepáticas sobre a causa dessa doença. - BBt e frações (direta e indireta) - TGO (ALT) e TGP (AST) - marcadores séricos da necrose hepatocelular. O AST é encontrado em outros órgãos como coração, músculo e rim. ALT é específica do fígado. Porém, não mostram valor prognóstico. - FA – aparece no fígado, ductos, biliares, ossos, intestinos, placenta, rim e leucócitos. Pode estar elevada em malignidades do fpigado - GGT – encontradas fígado, rins, baço, pâncreas, coração e cérebro. É alterada pelo consumo de álcool e obstrução biliar. - Albumina – como é exclusivamente sintetizada no fígado, pode ser usada como medida de função hepática. É mais útil na doença hepática crônica. - Coagulação ( fatores V e VII; TP) pois são sintetizados no fígado. • Testes diagnósticos específicos Utilizados para ajudar a elucidar a etiologia e orientar o tto caso necessário. - Sorologia de hepatites virais - Anticorpos autoimunes -> cirrose biliar primária (antimitocondrial), colangite esclerosante primária (antineutrofílica) e hepatite autoimune - Níveis de alfa1-antitripsina e ceruliplasmina -> deficiência de alfa1- antitripsina e doença de Wilson - Alfafetoproteína (AFP) e antígeno carcinoembrionário (CEA) -> marcadores tumorais para diagnosticar tumores primários e metastáticos do fígado. Em geral esses testes são inespecíficos e de pouco valor prognóstico. Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias • Testes Quantitativos Sistemas de escores com base na observação clínica e nos testes sanguíneos-padrão. O Sistema mais usado é a modificação de PUGH dos escores de CHILD. Child Pugh é o mais utitilizado em pacientes cirróticos que necessitam de uma cirurgia hepática. As taxas de mortalidade e sobrevivência após a hepatectomia mostram uma correlação com este escore, mas nem sempre estão relacionadas com a falência parcial do fígado. PACIENTES COM CHILD-PUGH CLASSE B E C TEM MAIOR MORTALIDADE APÓS HEPATECTOMIA PARCIAL QUE OS PACIENTES CHILD-PUGH CLASSE A, QUE PODEM SUPORTAR UMA HEPATECTOMIA ALARGADA. A presença de hipertensão portal tem se mostrado um preditor de resultados ruins após uma hepatectomia parcial. A HP se manifesta com trombocitopenia, esplenomegalia e presença de varizes intra-abdominais em imagiologia ou endoscopia. • DOENÇAS HEPÁTICAS (Hepatopatias) O termo "doença hepática" se aplica a várias doenças e distúrbios que fazem com que o fígado funcione de maneira inadequada ou pare de funcionar. Pode ser herdada ou causada por uma variedade de fatores que danificam o fígado, tais como obesidade, vírus e uso de álcool. Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 • Classificação Pode ser hepatocelular e colestática (obstrutiva). Nas doenças hepatocelulares (como a hepatite viral ou a doença hepática alcoólica), inflamação e necrose hepáticas predominam como característica do dano celular. Nas doenças colestáticas (como a colelitíase, obstrução maligna, cirrose biliar primária e muitas doenças induzidas por fármacos), sobressai a inibição do fluxo biliar. A exuberância dos sintomas iniciais pode sugerir de imediato um diagnóstico, particularmente se os principais fatores de risco forem considerados, como a idade, o sexo e a história de exposição ou comportamentos de risco. A classificação se refere à avaliação da gravidade ou a atividade da doença hepática, se aguda ou crônica, ativa ou inativa, e leve, moderada ou grave. Os níveis séricos de aminotransferases e a biópsia hepática são usados como meio de acompanhar a atividade da doença. - Causas mais comuns de doença hepática aguda: Hepatite viral, (particularmente hepatite A, B e C); Lesão hepática induzida por fármacos; Colangite; Doença hepática alcoólica. - Causas mais comuns de doença hepática crônica na ordem geral de frequência: Hepatite C crônica; Doença hepática alcoólica; Esteato-hepatite não alcoólica; Hepatite B crônica; Doença auto-imune; Colangite esclerosante; Cirrose biliar primária; Hemocromatose; Doença de Wilson. • Sinais e sintomas Incluem icterícia, fadiga, prurido, dor no QSD, distensão abdominal e hemorragia digestiva. Frequentemente, porém, muitos pacientes que têm diagnóstico de hepatopatia não possuem sintomas. As anormalidades aparecem nos exames bioquímicos hepáticos como parte de um exame de rotina ou na triagem para doação de sangue, para seguro de vida ou admissão no emprego. Os múltiplos exames disponíveis facilitam a identificação de hepatopatia. • CIRROSE HEPÁTICA (CH) É o resultado final de múltiplas etiologias de doença hepática crónica (DHC), definida histologicamente por fibrose hepática difusa, em que há substituição da arquitetura normal do parênquima por nódulos Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias regenerativos. É considerada irreversível em estágios finais, porém o tratamento específico de causas subjacentes da doença hepática pode melhorar e até reverter a cirrose. A progressão da DHC para CH: é variável, desde semanas (em doentes com obstrução biliar completa) a décadas (em doentes com hepatite C crónica). A cirrose é classificada de acordo com suas características morfológicas e suas manifestações clínicas. Morfologicamente, é classificada em macronodular (nódulos com diâmetro maior ou igual a 3mm- hepatites virais e doença de Wilson); micronodular (nódulos menores que 3mm- etiologia acoólica); mista (nódulos de tamanhos variados). Cirrose é um termo histopatológico. Tem sido recomendada sua substituição por hepatopatia crônica em fase avançada, que pode ser caracterizada tanto pela análise histopatológica do parênquima hepático,quanto por marcadores invasivos clínicos, laboratoriais e radiológicos de fibrose hepática. A depender da presença de complicações de insuficiência hepática ou hipertensão portal, a cirrose é classificada como compensada ou descompensada. Cirrose compensada: frequentemente assintomática ou oligossintomática, sendo os sinais e sintomas, quando presentes, geralmente inespecíficos, como fadiga, anorexia e perda de massa muscular. Icterícia e sinais periféricos de doença crônica parenquimatosa do fígado, como eritema palmar, telangiectasias, ginecomastia e atrofia testicular, podem também estar presentes. Cirrose descompensada: na ocorrência de qualquer complicação secundária à insuficiência hepática ou à hipertensão portal, tais como ascite, hemorragia digestiva varicosa, encefalopatia hepática e infecções, particularmente, peritonite bacteriana espontânea, infecção respiratória e urinária. A probabilidade de um doente com CH compensada evoluir para CH descompensada é de 5-7%/ano. Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 • Fisiopatologia Na cirrose, ocorre colapso dos lóbulos hepáticos por agressão hepatocelular e reparo com formação de septos fibrosos e nódulos regenerativos. Vários agentes etiológicos são capazes de induzir lesão hepatocelular e morte celular por apoptose ou necrose. Esses agentes podem provocar lesão hepática por ação direta ou mais frequentemente por ativação de uma série de mediadores intra e extracelulares e ativação e proliferação de células hepáticas, tais como células de Kupffer, células estrelares e endoteliais. A fibrose ocorre por deposição de MEC constituída por colágeno, proteoaminoglicanos e glicoproteínas (produzidos pela célula de Ito). As células de Ito, também conhecidas como células estrelares, localizam-se no espaço perisinusoidal, sendo, em condições basais, sítio de armazenamento de vitamina A. Na presença de lesão hepatocelular, são ativadas em resposta à consequente produção de citocinas e quimiocinas como fator de crescimento de plaquetas e de endotélio, TGF-beta-1 e fator de necrose tumoral. Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias A ativação de células estrelares induz a sua proliferação, o aumento na síntese de componentes da MEC, particularmente colágeno do tipo I, o aumento na sua contratilidade, a secreção de citocinas e a perda dos depósitos intracelulares de vitamina A. Lesão hepatocelular persistente ou intermitente, com colapso do arcabouço de fibras reticulínicas associada à fibrose por deposição de MEC, leva a formação de septos porta-porta e porta-centro, à transformação nodular do parênquima hepático pela presença de nódulos hepáticos constituídos, à caracterização da cirrose. A cirrose manifesta-se como insuficiência hepática e/ou hipertensão portal associada ou não à disfunção circulatória, traduzindo-se clinicamente pelo aparecimento de ascite, edema de MMII, encefalopatia hepática, entre outras. A insuficiência hepática é decorrente da diminuição da massa funcional de hepatócitos, com consequente redução da síntese de proteínas plasmáticas e distúrbios no metabolismo de carboidratos e lipídios, do catabolismo e da biotransformação de aminoácidos, Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 hormônios, agentes xenobióticos, e da neutralização e destruição de microrganismos provenientes do intestino pelo sistema venoso portal. A hipertensão portal clinicamente relevante é definida hemodinamicamente pelo achado de pressão venosa portal superior a 10 mmHg, sendo secundária ao aumento da resistência intra-hepática do fluxo portal atribuído à cirrose e ao aumento no fluxo sanguíneo portal, decorrente da vasodilatação da circulação esplâncnica característica da cirrose. O aumento da resistência intra-hepática é determinado por alterações estruturais, tais como fibrose, capilarização dos sinusoides e presença de nódulos regenerativos, e por alterações dinâmicas potencialmente reversíveis atribuídas à vasoconstrição sinusoidal secundária à contração das células estreladas em resposta, principalmente à diminuição na produção de óxido nítrico. O aumento do fluxo sanguíneo portal é decorrente da vasodilatação esplâncnica atribuída ao desequilíbrio local entre mediadores vasoconstritores e vasodilatadores, responsável também pela disfunção circulatória progressiva característica do cirrótico. A disfunção circulatória é caracterizada pelas alterações hemodinâmicas secundárias à vasodilatação esplâncnica e sistêmica (óxido nítrico). Por outro lado, observa-se, na cirrose, redução da síntese de óxido nítrico, que contribui para o aumento da resistência intra-hepática. A 1ª manifestação da disfunção circulatória é a vasodilatação esplâncnica, que causa a diminuição do volume plasmático efetivo com a ativação de mecanismos compensatórios, como o sistema renina- angiotensina-aldosterona (SRAA) e consequente retenção de sódio e água. Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias Com a progressão da disfunção circulatória, ocorre vasodilatação nas circulações esplâncnica e sistêmica, o que determina diminuição da resistência vascular sistêmica e redução progressiva do volume plasmático efetivo, levando à ativação do SRAA, do SN autônomo com liberação de catecolaminas e da secreção não osmótica de hormônio antidiurético. Esses eventos são responsáveis pela circulação hiperdinâmica do cirrótico, caracterizada por aumento do índice cardíaco e redução da resistência vascular sistêmica e pelas complicações terminais da cirrose, secundárias à falência desses mecanismos compensatórios: hipotensão, uremia por vasoconstrição renal progressiva e hiponatremia dilucional. Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 Alterações endócrinas e cutâneas: os distúrbios no metabolismo de estrógenos são responsáveis pela presença de aranhas vasculares, ginecomastia, perda ou diminuição da libido e impotência. Encefalopatia hepática: Sd. neuropsiquiátrica associada à degeneração de astrócitos pela ação de substâncias nitrogenadas, particularmente amônia, sobre o SNC em razão da insuficiência hepatocelular e/ou presença de circulação colateral. • ETIOLOGIA Infecções, autoimunidade, alterações metabólicas, medicamentos, colestase e álcool. O alcoolismo e as hepatites virais crônicas estão entre as principais etiologias. Principais causas e avaliação diagnóstica: - Alcoolismo crônico: ingesta crônica de álcool >80g/d para homens e 40g/d para mulheres. AST>ALT e GGTelevada. - Hepatite C: história transfusional ou uso de DIV. Marcadores sorológicos: anti-HCV e HCVRNA positivo. - Hepatite B: risco de transmissão sexual, percutânea e perinatal. Marcadores presentes - > HBsAg, anti-HBc, HBeAG e HBVDNA. - Hemocromatose: cirosse, pele escurecida, e DM; Ferritina e ST elevadas. - Doelça de Wilson: jovens, história familiar, anel de K-F e cerulolasmina baixa. - Hepatite autoimune: mulheres, FAN e/ou AML positivos ou anti-lkm1 e hipergamablobulinemia. - Cirrose biliar primária: mulheres, fraqueza, prurido, AMA + FA e GGT elevadas. Ultrasson abdominal normal. - Colangite esclerosante primária: homens, FA elevada, colangiografia com dilatação e áreas de estenose na área biliar. Que avaliação laboratorial específica solicitar para estabelecer a etiologia da CH? • Serologias vírus da hepatite B (AgHBs, AcHBs, AcHBc); • Serologia vírus da hepatite C (anticorpoanti-VHC); • Estudo do ferro (ferro, ferritina, saturação de transferrina); Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias • Estudo do cobre (ceruroplasmina, cobre sérico, cobre urinário 24h); • α1-antitripsina; • Auto-imunidade: - Suspeita de HAI: inicialmente ANA, AML e LKM-1; se negativos e suspeita alta também SLA/LP, LC-1 e LKM-3; - Suspeita de CBP: inicialmente AMA; se negativo e suspeita alta também gp210 e sp100. ->HEPATITES VIRAIS: vírus da hepatite B e C são os principais. Tto antiviral para a hepatite B com interferon ou análogos nucleosídeos/nucleotídeos = menor progressão para a cirrose. -> DOENÇA DE WILSON: doença crônica autossômica recessiva rara responsável pelo acúmulo de metal (cobre) no fígado e cérebro, provocando lesão hepatocelular, fibrose e cirrose. -> HEMOCROMATOSE GENÉTICA: doença crônica autossômica recessiva rara, que resulta em níveis sistêmicos elevados de ferro por absorção intestinal excessiva. Apresenta tríade clássica com cirrose, pele escurecida e diabetes melitus, além de artropatias, perda de libido, impotência, hipotireoidismo, disfunção cardíaca, hipogonadismo hipogonadotrófico e hepatocarcinoma. -> DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOOLICA: presença no fígado de esteatose com ou sem infiltrado inflamatório lobular, em indivíduos com consumo de álcool que não excede 20g/d em homens e 10 g/d em mulheres. Frequentemente associada a diabetes mellitus tipo II, obesidade e hiperlipidemia. -> HEPATITE AUTOIMUNE: envolve intolerância imune aos antígenos hepáticos teciduais, caracterizada pela presença de autoanticorpos circulantes, hipergamaglobulinemia, predomínio em mulheres e alta mortalidade sem tratamento. A progressão para cirrose acontece na maioria dos casos. -> COLESTASE CRÔNICA: cirrose biliar primária (CBP) e colangite esclerosante primária (CEP), estão associadas ao desenvolvimento de cirrose e hipertensão porta por destruição progressiva de ductos biliares com colestase crônica. A CEP é uma doença inflamatória crônica, progressiva, que atinge ductos biliares de médio e grande tamanho da árvore biliar intra e extra- hepática e frequentemente se associa à doença inflamatória intestinal. -> ALCOOL: risco de cirrose maior naqueles com ingesta de etanol maios que 60 a 80g/dia para homens e 20g/dia para mulheres, por um tempo de uso maior que dez anos. O diagnóstico pode ser feito com base na história clínica, Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 sinais físicos e dados laboratoriais. É um desafio reconhecer um alcoolista crônico. Estigmas da doença hepática crônica podem ser vistos em fases tardias da doença. O uso crônico e excessivo de álcool pode causar vários tipos diferentes de hepatopatia crônica, incluindo esteatose hepática alcoólica, hepatite alcoólica e cirrose alcoólica. Além disso, a ingestão de quantidades excessivas de álcool pode contribuir para danos hepáticos em pacientes com outras hepatopatias como hepatite C e hemocromatose e esteatose hepática relacionada com a obesidade. A ingesta crônica de álcool pode produzir fibrose na ausência de inflamação associada e/ou necrose concomitante. ▪ Patogênese O etanol é absorvido pelo intestino delgado e pelo estômago. A desidrogenase alcoólica (ADH) gástrica inicia o metabolismo do álcool. Três sistemas enzimáticos são responsáveis pelo metabolismo do álcool no fígado. Isso inclui a ADH do citosol, o sistema microssomal de oxidação de etanol (MEOS) e a catalase do peroxissomo. A maior parte da oxidação do etanol ocorre por meio da ADH para formar acetaldeído, que é uma molécula altamente reativa capaz de induzir múltiplos efeitos. Por fim, acetaldeído é metabolizado em acetato de aldeído desidrogenase (ALDH). A ingestão de etanol acarreta maior acúmulo intracelular de triglicerídeos por aumentar a captação de ácidos graxos e reduzir sua oxidação, assim como a secreção de lipoproteínas. A síntese, a glicosilação e a secreção de proteínas são afetadas. O dano oxidativo das membranas dos hepatócitos ocorre em razão da formação de espécies reativas de oxigênio; o acetaldeído é uma molécula altamente reativa que se combina com proteínas para formar complexos de inclusão de proteína-acetaldeído. Esses complexos de inclusão podem interferir na atividade de enzimas específicas, incluindo a formação microtubular e a movimentação (o trânsito) das proteínas hepáticas. Com o dano dos hepatócitos mediado pelo acetaldeído, algumas espécies reativas de oxigênio podem resultar em ativação das células de Kupffer. Como resultado, serão produzidas citocinas pró-fibrogênicas que iniciam e perpetuam a ativação das células estreladas, com a produção subsequente de quantidades excessivas de colágeno e MEC. Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias ▪ Definição •Síndrome clínica- caracterizada por início súbito e progressão rápida de icterícia e/ou outras complicações de DHC num doente com hábitos alcoólicos ativos •Histologicamente – presença de padrão de esteatohepatite alcoólica em fígado com ou sem cirrose. ▪ Diagnóstico •Clínica: Icterícia de agravamento progressivo é a principal característica - Pode acompanhar-se de febre, dor abdominale/ou hepatomegalia e, nos casos graves, de descompensação da DHCsubjacente (principalmente com ascite,mas também com encefalopatia hepática ou hemorragia digestiva) - História de hábitos alcoólicos excessivos até, no máximo, 8 semanas previamente ao início da síndrome •Laboratório: - bilirrubina total>3 mg/dL; - AST 1,5-6xLSN; ALT 1,5xLSN (mas pode estar normal); valores <400 U/L - razão AST/ALT>1,5 mas tipicamente > 2 - GGT elevada - leucocitose com neutrofilia - INR pode estar prolongado e albumina diminuída nos casos graves - Excluir infeção (PCR e culturas – pelo menos sangue, urina e líquido ascítico) - Determinar função renal(pesquisar síndrome hepatorrenal – ver capítulo correspondente) - Excluir outras etiologias de DHC (ver capítulo correspondente) •Imagiologia: - Ecografia abdominal – pode identificar hepatomegalia ou fígado com características cirróticas e/ou ascite; permite excluir outras causas de icterícia - Radiografia de tórax – principalmente para exclusão de foco infecioso - Ecografia renal – se lesão renal presente •Biopsia hepática: não é obrigatória mas é necessária em caso de dúvida diagnóstica; se INR > 1,5 e/ou plaquetas < 80000/uL deverá ser efetuada por via transjugular. Perante estes achados é proposta a seguinte classificação quanto à certeza diagnóstica: •HA definitiva – comprovada histologicamente. •HA provável– dados clínicos (icterícia de início súbito e progressiva + hábitos alcoólicos excessivos durante >5anos e ativos até <4 semanas) e analíticos (valores e razão de AST e ALT descritos) e exclusão de outras etiologias de DHC. Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 •HA possível – alguns dados clínicos e analíticos positivos MAS outras etiologias de DHC presentes e dúvida quanto aos hábitos alcoólicos. ▪ Tratamento Específico Na HA grave as terapêuticas com eficácia e beneficio na sobrevida comprovado são: •Suporte nutricional – evitar a restrição calórica e proteica; os doentes com HA grave necessitam de um aporte diário calórico de 35Kcal/Kg/dia e proteico 1,2-1,5g/Kg/dia; a suplementação entérica pode ser considerada, se necessário com colocação de SNG; •Prednisolona 40 mg/dia (ou metiprednisolona 32mg ev, nos doentes sem via oral) num máximo de 28 dias (na ausência de contra-indicações) → ao7º dia de terapêutica aplicar o score de Lille: Se < 0,45 continuar e se ≥ 0,45 suspender * Contra-indicações à corticoterapia: - Absolutas - hepatite B ativa e tuberculose ativa - Relativas– infeção ativa ou sepsis, diabetes mellitus não controlada, lesão renal aguda e hemorragia digestiva → poderá ser usada quando a situação clínica tenha sido revertida com a terapêutica apropriada; •Transplante hepático – estaria potencialmente indicado nos doentes com score de Lille ≥ 0,45 mas é controverso, dada a existência de hábitos alcoólicos ativos; atualmente o TH de “resgate” é realizado numa minoria de centros e em doentes selecionados; em Portugal, assim como na maioria dos centros, é requerido um período de abstinência alcoólica Outras terapêuticas •Pentoxifilina– 400 mg q8h (com ajuste à função renal) - apesar de não estar demonstrado efeito benéfico na sobrevida, mostrou eficácia na redução de desenvolvimento de síndrome hepatorrenal. •N-acetilcisteína - pode ser considerada como terapêutica adjuvante à corticoterapia, mas a sua utilização de rotina não está recomendada. Geral •Profilaxia da úlcera de stress (preferencialmente IBP) •Antibioterapia consoante culturas •Tratamento do síndrome hepatorrenal, se presente •Suporte de órgão, se necessário Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias • AVALIAÇÃO CLÍNICA A avaliação clínica de pacientes cirróticos inclui história clínica, exame físico e análise laboratorial. Ressalta-se que um nº considerável de pacientes permanece assintomático (cirrose compensada) por longos períodos de tempo e, portanto, sem qualquer manifestação clínica. Entretanto, cerca de 5-7% dos pacientes cirróticos descompensam anualmente, desencadeada, pelo aparecimento de infecção ou surgimento de hepatocarcinoma e pode manifestar- se, clinicamente, por ascite, icterícia, encefalopatia hepática e/ou hemorragia digestiva. • História clínica Procurar por fatores de risco importantes como: idade, diabetes mellitus, obesidade, história transfusional, uso de drogas intravenosas, promiscuidade, abuso alcoólico, uso de medicamentos, história familiar de doença hepática e presença de doença autoimune. O interrogatório complementar deve observar a ocorrência de prurido, distúrbios do sono, anorexia, urina escura, icterícia, perda de peso, edemas, fadiga e, em mulheres, mudanças no ciclo menstrual. • Exame físico O exame físico deve começar pela avaliação nutricional do pacientes e procurar por sinais físicos ditos estigmas de insuficiência hepática crônica ou sinais de descompensação da cirrose como: · Desnutrição: é bastante comum no paciente cirrótico e aparece em fases avançadas da doença. Está associada a risco maior de infecção, sangramento por varizes e alta morbimortalidade. · Telangiectasias ou aranhas vasculares (AV): são lesões vasculares constituídas por uma arteríola central de onde migram pequenos vasos. Aparecem principalmente no tronco, membros superiores e face. O nº delas se correlaciona com gravidade da hipertensão porta. Podem aparecer em cerca de 30% dos pacientes cirróticos. A prevalência de AV é maior em cirróticos por álcool comparados com cirróticos de outras etiologias. · Eritema palmar: caracteriza-se por um exagero na coloração da palma das mãos mais pronunciada na região tenar e hipotenar e que, segundo alguns autores, resulta de alteração no metabolismo dos hormônios sexuais. · Sinais de hipogonadismo: nos homens tem como consequência a feminização, ginecomastia, atrofia testicular, perda de pelos, distribuição Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 anormal dos pelos, impotência, infertilidade e osteoporose nas mulheres perda de gordura pélvica e mamária, irregularidade menstrual, infertilidade e osteoporose. Todas estas alterações parecem estar associadas a relação aumentada entre estradiol/testosterona livre, com níveis baixos de testostetorana e alteração da resposta do eixo pituitária-hipotálamo. · Unhas esbranquiçadas: caracterizada pela presença de linhas brancas separadas por coloração normal na unhas da mão. Seu aparecimento está associado a hipoalbuminemia, embora o mecanismo patogênico seja desconhecido. · Baqueteamento digital ou hipocratismo digital ou osteoartropatia hipertrófica secundária: caracterizado por aumento das falanges distais dos dedos e unhas da mão associada principalmente a doenças não hepáticas (cardíacas e pulmonares). As unhas ficam curvadas tanto lateralmente como longitudinalmente e os dedos tomam a forma de uma baqueta. · “Asterixis” ou flapping: é um tipo de tremor característico da presença de encefalopatia hepática Caracteriza-se por função anormal do centro motor que regula o tônus dos músculos agonistas e antagonistas normalmente envolvidos na manutenção da postura e, consequentemente, o indivíduo não consegue manter a postura ou posição. Deve ser pesquisado com o paciente em decúbito dorsal, com o membro superior estendido, a mão em dorsoflexão e com os dedos separados uma série de movimentos involuntários rápidos de flexão e extensão do punho acontece. · Hálito hepático: é um odor desagradável que exala na respiração devido à presença de substâncias voláteis (mercaptanos) formadas nas fezes por ação das bactérias. Esses gases não removidos pelo fígado doente são excretados pelo pulmão e aparecem na respiração. · Circulação colateral abdominal: aparece pela presença de hipertensão porta que desvia sangue para a veia umbilical e, desta, para veias da parede abdominal que se tornam proeminentes e lembram a figura mitológica da medusa. · Hepatoesplenomegalia: o fígado pode estar normal, diminuído ou aumentado com superfície nodular e de consistência dura. A esplenomegalia é comum e é um importante sinal de hipertensão portal. Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias · Ascite: acúmulo de fluido na cavidade peritoneal que se forma por hipertensão portal sinusoidal. O exame físico mostra um abdome globoso e macicez móvel quando existe quantidade considerável de líquido na cavidade abdominal. · Icterícia: coloração amarelada vista principalmente na esclera dos olhos por aumento da bilirrubina no sangue. Seu aparecimento está relacionado a diminuição na função de excreção pelos hepatócitos. · Hérnia abdominal: são comuns as hérnias abdominais nos pacientes cirróticos. Hérnia umbilical aparece em cerca de 20% de cirróticos de longa data e em 40% daqueles com ascite. Acredita-se que o surgimento desses defeitos na parede abdominal se deva a aumento da pressão intra-abdominal provocada pela ascite. • DIAGNÓSTICO Embora o termo cirrose seja histológico, a combinação de fatores clínicos, laboratoriais e imagiológicos permite, na maioria dos casos, alcançar o diagnóstico, sem a necessidade de efetuar biópsia hepática (BH). O diagnóstico da cirrose hepática inclui avaliação clínica (como visto anteriormente), laboratorial, endoscópica, por imagem ou histopatológica. Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 • Laboratorial: · Aminotransferases podem estar normais ou elevadas com predomínio de AST sobre ALT. A relação AST/ALT é maior na cirrose alcoólica e menor na cirrose de qualquer etiologia · Enzimas colestáticas: a FA e gama-GT podem estar normais ou elevadas especialmente nas fases descompensadas da cirrose ou naqueles com doença biliar crônica (CEP, CBP) · Bilirrubinas: estão normais até que a cirrose avance e as bilirrubinas se elevam demonstrandoperda da função de excreção da bilirrubina pelos hepatócitos e, assim, sinalizando mau prognóstico · Anemia: é multifatorial podendo aparecer por perda de sangue aguda ou crônica por varizes de esôfago ou por gastropatia hipertensiva. A deficiência de vitamina B12, folato, hiperesplenismo, toxicidade medular por álcool são outros fatores associados a anemia no cirrótico · Coagulação: considerando o fígado o órgão principal no processo da coagulação, doenças hepáticas podem levar a anormalidades na hemostasia por diversos mecanismos: defeito qualitativo e quantitativo das plaquetas, ↓ na produção de fatores da coagulação e de inibidores, síntese de fatores anormais da formação do coágulo, ↓ do clareamento hepático dos ativadores de formação do coágulo ativado, hiperfibrinólise e coagulação intravascular disseminada. A plaquetotopenia acontece em cerca de 30-64%, raramente a contagem é menor que 30.000/mm3 e sangramento espontâneo é um evento incomum. O hiperesplenismo (leucopenia/plaquetopenia), como resultado da congestão do baço pela hipertensão porta, tem sido considerado a principal causa da trombocitopenia em cirróticos. O baço sequestra cerca de 90% da massa plaquetária circulante. Outras causas para explicar a plaquetopenia incluem ↓ na síntese de tromboietina, produção prejudicada das plaquetas, e destruição por mecanismos imunes. Em relação ao tempo de protombina (TP), este pode estar normal ou prolongado e é marcador importante da função de síntese do fígado. O TP avalia a atividade dos fatores II (protombina), V, VII e X e fibrinogêneo. O tempo de tromboplastina (TTPA) também pode ser usado para avaliação da função do fígado, porém sua alteração é mais tardia Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias · Proteínas: A albumina pode estar normal nas fases iniciais da cirrose e seus valores vão ↓ à medida que a cirrose avança. As globulinas tendem a se elevar frequentemente · Sódio: Na sérico geralmente se encontra baixo nas fases avançadas da cirrose quando a excreção de água livre pelo rim ↓ e, consequentemente, aumenta a volemia resultando em hiponatremia dilucional. A excreção urinária do Na está diminuída em decorrência das alterações da hipertensão porta. Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 •Exames complementares Ultrassom (US): O US abdominal é bastante útil na avaliação de pacientes cirróticos, considerado não invasivo, bem tolerado e amplamente disponível. Na cirrose avançada o US pode mostrar um fígado diminuído de tamanho e heterogêneo. Outros achados incluem presença de ascite e sinais de hipertensão porta (VP > 1,2 mm ou VE > 0,9 mm). O US também é utilizado no rastreamento de hepatocarcinoma (HCC). Tomografia computadorizada Não é usada de rotina no diagnóstico de cirrose e demonstra, muitas vezes, as mesmas alterações que o US. Sua aplicação maior tem sido na avaliação de HCC. RMI (ressonância magnética) O seu uso no diagnóstico de cirrose é questionável. Pode auxiliar na investigação diagnóstica de HCC. Biópsia hepática A sensibilidade da biópsia hepática em detectar cirrose é de 80% a 100%, dependendo do método empregado, do tamanho e número da amostra. Por outro lado, desvantagens deste método residem no fato de ser invasivo, passível de complicações e depender da amostragem do material obtido, comprometendo a avaliação histopatológica. Está indicada quando o diagnóstico não é estabelecido após avaliação clínica, laboratorial e imagiológica exaustivas e/ ou quando há discordância entre a clínica e resultados de métodos não invasivos. Elastografia É um novo método considerado não invasivo para determinar a presença de fibrose hepática. Com um equipamento chamado Fibroscan é possível avaliar a fibrose e cirrose com sensibilidade 87% e especificidade 91%. Por outro lado, vários fatores comprometem a acurácia diagnóstica deste método como ascite e obesidade. Marcadores séricos não invasivos A combinação de alguns marcadores sorológicos na forma de um índice vem sendo utilizada na predição de fibrose e cirrose. O APRI consiste no seguinte cálculo: AST/LSN x 100/contagem de plaquetas. Um APRI=0,5 tem sensibilidade e especificidade para detectar fibrose de 81% e 50%, respectivamente. APRI=1 tem sensibilidade e especificidade de predizer cirrose em 76% e 71%, respectivamente. Portanto, o APRI parece ser útil para identificar pacientes sem fibrose significativa. Outros índices utilizados com este mesmo fim incluem o fibrotest, FIB-4, fibrômetro, hepascore, actitest e outros. Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias Endoscopia digestiva alta É fundamental na avaliação dos cirróticos para o diagnóstico de varizes de esôfago. Deve ser indicada em todos os cirróticos sem varizes, a cada dois a três anos, com varizes pequenas a cada dois anos e nos cirróticos descompensados sem variz anualmente. O calibre das varizes e o surgimento de sinais da cor vermelha na parede destas são bons indicadores de risco de sangramento. • COMPLICAÇÕES As complicações da cirrose decorrem principalmente da hipertensão porta (HP) e do surgimento do hepatocarcinoma (HCC). - Hipertensão porta e suas complicações: Define-se HP como o aumento crônico patológico da pressão no sistema porta, no qual o gradiente pressórico (GPP) entre a VCI e a VP (veia porta) é maior que 5 mmHg. A hipertensão porta secundária à cirrose hepática resulta num cenário que inclui alterações fisiológicas, humorais, hemodinâmicas, celulares e outras. A HP é subclínica quando o GPP < 10 mmHg. À medida que a pressão no sistema porta aumenta podem surgir circulação colateral, ascite, peritonite bacteriana espontânea (PBE), encefalopatia hepática e síndrome hepatorrenal (SHR). - Varizes de esôfago (VE) surgem quando o GPP > 10 mmHg. Cerca de 40% dos cirróticos já apresentam VE no momento do diagnóstico. A hemorragia varicosa ocorre em 25-40% dos casos. Pacientes com maior risco de sangramento são aqueles com varizes de grande calibre, GPP >12 mmHg, sinais da cor vermelha nas varizes ou cirróticos com elevado grau de disfunção (Child C). O sangramento ocorre por ruptura das varizes quando o GPP é crítico, maior que 12 mmHg. Tal pressão leva ao aumento na tensão da Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 parede do vaso que ultrapassa a capacidade elástica do mesmo resultando em explosão. O tratamento das varizes visa evitar o primeiro sangramento (profilaxia primária) ou a sua recorrência (profilaxia secundária) ou, ainda, tratamento do sangramento agudo. Nos pacientes com varizes de pequeno calibre que nunca sangraram e nas quais o risco de sangramento é baixo, recomenda-se vigilância endoscópica a cada dois a três anos para acompanhar o desenvolvimento da variz em pacientes descompensados se recomenda o uso de beta-bloqueador. A escleroterapia vem sendo pouco utilizada e TIPS (transjugular intrahepatic portosystemic shunt) pode ser uma ferramenta útil naqueles que já sangraram, mas que não respondem ao tratamento convencional. - Ascite depende do GPP >12 mmHg. A presença de hipertensão sinusoidal é mandatório para o desenvolvimento de ascite. Hipertensão pré- sinusoidal não leva a formação de ascite a menos que outras causas coexistam, como, por exemplo, esquistossomose hepatoesplênica associada a cirrose alcoólica. O mecanismo fisiopatogênico da ascite é complexo, inclui anormalidade circulatória, vascular, funcional e bioquímica que contribuem para a retenção de líquidos.60% de todos os cirróticos compensados desenvolverão ascite em dez anos. O diagnóstico clínico da ascite depende da quantidade de líquido na cavidade peritoneal. O sinal do piparote costuma ser + nas ascites de moderada a grande volume nas de pequeno volume utiliza-se o US. A punção do líquido é imperativa e deve ser utilizado para cálculo do GASA (gradiente entre a albumina sérica e albumina do líquido ascítico), contagem e diferencial de células e dosagem de proteínas. GASA 1 confirma a origem portal da ascite. O tratamento da ascite Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias requer um balanço negativo de Na, o que pode ser alcançado com dieta hipossódica e uso de diuréticos (espironolactona oral com ou sem furosemida oral). Nos casos de ascite tensa, a paracentese de pequeno ou grande volume é o primeiro passo, depois a dieta hipossódica e os diuréticos são introduzidos. O transplante hepático deve ser considerado nos cirróticos que desenvolvem ascite. - Peritonite bacteriana espontânea (PBE) complicação da ascite e sinaliza mau prognóstico, pois sua presença está associada a piora da função renal e maior mortalidade. Define-se como infecção do líquido ascítico, na ausência de infecção intra-abdominal que necessite de abordagem cirúrgica. O principal agente etiológico é E. coli. A translocação bacteriana intestinal tem sido o principal mecanismo da bacteremia, o líquido ascítico (bacterascite) e, se a atividade opsônica de proteínas do líquido ascítico for pobre, a PBE se desenvolve. Pacientes com sangramento digestivo, infecções do trato geniturinário, bilirrubina elevada e proteínas totais do líquido ascítico menor que 1g/dL apresentam maior risco de PBE. O quadro clínico pode ser heterogêneo e até assintomático. Cerca de 45-55%, apresentam dor abdominal difusa de moderada intensidade e febre. O diagnóstico é confirmado pela [ ] de polimorfonucleares 250 cels/mm3 no líquido ascítico. O tto recomendado é com cefalosporina de terceira geração. - Encefalopatia hepática (EH) Definida como alteração neuropsiquiátrica, desencadeada por alterações metabólicas reversíveis, que aparece em cirróticos por insuficiência hepática e/ou por shunts portossistêmicos. A Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 fisiopatogenia da EH é multifatorial e está relacionada à exposição do cérebro a toxinas oriundas do intestino que não são clareadas pelo fígado. Dentre essas toxinas se destaca a amônia. A manifestação clínica é classificada em graus de 1-4, sendo os graus 3 e 4 associados a maior mortalidade. O flapping é a marca registrada da manifestação clínica da EH e é evidente no grau 3, além do quadro confusional. Vários são os fatores precipitantes de EH: hemorragia digestiva, infecções, desequilíbrio ácido- básico, hipóxia e hipoglicemia. O tto implica em corrigir os elementos precipitantes e ↓ o aporte de amônia, que pode ser obtido com o uso de lactulose ou antibióticos orais. A EH pode tambem ser classificada em: 1 – Episódica: definida como delírio agudo ou distúrbio de consciência, acompanhado por alterações cognitivas em pacientes previamente hígidos neuropsiquiátrico. É subclassificada em : A- Precipitada – associada a fatores citados. B- Espontânea – ausência de fatores citados. C- Recorrente – episódios de EH repetem-se com frequência superior a pelo menos 2 episódios/ano. 2 – Persistente: presença contínua e ininterrupta de sinais e sintomas neuropsiquiátricos, geralmente alterações extrapiramidais, disartria, distúrbios de personalidade, de memória e do ciclo de sono e vigília, sendo graduada em leve, acentuada e dependente de tratamento (compensada apenas com uso contínuo de medicações e dieta). 3 – Mínima: estágio pré-clínico de EH, que pacientes com EH demonstram déficit em testes neuropsicológicos ou neurofisiológicos, sem alteração do estado mental nem anormalidades neurológicas evidentes. - Síndrome hepatorrenal (SHR) Representa o “final da linha” do cirrótico por ser o estágio mais avançado das complicações da hipertensão porta. Define-se por insuficiência renal funcional na presença de doença hepática grave, aguda ou crônica, sem doença estrutural renal. Caracteriza-se por aumento progressivo da creatinina sérica, oligúria, sedimento urinário benigno, Na urinário < 10 mEq/L e ausência de resposta da função renal após expansão de volume com albumina endovenosa por pelo menos 2 dias e retirada de diuréticos. A vasodilatação arteriolar esplânica suscita uma Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias resposta neuro-humoral homeostática intensa que acaba por levar à vasoconstrição renal grave que resulta em insuficiência renal. A mortalidade na SHR é muito elevada. O tto ideal é o transplante do fígado bem-sucedido. - Síndrome hepatopulmonar (SHP) Cerca de 10% a 20% dos cirróticos desenvolvem SHP. Definida como aumento do gradiente alvéolo-arteriolar (PAO2-PaO2 > 15-20 mmHg) que ocorre por vasodilatação no território microvascular pulmonar na presença de insuficiência hepática ou hipertensão pulmonar, podendo resultar em hipoxemia. A dosagem dos gases arteriais, testes de função pulmonar, ecocardiografia contrastada com doppler e TC de alta resolução auxiliam no diagnóstico de SHP. A mortalidade é significante. O transplante hepático é o tto de eleição na SHP. - Hipertensão portopulmonar (HPP) É a associação da HP com hipertensão pulmonar na ausência de qualquer causa alternativa de hipertensão pulmonar e ocorre em menos de 6% dos cirróticos. Definida por pressão média na artéria pulmonar > 25 mmHg e, no capilar pulmonar< 15 mmHg, que ocorre no cenário da HP. A manifestação clínica de HP precede àquelas da HPP (dispneia ao esforço, síncope, dor torácica, fadiga, hemoptise e ortopneia). A vasoconstrição, a fibrose e as mudanças no remodelamento dos vasos pode levar a insuficiência cardíaca direita. - Hidrotórax Presença de derrame pleural em cirróticos sem aparente doença cardíaca. Resulta da passagem de líquido ascítico por fenestrações no diafragma é mais frequente do lado direito. O derrame pleural ocorre em 5% a 10% dos pacientes cirróticos com ou sem ascite. O tto é semelhante ao da ascite. - Hepatocarcinoma Tumor primário do fígado que se desenvolve em fígados cirróticos e que apresentam alta taxa de mortalidade. A melhor estratégia para abordagem do HCC está associada com seu diagnóstico precoce em que o transplante hepático pode ser curativo. • PROGNÓSTICO O prognóstico da cirrose hepática depende da etiologia, gravidade da doença, presença de doenças associadas e complicações. Vários sistemas de avaliação clínica e laboratorial vêm sendo desenvolvidos ao longo dos anos. Dentre estes os mais utilizados são a classificação de Child-Pugh e o sistema MELD. A classificação de Child-Pugh inclui cinco elementos: Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 albumina, bilirrubina, tempo de protrombina, ascite e encefalopatia. A sobrevida estimada em um ano com base neste sistema é de aproximadamente 100% para Child A, 80% para Child B e 45% para Child C. O sistema MELD (the Model for End Stage Liver Disease) é baseado na avaliação dos níveis de bilirrubinas, creatinina e INR. Tem sido adotado para alocação dos pacientes na fila de transplante hepático. Score MELD O score MELD é calculado através da seguinte fórmula mate- mática: MELD = 9,57 × log (creatinina) + 3,78 × log (bilirrubina total) + 11,2 × log (INR) + 6,43 Os valoresde MELD variam entre 6 e 40. • TRATAMENTO A abordagem terapêutica da cirrose compensada inclui: 1- Orientação quanto ao estilo de vida, tto de comorbidades e suporte nutricional. 2- Tto da causa subjacente da doença. 3- Tto dos sintomas associados. 4- Prevenção de complicações e de descompensação da doença. 5- Suporte nutricional. 6- Avaliação para transplante de fígado A abordagem terapêutica da cirrose descompensada esta voltada para o tto específico das complicações da doença, sua profilaxia secundária e a avaliação da elegibilidade para o transplante de fígado. A nutrição do paciente cirrótico é fundamental e deve assegurar que ele receba uma dieta calórica e proteica adequada. Cirróticos devem ser desencorajados ao uso de álcool, drogas e medicamentos alternativos (chás) que tenham potencial efeito lesivo sobre o fígado. A vacinação contra hepatite A e B pode prevenir lesão adicional ao fígado e deve ser Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias recomendada. O rastreamento do hepatocarcinoma com alfa-fetoproteína e ultrassom abdominal de 6/6 meses tem sido a estratégia mais frequentemente adotada. Tratamento das causas subjacentes deve ser empregado, pois pode desacelerar a progressão da doença e prevenir complicações. Cirróticos descompensados devem ser encaminhados para transplante hepático, uma vez que este é o tratamento definitivo da cirrose hepática. Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 Downloaded by Taita Polyana Pinto (taita.pinto@gmail.com) lOMoARcPSD|9552560 https://www.studocu.com/pt-br?utm_campaign=shared-document&utm_source=studocu-document&utm_medium=social_sharing&utm_content=hepatopatias