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CORPO ESTRANHO

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	Corpo estranho
1-	Localização principal do corpo estranho:
•	entrada do tórax 
•	base do coração
•	cranial ao diafragma
 	A entrada do tórax é o canal ideal para localização de corpo estranho de esôfago torácico. Na entrada ou na base do coração principalmente. E às vezes fica cranial ao diafragma, na área de hiato. Temos várias modalidades de corpos estranhos como perfurante, de superfície lisa, então pode ser linha, luva, anzol. 
Cães:
•	hábito alimentar (alotriofagia) – Por este hábito alimentar de comer tudo que vê pela frente, os cães são os animais mais acometidos. Ou podem ser animais que vivem na rua, logo não vão ter um apetite seletivo. É comum em filhotes, mas já está acometendo os adultos, seja por distúrbio de comportamento, ou por algum outro fator.
•	regurgitação aguda, anorexia, dor, dispnéia aguda, febre, dispnéia (derrame pleural, pneumotórax) – Na maioria das vezes o processo é agudo, sendo os sintomas quase que imediatos após a ingestão de corpo estranho. Agora isto ocorre quando o corpo estranho está parado lá no esôfago, mas os animais que estão com o corpo estranho no estômago, às vezes levam 10 meses para manifestar os sintomas. No esôfago vai estar incomodando, principalmente se for na entrada do tórax ou base do coração. Para diagnosticar a localização no esôfago torácico precisamos da imagem radiográfica em associação ao histórico. Então a regurgitação é aguda, acompanhada por perda de apetite se tiver uma compressão e uma esofagite desencadeada. Na dispnéia aguda o fator é compressivo, às vezes na entrada tórax, a localização causa dor e dificuldade também de perfusão respiratória. Se tiver perfuração esofágica vai ter febre, sendo a chamada mediastinite ou pleurite. A dispnéia por derrame pleural ocorre devido à perfuração ou pneumotórax, pois vai ter comunicação do esôfago com a cavidade torácica, ocorrendo à perda de pressão. 
•	localização CE X tipo de obstrução X perfuração X sinais clínicos – A gravidade vai estar relacionada com a localização do corpo estranho, ao tipo de obstrução que este corpo estranho vai estar causando, se é total ou parcial. Os sintomas podem estar agravados se a obstrução for total. Se o corpo estranho for perfurante, pode ter comunicação de esôfago com a cavidade torácica. Isto não é comum de acontecer, mas vai depender do tempo em que este corpo estranho esteja ali fixado. Então na clínica vai estar relacionado com esta relação de tipo de fixação, localização de obstrução e se ela é total ou parcial.
1.2- Diagnóstico:
-	Clinico - exame físico – sempre palpar o animal
-	Histórico/anamnese – se teve a possibilidade do animal ter ingerido algum corpo estranho, se tem mangueira no jardim porque é comum do animal comer o caroço da manga. 
-	Imagem - raio-x (simples ou contrastado), alguns corpos estranhos não são radiopacos. Endoscopia é excelente meio diagnóstico e terapêutico.
1.3- Tratamento clínico:
 Estabilizar o animal é extremamente importante. Se tiver gasometria é excelente, verificando se tem algum desequilíbrio ácido-base.
•	endoscopia (atenção: fixação ; perfuração) ou toracotomia – O bom endoscopista vai localizar o corpo estranho, vai além do corpo estranho e vai ver como está a motilidade, vai tentar manipular de leve a retirada e vai ver se não está tão fixado, para que não ocorra o rompimento do esôfago por uma técnica. Se não tiver tão fixado e tiver fácil de tirar, pode-se tirar até corpo estranho linear. Se tiver bem fixado vai ser necessária uma retirada cirúrgica, mas normalmente a endoscopia consegue.
•	Sem bordos cortantes: encaminhar para estômago – A superfície do corpo estranho é lisa. Então não tendo bordos cortantes, ou quando o endoscópio não conseguiu retirar o corpo estranho, ao invés de abrirmos o esôfago, com risco de causar uma estenose depois por cicatriz, podemos encaminhar para o estômago, pois no estômago fica mais tranqüilo. Temos que lembrar que isso só é permitido quando o corpo estranho não tem bordo cortante. O animal regurgitando por ter engolido um corpo estranho, temos que fazer um raio-X e se possível antes de fazer a endoscopia, repetir o raio-X por causa da motilidade. 
•	Antibioticoterapia, antiácidos, agentes procinéticos, gastrostomia – Normalmente o que precisa no tratamento de corpo estranho é um protetor de mucosa, podendo ser o Sucralfate e se tiver erudida, com área de esofagite podemos utilizar uma Ranitidina ou o Omeprazol, mas não necessariamente um antibiótico, a não ser que ocorra o rompimento, havendo comunicação.
1.4- Tratamento cirúrgico:
 Gastrotomia - Devemos fazer a avaliação de todo o trato intestinal, para verificar se não tem lesão em outro lugar, ou mesmo um corpo estranho localizado num outro ponto do trato intestinal.
1.5- Pós-operatório: 
 Monitoração do animal – é um paciente que merece cuidados de internação, sendo o ideal fazer 24 horas de jejum mais a utilização de ATB + AINES + inibidor de H2 (tratamento pós-operatório). 
1.6- Prognóstico: 
-	Bom (não perfurante) – geralmente por ser filhote na grande maioria a recuperação é ótima. Mas existem animais velhos com esse habito. 
-	Reservado (perfurante) – cuidado com a peritonite. 
	Corpo Estranho Linear 
É muito importante para gatos. E o principal efeito dele é no estômago. Sempre que avaliarmos um gato devemos examinar a base da língua para verificarmos se tem a presença de um corpo estranho linear que fica preso na base da língua e vai para dentro do tubo gastrointestinal. 
 Os corpos estranhos lineares são os piores, porque eles prendem de baixo da língua, e dependendo de onde eles se fixam fazem granulomas, fazem lesões. E normalmente não são vistos e alteram a motilidade, inclusive a motilidade intestinal e se sair pelo reto, o proprietário vai tentar puxar e causar uma peritonite. O intestino fica friável e com gotas de secreção no peritônio
 Temos que observar sempre frênulo da língua, observando se não há presença de corpo estranho de baixo da língua. Às vezes tem uma linha, e se esta linha já tiver a um tempo ali, às vezes são formados granulomas. Então tem que palpar porque às vezes sentimos um espessamento de baixo da língua, mas não vemos a linha. Para observarmos a linha, podemos fazer um raio-X, onde iremos observar uma fricatura intestinal. Estando diante do raio-X, podemos também palpar este intestino, e o animal vai sentir dor e incômodo. Nós iremos sentir as alças firmes e túrgidas, e na ausculta não conseguiremos ouvir o movimento peristáltico. Têm animais em que é necessário fazermos a endoscopia para podermos avaliar.
No gato temos que avaliar toda a cavidade oral, observando se não tem nenhuma lesão de estomatite. Às vezes na área glosso-palatina tem uma estomatite granulomatosa. Então o animal com rinotraqueite fica espirrando, ou tem um corpo estranho linear. Temos que analisar até o final da língua, observando as papilas. Os animais muitas vezes não se alimentam pela esofagite, dependendo da gravidade ele não vai estar apresentando apetite nenhum. Então muitas vezes ele não apresenta apetite por causa da dor. Então precisamos cuidar dele não perder peso, entrando numa ação catabólica do organismo, pois uma vez que ele não receba alimento, ele vai pegar toda gordura do subcutâneo e das reservas e as proteínas dos músculos e vai fazer lipólise e glicogenólise. Com a ação catabólica pode ocorrer uma acidose metabólica, pois este animal está muito tempo sem se alimentar. Na esofagite o animal não vai se alimentar não por falta de vontade e sim pela dor. 
	Dilatação vólvulo gástrica (DVG)
 Não é tão comum como o CE. É uma patologia que causa um debito metabólico muito grande ao animal. Ele está desidratado, em acidose e é muito delicado anestesiar um animal neste estado, sendo importante estabilizar antes. 
-	Introdução:
 Aumento do tamanho do estômago associado com torção em seu eixo mesentérico. Ocorre muito em animais grandes que comem em grandes quantidades uma vez ao dia. E com a torção a ração dentro do estômago vai fermentar e comisso ocorre a distensão e o timpanismo que leva a uma dor intensa. 
-	Fisiopatologia: 
 Alimentação em excesso  exercícios  torção  distensão
-	Fatores:
 Idade, raça, alimentação
Pode ocorrer como conseqüência do aumento do tamanho do estômago: 
Compressão da veia cava caudal e porta  Déficit do retorno venoso   debito cardíaco  isquemia do miocárdio   pressão venosa central. 
-	Diagnóstico:
•	Clinico – Histórico/anamnese  perguntar quantas vezes o animal come por dia. E com isso o proprietário pode relatar que deu de comer para o animal, depois ele se exercitou e de repente estava passando. Sendo muito comum o animal se alimentar uma vez ao dia em grande quantidade e após comer se exercitar, sendo um fator muito comum para a ocorrência de vólvulo. 
•	Exame físico – percussão (som timpânico), distensão abdominal, apatia, vômitos.
•	Imagem – raio-x (simples, contrastado)
 Muitas vezes o animal pode estar com distensão abdominal, mas essa distensão ser devido a um trânsito intestinal lento, levando a fermentação, mas não ser torção. Sendo um diagnóstico diferencial. Então depois que descomprimirmos com o trocater o animal sente um grande alivio e fica bom, diferente da torção que vamos descomprimir ele vai ficar aliviado, mas passado um tempo volta tudo de novo.
-	Tratamento clínico:
•	Fluidoterapia intensa
•	Exames laboratoriais
•	Antibioticoterapia
•	AINES – para tratar o choque e a dor. 
•	Oxigenoterapia – seria excelente
 A fluidoterapia é intensa e enquanto isso retira o sangue e manda para o laboratório. Antes de operar tem que estabilizar o paciente, e vamos entrar com o Metronidazol pelo soro. Depois de estabilizar o animal vamos fazer a punção gástrica (trocater), depois da 13 costela, fazendo uma tricotomia antes + assepsia e anti-sepsia do local. Tem relatos que só com a descompressão a torção se desfaz, mas somente 5% de chance. Mas mesmo desfazendo tem que operar para fazer a gastropexia. 
 Se não for torção no dia seguinte o animal está bem, e se for no dia seguinte o animal vai estar mal, com muito gás novamente. 
•	Sonda gástrica (faringostomia) – antes do animal entrar em cirurgia para não ter acumulo de gás. E esse animal pode ser mantido com essa sonda até 48 horas. 
-	Tratamento cirúrgico: 
 Fazer uma boa incisão (pré-retro-umbilical) – inspecionar os tecidos. Vamos esvaziar o estomago, lavar e depois de esvaziar ele distorce. Cuidado porque esse animal pode ter um quadro de endotoxemia. Pode ocorrer necrose no fundo do estomago. E devemos inspecionar todo o intestino, e os outros órgãos como o baço. 
 Após devemos fazer a gastropexia para não ocorrer recidiva. 
-	Pós-operatório: 
 
 O animal demora 48 horas para começar a recuperar. Devemos monitorar esse animal por 48 horas (devido a hipocalemia). Deve ser feito um jejum de 24 horas. 
-	Prognóstico – reservado 
	Obstrução gástrica crônica
 É ocasionada pela hiperplasia ou estenose de piloro. E isso ocasiona a obstrução da saída e com isso o volume de entrada é muito maior que o de saída. O animal vomita muito. Um dos diagnósticos diferenciais é o megaesôfago. 
a)	Congênita
-	Incidência: gatos siameses; raças braquicefálica.
-	Sintomas: É uma patologia rara. Ocorre nos primeiros meses de vida, com vômito esporádico e permanente  gastrite. Distensão do órgão. 
b) Adquirida
 Pode ocorrer devido a um CE preso no piloro, traumatizando o piloro de uma forma crônica. 
-	Incidência: Animais adultos, geralmente cães pequenos (<10Kg), ou idade média a idosos. 
 Hipertrofia progressiva da musculatura pilórica – obstrução da luz
 A mucosa sofre irritação permanente pela ação do refluxo, leva a formação de pólipos na camada muscular que diminui a função do esfíncter. 
-	Causa: 
	Desconhecida
	Predisposição genética
	Virótica
	Inflamação crônica 
	Fatores neuroendócrinos 
-	Tratamento cirúrgico 
	Piloromiotonia 
	Piloroplastia – é feita uma incisão em Y e na hora de suturar vamos suturar no vértice do Y, que vai virar um U. 
	Neoplasias
-	Neoplasia gástrica primaria é raro
-	Incidência – animais de média idade a idosos.
-	Sintomas – ulcerações, vômito, perda de peso, sem resposta ao tratamento clinico, sinais de obstrução. 
 Benignos – pólipos adenomatosos, leiomiomas.
 Malignos – adenocarcinomas, linfosarcoma em gatos.
-	Diagnóstico – endoscopia (biopsia)
-	Tratamento – região antro-pilorica 
-	Tratamento cirúrgico – Billroth I, gastrectomia total ou parcial. 
29.04.05
PATOLOGIAS CIRÚRGICAS DA CAVIDADE TORÁCICA
 ANATOMIA DA CAVIDADE TORÁCICA
	 PARTE ÓSSEA
	SISTEMA DIGESTIVO, SISTEMA CÁRDIO - RESPIRATÓRIO
	 PLEURA PARIETAL X PLEURA VISCERAL
	
 PARTICULARIDADES DA CAVIDADE TORÁCICA
	 PRECISÃO NO DIAGNÓSTICO
	 LESÕES CAUSAM DANOS AO SISTEMA CÁRDIO – RESPIRATÓRIO
	 PRESSÃO NEGATIVA
 PATOLOGIAS CIRÚRGICAS DA CAVIDADE TORÁCICA
	1) PECTUS EXCAVATUM
		 DEFINIÇÃO – É o achatamento dorso-ventral da cavidade torácica. É um problema genético e ocorre em filhotes. 
		 “SINDROME DE NADADOR” – É o outro nome. O filhote lateraliza os membros anteriores. 
		 RAÇAS BRAQUICEFÁLICAS – São mais acometidos. 
		 SINAIS CLÍNICOS
•	INTOLERÂNCIA AO EXERCÍCIO – Geralmente são os menores da ninhada. 
•	DIFICULDADE EM SUGAR LEITE  PERDA DE PESO
•	TAQUIPNEIA
•	ARRITMIAS CARDÍACAS
•	CIANOSE Dificuldade respiratória – 
•	VÔMITOS Quanto maior a compressão, pior. 
•	INABILIDADE EM CAMINHAR – Pode haver luxação de ombro ou cotovelo pelo movimento do membro anterior. 
 
		 EXAME FÍSICO
•	PALPAÇÃO
•	DISPNÉIA
		 DIAGNÓSTICO
•	CLÍNICO
•	RADIOGRÁFICO – Diminuição das vértebras torácicas e do esterno. 
 TRATAMENTO
•	OXIGENIOTERAPIA (DISPNÉIA SEVERA)
•	COLETE EM FORMA DE CELA – É feito de algodão e atadura em toda a cavidade torácica. Este colete não deve ficar apertado, ficando apenas justo. Se colocarmos muito apertado este animal terá dificuldade para respirar. Então a idéia do colete é corrigir com o crescimento, então conforme este animal começa a crescer, o tórax tende a cresce lateralmente também, só que ele vai bater no colete e vai começar a afunilar e vai devolver o tórax em ponta de quilha. O animal fica perfeito, não sendo percebido quando adulto. Muitos animais até corrigem sozinhos, mas de preferência devemos sempre colocar o colete. Não devemos colocar o colete antes de 45-60 dias, pois vamos causar um distúrbio respiratório no animal muito intenso. Geralmente 2 semanas é o suficiente, podendo chegar as vezes a 6 semanas. Vamos ver o animal toda semana, ajustando o colete se for necessário. 
 PROGNÓSTICO
•	AFASTAR ANIMAL DA REPRODUÇÃO
DISTENSÃO MAIS GRAVE PROGNÓSTICO MAIS DESFAVORÁVEL

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