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Horizonte Luminoso Artistas: Claude Lorrain William Turner História da Arte III Profº: Carlos Terra Manhã Aluna: Noemi O N de Souza DRE: 119155465 História da Arte III Análise estética Pinturas de Paisagem Noemi de Souza Claude Lorrain (1600-1682) foi um exímio pintor de paisagens, mas viveu em uma época onde elas não eram apreciadas em sua plenitude se não carregassem valores históricos ou religiosos por trás. As paisagens estavam a serviço de algum outro motivo para além de si mesmas e normalmente serviam como “background” - ou cenário de fundo para enriquecer esteticamente algum outro motivo que era considerado mais importante. Ou seja, as paisagens eram secundarizadas e usadas simplesmente como plano de fundo. Lorrain muda a lógica: apresenta majestosamente a paisagem e atribui algum outro valor, podendo ser mitológico ou bíblico. Dessa forma, os espectadores que são atraídos pelos grandes acontecimentos encontram nas obras de Lorrain deleite na apreciação da natureza, porque as cenas que ele usa como referência, as quais nomeiam seus quadros (como O Julgamento de Páris ou O Casamento de Isaque e Rebeca) são apenas pretextos para adentrar os mundos de suas paisagens. William Turner (1775-1851) também se dedicou arduamente a pintar paisagens mas se diferenciava de Lorrain em certos pontos, e até se rivalizava a ele em uma competição que, a meu ver, não era em nada saudável. Seja como for, ambos criaram obras que atravessaram o tempo e continuam a conquistar gerações. Turner imprimia em suas telas retratos de uma natureza majestosa, selvagem e indomável pelo homem. Exímio aquarelista, construía suas pinturas através de manchas e tomou a cor e a luz como preocupações em suas obras. Horizonte Luminoso Obras Apresentadas: Obras Apresentadas: É importante lembrar também que Lorrain foi anterior aos pintores românticos e suas obras seguiam um estilo mais idealizado do que propriamente naturalista. Nesse sentido, Lorrain buscava de certo modo, mudar a paisagem que via a fim de alcançar um resultado mais utopista ou idealista. Ele não se prendia à visão imediata, mas ia além dela, buscando manipular o ambiente da paisagem de acordo com seus desígnios a fim de obter um resultado final que é, em parte, realista, e em alguma medida fantástico. As obras apresentadas nesta exposição são Paisagem com Comerciantes, A Embarcação da Rainha de Sabá (ambas de Lorrain) e Dido Construindo Cartago (Turner), as três pinturas são obras-primas dos pintores e apresentam paisagens que levam o olhar a horizontes deslumbrantes. A exposição Horizonte Luminoso traz obras dedicadas a mostrarem um olhar mais encantado ao meio ambiente, tão precioso a vida humana. O ocidente demorou muito para desenvolver esse tipo de olhar a natureza, e exatamente por isso artistas como Lorrain e Turner se destacam tanto na História da Arte Ocidental. Voltando seus olhos a essa temática eles contribuíram para que seus contemporâneos e as futuras gerações também o fizessem. Horizonte Luminoso ...continuação Paisagem com Comerciantes Claude Lorrain Obra: Paisagem com Comerciantes Data: 1629 Dim.: 97.2 x 143.6 cm Técnica: Tinta à óleo sobre tela Local: National Gallery of Art, EUA Tons de verde e azul dividem a composição deste quadro, sendo a parte inferior composta majoritariamente por tons terrosos. Os comerciantes estão em primeiro plano mas longe da vista, evidencia-se então sua pequenez em relação à paisagem. A perspectiva aérea insinua-se de forma suave ao fundo em harmonia com o azul do céu, enquanto a vegetação à esquerda é construída de forma muito detalhada, cuidadosa e idealizada. Esta pintura apresenta, assim como as outras desta exposição um deslumbrante horizonte luminoso no centro da composição levado pelas construções em perspectiva da pintura. O título da obra indica um acontecimento bíblico: a visita da rainha de Sabá (ou Sheba) ao rei Salomão. No entanto as figuras humanas são muito diminutas para que se dê alguma importância à elas. A vista ao mar leva os olhos até o horizonte através das construções em perspectiva (que. lembram templos gregos). O azul do céu se harmoniza com o azul da água, e os tons terrosos das construções dialogam com o horizonte de amarelos quentes. Claude Lorrain Obra: A Embarcação da Rainha de Sabá Data: 1648 Dim.: 149,1 x 196,7 cm Técnica: Tinta à óleo sobre tela Local: National Gallery, London A Embarcação da Rainha de Sabá William Turner Obra: Dido construindo Cartago Data: 1815 Dim.: 155,6 x 231,8 cm Técnica: Tinta à óleo sobre tela Local: National Gallery, Londres A temática desta pintura é mitológica, mas a composição de paisagem natural em harmonia com as construções humanas levam destaque na obra. As figuras humanas que aparecem são demasiado pequenas e ajudam a evidenciar o título do trabalho assim como sua correspondência com o mito da construção de Cartago por Dido. A construção em perspectiva do quadro ajudam a guiar o olhar até o horizonte luminoso que está no centro da composição, e a luz também é refletida na água. Dido construindo Cartago Conclusão As obras apresentadas na exposição traziam em comum serem pinturas de paisagem construídas com um olhar mais amoroso em relação à natureza, conferindo-lhe protagonismo e dignas de apreciação tanto quanto pinturas de temáticas históricas, bíblicas ou mitológicas. Claude Lorrain e William Turner foram um ponto fora da curva em relação às correntes acadêmicas de seu tempo, que ditavam o que deveria ser considerado mais digno de se pintar, e inauguraram um novo gênero na pintura, que era menos prestigioso, como a natureza-morta e a pintura de gênero. Entender a origem da pintura de paisagem é importante também para entender o desenvolvimento do pensamento ocidental não só no que concerne às artes visuais, mas também à visão do homem em relação à natureza. Em Lorrain, a paisagem era modificada e adestrada pelo homem, construída com base em mitos e lendas para atingir propósitos para além de si mesma e nada naturais. Em Turner, a paisagem é grandiosa em relação ao homem, e não pode ser por ele adestrada. O processo de ver a nós mesmos como parte do ecossistema e dependente dele para sobrevivência também constitui parte do desenvolvimento do pensamento ocidental em relação à natureza. Referências Bibliográficas ● GOMBRICH, Ernst Hans. A História da Arte. 16ª Edição. LTC Editora - Livros Técnicos e Científicos. Rio de Janeiro, 1999. ● BECKETT, Wendy. A História da Pintura. Editora Ática. São Paulo, 1997. ● PERIGO, Katiucya. Artes Visuais, História e Sociedade. 1ª Edição. Editora Intersaberes. Curitiba, 2016. ● IMBROISI, Margaret; MARTINS, Simone. Google Arts & Culture. História das Artes, 2021.