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PEDIATRIA INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DO RECÉM-NASCIDO CAPURRO É preciso ter conhecimento da idade gestacional afim de determinar o grau de maturidade do recém-nascido Pré termo: - 37 semanas completas Prematuro tardio: de 34 a 36 semanas Termo: entre 37 e 42 semanas Pós termo: +42 semanas Com o objetivo de simplificar a avaliação da idade gestacional, Capurro propôs um método no qual 6 características são avaliadas nas 48 primeiras horas do recém-nascido. A pontuação é somada à uma constante e o resultado corresponde à idade gestacional em semanas. COOMBS Permite a detecção no soro de anticorpos não aglutinantes do sistema Rh, utilizando o soro da antiglobulina humana. Direto: avalia diretamente as células vermelhas do sangue, verificando se há anticorpos ligados à hemácia e se esses anticorpos são derivados do próprio sistema imune da pessoa ou recebidos por transfusão. Esse teste normalmente é realizado para detectar anemias hemolíticas autoimunes. Indireto: avalia o soro do sangue, identificando os anticorpos ali presentes, e geralmente é solicitado em situações de transfusão, para garantir que o sangue que vai ser doado é compatível com quem está recebendo. APGAR Verifica o grau de atividade do RN. Índice utilizado na avaliação clínica do recém-nascido, feito no 1º, 5º e 10º minutos após o nascimento e em intervalos de 5 minutos, por 20 minutos em crianças com score menor do que 7. Esse índice indica a necessidade de continuidade das manobras de ressuscitação em RN e avaliar a resposta a tais manobras. Apesar de não predizer a mortalidade do indivíduo ou a ocorrência de adventos neurológicos, Apgar < 5 em 5 e 10 min aumenta o risco de paralisia cerebral. Existem inúmeros fatores que podem influenciar o Apgar: anestesia ou sedação materna, malformações congênitas, idade gestacional, trauma. Sinal 0 1 2 Cor da pele Azul Cianótico Corpo rosado Extremida de cianosada s Rosado FC 0 bpm <100 bpm >100 bpm Esforço respirat ório ausente irregular Choro forte Tônus muscular flácido Pouca flexão Movimen tos ativos Reflexos nulo alguns Com choro REFERÊNCIAIS ANTROPOMÉTRICOS São tabelas ou gráficos que demonstram, para cada idade e sexo, os valores normais de cada medida corpórea, com base em amostras de crianças e adolescentes avaliados como normais e sadios. Apresentam, também, a tendência de evolução em função da idade. Esses dados podem ser organizados em percentil ou em Zscore. PERCENTIL Apresentação em cada idade, e em ambos os sexos, dos valores ordenados de maneira crescente, como se fossem 100 valores. Dessa ordenação resulta um valor de parâmetro para cada percentil e cada percentil representa a posição que aquele valor tem na distribuição ordenada dos valores considerados normais. Ex: criança com peso na posição do percentil 50 significa que, das crianças com seu mesmo sexo e idade, metade (50%) tem percentil superior ao seu e metade tem percentil inferior. Um percentil 95 significa que apenas 5% apresentam peso maior que o seu e 95% têm peso menor. Os valores de tendência central (percentil 50) são considerados normais. ZSCORE É a apresentação em tabelas e gráficos dos valores de cada parâmetro de acordo com a sua diferença em relação ao valor mediano estimado. Zscore= (valor medido na criança – valor da mediana) / desvio padrão. Ou seja, se uma menina de 6 anos de idade apresenta 112 cm de estatura e outra da mesma idade 103 cm, sendo 106 cm a mediana de estatura para a idade e o desvio padrão 3 cm, a primeira menina terá escore z de estatura igual a +2, enquanto a segunda terá escore z de -1 VALORES DE NORMALIDADE DO RECÉM-NASCIDO PERÍODO DE TRANSIÇÃO Refere-se às 6 a 12 primeiras horas de vida do recém-nascido e termina quando os sinais vitais, a alimentação e as funções renal e gastrointestinal são normais. • FC ao nascer: 120 a 140 bpm; • FC após o nascimento: 160 a 180; • FC em 30 min: 100 a 120 bpm; A respiração é irregular nos 15 primeiros minutos, variando entre 60 e 80 irpm. Ocorre queda na temperatura corpórea. Ocorre surgimento de RHA, eliminação de mecônio e produção de saliva. Alimentação: deve ser iniciada após as primeiras 6 horas de vida. A SBP não recomenda determinar horários de amamentação e de duração dela. Em geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia. As necessidades calóricas do RN são de 30cal/kg no primeiro dia, 80cal/kg ao final da primeira semana de vida e 120 a 150cal/kg ao final da segunda semana. Eliminações: 91% apresentam diurese nas 16 primeiras horas; não apresentar diurese nas primeiras 24hrs é preocupante, mas não desesperador. O mecônio é eliminado entre 24 e 48hrs. Peso ano nascer: • Peso extremamente baixo: <1kg • Muito baixo peso: <1,5kg • Baixo peso: entre 1,5 e 2,5kg • Peso normal: entre 2,5 e 4kg • Macrossômico: +4kg Consideram-se normais tanto uma perda de peso de até 10% ao nascer quanto a sua recuperação até o 15º dia de vida. A perda de peso fisiológica ocorrida a partir do nascimento consiste principalmente em perda de água e é acentuada pelo prolongamento do jejum. Perímetro cefálico O perímetro cefálico com medidas acima ou abaixo de dois desvios-padrão (< -2 ou > +2 escores “z”) pode estar relacionado a doenças neurológicas, como microcefalia (de causa genética ou ambiental) e hidrocefalia, o que exige, portanto, melhor avaliação e encaminhamento Perímetro torácico: antes do início da respiração do RN, mede 2cm a menos que o cefálico, em média 30 a 33cm. Estatura para meninos: Estatura para meninas: Sinais vitais: Frequência cardíaca: 120 a 140 bpm. Respiração: abdominal. Entre 30 e 60 irpm. Temperatura: normal situa-se entre 36,4ºC e 37,5ºC. Padrão de sono: os recém-nascidos dormem tanto de dia quanto de noite, mas o sono começa a diminuir com o passar das semanas. Ele dorme cerca de 20 a 22hrs por dia, acordando apenas por fome ou desconforto. Aos 2 meses, dorme de 6 a 8 horas de noite e outras 10 a 12 horas em sonecas diurnas. Esse tempo diminui à medida que seu desenvolvimento lhe permite interesses pelo ambiente. Eliminações: Fezes: nas primeiras horas de vida mecônio é eliminado. Falta de eliminação de mecônio após 24 horas deve fazer pensar em obstrução. Ao 4 a 5 dias de vida, as eliminações perdem o aspecto de mecônio e tornam-se de “transição” (liquefeitas e heterogêneas) e, em seguida, assumem um aspecto de fezes normais do lactente, dependendo da dieta. Urina: ao nascer, a bexiga pode conter até 50 ml de urina. Alguns urinam na sala de parto, 75% dentro das 12 primeiras horas. No fim de 48hrs todas já urinaram. Nos primeiros dias, a urina pode apresentar sedimento em cor vermelho-tijolo, representados por uratos. PRIMEIRA CONSULTA DO RN Deve ocorrer na primeira semana de vida do RN, uma vez que constitui um momento propício para estimular e auxiliar a família nas dificuldades do aleitamento materno exclusivo, para orientar e realizar imunizações, para verificar a realização da triagem neonatal (teste do pezinho) e para estabelecer ou reforçar a rede de apoio à família. Deve-se utilizar e preencher adequadamente a Caderneta de Saúde da Criança, identificar riscos e avaliar a saúde da mãe. ANAMNESE Deve-se avaliar as condições de nascimento da criança – tipo de parto, local do parto, peso ao nascer, idade gestacional, índice de Apgar, intercorrências clínicas na gestação, no parto e no período neonatal e os tratamentos realizados. Também os antecedentes familiares (condições de saúde dos familiares, número de irmãos, número de gestações anteriores). EXAME FÍSICO Peso, comprimento e perímetro cefálico. Desenvolvimento social e psicoafetivo:é preciso observar o relacionamento do cuidador/mãe com o RN – como respondem às suas manifestações, como interagem com o bebê e se lhe proporcionam situações variadas de estímulo. Estado geral: • Postura normal: extremidades fletidas, as mãos fechadas e o rosto, geralmente, dirigido a um dos lados. • Padrão respiratório: observar a presença de anormalidades como batimentos de asas do nariz, tiragem intercostal ou diafragmática e sons emitidos. • Estado de vigília: estado de alerta, sono leve ou profundo e choro. • Sinais de desidratação e/ou hipoglicemia: pouca diurese, má ingestão (a criança não consegue mamar ou vomita tudo o que mama), hipoatividade e letargia. • Temperatura axilar. Face: observar assimetria, malformação, deformidade ou aparência sindrômica. Pele: • presença de edema (IC, sepse, doença hemolítica perinatal, se generalizado); • palidez (sangramento, anemia); • cianose (doenças cardiovasculares se generalizada; hipotermia se nas extremidades); • icterícia (preocupante se iniciada antes das primeiras 24hrs de vida ou após o 7º dia); • assaduras • pústulas (impetigo) e bolhas palmo- plantares (sífilis). Esclarecer quanto a benignidade do eritema tóxico. Crânio: Exame das fontanelas: a fontanela anterior mede de 1cm a 4cm, tem forma losangular, fecha-se do 9º ao 18º mês e não deve estar fechada no momento do nascimento. A fontanela posterior é triangular, mede cerca de 0,5cm e fecha-se até o segundo mês. Não devem estar túrgidas, abauladas ou deprimidas. Céfalo-hematoma: acúmulo de sangue entre o osso e o periósteo. Mais frequente nos ossos parietais. Não ultrapassa o osso, é flutuante, indolor e sem alterações de coloração da pele. Desaparece, aproximadamente, em algumas semanas, podendo, todavia, demorar até 2 a 3 meses. Bossa serinossanguínea: caracterizada por uma coleção serossanguínea, localizada entre o couro cabeludo e o periósteo, não respeitando as suturas, podendo exceder o osso. Tem um aparecimento mais precoce do que o céfalo-hematoma, surgindo no decurso do parto normal ou logo após, porém desaparecendo nas primeiras semanas. Olhos: Reflexo motor: projeta-se um feixe de luz em posição ligeiramente lateral a um olho. A pupila deve se contrair rapidamente. O teste deve ser repetido no outro olho, devendo ser comparado com o primeiro. Avalia basicamente a estrutura anátomo-funcional. Teste do reflexo vermelho ou Bruckner test: com o oftalmoscópio colocado aproximadamente de 5cm a 10cm de distância dos olhos da criança (o importante é que o oftalmoscópio ilumine os dois olhos simultaneamente), para se observar o reflexo vermelho nos dois olhos. Se for notado um reflexo diferente entre os olhos ou a presença de opacidade, a criança deverá ser avaliada por um oftalmologista com urgência. A opacidade pode indicar condições congênitas (catarata, retinoblastoma e glaucoma), infecções (toxoplasmose, sífilis, HIV, herpes e rubéola), exposição a drogas (álcool, cocaína, crack), medicações (talidomida, Misoprostol, benzodiazepínicos). Conjuntivites: a presença de secreção purulenta evidencia uma conjuntivite e, principalmente no RN, é importante descartar a infecção por gonococo, clamídia e herpes vírus. coletar a secreção e solicitar exame bacteriológico e bacterioscópico. A coleta pode ser feita do fundo de saco, com espátula para swab, e encaminhada ao laboratório de microbiologia em meio de cultura. Após a coleta, deve-se iniciar imediatamente o tratamento com colírio (tobramicina ou ofloxacina) e, após o resultado, deve-se tratar o agravo de acordo com o agente etiológico. Orelhas e audição: o teste da orelhinha deve ser feito preferencialmente entre 24 e 48hrs de vida. A orientação é que seja realizada até 1 mês de vida. É feito o exame de Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAE) em RN sem fator de risco. Este é um teste rápido, simples, não invasivo e excelente para identificar a maioria das perdas cocleares. Nariz: avaliação da forma e presença de secreção (sífilis). Atresia bilateral de coanas pode provocar cianose que melhora com o choro. Boca: deve-se observar alterações morfológicas na úvula, tamanho da língua, palato, frênulo lingual e a coloração dos lábios. Esses fatores podem influenciar a pega durante a amamentação, evitando o desmame precoce e futuros problemas na fala. Pescoço: deve avaliar a posição da cabeça, a mobilidade e a presença de tumorações. O torcicolo congênito pode ter origem num traumatismo de parto (tocotraumatismo) ou congênito, pela ausência total ou parcial do músculo esternocleidomastóideo, o que pode ser avaliado pela inspeção e palpação. Tórax: avaliar simetria, integridade das clavículas, possíveis sinais de sofrimento respiratório, contar a FC, observar a presença de cianose, abaulamento pré-cordial, turgência jugular, ictus cordis e sopros cardíacos. Verificar também os pulsos. Abdome: quando dilatado pode indicar presença de líquido, distensão gasosa, visceromegalias, obstrução ou perfuração abdominal; quando escavado pode indicar hérnia diafragmática. Observar a presença de hérnias inguinal e umbilical. Observar a presença de diástase dos retos abdominais e agenesia da musculatura abdominal. Se a região umbilical estiver vermelha, edemaciada e com secreção fétida, o achado indica onfalite (infecção) e, portanto, a criança deve ser encaminhada para a emergência. Genitália masculina: deve-se apalpar a bolsa escrotal para identificar a presença de testículos. Podem não ser palpáveis até os 3 meses de vida. O pênis é palpado desde sua base, e é normal a aderência prepucial não permitir a exposição da glande nessa faixa etária. Considera-se micropênis aquele cujo tamanho está abaixo de 2,5 desvios- padrão da média, o que em RN representa menor que 1,9 cm. Hipospádias ocorrem quando o orifício uretra! está situado na região ventral do corpo do pênis. Na epispádia, o meato uretra! está situado na região dorsal do pênis e pode haver associação com extrofia de bexiga Genitália feminina: os pequenos lábios e o clitóris estão mais proeminentes. Pode haver secreção esbranquiçada, às vezes hemorrágica, devido à passagem de hormônios maternos, que se resolve espontaneamente. Ânus e reto: verificar a permeabilidade anal, a posição do orifício e a presença de fissuras. Sistema osteoarticular: Manobra de Ortolani: caso haja uma luxação, a cabeça do fêmur será deslocada para cima; Manobra de Barlow: O exame da coluna vertebral deve ser realizado com o recém-nascido em decúbito ventral. A coluna deve ser inspecionada e palpada em toda a sua extensão, especialmente nas regiões lombar e sacra, para pesquisa de tumorações de linha média resultantes de defeito de fechamento do tubo neural, como mielomeningocele (herniação de raízes nervosas cobertas por meninge) e meningocele (herniação de meninge sem exposição de raízes nervosas). O exame também deve estabelecer a presença de assinaturas neurocutâneas em linha média, que devem levantar a suspeita de espinha bífida oculta. Neuro: deve-se avaliar a postura de flexão generalizada e a lateralização da cabeça até o final do primeiro mês. O tônus normal é de semiflexão generalizada. Observar reflexos primitivos: • Sucção: testado espontaneamente, com o contato com o seio materno; • Busca: com o toque suave do dedo do examinador na parte lateral do lábio superior, o RN deve se virar para o lado do toque e abrir a boca. • Preensão palmoplantar: pode ser conseguida com o toque do dedo indicador do examinador nas palmas e plantas do recém-nascido, o que provocará seu fechamento. • Reflexo de marcha: pode ser obtido posicionando-se o recém-nascido em pé, seguro pelo examinador abaixo das axilas, com os pés tocando amesa de exame. • Reflexo de Moro: pode ser testado com a extensão de ambos os membros superiores: a resposta é o fechamento simétrico e bilateral dos membros superiores recém- nascido num abraço e o choro. Nos recém- nascidos acometidos pela paralisia de Erb- Duchenne, caracteristicamente, o reflexo é unilateral. • Cutâneo-Plantar: estimula-se a porção lateral do pé do RN com a ponta do dedo no sentido artelhos-calcâneo. Observa-se extensão do hálux. A inversão do reflexo ocorre por volta dos 12 meses. Até um mês de idade: • Olha para o rosto das pessoas que o observam. • Segue na horizontal, com os olhos, a luz de uma lanterna colocada a 30 cm dos olhos. • Ao ouvir uma voz chamando-o, reage de algum modo • Colocado em DV, levanta a cabeça por alguns segundos. • Reflexos primitivos obrigatórios desde o nascimento: Sucção, voracidade, preensão palmar, preensão plantar, moro, colocação, encurvamento do tronco, cutâneo plantar em extensão. ORIENTAÇÕES PARA O CUIDADO DO RECÉM-NASCIDO Eliminações: evacuar a cada amamentação ou até 10 vezes ou mais em um dia pode ser normal, conquanto o RN esteja ganhando peso adequadamente e não tenha algum outro sinal ou sintoma (febre, sangue nas fezes, recusa para se alimentar). Também é normal períodos de até 7 dias sem evacuar. Disquesia: necessidade de grande esforço para evacuar, mesmo com fezes líquidas, do RN. É normal e está relacionado ao processo de aprendizagem do controle da musculatura pélvica e do esfíncter anal no momento de evacuar. Nesses momentos pode-se consolar o RN com afagos e carinhos, não se deve medicar laxantes, deve-se evitar a introdução de alimentos antes dos 6 meses. Coto umbilical: inicialmente gelatinoso, ele seca progressivamente, mumificando-se perto do 3º ou 4º dia de vida, e costuma desprender-se do corpo em torno do 6º ao 15º dia. Deve-se ficar atento a presença de secreções na base do coto umbilical ou de eritema da pele ao redor da implantação umbilical. Deve ser limpo e seco ao menos 1 vez ao dia, utilizando antissépticos ou antimicrobianos, como álcool 70% e nunca coberto com uma gaze ou outro material, inclusive fralda. É preciso ter as mãos limpas ao realizar esse cuidado. Nunca utilizar moedas, fumo ou qualquer outra substância. De forma alguma retirá-lo com tração. Posição para dormir: a posição prona está relacionada com a Síndrome da morte súbita do lactente. Sendo assim, a posição recomendada pelo ministério da saúde é a supina (de face para cima). Banho: o primeiro banho deve ser dado dentro de 24 horas de vida ou, ao menos, após 6 horas do nascimento. O melhor banho é aquele de imersão em água entre 37 e 37,5 ºC com o RN enrolado em uma fralda de pano para evitar perda de calor. Não se recomenda remover o vérnix caseoso. Os produtos utilizados (sabonetes, hidratantes) devem ser destinados à pele do bebê, sem perfume e hipoalergênicos. Pode-se usar hidratantes no RN pelo menos 3 vezes na semana. Vacinas ao nascer: BCG-ID (dose única; evita formas graves da tuberculose), hepatite B (primeira dose). Vacinas no 1º mês: Hepatite B (segunda dose) Segurança: cuidar da temperatura da água no banho e não deixar o RN sozinho. A distância entre as ripas da grade do berço não deve ser superior a 6cm. Utilizar cobertas leves e travesseiro firme para evitar a sufocação do bebê. Se estiver frio, é preferível agasalhá-lo com maior quantidade de roupas do que cobri-lo com muitas cobertas. O transporte do bebê em automóvel deve ser feito sempre no banco traseiro, em cadeirinha especial para lactente, com cinto de segurança e com a criança posicionada na cadeirinha apropriada de costas para o motorista Teste do pezinho: permite a detecção da fenilcetonúria e do hipotireoidismo congênito e de hemoglobinopatias, doenças que podem ser tratadas, prevenindo o retardo mental (que as duas primeiras enfermidades podem ocasionar) e as infecções e outras complicações que frequentemente podem ocasionar a morte de crianças com hemoglobinopatias. A pesquisa de hemoglobinopatias inclui a detecção de anemia falciforme e do traço falciforme, que, mesmo assintomático, traz implicação genética para a família. Deverá ser feito a partir do 3º e o 7º dia de vida da criança, quando já ocorreu uma ingestão adequada de proteínas e é possível analisar com mais segurança o metabolismo da fenilalanina. AMAMENTAÇÃO A amamentação deve ser iniciada dentro da primeira hora após o nascimento, no momento pele-a-pele. Essa manobra, de entregar o bebê para mãe logo após o nascimento, beneficia o desenvolvimento do bebê e a criação de vínculo entre a mãe e a criança, induzindo a liberação de ocitocina, a ejeção do colostro e diminuindo a incidência de depressão pós-parto. Nos primeiros dias, o leite materno é chamado colostro, que contém mais proteínas e menos gorduras do que o leite maduro, ou seja, o leite secretado a partir do sétimo ao décimo dia pós-parto. O leite de vaca tem muito mais proteínas que o leite humano e essas proteínas são diferentes das do leite materno. A principal proteína do leite materno é a lactoalbumina e a do leite de vaca é a caseína, de difícil digestão para a espécie humana. O leite humano possui numerosos fatores imunológicos que protegem a criança contra infecções (IgA, IgM, IgG, macrófagos, neutrófilos, linfócitos B e T, lactoferrina, lisozima e fator bífido. Técnica: a mãe pode estar deitada o sentada. O tronco do RN deve estar em contato com o dela e ela deve sustentar todo o corpo do bebê com a mão e o braço, não apenas a cabeça. A mão oposta, a princípio, deve ser posicionada lateralmente à boca do RN e segurar a aréola em pinça com o indicador e o dedão, a fim de induzir a pega de toda a aréola do RN, não apenas o mamilo. O nariz do bebê deve estar livre para permitir a respiração e os lábios devem estar voltados para fora. Deve-se ter mais aréola visível acima da boca do RN. Tempo de amamentação: em geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia. O tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser fixado, haja vista que o tempo necessário para esvaziar uma mama varia para cada dupla mãe/bebê e, numa mesma dupla, pode variar dependendo da fome da criança, do intervalo transcorrido desde a última mamada e do volume de leite armazenado na mama, entre outros. O mais importante é que a mãe dê tempo suficiente à criança para ela esvaziar adequadamente a mama. Dessa maneira, a criança recebe o leite do final da mamada, que é mais calórico Alimentação da mãe durante a amamentação: • Consumir dieta variada, incluindo pães e cereais, frutas, legumes, verduras, derivados do leite e carnes; • Consumir três ou mais porções de derivados do leite por dia; • Esforçar-se para consumir frutas e vegetais ricos em vitamina A; • Certificar-se de que a sede está sendo saciada; • Evitar dietas e medicamentos que promovam rápida perda de peso (mais de 500 g por semana); • Consumir com moderação café e outros produtos cafeinados; A alimentação ideal (variada e equilibrada) de uma nutriz pode não ser acessível para muitas mulheres de famílias com baixa renda, o que pode desestimulá-las a amamentar seus filhos. Por isso, a orientação alimentar de cada nutriz deve ser feita levando-se em consideração, além das preferências e dos hábitos culturais, a acessibilidade aos alimentos. É importante lembrar que as mulheres produzem leite de boa qualidade mesmo consumindo dietas subótimas. *Caso não seja possível amamentar, seja por questões de trabalho seja por outras questões, recomenda-se oferecer, preferencialmente o leite materno, em copos, xícaras e colheres. Evitar a mamadeira. DOR AO AMAMENTAR Causas: lesões nos mamilos por pega ouposição inadequada, mamilos curtos, planos ou invertidos, disfunções orais na criança, freio de língua excessivamente curto, sucção não nutritiva prolongada, uso impróprio de bombas de extração de leite, não interrupção adequada da sucção da criança quando for necessário retirá-la do peito, uso de cremes e óleos que causam reações alérgicas nos mamilos, uso de protetores de mamilo (intermediários) e exposição prolongada a forros úmidos. Como evitar lesão mamilar: • Técnicas corretas; • Manter os mamilos secos, expondo-os ao ar livre e à luz solar; • Evitar uso de sabões, álcool ou qualquer outro produto secante; • Amamentação em livre demanda; • Ordenha manual da aréola antes da mamada se ela estiver ingurgitada, o que aumenta a sua flexibilidade, permitindo uma pega adequada; • Não usar protetores; Manejo da lesão: • Início da mamada pela mama menos afetada; • Ordenha de um pouco de leite antes da mamada, o suficiente para desencadear o reflexo de ejeção de leite; • Analgésicos sistêmicos por via oral se houver dor importante; Mamadeiras e chupetas: modificam a posição dos dentes e da língua, provocam alteração na fala e produção excessiva de saliva, lábios entreabertos e ressecados, alteram a musculatura e ossos orofaciais, induzem respiração exclusiva pela boca, provocam hipertrofia da adenoide, apneia do sono, alterações posturais e cólicas no bebê.
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