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TCC - MONOGRAFIA MAURICIO VERSÃO FINAL

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Prévia do material em texto

Maurício Eduardo Mezaroba 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COMPARAÇÃO ENTRE TIRAS REAGENTES VETERINÁRIAS E 
HUMANAS NA URINÁLISE DE CÃES E GATOS 
 
 
 
 
Curitibanos 
2019 
 
Universidade Federal de Santa Catarina 
Centro de Ciências Rurais 
Medicina Veterinária 
Trabalho de Conclusão de Curso 
 
 
Maurício Eduardo Mezaroba 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COMPARAÇÃO ENTRE TIRAS REAGENTES VETERINÁRIAS E 
HUMANAS NA URINÁLISE DE CÃES E GATOS 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em 
Medicina Veterinária do Centro de Ciências Rurais 
da Universidade Federal de Santa Catarina como 
requisito para a obtenção do Título de Médico 
Veterinário. 
Orientadora: Prof. Drª. Angela Patricia Medeiros 
Veiga 
 
 
 
 
Curitibanos 
2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha de identificação da obra 
 
 
 
Maurício Eduardo Mezaroba 
 
 
 
COMPARAÇÃO ENTRE TIRAS REAGENTES VETERINÁRIAS E 
HUMANAS NA URINÁLISE DE CÃES E GATOS 
 
 
Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de “Médico 
Veterinário” e aprovado em sua forma final pela seguinte banca: 
 
Curitibanos, 01 de Julho de 2019. 
 
________________________ 
Prof. Alexandre de Oliveira Tavela, Dr. 
Coordenador do Curso 
 
Banca Examinadora: 
 
 
________________________ 
Prof.ª Angela Patricia Medeiros Veiga, Dr.ª 
Orientadora 
Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
 
________________________ 
Prof. Malcon Andrei Martinez Pereira, Dr. 
Membro 
Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
________________________ 
Mayara Vavassori, Médica Veterinária 
Membro 
Universidade do Estado de Santa Catarina 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este trabalho é dedicado à minha mãe, Eliane, e minha 
orientadora, Angela. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Aos meus pais, Eliane dos Santos de Souza Andreola e Estevão Santo Mezaroba, por 
não medirem esforços para me auxiliar em toda minha permanência no curso, além de todo o 
apoio emocional nos momentos de fraqueza. Aos meus irmãos, Fabricio Guilherme Mezaroba 
e Winicio Arthur Mezaroba, por todo o companheirismo durante toda minha trajetória. 
Aos meus professores, os quais são os grandes responsáveis pela minha evolução no 
decorrer da faculdade, especialmente à minha orientadora Angela Patricia Medeiros Veiga por 
ter acreditado em meu potencial, por ter me orientado até eu encontrar a minha vocação e por 
sempre estar disposta a ajudar. 
À minha professora Katia Jakovljevic Pudla Wagner que não mediu esforços para me 
auxiliar quando necessário e que esteve contribuindo fortemente para a produção desse 
estudo. 
Ao meu companheiro, Cristian Carpes Fernandes, por todo o apoio durante o 
decorrer da faculdade e por compreender minha ausência nos momentos de estudo. 
A todos meus amigos, especialmente à Lorena Rodrigues Ramos Peres, que sempre 
esteve ao meu lado nos momentos de produção científica e não seria diferente nesse caso. 
Obrigado por fazerem essa trajetória mais divertida. 
À equipe Vet Análises – Florianópolis por me proporcionarem a oportunidade de 
realizar estágio em um laboratório comercial e também sou grato a todas as amizades 
construídas nesse período. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“No semblante de um animal que não fala há um discurso 
que somente um sábio realmente entende.” 
(Provérbio indiano) 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O exame de urina é composto de três etapas: análise física, química e microscópica. 
Atualmente, há um grande número de marcas de tiras reagentes para análise química da urina 
disponíveis no mercado, que apresentam resultados divergentes entre si em alguns 
parâmetros. Objetivou-se realizar a comparação de uma fita destinada ao uso humano, 
UriGold® (Analisa), com uma tira específica para o uso na veterinária, UriQuest Plus Vet® 
(Labtest), e seus respectivos padrões-ouro na determinação de proteinúria, potencial de 
hidrogênio (pH), leucocitúria e hematúria. Utilizaram-se 50 amostras aleatórias de caninos e 
felinos oriundos da rotina de atendimentos da Clínica Veterinária Escola da Universidade 
Federal de Santa Catarina e Laboratório de Análises Veterinárias – VetAnálises 
(Florianópolis), as quais foram submetidas ao exame comum de urina, com análise química 
pelas duas fitas reagentes, determinação de proteínas urinárias por metodologia colorimétrica 
(vermelho de pirogalol), determinação de pH por pHâmetro digital de bancada e avaliação de 
leucocitúria e hematúria pela sedimentoscopia qualitativa. Conclui-se que as tiras UriGold ® 
apresentam maior aplicabilidade no exame de rotina de urina de caninos e felinos com 
amostras oriundas de micção espontânea do que as tiras Uriquest Plus Vet ®, enfatizando a 
necessidade de um patologista clínico preparado para a indicação, execução e interpretação de 
cada teste. 
 
 
Palavras-chave: Urinálise, Veterinária, Tiras reativas. 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
The routine urinalysis is composed of three steps: physical, chemical and microscopic 
analysis. Currently, there are a large number of reagent strip brands for chemical analysis of 
urine available in the market, which present divergent results among some parameters. The 
objective of this study was to compare UriGold® (Analisa) with a specific strip for veterinary 
use, UriQuest Plus Vet® (Labtest), and their respective gold-standard tests in the 
determination of proteinuria, hydrogen (pH), leukocyturia and hematuria. Fifty random 
samples of dogs and cats from Universidade Federal de Santa Catarina’s School of Veterinary 
Clinics and Laboratório de Análises Veterinárias - VetAnálises (Florianópolis) were used, in 
which urinalysis was performed with chemical analysis by the two reagent strips, 
determination of total urinary proteins by colorimetric methodology (pyrogallol red), 
determination of pH through a digital bench pHmeter and evaluation of leukocyturia and 
hematuria by qualitative sedimentation. It is concluded that UriGold® strip is more applicable 
in the routine examination of canine and feline urine with free voided samples from than the 
Uriquest Plus Vet® strip, emphasizing the need of a veterinary clinical pathologist prepared 
for the indication, execution and interpretation of each test. 
 
 
Keywords: Urinalysis, Veterinary, Reactive strips. 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1. Impregnação por bilirrubina na análise microscópica em duas urinas de caninos em 
um aumento total de 400x. ................................................................................................... 24 
Figura 2. Presença de cristais de carbonato de cálcio e de fosfato triplo amoníaco magnesiano 
em urina de felino (A) e de canino (B). ................................................................................ 25 
Figura 3. Hematúria presente em amostra de canino. ........................................................... 27 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1. Resultados de leucocitúria pela tira Urigold® e por sedimentoscopia, em amostras 
oriundas de micção espontânea de cães e gatos. ................................................................... 30 
Quadro 2. Comparação entre a tira Uriquest Plus Vet ® e a sedimentoscopia na avaliação de 
leucocitúria em amostras oriundas de micção espontânea de cães e gatos. ............................ 31 
Quadro 3. Comparação entre a tira UriGold® e a sedimentoscopia na avaliação de hematúria 
em amostras oriundas de micção espontânea de cães e gatos. ............................................... 31 
Quadro 4. Comparação entre a tira Uriquest Plus Vet ® e a sedimentoscopia na avaliação de 
hematúria em amostras oriundas de micçãoespontânea de cães e gatos. ............................... 32 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1. Médias de pH urinário de amostras oriundas de micção espontânea de caninos e 
felinos determinados pela tira UriGold® e pHmetro de bancada. ........................................... 32 
Tabela 2. Médias de pH urinário de amostras de micção espontânea oriundas de felinos e 
caninos determinado pela tira Uriquest Plus Vet ® e pHmetro de bancada. .......................... 33 
Tabela 3. Médias da concentração de proteínas urinárias de amostras de caninos e felinos 
oriundas de micção espontânea pela tira UriGold® e por metodologia bioquímica úmida 
(Sensiprot®). ........................................................................................................................ 33 
Tabela 4. Médias da concentração de proteínas urinárias de amostras oriundas de micção 
espontânea de caninos e felinos pela tira Uriquest Plus Vet ® e por metodologia de 
bioquímica úmida (Sensiprot®). ........................................................................................... 34 
Tabela 5. Reagentes utilizados nas fitas urinárias Uriquest Plus Vet ® e UriGold ®. ........... 34 
Tabela 6. Interferentes informados pelos fabricantes das tiras Uriquest Plus Vet® e UriGold®.
 ............................................................................................................................................ 35 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 15 
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 16 
2.1 NOMENCLATURA .............................................................................................. 16 
2.2 COLETA DO MATERIAL .................................................................................... 16 
2.3 EXAME FÍSICO .................................................................................................... 18 
2.4 EXAME QUÍMICO ............................................................................................... 19 
2.5 ANÁLISE MICROSCÓPICA ................................................................................ 25 
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 27 
4 RESULTADOS ..................................................................................................... 30 
5 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 36 
6 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 40 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 42 
15 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Uma das primeiras realizações da medicina laboratorial foi a análise de urina. 
Estudos revelam que ela já acontecia de forma rústica cerca de 1700 a.C. Encontraram-se 
referências nos hieróglifos egípcios, como o papiro cirúrgico de Edwin Smith, onde é possível 
ver representações dos médicos da época realizando a observação de um recipiente de urina. 
Como já era esperado, não existiam métodos sofisticados de exame, no entanto, a visualização 
já permitia observar características físicas, como cor, turbidez, volume ou viscosidade e até 
características químicas, como a presença de açúcares na urina pela atração de insetos pela 
urina de alguns pacientes (BOLODEOKU & DONADSON, 1996; STRASINGER, 1996). 
Segundo STRASINGER (1996), houve a presença de várias pessoas estudando a urina, 
inclusive Hipócrates (460-370 a.C.), mas durante o século XX ocorreu um aumento do 
conhecimento científico-tecnológico, onde a análise de urina tornou-se uma ciência, 
denominada urinálise. 
O atual exame de urina de rotina pode nos trazer informações sobre o diagnóstico e 
prognóstico em diversas situações clínicas, não só em animais com afecções renais, como 
também em afecções hepáticas ou desvio portossistêmico, animais com suspeita de 
enfermidades infecciosas ou do trato urogenital, avaliação preliminar de animais desidratados, 
afecções endócrinas e como ferramenta de avaliação pré-anestésica (CHEW & DI 
BARTOLA,1998). 
É intrigante que na fase em que se encontra a medicina laboratorial veterinária, com 
avanços técnicos e novas metodologias para análises, escolha-se investir em estudos 
relacionados ao exame de urina de rotina, uma análise já tão elucidada. A escolha se deve ao 
fato de que a realidade dos laboratórios comerciais comparados aos universitários é outra, 
carecendo de padronizações no exame, devido à ausência de uma normativa específica para 
análises de urina específica de animais. Segundo DA SILVA FLORÊNCIO (2016), é de 
extrema necessidade a padronização do exame de urina e de suas tiras reagentes na medicina 
veterinária, pois este se trata de um valioso auxílio ao diagnóstico de afecções renais e extra 
renais. 
Atualmente, há um grande número de marcas de tiras reagentes para análise química 
da urina disponíveis no mercado, que apresentam metodologias e resultados divergentes entre 
si em alguns parâmetros (DA SILVA COLOMBELI, 2006). 
16 
 
Objetivou-se realizar a comparação de uma fita destinada ao uso humano, UriGold® 
(Analisa), com uma tira específica para o uso na veterinária, UriQuest Plus Vet® (Labtest), e 
seus respectivos testes padrão ouro na determinação de proteinúria, potencial de hidrogênio 
(pH), leucocitúria e hematúria, a fim de conseguir optar pela tira com maior aplicabilidade ao 
exame de urina de rotina na medicina veterinária. 
 
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
2.1 NOMENCLATURA 
 
Uma das grandes discussões da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina 
Laboratorial (2018) é a padronização de um nome para o exame de urina, o qual sofre 
diferentes designações variando com o local, podendo ser chamado de exame comum de 
urina, urina tipo 1, análise físico química e sedimento urinário, PEAS (pesquisa de elementos 
anormais e sedimento), rotina da urina, urina simples, urinálise, uroanálise, entre outros. Por 
ser a mais utilizada no cotidiano e a mais adequada ao seu significado, definiu-se como 
padrão a fim de minimizar as diferenças de cada laboratório o termo “exame de urina de 
rotina”. 
O exame de urina de rotina inclui a avaliação macroscópica e microscópica da 
amostra, contendo também avaliação química, física e sedimentoscopia (CHEW & DI 
BARTOLA,1998). Apesar de ainda utilizado, o termo sedimentoscopia não é o mais ideal 
para descrever o processo de análise microscópica da urina, visto que atualmente existem 
metodologias automáticas ou semi-automáticas, mais utilizadas na medicina humana, que não 
realizam a centrifugação para avaliação dos elementos, podendo ser chamado somente de 
análise microscópica (SBPC/ML, 2018). 
 
2.2 COLETA DO MATERIAL 
 
A metodologia da coleta interfere significativamente na interpretação dos resultados 
finais, bem como o processo de conservação entre a coleta e a análise (MUNDIM, 2010). 
Quando viável, a amostra não deve ser refrigerada e analisada em, no máximo, 2 horas. Caso 
não seja possível a amostra, em geral, se mantém com mínimas alterações em um período de 
12 horas, se refrigerada. Lembrando que a amostra nunca deve ser congelada, pois o 
congelamento prejudica diretamente a avaliação dos elementos figurados da urina (SBPC/ML, 
17 
 
 
 
2018). Outros autores defendem que a urina deve ser analisada em no máximo 30 minutos 
após a coleta sem refrigeração e, se refrigerada (0 a 4ºC), deve ser por no máximo 6 horas, 
causando um leve aumento da densidade (MUNDIM, 2010) e precipitação de cristais amorfos 
(SINK & FELDMAN, 2006), enquanto NAVARRO (1996) defende que o período de 
refrigeração não deve exceder 4 horas e à temperatura de refrigeração seja de 4 a 8ºC. Caso a 
urina tenhasido refrigerada (2 a 8ºC), deve-se aguardar retornar a temperatura ambiente para 
iniciar a análise (SBPC/ML, 2018). A ABNT NBR 15268:200511 regulamenta que a análise 
de urina deve ocorrer em condições de temperatura ambiente em até 4 horas, após esse prazo 
a amostra deve ser refrigerada de 4 a 8ºC sem estabelecer um tempo na normativa. 
A ABNT NBR 15268:200511, que regulamenta a realização dos exames de urinálise, 
estabelece que o mínimo de volume indicado para o exame de urina de rotina é de 10 mL. No 
entanto, caso seja usado um volume menor (pediatria, neonatos ou anúricos), a normativa 
recomenda que seja recalculada a quantidade de elementos figurados e se realize uma 
anotação sobre isso no laudo final. Nenhuma parte da normativa faz referência a animais, mas 
MUNDIM (2010) ressalta em seu trabalho que a quantidade mínima para realizar o exame de 
rotina de urina em animais é de 10 mL, enquanto NAVARRO (1996) informa que 10 mL é a 
quantidade ideal, porém 5 mL é considerada a quantidade mínima de amostra. 
A melhor amostra de urina seria coletada em 24 horas, seguida de três coletas 
realizadas no período da manhã/tarde/noite (MUNDIM, 2010). Como isso é muito difícil na 
medicina veterinária, prioriza-se a realização da coleta da primeira urina da manhã, a qual 
reflete mais fidedignamente o quadro clínico do paciente (MEDEIROS, 1993; MUNDIM, 
2010). 
As três metodologias principais de coleta para exames laboratoriais incluem micção 
espontânea, seguida de cistocentese e cateterismo (GREGORY, 2005; CARVALHO, 2008), 
no entanto, ainda há disponível na veterinária a massagem na região pré-pubiana e óstio 
prepucial, compressão manual da bexiga ou coleta em 24 horas (MUNDIM, 2010). Segundo 
GREGORY (2005) e CARVALHO (2008), na coleta por micção espontânea deve ser 
desprezado o primeiro jato, coletando a partir do jato médio de urina, no entanto, é a forma de 
coleta mais propensa à contaminação de bactérias, células epiteliais, leucócitos ou 
espermatozoides oriundos do trato urinário inferior ou sistema reprodutivo. Por outro lado, a 
cistocentese apresenta-se como o método ideal para urocultura, no entanto, deve-se salientar o 
cuidado a ser tomado com a coleta a fim de evitar hemorragias ou entrada de patógenos no 
trato urinário de forma iatrogênica (MUNDIN, 2010). 
18 
 
A limpeza dos órgãos genitais é indicada em qualquer método de coleta em que haja 
contato com estes, além de os locais de coleta estarem limpos, secos e sem resíduos. Enfatiza-
se que, para coletas que visem urocultura ou adentrem o sistema urinário, os recipientes e 
instrumentos para coleta devem estar estéreis (MUNDIN, 2010). 
 
2.3 EXAME FÍSICO 
 
A primeira parte do exame de urina de rotina consiste na avaliação física da amostra, 
determinando-se cor, volume, odor, aspecto e densidade (NAVARRO, 1996). No entanto, o 
odor não é um parâmetro habitualmente mencionado na análise, pode ser tido como um 
parâmetro avaliado ocasionalmente, mas existem situações especiais nas quais deve ser 
considerada a sua utilidade, sendo referido no laudo (SBPC/ML, 2018). A 
ABNT NBR 15268:200511 rege que os parâmetros organolépticos do exame físico de urina 
devem ser decididos por cada laboratório sobre a inclusão ou não no laudo, constando como 
parâmetro obrigatório somente a densidade específica e o potencial de hidrogênio (pH), além 
de que, se optarem por incluir os parâmetros no exame físico devem ser estabelecidos 
métodos padronizados e de terminologia consistente, a fim de reduzir a ambiguidade e 
subjetividade ao relatar a coloração e aspecto da urina. 
A avaliação de volume só tem valor clínico quando é realizada a coleta em 24 horas, 
porém como na rotina veterinária isto não é normalmente realizado, na maioria dos casos, o 
volume de urina não possui valor diagnóstico (MUNDIM, 2010). 
A cor sofre influência da concentração e urocromos e pode sofrer variações em 
quadros patológicos, sendo amarelo ao âmbar as principais variações de cores encontradas em 
urinas de animais saudáveis (NAVARRO, 1996; MUNDIM, 2010). 
O odor normal da urina é chamado de sui generis e deve-se aos ácidos voláteis 
presentes; no entanto, afecções podem cursar com urinas com odor acético, adocicado, 
pútrido, amoniacal, medicamentoso ou inodoras. (SINK & FELDMAN, 2006). 
O aspecto pode ser classificado em turvo, ligeiramente turvo, límpido ou floculento. 
Os aspectos límpido e ligeiramente turvo estão relacionados, na maioria das vezes, à urina de 
animais saudáveis, no entanto, o aspecto turvo pode ser considerado normal para equídeos 
devido à alta quantidade de sais de carbonato de cálcio e muco (MUNDIN, 2010). O aspecto 
floculento é relatado em urinas com aumento da quantidade de muco (MATOS & MATOS, 
1995) ou agregação de cristais, células descamadas, bactérias e leucócitos (ALMOND & 
STEVENS, 1995). 
19 
 
 
 
A densidade urinária reflete a capacidade dos túbulos renais em concentrar urina e é 
definida como o peso da urina em relação à água destilada (MUNDIM, 2007) e deve ser 
estimada através do índice de refratometria (KERR, 2003). A densidade avaliada por 
refratometria sofre influência direta da quantidade de proteínas presente na urina e da glicose 
da seguinte maneira: 10 g/L de proteína eleva a densidade em cerca de 0,003 e 10 g/L de 
glicose, em cerca de 0,004 (SBPC/ML, 2006). 
O potencial de hidrogênio (pH) é determinado pela ABNT NBR 15268:200511 e por 
CEZAR (2016) como parte do exame físico de urina, no entanto, DA SILVA FLORÊNCIO 
et.al (2016), MUNDIM (2007) e Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina 
Laboratorial (2006) tratam a análise como pertencente ao exame químico de urina. A análise é 
realizada com o uso de tiras reagentes e, caso seja necessária a determinação mais exata do 
pH, pode se fazer o uso de pHmetro (SBPC/ML, 2006). A maioria das tiras faz o uso de uma 
reação com indicador duplo contendo vermelho de metila e azul de bromotimol. O vermelho 
de metila agiria como indicador na faixa de 4,4 a 6, produzindo uma alteração de cor de 
vermelho para amarelo, e o azul de bromotimol agiria na faixa de 5,8 a 7,4, alterando de 
amarelo para azul (HARTKE & MUTSCHLER, 1987). Há em algumas tiras, como a tira 
Roche Combur Test® UX, a presença de um terceiro indicador, a fenolftaleína, que é incolor 
até o pH 8,2 e adquire cor vermelha de 8,3 a 10, tornando-se novamente incolor acima desse 
valor (DA SILVA COLOMBELI, 2006). O pH urinário está relacionado diretamente com a 
alimentação da espécie em questão e com a capacidade dos rins em eliminar álcalis e ácidos 
não voláteis, sendo mais ácido em animais carnívoros, lactentes ou com dietas ricas em grãos, 
devido à presença de fosfatos ácidos de cálcio e sódio, e normalmente alcalina em herbívoros 
(MUNDIN, 2010). 
 
2.4 EXAME QUÍMICO 
 
A ABNT NBR 15268:200511 permite a realização da avaliação química da urina por 
tiras reagentes, definidas como fitas de material inerte contendo almofadas com reagentes 
para o desenvolvimento de uma reação detectável, além de indicar testes de química úmida 
para validação e confirmação de testes obtidos através do uso de tiras reativas, que devem ser 
processadas segundo as informações do fabricante. Além disso, inclui como elementos a 
serem pesquisados no exame: proteína, glicose, corpos cetônicos, bilirrubina, 
urobilinogênio/urobilina, nitrito, hemoglobina/hemácias e esterases/leucócitos. 
20 
 
A avaliação química da proteinúria renal é de suma importância na medicina 
veterinária, visto que pode indicar a presença de doença renal antes mesmo da azotemia ou 
qualquer sinal grave da doença (GRAUER, 2007), estando relacionada com o aumento da 
morbidade e mortalidade do doente renal (JACOB et al., 2005). Ao contrário do que muitos 
pensam, a proteinúria nem sempre é patológica, podendo ser classificada como fisiológica, 
como em casos de estresse, exposição ao calor ou frio intenso. Acredita-seque principalmente 
a vasoconstrição renal transitória, isquemia e congestão estão envolvidas nos mecanismos 
fisiopatológicos que a causam (GRAUER, 2007). A proteinúria patológica pode ser 
classificada em pré-renal (geralmente envolve proteínas de baixo peso molecular, como 
hemoglobina, mioglobina e proteínas de Bence-Jones), renal (oriundas de doenças 
glomerulares, tubulares ou um combinação de ambas) e pós-renal (inclui todas as causas que 
adicionam proteínas à urina após a formação nos rins, como cistite, urolitíase, neoplasias e 
uretrites) (GRAUER, 2007; SYME, 2009). 
 A ABNT NBR 15268:200511 recomenda para a pesquisa de proteínas na urina uma 
confirmação de testes realizados por química seca, com química úmida, contendo ácido 
sulfossalicílico, nítrico ou tricloroacético, pela alta importância clínica. 
A hematúria, atualmente, vem frequentemente sendo relatada como uma causa de 
proteinúria pós-renal; no entanto, é superestimada. Apesar de o sangue conter proteínas, a 
contaminação sanguínea deve alterar marcantemente a cor da urina para que a mensuração 
proteica seja alterada (PEREIRA, 2012). 
Atualmente, como testes rotineiros para determinação da proteinúria, encontram-se 
os testes semi-quantitativos, como o teste colorimétrico da fita (o mais usual) e o teste 
turbidimétrico com ácido sulfossalicílico (ASS) (GRAUER, 2007). 
Existem muitas limitações para o uso da fita colorimétrica em pequenos animais, 
como maior sensibilidade para albumina do que outras proteínas (SYME, 2009), falsos-
negativos em urinas ácidas, diluídas ou com baixa concentração de albumina e falsos-
positivos podem ocorrer com maior frequência em urinas muito alcalinas, concentradas ou 
com longo tempo de contato com a fita (GRAUER, 2007). A determinação de proteinúria 
através de tiras reativas parte do principio de que certos indicadores, como azul de 
tetrabromofenol ou tetraclorofenoltetrabromossulfoftaleína , mudam de cor devido à presença 
ou não de proteínas (STRASINGER, 1996). 
A vantagem do ASS em comparação à fita é que ele consegue detectar globulinas e 
proteínas de Bence Jones, mas falsos positivos podem ocorrer na reação quando a urina 
apresenta agentes radioativos, cefalosporinas e penicilinas. Os resultados falsos negativos 
21 
 
 
 
ocorrem em menor escala quando comparados à fita reagente, justificado pela alta 
sensibilidade do teste (PEREIRA, 2012). 
A proteinúria deve ser interpretada levando-se em consideração a densidade e o 
sedimento urinário (PEREIRA, 2012). O melhor método para avaliação de proteínas urinárias 
é baseado no método bioquímico quantitativo de determinação de proteína urinária que, 
idealmente, deve ser realizado pela aferição da proteína produzida na urina de 24 horas 
(ADAMS et al., 1992). Devido a dificuldade do teste na veterinária, demonstrou-se alta 
correlação entre a determinação da proteína de uma amostra dividida pela creatinina da 
mesma amostra, a fim de evitar interferências da concentração urinária (MCGROTTY, 2008). 
Atualmente, na medicina humana, a determinação da razão proteína:creatinina urinária pode 
ser realizada por meio de fitas, as quais, em estudos com cães e gatos mostrou-se aplicável 
somente em cães (WELLES et al., 2006). 
Segundo a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (2018), 
a avaliação de glicosúria pode ser feita com o reativo de Benedict ou por metodologias 
enzimáticas com hexoquinase ou glicose oxidase presentes nas tiras reativas. Um estudo 
realizado por TINELI, MEZAROBA e VEIGA (2018) em que duas tiras urinárias: Uri-Color 
Check® (Wama; São Carlos, SP, Brasil) e Urigold® (Analisa; Belo Horizonte, MG, Brasil) 
foram comparadas com o teste de Benedict, mostrou que, assim como em humanos, o teste de 
Benedict é mais eficiente do que as tiras na detecção de glicosúria em cães e gatos. 
A glicosúria pode ser classificada em fisiológica, patológica ou acidental, devendo 
ser sempre interpretada em conjunto com a glicemia do paciente. Causas fisiológicas incluem 
pós-prandial, pós-exercício, estresse agudo, terapia com corticoides ou fluidoterapia com 
soluções glicosadas. A glicosúria patológica é causada por enfermidades como diabetes 
mellitus, necrose pancreática, hipertireoidismo, afecções crônicas hepáticas, 
hiperadrenocorticismo, nefropatias com lesão tubular, feocromocitoma e síndrome de 
Fanconi. A glicosúria falsa ou acidental ocorre devido a presença de drogas na urina, como 
antibióticos, ácido ascórbico, morfina, pentoses, formaldeído e lactose, conferindo reações 
falso-positivas (MUNDIN, 2007). 
A avaliação de corpos cetônicos na urina pode ser realizada pelo nitroprussiato 
presente nas tiras reagentes ou em reação no tubo (química úmida). Essa área da fita reagente 
é, em particular, extremamente sensível a umidade ambiente. Nas cetonúrias, o ácido 
acetoacético normalmente corresponde a 20% da composição total de corpos cetônicos, 
acetona a 2% e o ácido beta-hidroxibutírico a 78% da composição dos corpos cetônicos 
22 
 
presentes na urina (SBPC/ML, 2018). As tiras reativas apresentam baixa sensibilidade para a 
detecção de ácido beta-hidroxibutírico, detectando ácido acetoacético com maior facilidade. O 
nitroprussiato de sódio presente nas tiras urinárias reage com o ácido acetoacético em meio 
alcalino, gerando a cor púrpura (DA SILVA COLUMBELI & FALKENBERG, 2006). 
Causas de cetonúria na veterinária incluem diabetes mellitus, jejuns prolongados, 
dietas ricas em gordura e febre em pequenos animais. Para grandes animais, repetem-se as 
causas anteriores, incluindo atonia ruminal, cetose clínica do leite ou toxemia da prenhez. 
Apesar de o urobilinogênio ser incluso pela normativa vigente nas tiras reativas, a 
eficácia do teste é discutida pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina 
Laboratorial (2018), devido ao fato, da presença de urobilinogênio poder ser avaliada com o 
reativo de Ehrlich. No entanto, essa técnica não serve para avaliar a diminuição ou ausência 
de excreção do urobilinogênio. Além disso, para detectar a diminuição de urobilinogênio na 
urina, a análise deve ser feita logo após a coleta, pois ao entrar em contato com a luz, o 
urobilinogênio sofre oxidação, convertendo-se em urobilina. Algumas bulas utilizam 
dietilaminobenzaldeído como reagente; no entanto, há outras tiras que fazem o uso de um sal 
de diazônio derivado do metoxibenzeno, sendo mais específico que o reagente de Ehrlich 
(STRASINGER, 1996). 
MUNDIN (2007) ressalta que somente 1/32 do urobilinogênio de cães e gatos se 
encontra na urina, reportando hepatites, cirrose hepática, doenças hemolíticas e desvio porto 
sistêmico como causas de diminuição e obstrução de ductos biliares, redução da 
hemocaterese, antibioticoterapia oral, diarreias e nefrites crônicas como causas de aumento de 
urobilinogênio na urina. 
Segundo STRASINGER (1996), a detecção de nitrito na urina é tida como um 
método rápido para a avaliação indireta da presença de bactérias redutoras de nitrato, como 
Escherichia coli, espécies de Enterobacter, Citrobacter, Klebsiella e Proteus. No entanto, 
para que a reação de redução ocorra e seja analisada na fita, a urina deve permanecer na 
vesícula urinária por, no mínimo, 4 horas, por isso também, é eleita a primeira urina da manhã 
de uma única coleta como a amostra mais apropriada. Alterações de cor na fita reativa do 
branco para qualquer tom de rosa são consideradas positividade, indicando presença de 105 
microrganismos ou mais por mililitro; no entanto, a tonalidade da cor não é proporcional ao 
número de microrganismos. Geralmente, a avaliação de nitrito através de tiras reagentes faz o 
uso de ácido p-arsanílico originando um composto diazônico, o qual se associa ao composto 
quinolona, produzindo uma cor rosa. A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina 
Laboratorial (2018) alerta que a demora em análises pode alterar significativamenteo nitrito, 
23 
 
 
 
tanto aumentando (pela produção pelas bactérias presentes) ou o diminuindo (pela degradação 
a nitrogênio, seguida de evaporação). 
A avaliação de leucócitos na urina ocorre através da atividade de esterases 
leucocitárias, por meio de uma reação onde ocorre a hidrólise do carboxilato heterocíclico 
pelas esterases dos neutrófilos, monócitos, eosinófilos e basófilos, liberando uma fração capaz 
de reagir com um sal diazônio, formando um pigmento violeta. Falsos negativos podem 
ocorrer em urinas com glicose, proteínas, alta densidade (devido a alta osmolalidade 
promover crenação e impossibilitar a liberação de esterases pelos leucócitos), presença de 
ácido ascórbico, ácido oxálico, cefalexina, cefalotina, gentamicina e tetraciclina. Falsos 
positivos podem ocorrer com a presença de agentes oxidantes, como detergentes fortes, 
presença de conservantes como formalina e presença de medicamentos, como acido 
clavulânico (STRASINGER, 1996). 
A positividade para sangue oculto na urina pode detectar hemoglobinúria, 
mioglobinúria e hematúria (MUNDIN, 2007). Segundo PERES (2010), os fabricantes de tiras 
reativas fornecem dois resultados possíveis para análise de sangue em urina, um com pontos 
verdes na zona amarela, que indica a presença de eritrócitos intactos (que podem ser 
visualizados na avaliação microscópica de elementos figurados) e outro resultado a partir de 
uma área de coloração verde homogênea com variação de intensidade, que indica 
hemoglobina, mioglobina ou eritrócitos lisados. Apesar de no rótulo dos frascos conter um 
número aproximado de eritrócitos por microlitro, não deve ser levado em conta, pois a área 
absorvente, muitas vezes, incorpora mais de um microlitro para gerar a reação. 
De acordo com MUNDIN (2007) as principais causas de hematúria são afecções 
renais, neoplasias urogenitais, urólitos, traumatismos por cateterismo e cistocentese, 
hematúria enzoótica bovina, coagulopatias, acidentes ofídicos e parasitoses renais ou vesicais. 
As principais causas de hemoglobinúria, por sua vez, são acidentes ofídicos, hemoglobinúria 
pós parto nos bovinos, leptospirose, isoeritrólise neonatal, fotossensibilização, intoxicação por 
cobre, mercúrio, mamona, azevém e incompatibilidade sanguínea. Nas causas de 
mioglobinúria encaixam-se todas as afecções que podem levar a lesão muscular. 
A análise do sangue oculto por tiras reativas baseia-se na atividade de peroxidases no 
anel heme da molécula de hemoglobina e mioglobina, que catalisam a reação entre o peróxido 
de hidrogênio e um cromógeno reduzido (ortololidina, tetrametilbenzidina), oxidando o 
cromógeno e formando a cor verde azulada (PERES, 2010). 
24 
 
Salienta-se que em urinas com baixa densidade as hemácias podem se romper 
quando a urina é mantida a temperatura ambiente por um longo período, resultando em 
hemoglobinúria in vitro. Para diferenciar a hematúria de hemoglobinúria e mioglobinúria 
basta submeter a amostra a centrifugação, sedimentando somente em casos em que há a 
presença de hemácias e alterando a coloração do sobrenadante. A fim de diferenciar a 
mioglobinúria de hemoglobinúria laboratorialmente pode-se realizar a precipitação da 
hemoglobina em solução saturada de sulfato de amônia a 80%. Contaminantes oxidantes, 
como hipoclorito e peroxidases microbianas, podem resultar em falsos-positivos na análise 
através de tiras reativas (MUNDIN, 2007). 
A interpretação de bilirrubinúria deve ser realizada sempre em conjunto com a 
densidade urinária, visto que traços a leves reações não são consideradas patológicas em cães 
com densidade superior ou igual a 1040. No entanto, em gatos a bilirrubinúria é sempre 
patológica, devido à alta capacidade de reabsorção tubular (SINK E FELDMAN, 2006). Em 
cães, a capacidade de reabsorção tubular é baixa, sendo menor ainda em cães machos, por isso 
é comum ocorrer a hiperbilirrubinúria prévia a hiperbilirrubinemia, antecedendo a icterícia 
(THRALL et al., 2006). Como principais causas da presença elevada de bilirrubina direta na 
urina, podendo ser observada como impregnação por bilirrubina na análise microscópica 
(Figura 1), destacam-se causas hepáticas ou hemolíticas (MUNDIN, 2007). 
Figura 1. Impregnação por bilirrubina na análise microscópica em duas urinas de caninos em um 
aumento total de 400x. 
 
FONTE: Arquivo pessoal. 
De acordo com a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial 
(2018), a mensuração da bilirrubina direta (conjugada) é afetada quando a amostra entra em 
contato com a luz, sofrendo uma redução na sua mensuração pela oxidação da bilirrubina à 
25 
 
 
 
biliverdina, podendo gerar uma amostra com coloração verde. É importante ressaltar que os 
chamados cristais de bilirrubina nunca tiveram um estudo publicado comprovando a sua real 
composição e são assim denonimados por estarem presentes em pacientes que apresentavam 
bilirrubinúria intensa. 
Atualmente, estão disponíveis no mercado marcas de tiras reagentes que possibilitam 
testes de parâmetros adicionais, como cálcio, creatinina, micro-albumina e ácido ascórbico. 
As instruções para cada teste de cada marca de tira reativa devem ser revisadas e seguidas 
para evitar a interpretação de resultados equivocados (STRASINGER, 2007). Ainda há tiras 
que realizam a detecção de indican, onde a indicanúria teria valor diagnóstico questionável 
em herbívoros por eles possuírem uma eliminação maior de indol (produto da putrefação 
proteica), enquanto nos carnívoros a indicanúria intensa é indicativo de afecções 
gastrointestinais e outras decomposições proteicas corpóreas, como peritonites, grandes 
abcessos e gangrenas. A ausência ou traços de indican na urina pode ser considerada normal 
para carnívoros (MUNDIN, 2007). 
 
2.5 ANÁLISE MICROSCÓPICA 
 
 A análise microscópica é um componente muito importante do ponto de vista 
clínico da análise de urina de rotina. Alterações no exame químico e físico demandam uma 
avaliação cuidadosa do sedimento. A avaliação apropriada do sedimento inclui a 
identificação das células (eritrócitos, leucócitos, células epiteliais diferenciadas por epitélio), 
cilindros, microorganismos e cristais (Figura 2) (MUNDIN, 2007). 
Figura 2. Presença de cristais de carbonato de cálcio em urina de felino (A) e de fosfato triplo 
amoníaco magnesiano em urina de canino (B). 
 
 FONTE: Arquivo pessoal. 
26 
 
 A ABNT NBR 15268:200511 estabelece que a análise microscópica de urina pode 
ser realizada através microscopia em campo claro, microscopia com luz polarizada ou 
microscopia de contraste de fase, além de instrumentos automáticos e semi-automáticos de 
avaliação dos elementos figurados. A mesma normativa relata que com sistemas 
automáticos é obtida melhor reprodutibilidade em comparação à microscopia manual 
realizada por diversas pessoas, indicando aos laboratórios considerar o uso de sistemas 
comerciais padronizados que possibilitem relatar elementos figurados do sedimento urinário 
por unidade de volume, ao invés de usar campos microscópicos. 
Para efeitos de padronização nacional, o volume adotado para realizar a análise 
microscópica é de 10 mL, que devem ser centrifugados a uma força de centrifugação relativa 
de 400 g, que corresponde a uma velocidade de 1500 a 2000 rotações por minuto (RPM), 
variando de acordo com o raio do rotor, durante 5 minutos (SBPC-ML, 2018), 
Há a possibilidade de realizar a avaliação microscópica de urina através de análise 
qualitativa do sedimento, atualmente a mais realizada em laboratórios devido à rapidez, e a 
análise do sedimento quantitativa padronizada, que encontra poucas aplicações nos dias atuais 
(SBPC/ML, 2018). 
A análise do sedimento urinário qualitativa não é citada na 
ABNT NBR 15268:200511, porém é realizada na maioria dos laboratórios veterinários. 
Segundo a SBPC/ML (2018) baseia-se em transferir aproximadamente 10 mL de urina 
previamente homogeneizada paraum tubo cônico, centrifugar a amostra por 10 minutos a 400 
g, descartar o sobrenadante, ressuspender o sedimento utilizando uma pipeta Pasteur, colocar 
uma gota do sedimento (aproximadamente 50 microlitros) em uma lâmina e cobrir com uma 
lamínula de 32 × 24 mm. Após, deve-se avaliar 20 campos microscópicos de grande aumento 
(400x) (para células epiteliais, leucócitos e eritrócitos) e 20 campos microscópicos de 
pequeno aumento (100x ou 160x) (para cilindros) e reportar a média de elementos por campo. 
Enfatiza-se que os resultados obtidos por este procedimento são qualitativos, mesmo que haja 
quantificações, elas representam o que está contido na gota que foi colocada entre a lâmina e a 
lamínula e não representam com exatidão os elementos presentes na amostra, uma vez que o 
volume utilizado é desconhecido. 
A ABNT NBR 15268:200511 indica que a análise quantitativa do sedimento seja 
feita desprezando-se o sobrenadante e mantendo-se 0,2 mL para ressuspensão. No entanto, a 
Sociedade Brasileira de Patologia Clinica e Medicina Laboratorial (2018) recomenda, também 
para efeitos de padronização, que sejam removidos 9,5 mL e se mantenha 0,5 mL para 
ressuspensão. É recomendado que a ressuspensão seja realizada com uma pipeta e não 
27 
 
 
 
agitando o tubo ou batendo com o dedo, a fim de conseguir uma melhor homogeinização 
(SBPC/ML, 2018). 
Após a resuspensão, é indicado pela ABNT NBR 15268:200511 a aspiração de 20 
µL de sedimento ressuspendido que deve ser depositado sobre a lâmina e coberto por 
lamínulas de 22 x 22mm, enquanto a SBPC/ML (2018) indica que a aspiração de 50 µL de 
sedimento ressuspendido sejam depositados sobre a lâmina e cobertos por lamínulas de 32 x 
24mm. 
Na análise microscópica deve ser feita a observação de 10 
(ABNT NBR 15268:200511) ou 20 campos (SBPC/ML, 2018), sendo que cilindros devem 
ser observados no aumento total de 100x e leucócitos e hemácias (Figura 4) no aumento de 
400x (ABNT NBR 15268:200511; SBPC/ML, 2018). No entanto, há divergência sobre a 
observação de células epiteliais ser realizada no aumento de 100x 
(ABNT NBR 15268:200511) ou de 400x (SBPC/ML, 2018). 
Figura 3. Hematúria presente em amostra de canino. 
 
FONTE: Arquivo pessoal. 
 
3 MATERIAL E MÉTODOS 
 
Foram utilizadas 50 amostras oriundas da rotina de atendimentos do Laboratório de 
Análises Clínicas Veterinárias (LAClin) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 
28 
 
do campus de Curitibanos, Santa Catarina, e do Laboratório Veterinário – Vet Análises, 
situado em Florianópolis, Santa Catarina. 
As amostras utilizadas eram de 12 felinos e 38 caninos, hígidos ou não, fêmeas e 
machos, coletadas por micção espontânea e todas com um volume mínimo de 10 mL. 
Todas as urinas foram submetidas ao exame de urina de rotina de acordo com os 
padrões impostos em cada laboratório. Paralelamente, realizou-se a avaliação de pH, 
proteínas, hemácias e leucócitos através de duas tiras reativas comerciais: Uriquest Plus Vet 
(Labtest Diagnóstica S/A ®) e UriGold (Gold Analisa Diagnóstica Ltda ®). 
As tiras urinárias foram removidas do frasco (que foi armazenado conforme 
orientações do fabricante) somente para uso imediato, sem tocar nas áreas reagentes e 
fechando o frasco imediatamente após uso. Durante a análise, utilizou-se uma pipeta de 
Pasteur para gotejar uma gota de urina homogeneizada e à temperatura ambiente 
(aproximadamente 25ºC) em cada almofada de impregnação de ambas as tiras; retirou-se o 
excesso, escorrendo para o lado e garantindo que todas as áreas de reação estivessem com 
urina. Não se realizou imersão das tiras em tubos com urina a fim de evitar que haja o 
escorrimento de compostos para a área de reação adjacente. 
Para a tira UriGold® (Gold Analisa Diagnóstica Ltda), aguardou-se o tempo de 
reação de 30 a 60 segundos para os parâmetros de proteína, pH e sangue oculto e para 
leucócitos aguardou-se de 90 a 120 segundos para realizar a leitura dos resultados, como 
recomendado pelo fabricante. Para a tira Uriquest Plus Vet® (Labtest Diagnóstica S/A) 
aguardou-se de 60 a 120 segundos para todos os parâmetros avaliados, conforme 
recomendado pelo fabricante. 
Após a determinação dos parâmetros através de tiras reativas, realizou-se o 
congelamento de alíquotas de aproximadamente 2 mL para posterior determinação do pH das 
urinas através de medidor de pH de bancada com calibração automática e compensação de 
temperatura a 25ºC. O descongelamento da amostra foi realizado em banho maria até a 
amostra atingir 25ºC. 
Após a avaliação pelas tiras, as urinas foram centrifugadas a 1500 rotações por 
minuto (RPM) durante 5 minutos. Utilizou-se parte do sobrenadante para determinação de 
proteínas urinárias totais através do reagente Sensiprot® (Labtest Diagnóstica S/A), seguindo 
as recomendações realizadas pelo fabricante. 
Desprezou-se o restante do sobrenadante e se ressuspendeu o sedimento para sua 
avaliação qualitativa, onde se depositou uma gota do sedimento ressuspendido sobre uma 
lâmina que foi coberta com uma lamínula de 32 x 24mm. Mais precisamente, no aumento 
29 
 
 
 
total de 400 X realizou-se a estimativa de leucócitos e hemácias por campo, após avaliar 20 
campos. 
Para efeitos de comparação, utilizaram-se somente amostras que indicaram a 
presença de hematúria na fita reativa, sofrendo uma alteração de cor do amarelo para o 
amarelo com pontos verdes. Amostras que apresentaram indicativo de hemoglobinúria, 
mioglobinúria ou, presença de eritrócitos lisados na fita reativa (coloração verde homogênea 
após o tempo de reação recomendado pela fabricante) foram descartadas do estudo. 
Utilizaram-se os valores de referência propostos por SINK & FELDMAN (2006) 
onde é estabelecido que um valor superior a 10 hemácias ou leucócitos por campo na 
sedimentoscopia de amostras oriundas de micção espontânea indicam hematúria ou 
leucocitúria, para enquadrar a amostra com presença ou ausência de hematúria/leucocitúria. 
As amostras também foram enquadradas de acordo com o resultado expresso nas tiras 
reativas, onde a presença de hematúria foi estabelecida em quaisquer amostras que tiveram 
alterações de cor para um amarelo com verdes pontuais, independente da intensidade. 
Realizaram-se testes de sensibilidade e especificidade de hematúria e leucocitúria 
para a tira reativa humana e veterinária separadamente em comparação com a 
sedimentoscopia, além de calcular o valor preditivo positivo (VPP), que corresponde à 
proporção de resultados verdadeiramente positivos entre os diagnosticados como positivos, 
bem como o valor preditivo negativo (VPN), que corresponde à proporção de resultados 
verdadeiramente negativos entre os diagnosticados como negativos 
Utilizou-se do teste T de Student para comparação entre os valores de pH 
estabelecidos pelo pHmetro de bancada e para cada uma das tiras reativas, devido à 
amostragem apresentar variância homogênea no teste de Cochran. 
A fim de avaliar se havia diferença estatística entre os resultados gerados pelo 
Sensiprot® (Labtest Diagnóstica S/A) e das tiras reativas individualizadas utilizou-se o teste 
não paramétrico de Mann-Whitney, devido à amostragem apresentar variância heterogênea no 
teste de Cochran. 
Ademais, fez-se a comparação das bulas das tiras Uriquest Plus Vet® (Labtest 
Diagnóstica S/A) e UriGold® (Gold Analisa Diagnóstica Ltda) quanto aos reagentes utilizados 
nas determinações de pH, proteínas, glicose, cetonas, bilirrubina, sangue, urobilinogênio, 
nitrito, densidade e leucócitos, além das informações quanto ao limite mínimo de detecção e 
possíveis interferências nos parâmetros analisados. 
 
30 
 
4 RESULTADOS 
 
 Em um total de 50 amostras oriundas de micção espontânea de cães e gatos, a tira 
para urinálise UriGold® (Gold Analisa Diagnóstica Ltda.) mostrou uma sensibilidade de 
35,71% e uma especificidade de 75% para a determinação de leucocitúria quando comparada 
à sedimentoscopia(Quadro 1). Baseado nesse ensaio, o valor preditivo positivo (VPP) para 
esta tira reativa humana é de 35,71% e o valor preditivo negativo (VPN) é de 75%, resultando 
em uma eficiência de 55,35%. 
 
Quadro 1. Resultados de leucocitúria pela tira Urigold® e por sedimentoscopia, em amostras oriundas 
de micção espontânea de cães e gatos. 
Urigold® 
Sedimentoscopia 
Total 
Sem leucocitúria Com leucocitúria 
Sem leucocitúria 27 (A) 9 (B) 36 (A+B) 
Com leucocitúria 9 (C) 5 (D) 14 (C+D) 
Total 36 (A+B) 14 (B+D) 50 (A+B+C+D) 
FONTE: Elaborado pelo autor. 
*(A): Verdadeiros negativos. (B): Falsos negativos. (A+B): Total de resultados negativos na fita 
Urigold®. (C): Falsos positivos. (D): Verdadeiros positivos. (C+D): Total de resultados positivos na 
fita Urigold®. (A+B): Total de resultados negativos na sedimentoscopia. (B+D): Total de resultados 
positivos na sedimentoscopia. (A+B+C+D): Total da amostra (n). 
 
 Em comparação à sedimentoscopia, com a mesma amostra, a tira veterinária para 
urinálise apresentou uma sensibilidade de 57,1% e uma especificidade de 63,9% (Quadro 2). 
De acordo com o teste realizado, a tira Uriquest Plus Vet® (Labtest Diagnóstica S/A) 
apresenta um VPP de 38,1% e um VPN de 79,31% para a determinação de leucocitúria em 
amostras de cães e gatos oriundas de micção espontânea, resultando em uma eficiência de 
58,71%. 
 
 
31 
 
 
 
Quadro 2. Comparação entre a tira Uriquest Plus Vet ® e a sedimentoscopia na avaliação de leucocitúria em 
amostras oriundas de micção espontânea de cães e gatos. 
Uriquest Plus Vet® 
Sedimentoscopia 
Total 
Sem leucocitúria Com leucocitúria 
Sem leucocitúria 23 (A) 6 (B) 29 (A+B) 
Com leucocitúria 13 (C) 8 (D) 21 (C+D) 
Total 36 (A+C) 14 (B+D) 50 (A+B+C+D) 
FONTE: Elaborado pelo autor. 
*(A): Verdadeiros negativos. (B): Falsos negativos. (A+B): Total de resultados negativos na fita 
Uriquest Vet Plus®. (C): Falsos positivos. (D): Verdadeiros positivos. (C+D): Total de resultados 
positivos na fita Uriquest Vet Plus®. (A+B): Total de resultados negativos na sedimentoscopia. (B+D): 
Total de resultados positivos na sedimentoscopia. (A+B+C+D): Total da amostra (n). 
 
 Com o mesmo número de amostras oriundas de micção espontânea, a tira UriGold® 
mostrou 77,8% de sensibilidade e 97,6% de especificidade quando comparada ao teste de 
referência (avaliação microscópica de urina) para avaliação de presença ou não de hematúria 
em amostras de cães e gatos oriundas de micção espontânea (mais de 10 hemácias íntegras 
por campo) (Quadro 3). Obtendo, assim, um VPP de 87,5% e um VPN de 95,2%, 
apresentando uma eficiência de 91,35%. 
 
Quadro 3. Comparação entre a tira UriGold® e a sedimentoscopia na avaliação de hematúria em amostras 
oriundas de micção espontânea de cães e gatos. 
UriGold® 
Sedimentoscopia 
Total 
Sem hematúria Com hematúria 
Sem hematúria 40 2 42 
Com hematúria 1 7 8 
Total 41 9 50 
 FONTE: Elaborado pelo autor. 
*(A): Verdadeiro negativos. (B): Falsos negativos. (A+B): Total de resultados negativos na fita 
Urigold®. (C): Falsos positivos. (D): Verdadeiros positivos. (C+D): Total de resultados positivos na 
fita Urigold®. (A+B): Total de resultados negativos na sedimentoscopia. (B+D): Total de resultados 
positivos na sedimentoscopia. (A+B+C+D): Total da amostra (n). 
 
32 
 
 Nas análises com a fita veterinária, a sensibilidade foi de 66,7%, enquanto a 
especificidade foi de 78%, ao se comparar à análise microscópica das urinas (Quadro 4), 
resultando em um VPP de 66,7% e um VPN de 78%, apresentando uma eficiência de 72,35%. 
Quadro 4. Comparação entre a tira Uriquest Plus Vet ® e a sedimentoscopia na avaliação de 
hematúria em amostras oriundas de micção espontânea de cães e gatos. 
Uriquest Plus Vet® 
Sedimentoscopia 
Total 
Sem hematúria Com hematúria 
Sem hematúria 32 3 35 
Com hematúria 9 6 15 
Total 41 9 50 
FONTE: Elaborado pelo autor. 
*(A): Verdadeiros negativos. (B): Falsos negativos. (A+B): Total de resultados negativos na fita 
Uriquest Vet Plus®. (C): Falsos positivos. (D): Verdadeiros positivos. (C+D): Total de resultados 
positivos na fita Uriquest Vet Plus®. (A+B): Total de resultados negativos na sedimentoscopia. (B+D): 
Total de resultados positivos na sedimentoscopia. (A+B+C+D): Total da amostra (n). 
 
 A tabela 1 compara o pH determinado pela tira UriGold (Gold Analisa Diagnóstica 
Ltda ®) e por pHmetro de bancada DM-22® (Digimed). Os resultados foram submetidos ao 
teste t de Student, resultando em um valor aproximado de P de 0,97, indicando que a 
diferença entre as médias não é significativa. Na prática clínica, isso significa que os 
resultados da tira Urigold® seriam tão confiáveis quanto ao pHmetro. 
 
Tabela 1. Médias de pH urinário de amostras oriundas de micção espontânea de caninos e felinos 
determinados pela tira UriGold® e pHmetro de bancada. 
 Amostragem (n) Média Intervalo de confiança de 95% 
Urigold® 50 6,45 6,23 6,67 
pHmetro 50 6,55 6,31 6,8 
Diferença -0.11 
FONTE: Elaborada pelo autor. 
 
 A tabela 2 apresenta resultados do pH mensurado pela tira reativa Uriquest Plus Vet® 
(Labtest Diagnóstica S/A) e pHmetro de bancada. Os resultados submetidos ao teste t de 
Student foram de um valor de P <0,001, indicando que a diferença entre as médias é 
33 
 
 
 
estatisticamente significativa. Na prática clínica, isso significa que os resultados da tira 
Uriquest não teriam os mesmos resultados do padrão ouro (pHmetro). 
 
Tabela 2. Médias de pH urinário de amostras de micção espontânea oriundas de felinos e caninos 
determinado pela tira Uriquest Plus Vet ® e pHmetro de bancada. 
 Amostragem (n) Média Intervalo de confiança de 95% 
Uriquest Plus Vet ® 50 5,89 5,59 6,19 
pHmetro 50 6,55 6,31 6,8 
Diferença -0.66 
FONTE: Elaborada pelo autor. 
 
 A tabela 3 mostra os valores de proteínas urinárias determinadas pela tira reativa 
UriGold® (Gold Analisa Diagnóstica Ltda) e Sensiprot® (Labtest Diagnóstica S/A). Os 
resultados foram submetidos ao teste não paramétrico de Mann-Whitney, resultando em uma 
ausência de significância (p=0,07). Na prática clínica, ambos os testes poderiam ser 
utilizados. 
 
Tabela 3. Médias da concentração de proteínas urinárias de amostras de caninos e felinos oriundas de 
micção espontânea pela tira UriGold® e por metodologia bioquímica úmida (Sensiprot®). 
 Amostra (n) Média Intervalo de confiança de 95% 
UriGold ® 50 75,4 44,24 106,57 
Sensiprot ® 50 52,14 49,48 64,80 
Diferença 23,26 
FONTE: Elaborada pelo autor. 
 
 A comparação entre a tira reativa Uriquest Plus Vet® (Labtest Diagnóstica S/A) e o 
Sensiprot (Labtest Diagnóstica S/A ®) pode ser observada na tabela 4. A comparação das 
médias foi realizada através do teste não paramétrico de Mann-Whitney e apresentou 
diferença estatística (p=0,01). Na prática clínica, a tira Uriquest Vet Plus® não produz 
resultados semelhantes ao padrão ouro (Sensiprot®). 
 
34 
 
Tabela 4. Médias da concentração de proteínas urinárias de amostras oriundas de micção espontânea 
de caninos e felinos pela tira Uriquest Plus Vet ® e por metodologia de bioquímica úmida 
(Sensiprot®). 
 Amostra (n) Média Intervalo de confiança de 95% 
Uriquest Plus Vet® 50 117,3 65,28 169,32 
Sensiprot® 50 52,14 39,48 64,8 
Diferença 65,16 
FONTE: Elaborada pelo autor. 
 Os reagentes utilizados na determinação de cada teste estão expressos na tabela 5, 
onde o fabricante da tira reativa veterinária informou a concentração de cada componente, 
enquanto que o da tira reativa de uso humano declarou a quantidade de cada componente para 
a reação. 
 
Tabela 5. Reagentes utilizados nas fitas urinárias Uriquest Plus Vet ® e UriGold ®. 
Teste Componente ativo da 
Uriquest Plus Vet® 
Componente ativo da UriGold® 
Cetonas Nitroprussiato de sódio 2,0% Nitroprussiato de sódio 20mg e 
sulfato de magnésio 246,5mg. 
Glicose Glicose oxidase 2,1%, 
Peroxidase 0,9% e Cloridrato 
de o-tolidina 5,0%Glicose oxidase 451 UI, Peroxidase 
186 UI e iodeto de potássio 10mg. 
Proteína Azul de tetrabromofenol 0,2% Azul de tetrabromofenol 0,3mg, 
ácido cítrico 110mg e citrato de 
sódio 46mg. 
Sangue Tetrametil benzidina diHCL 
2,0% e Hidroperóxido 
isopropilbenzol 21% 
Hidroperóxido cumeno 7mg e O-
toluidina 3 mg. 
pH Vermelho de metila 2,0% e 
azul de bromotimol 10% 
Vermelho de metila 0,04mg e azul 
de bromotimol 0,5mg. 
Nitrito Ácido sulfanílico 1,9% e 
tetrahidrobenzo[h]quinolin-3-
ol 1,5% 
Ácido p-arsanilico 5mg e n-(-1-
naftil) etilenodiamino 2HCl 6mg 
Leucócitos Carboxilatos heterocíclicos 
0,4% e sal diazônio 0,2% 
Ácido ester amino feniltiazol 1mg e 
sal diazônico 0,7mg 
Densidade Teste não disponível na tira 
reagente 
Azul de bromotimol 1,2mg e ácido 
dietilenotriaminopentaacético 12mg 
Bilirrubina Teste não disponível na tira 
reagente 
2,4-Diazônio diclorobenzeno 3mg e 
ácido oxálico 30mg 
Urobilinogênio Teste não disponível na tira 
reagente 
4-Diazônio metoxibenzeno 2,5mg e 
ácido cítrico 30mg 
FONTE: Elaborado pelo autor. 
35 
 
 
 
 As possíveis interferências nos testes em comum entre as duas marcas de tiras 
reativas informadas pelos fabricantes foram listadas na tabela 6. 
Tabela 6. Interferentes informados pelos fabricantes das tiras Uriquest Plus Vet® e UriGold®. 
 Uriquest Plus Vet ® UriGold ® 
Sangue oculto  Produtos de limpeza; 
 Formalina; 
 Oxidases microbianas; 
 
 Ácido ascórbico; 
 Densidade alta; 
 Proteinúria; 
 Oxidases microbianas. 
Glicose  Ácido gentísico; 
 pH inferior a 5; 
 Densidade alta; 
 Produtos de limpeza. 
 
 Densidades altas 
 pH alto; 
 Ácido ascórbico; 
 Cetonúria (>40 mg/dL); 
 Levodopa, dipirona e 
glutationa. 
Cetonas Sem interferentes relatados.  Urinas altamente 
pigmentadas; 
 Levodopa. 
Leucócitos  Nitrofurano; 
 Glicosúria; 
 Ácido oxálico; 
 Antibióticos; 
 Secreções genitais; 
 O número de leucócitos 
detectados no exame de 
sedimento pode ser mais 
baixo que o detectado na 
tira de urina, já que células 
lisadas não são detectadas 
na sedimentoscopia. 
 Glicosúria intensa; 
 Densidade alta; 
 Albuminúria intensa; 
 Formaldeido; 
 Hematúria; 
 Ácido oxálico 
 Agentes oxidantes; 
 O resultado do teste nem 
sempre é consistente com 
a sedimentoscopia. O 
teste faz análise de 
leucócitos íntegros e 
lisados. 
Nitrito  Sensibilidade diminuída 
para carnívoros; 
 Amostras velhas; 
 Ácido ascórbico. 
 Ácido ascórbico 
pH  Contaminação bacteriana.  Urina em excesso na tira. 
Proteínas  pH básico (pH 9); 
 Densidade alta; 
 Medicamentos com 
quinina; 
 Amônia quaternária. 
 pH básico (pH 9); 
 Urinas turvas. 
FONTE: Elaborado pelo autor. 
 
Comparando as eficiências calculadas para as duas tiras, pode-se observar que a tira 
UriGold® (Gold Analisa Diagnóstica Ltda) apresentou uma eficiência de 55,35% para a 
36 
 
determinação de leucocitúria em amostras de cães e gatos oriundas de micção espontânea, 
sendo inferior à Uriquest Plus Vet (Labtest Diagnóstica S/A ®), que apresentou uma 
eficiência de 58,71%. 
No entanto, ao analisar a eficiência em determinar a hematúria em urinas eliminadas 
por micção espontânea de caninos e felinos, a tira para uso humano apresentou uma eficiência 
de 91,35%, enquanto que a tira de uso veterinário apresentou uma eficiência de 72,35% 
comparadas à microscopia. 
O teste t de Student revelou diferença entre a determinação do pH através da tira de 
uso veterinário e o pHmetro, enquanto que os resultados de pH entre a tira humana e o 
pHmetro foram iguais. Já a tira humana apresentou comparação positiva de dados com o 
pHmetro, quando submetida ao mesmo teste. 
A determinação de proteínas totais pela tira UriGold® (Gold Analisa Diagnóstica 
Ltda) comparada à determinação pelo método Sensiprot (Labtest Diagnóstica S/A ®) não 
mostrou diferença estatística quando os resultados foram submetidos ao teste não paramétrico 
de Mann-Whitney, enquanto a Uriquest Plus Vet (Labtest Diagnóstica S/A ®) mostrou 
diferença estatística. 
 
5 DISCUSSÃO 
A baixa sensibilidade para leucocitúria na tira de uso humano (35,71%) encontrada 
nesse estudo pode ter sido em decorrência do valor de referência de 10 leucócitos por campo, 
enquanto que a sensibilidade mínima para detecção de leucócitos informada nas instruções de 
uso da tira reagente é de 20 a 25 leucócitos/µL. Já a maior sensibilidade encontrada na tira 
para uso veterinário (57,1%) pode ser justificada por apresentar a detecção mínima de 
leucócitos de 15 leucócitos/µL informada nas instruções de uso da tira urinária. No entanto, o 
cálculo para análise da eficiência das duas tiras resultou em valores próximos e ambos 
inferiores a 60%, não sendo um boa maneira de avaliar a presença de leucocitúria em 
amostras de cães e gatos oriundas de micção espontânea. Resultados semelhantes eram 
esperados, visto que as almofadas impregnadas para avaliação de leucócitos nas tiras 
reagentes possuíam o mesmo princípio de teste por meio de uma reação onde ocorre a 
hidrólise do carboxilato heterocíclico pelas esterases de alguns leucócitos, liberando uma 
fração capaz de reagir com um sal diazônio formando um pigmento violeta. Segundo a 
Sociedade Brasileira de Patologia Clinica/ Medicina Laboratorial (2018), outras células que 
podem estar presentes na urina, como 
Pseudomonas, Bacillus, Brevibacterium, Lactobacillus, Rhodoccoccus, Aspergillus, Geotrich
37 
 
 
 
um, podem conter esterases e, por essa razão, o resultado da reação não substitui o exame 
microscópico do sedimento urinário. Além disso, agranulócitos, como os linfócitos, não 
produzem esterase, logo, nas linfocitúrias, a pesquisa será negativa. 
Apesar de o teste apresentar o mesmo princípio em ambas as tiras, são listados 
interferentes diferentes, em que na tira de uso veterinário os principais interferentes são 
nitrofurano, glicose, áxido oxálico, cefalexina, cefalotina, tetraciclina e na fita de uso humano 
são listados glicose, hiperestenúria, intensa albuminúria, presença de sangue, alta 
concentração de formaldeído, ácido oxálico, agentes oxidantes, mostrando uma falta de 
padronização na expressão de interferentes nas instruções de uso das tiras reativas. As bulas 
ressaltam que ambos os testes podem diferir da análise micróscopica devido à detecção de 
leucócitos íntegros e lisados. Em um informativo sobre o uso de tira reagente no exame de 
urina emitido pela Labtest®, é relatado que a análise das esterases leucocitárias só tem 
positividade quando houver a presença de quantidade suficiente de neutrófilos, monócitos, 
eosinófilos ou basófilos, ressaltando que linfócitos e células epiteliais não contêm esterase 
leucocitária, além de enfatizarem que qualquer resultado negativo na análise pode ter 
significado clínico relacionado à leucocitúria. 
A tira reativa para uso humano apresentou uma eficiência superior à tira de uso 
veterinário em aproximadamente 20% na detecção de hematúria em amostras oriundas de 
micção espontânea de caninos e felinos. Isso pode ser explicado pela diferença nos reagentes 
utilizados em cada tira, onde a Uriquest Vet Plus® utiliza tetrametil benzidina di-HCL a 2,0% 
e hidroperóxido de isopropilbenzol a 21% e a tira UriGold® é composta por hidroperóxido 
cumeno (7mg) e O-toluidina (3 mg). Os dois fabricantes relatam que a atividade microbiana 
associada a infecções pode resultar em falso positivo e que o ácido ascórbico causa 
interferência nos testes, no entanto, só a tira de uso veterinário traz o parâmetro de ácido 
ascórbico na tira urinária. Além disso, produtos de limpeza e formol são relatados como 
interferentes pela Uriquest Vet Plus® e hiperestenúria e intensa proteinúria, pela tira 
UriGold®. 
Apesar de o fabricante da tira veterinária relatar que a reação tem positividade a 
partir de 5 eritrócitos/µL, apresentou, no presente estudo, uma sensibilidade inferior (66,7%)para detecção de hematúria em amostras oriundas de cães e gatos do que a tira para uso 
humano (77,8%), cujo fabricante informou que a reação tem positividade a partir de 10 
eritrócitos/µL. 
38 
 
As duas marcas de tiras urinárias avaliadas fazem o uso dos mesmos compostos, 
vermelho de metila e azul de bromotimol, para a determinação do pH. No entanto, a tira de 
uso veterinário relata somente a concentração de cada reagente e não seu volume final, não se 
podendo avaliar se as duas marcas contêm a mesma quantidade de reagente. Se analisada no 
período correto, nenhuma das tiras de urinas relata um interferente relevante. Apesar de 
muitos laboratórios realizarem a imersão de tiras urinárias em tubos contendo urina, essa 
prática não é recomendada, podendo causar interferências em alguns parâmetros. As 
instruções de uso da tira UriGold® informam sobre a possibilidade da urina em excesso na fita 
mover o ácido do tampão do reagente da proteína, que está situado na área vizinha, para a área 
do pH, e causar uma falsa acidificação. Por isso, no presente estudo, não se imergiu nenhuma 
tira urinária em tubos com urina, e sim, realizou-se o gotejamento em cada almofada, seguida 
de um escorrimento lateral, evitando a contaminação das almofadas. 
Um estudo realizado por CORATO et al. (2016) com a finalidade de comparar tiras 
veterinárias e humanas em urinálises de animais concluiu que a avaliação de pH não é 
aconselhável pela tira reagente de uso humano, no entanto, fez a conclusão baseado somente 
na discrepância dos resultados entre uma e outra e não utilizou nenhum teste de referência 
como o presente estudo, além de a amostragem ser inferior à metade do presente estudo, ser 
composta só de cães e ter sido avaliada somente outras marcas de tiras reagentes e não a 
UriGold®. 
A tira urinária UriGold® apresentou maior concordância com o teste de referência 
para determinação de pH do que a tira urinária Uriquest Vet Plus® em amostras de urina 
oriundas de cães e gatos. A diferença dos resultados entre as duas marcas pode ser justificada 
por uma possível diferença no volume final de cada reagente. 
As duas marcas de tiras reativas utilizam o uso de azul de tetrabromofenol como 
reagente para determinação de proteínas urinárias; no entanto, a tira de uso humano utiliza, 
adicionalmente, ácido cítrico e citrato de sódio na reação. 
O fabricante da tira de uso veterinário relata que o mínimo de detecção é de 15 
mg/dL de albumina, enquanto que a tira de uso humano relata que é de 30 mg/dL de 
albumina, apesar do mesmo princípio de reação. É relatado nas bulas que o teste é mais 
sensível à detecção de albumina e que as outras proteínas são detectadas, mas com menor 
sensibilidade. 
O fabricante do kit Sensiprot® informa em suas instruções de uso que o teste 
apresenta uma sensibilidade semelhante para albumina e globulinas, diferente das tiras. No 
entanto, o presente estudo mostrou boa correlação da determinação quantitativa de proteinúria 
39 
 
 
 
da tira urinária Urigold® com o método de bioquímica úmida, podendo ser justificado por ser 
uma amostragem pequena e não haver a presença de muitos animais proteinúricos no estudo. 
Enfatiza-se a possibilidade de se usar a tira urinária como método de triagem para detecção de 
proteinúria, mas outros testes devem ser usados para o diagnóstico definitivo de um animal 
proteinúrico, como a determinação da razão proteína:creatinina urinária. Além disso, em 
enfermidades como o mieloma múltiplo, torna-se interessante realizar a avaliação específica 
das proteínas, como eletroforese em gel de agarose ou precipitação pelo calor. 
A tira de uso veterinário não engloba sozinha todos os parâmetros da análise química 
do exame de rotina de urina, visto que a ABNT NBR 15268:200511 inclui na normativa como 
elementos a serem pesquisados no exame a bilirrubina e o urobilinogênio, que não estão 
presentes como parâmetros disponíveis na fita, resultando, assim, na necessidade de o 
laboratório utilizar-se de outra fita reagente ou outra metodologia, como bioquímica úmida. 
 CORATO et al. (2016) concluiu em seu estudo que não é aconselhável o uso de tiras 
reagentes para uso humano em cães para os parâmetros: pH, proteína, bilirrubina e densidade. 
Nesse trabalho, concorda-se sobre o não uso de tiras reagentes para determinação de 
densidade, sejam para uso humano ou veterinário, na possibilidade de utilizar técnicas de 
refratometria, no entanto, discorda-se da indicação de não utilizar tiras específicas para 
humanos para avaliação de pH, proteína e bilirrubina. O mesmo estudo, apesar de não indicar 
o uso de tiras humanas para avaliação de bilirrubina, reforça que a tira veterinária estudada 
não possui o parâmetro de bilirrubina, e suas conclusões são embasadas na discrepância dos 
resultados entre 4 tiras de uso humano sem comparação a um teste de referência. A proteína 
foi comparada com o mesmo teste de referência utilizado no presente trabalho, o Sensiprot®, 
no entanto, não houve análise estatística e com uma amostragem de somente 18 cães. 
DA SILVA COLOMBELI (2006) realizou um estudo comparando o manual de 
instruções de duas marcas de tiras para análise química destinadas ao uso humano 
amplamente utilizadas em laboratório (Roche Combur Test® UX e Bayer Multistix® 10 SG) e 
concluiu que apresentaram algumas diferenças nos reativos utilizados, como grande 
diversidade de informações, como os possíveis interferentes e notou, inclusive, omissão de 
informações, observando, principalmente, diferença em relação à avaliação semiquantitativa 
de proteínas e glicose quanto à intensidade da reação e sua expressão em cruzes, o que pode 
levar a equívocos na interpretação do laudo laboratorial, reforçando a importância da 
padronização do exame de rotina de urina. Durante a execução do presente estudo, também 
notou-se diferença quanto à avaliação semiquantitativa de proteínas, sendo que a 
40 
 
representação de cruzes, de acordo com a escala de cores expressa na bula da tira veterinária, 
corresponde a negativo, 30, 100 e 500 mg/dL e, apesar de não trazer essa informação, no 
frasco da tira de uso humano consta uma escala de cores que corresponde a negativo, traços, 
30, 100, 300 e 1000 mg/dL. A tira veterinária, mesmo não relatando em seu manual de 
instruções a presença de traços de proteína correspondendo à escala de cores para avaliação 
do resultado do teste, possui essa escala expressa no frasco do produto. Nota-se que entre as 
tiras analisadas também há a necessidade de padronização, a fim de evitar equívocos na 
interpretação do exame. 
Na análise da bula da tira Uriquest Plus Vet®, notaram-se algumas informações 
errôneas, como “Normalmente, não se detecta glicose na urina de animais saudáveis” e de 
acordo com PÖPPL (2018), felinos são animais com tendência a desenvolver a hiperglicemia 
de estresse durante a coleta, resultando em glicosúria, mesmo com o animal saudável. Outro 
equívoco notado é a frase “Urinas de animais saudáveis não contêm leucócitos”, sendo que é 
possível encontrar até 10 leucócitos por campo em urinas de animais saudáveis oriundas de 
micção espontânea (SINK & FELDMAN, 2006). 
 
6 CONCLUSÃO 
 
Existem diversas marcas de tiras reagentes para análise química de urina disponíveis 
no mercado, cada uma tem características e limitações que devem ser conhecidas pelos 
responsáveis pela rotina laboratorial. É de suma importância que a padronização do exame de 
urina de rotina seja respeitada pelos laboratórios, bem como, estudos aprofundados sobre a 
padronização no exame químico de urina sejam realizados, evitando assim, equívocos 
diagnósticos. 
Após a comparação da tira destinada a uso humano, UriGold® (Analisa), com uma 
tira específica para o uso na veterinária, UriQuest Plus Vet® (Labtest), pode-se concluir que: a 
tira de uso humano apresenta resultados mais adequados para o exame químico de urina de 
cães e gatospara a determinação de hematúria, proteinúria e pH em amostras oriundas de 
micção espontânea; as duas tiras apresentaram eficiência inferior a 60% para determinação de 
leucocitúria em amostras de micção espontânea de caninos e felinos, sendo recomendada 
sempre a avaliação microscópica da urina para confirmação do diagnóstico; a utilização da 
tira veterinária torna necessário o uso de outras alternativas para a determinação de bilirrubina 
41 
 
 
 
e urobilinogênio para laboratórios que sigam a normativa vigente, além de apresentar 
incoerências nas indicações presentes em bula sobre a interpretação dos resultados. 
São necessários mais estudos com uma amostragem maior para avaliação dos outros 
parâmetros fornecidos pelas tiras, outras marcas de tiras e outras espécies. 
 
42 
 
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