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DIREITO DO TRABALHO II 1. Enquadrament� � desvi� d� funçã� Quando o sujeito é admitido, ele é ENQUADRADO em algum cargo. Uma vez que ele preenche os requisitos para a promoção, ele será reenquadrado (o empregado terá progressões funcionais e o salário dele vai aumentar). Muitas vezes, a empresa não faz as promoções e o empregado fica anos enquadrado no mesmo cargo. Nesse caso, cabe ao trabalhador pedir que a empresa aplique a norma empresarial, ou seja, o empregado deve requerer que a empresa aplique os requisitos e conceda a promoção. Interessante lembrar que existem vários julgados no sentido de que há algumas promoções que são dependentes de um ato de avaliação da empresa, e esta, às vezes, assim não o faz, não promovendo o empregado por merecimento. A jurisprudência entende que a empresa será obrigada a promover mesmo sem a avaliação, porque a empresa está se recusando a realizar a avaliação (art. 129, CC), bem como, obstando a implementação da condição. É preciso salientar que na nova redação do § 3.º do art. 461, a submissão ao processo de avaliação passa a ser uma faculdade do empregador, ao menos é o que parece. Todavia, ainda não há manifestação jurisprudencial a este respeito. Já no DESVIO DE FUNÇÃO, o sujeito é contratado para uma determinada função, mas, na prática, ele exerce outra função (trata-se de situação diferente do acúmulo, no qual o trabalhador exerceria as duas funções). O trabalhador deverá requerer a retificação na Carteira de Trabalho para que seja reconhecido que ele sempre exerceu a outra função, pedindo também as diferenças salariais deste desvio funcional. A função deve ser delimitada de forma clara, isto é, a função tem que estar prevista no regulamento empresarial, na norma coletiva ou, pelo menos, no costume empresarial. Para que haja possibilidade de aferir a diferença salarial. 2. Extinçã� d� contrat� d� trabalh� 9.1 Tipos de extinção do contrato de trabalho 9.1.1 Resilição: tem-se a extinção do contrato por iniciativa de uma das partes, porque uma delas não deseja mais continuar aquele contrato de trabalho, é o que se chama de denúncia vazia. Não se quer mais continuar o contrato por uma questão particular. Ocorre quando o contrato é encerrado sem justa causa. 9.1.2 Resolução: uma das partes comete uma falta, o descumprimento de uma obrigação contratual, uma falta grave. Se a falta foi cometida pelo empregado, denomina-se “Dispensa por Justa Causa”. O cometimento da falta em si é um fato, a dispensa por Justa Causa é a consequência desse fato. Se a falta é cometida pelo empregador, tem-se a “Rescisão Indireta”. As faltas que justificam a Justa Causa estão no artigo 482 da CLT e as que justificam a Rescisão Indireta estão no artigo 483 da CLT. 9.1.3 Rescisão: o que a doutrina indica como forma de Rescisão do Contrato é quando existe uma nulidade/ vício no contrato. Seria um contrato nulo, inválido, como acontece, por exemplo, na hipótese da Sum. 363 do TST. Quando o servidor público é admitido na Administração Pública sem se submeter a concurso público, seria então uma hipótese de rescisão. Fora dessas hipóteses de nulidade, não há rescisão, tecnicamente, falando, do ponto de vista da nomenclatura. 9.1.4 Termo final: O contrato pode também se extinguir, normalmente, quando ele chega ao seu termo. Por exemplo, um contrato por tempo determinado, quando atinge o tempo avençado, pactuado (por exemplo, por 2 anos), automaticamente, se extingue. 9.1.5 Mútuo acordo: ocorre quando o empregado e o empregador acordam um término da relação de trabalho. 9.2 Extinção do contrato sem justa causa No caso trata-se de dispensa imotivada. Tanto empregado quanto empregador podem resolver não manter mais o pacto laboral. Diz-se que o contrato é livre, tanto na sua contratação quanto na sua manutenção. Ninguém está obrigado a estabelecer contrato ou a mantê-lo. Art. 7º, I, CF - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; O objetivo deste inciso é tutelar a relação de trabalho e diminuir a extinção do contrato sem justa causa. 9.2.1 Aviso prévio: Se o empregador quer dispensar o empregado, ele deve préavisar esse empregado com antecedência. Da mesma forma, se o empregado quer se demitir, ele deve avisar o empregador com antecedência. O aviso-prévio nasce, então, com essa característica de notificação. Esta é sua primeira característica. Quando o empregador diz conceder aviso-prévio ao empregado, ele está dizendo que vai notificar o empregado da sua intenção de extinguir o contrato. O contrato de trabalho só termina quando o aviso-prévio acaba. O aviso-prévio pode ser também um pagamento. Quando o empregado deixa de cumprir o aviso, o empregador pode exigir o pagamento daquele valor. O empregador pode descontar da rescisão contratual o valor referente ao aviso-prévio. Da mesma forma, se o empregador dispensa o empregado e não quer mais que ele trabalhe e não concede o aviso, terá que pagar o equivalente em salário. O aviso-prévio hoje é proporcional, dependendo da quantidade de anos de serviço. A cada novo ano de trabalho, o trabalhador ganha mais 3 (três) dias de aviso, sendo de, no mínimo, 30 e, no máximo, 90 dias. ● Como é feita essa proporcionalidade? O trabalhador com menos de 1 ano de serviço tem 30 dias de aviso. A partir de um ano, a cada ano, tem mais 3 dias de aviso. Quem trabalha por 7 ou 8 meses, por exemplo, tem 30 dias de aviso. O mínimo é de 30 dias e o máximo de 90 dias. Ex. o empregado que trabalhar 10 anos, terá 60 dias de aviso prévio. ● Essa lei vai beneficiar o empregador ou apenas o empregado? O aviso-prévio consta no artigo 7º da CF/88 como um direito do empregado, como um direito social. Com isso, quer-se dizer que, quando um empregado tem 20 anos de serviço, e é dispensado, ele terá um aviso-prévio de 90 dias. Todavia, se ele pede demissão, o aviso que concede ao seu empregador é apenas de 30 dias, não de 90. ● Objetivos do aviso prévio: 1. Comunicação: lealdade, boa-fé... 2. Preparar (no curso do aviso prévio, o empregado tem direito a reduzir a sua jornada de trabalho em 2 horas, para que ele consiga encontrar outro serviço). É facultado ao empregado trabalhar sem a redução das 2 horas diárias previstas neste artigo, caso em que poderá faltar ao serviço, sem prejuízo do salário integral, por 7 dias corridos, na hipótese do inciso lI do art. 487 desta Consolidação. ● O aviso prévio pode ser trabalhado ou indenizado O tempo do aviso prévio indenizado é projetado para aquisição de direitos (13º, férias, etc..). O empregador ou o empregado que encerra o contrato sem justa causa e sem aviso prévio. Art. 487, § 1º - A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço. § 2º - A falta de aviso prévio por parte do empregado dá ao empregador o direito de descontar os salários correspondentes ao prazo respectivo. Verbas decorrentes da Extinção do Contrato de Trabalho SEM justa causa: → aviso prévio; → férias proporcionais e vencidas; → 13º salário proporcional; → levantamento dos depósitos do FGTS; → multa de 40% sobre os depósitos do FGTS. ex. O empregado que trabalhar durante 10 meses, terá as férias proporcionais a 11/12 (10 meses trabalhados + 1 mês aviso prévio). É importante lembrar que ainda tem as guias de seguro desemprego. 9.3 Extinção do contrato com justa causa Pressupõe a ocorrência de falta grave por uma das partes. No modelo brasileiro a justa causa pressupõe tipicidade, previsão em lei, algum preceptivo legal trazendo a situação elencada como falta grave e apta a ensejar a dispensa por justa causa. Outro elemento é o da imediaticidade e ausência de perdão. Estão intimamente ligados. Se o empregador perdoa o seu empregado, ele não pode voltar atrás. Se perdoa, deixa de ter a prerrogativa de aplicar a penalidade. Havendo perdão, tácito ou expresso, haverá a perda do direito depunir. Muitas vezes, o empregador demora dias, semanas, meses e não pune o trabalhador. A doutrina entende que a demora no exercício do jus puniendi (termo do direito penal) gerará o que se chama de “perdão tácito”. 9.3.1 Justa Causa em Aviso Prévio O aviso-prévio é contado como tempo de serviço. O contrato só se extingue quando o aviso chega ao fim. Muitas vezes, o empregado é dispensado sem justa causa e o empregador exige que ele continue trabalhando durante o período de aviso. A empresa pode, durante aquele período de aviso-prévio, converter uma dispensa imotivada em dispensa por justa causa. Se uma falta grave vier a ser cometida durante o aviso, a empresa pode fazer a conversão, com exceção do abandono de emprego. 9.3.2 Hipóteses de justa causa pelo empregado - Art. 482 Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: a) Ato de improbidade: De acordo com Sérgio Pinto Martins a palavra improbidade revela mau caráter, perversidade, maldade, desonestidade, ímproba é uma pessoa que não é honrada. Assim, o ato de improbidade significa uma conduta desonesta do empregado, causando prejuízos ao patrimônio do empregador. ex. O empregado requere o vale transporte para a empresa, alegando que usa transporte público para chegar ao serviço, mas é mentira. ex. empregado que apresenta atestado e vai viajar. b) Incontinência de conduta: Nos ensinamentos de Sérgio Pinto Martins “a incontinência de conduta está ligada ao desregramento do empregado no tocante à vida sexual. São obscenidades praticadas, a libertinagem, a pornografia, que configuram a incontinência de conduta.” Para Amauri Mascaro Nascimento “[...] a incontinência de conduta é um comportamento irregular incompatível com a moral sexual dentro do ambiente laboral [...]”. ex. empregado que faz assédio sexual com outra empregado; assiste pornografia no serviço. b.1) Mau procedimento: são todas as demais condutas que ferem a moral ética. De acordo com Amauri Mascaro Nascimento (1998, p. 422): “[...] É o comportamento irregular do empregado, incompatível com as normas exigidas pelo senso comum do homem médio [...]” c) Negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço . d) Condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena (importante lembrar que não é o cometimento do crime que dá a justa causa, mas sim o trânsito julgado + cumprimento de pena). e) Desídia no desempenho das respectivas funções: Desídia é a falta de diligência do empregado em relação ao emprego. Incluem-se nesse conceito, para caracterizá-lo, a negligência, imprudência e imperícia. A negligência consiste na falta de atenção ou cuidado. O empregado não age com o cuidado que é exigido em determinada situação. Já a imprudência uma atitude imprudente é de uma pessoa que mesmo tendo conhecimento do risco da atividade, acredita que praticá-la não acarretará prejuízo a ninguém. Por fim, a imperícia ocorre quando não existe o domínio de uma técnica por alguém que teria que tê-la decorrente de sua profissão e formação. Desídia é falta culposa, e não dolosa, ligada à negligência; costuma se caracterizar pela prática ou omissão de vários atos (comparecimento impontual, ausências, produção imperfeita). f) Embriaguez habitual ou em serviço: A embriaguez habitual é aquela que ocorre fora do serviço e somente poderá ser utilizada como motivo para justa causa do empregado caso transpareça em seu ambiente de trabalho. Mas existem posicionamentos mais atuais que defendem a inexistência da embriaguez habitual, sendo letra morta na CLT, por isso não tem como consequência a justa causa e sim o afastamento pelo INSS do empregado, pois o Ministério da Saúde entende ser causa de doença. A embriaguez em serviço para que configure justa causa é suficiente que o empregado apresente-se alcoolizado uma única vez no local de trabalho para configurar justa causa. g) Violação de segredo da empresa; h) Ato de indisciplina ou de insubordinação: as duas tem um sentido bem próximo que é o da desobediência; Segundo Amauri Mascaro Nascimento: “Indisciplina é o descumprimento de ordens gerais de serviço. Portanto, é a desobediência às determinações contidas em circulares, portarias, instruções gerais da empresa, escritas ou verbais. Ex.: Recusar-se à revista obrigatória na saída do expediente.” A insubordinação consubstancia-se quando o empregado revela-se contra uma ordem geral do empregador. Ocorre quando o empregador confere uma ordem ao empregado de forma direta e o empregado não a segue. i) Abandono de emprego: necessita de dois requisitos: - ordem subjetiva: consiste na intenção do empregado; precisa descobrir se o empregado quer voltar a trabalhar ou não; - ordem objetiva: consiste no afastamento do ofendido; a partir dos dias do afastamento do empregado da empresa liga a alerta do empregador (será que aconteceu algo?). j) Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa¹, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; ¹colega de trabalho, cliente... k) Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; l) Prática Constante de jogos de azar: deve dar prejuízo a empresa e ocorrer dentro do ambiente do trabalho para configurar justa causa; m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado; ex. suspensão ou perda da OAB, CRM ou habilitação em caso de motorista; n) Atos atentatórios à segurança nacional: A hipótese de justa causa se o empregado praticar atos atentatórios contra à segurança nacional está prevista no parágrafo único do art. 482 da CLT. Outras justas causas: Art. 158 - Cabe aos empregados: I - observar as normas de segurança e medicina do trabalho, inclusive as instruções de que trata o item II do artigo anterior; Il - colaborar com a empresa na aplicação dos dispositivos deste Capítulo. Parágrafo único - Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada: a) à observância das instruções expedidas pelo empregador na forma do item II do artigo anterior; b) ao uso dos equipamentos de proteção individual fornecidos pela empresa. v 9.4 Rescisão indireta A rescisão indireta é uma modalidade de extinção de contrato de trabalho usada pelo empregado quando ocorre a justa causa do empregador, ou seja, quando o empregador pratica um ato faltoso, de forma significativa a prejudicar a continuidade da relação de emprego. 9.4.1 Figuras da rescisão indireta Art. 483 - O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando: a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos¹ por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato; ¹proibidos por lei b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo; c) correr perigo manifesto de mal considerável; ex. empregador não entregar os epi’s. d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato; Essas obrigações contratuais, se estendem, além do convencionado pelas partes no contrato individual de trabalho, englobando as cláusulas contratuais previstas na lei e em normas coletivas, como sentenças normativas, convenções e acordos coletivos. e) praticar o empregador ou seus prepostos¹, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama; ¹quem representa o empregador; f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários. Ou seja, o empregador diminui as suas tarefas para que o seu salário também diminua, já que ele depende do fluxo de trabalho. Art. 474 - A suspensãodo empregado por mais de 30 (trinta) dias consecutivos importa na rescisão injusta do contrato de trabalho. 9.5 Culpa recíproca Art. 484 - Havendo culpa recíproca no ato que determinou a rescisão do contrato de trabalho, o tribunal de trabalho reduzirá a indenização à que seria devida em caso de culpa exclusiva do empregador, por metade. Súmula 14, TST - CULPA RECÍPROCA (nova redação) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. Reconhecida a culpa recíproca na rescisão do contrato de trabalho (art. 484 da CLT), o empregado tem direito a 50% (cinquenta por cento) do valor do aviso prévio, do décimo terceiro salário e das férias proporcionais. Desta forma, o empregado fara jus: a) à indenização de 20 % do FGTS; b) ao saque do FGTS; c) às férias vencidas, se houver; d) ao saldo de salário proporcionais; e) metade das férias proporcionais; f) metade do décimo terceiro salário; g) metade do aviso prévio; Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre empregado e empregador, caso em que serão devidas as seguintes verbas trabalhistas: I - por metade: a) o aviso prévio, se indenizado; e b) a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, prevista no § 1o do art. 18 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990; II - na integralidade, as demais verbas trabalhistas. § 1º - A extinção do contrato prevista no caput deste artigo permite a movimentação da conta vinculada do trabalhador no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço na forma do inciso I-A do art. 20 da Lei no 8.036, de 11 de maio de 1990, limitada até 80% (oitenta por cento) do valor dos depósitos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8036consol.htm#art18 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8036consol.htm#art18
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