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Teoria e História da Arte e do Design Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Christian David Rizzato Petrini Revisão Textual: Prof.ª Me. Natalia Conti Arte e Design • Introdução; • Conceituação: Arte x Design; • Definição de Arte e História da Arte; • Estudo da Estética. • Estudar a relação de proximidade que a Arte e a História da Arte têm com o Design; • Apresentar conteúdo teórico sobre como a Arte e a Estética infl uenciam nesta relação; • Mostrar como os movimentos artísticos oferecem fundamentação para a atuação do designer contemporâneo. OBJETIVOS DE APRENDIZADO Arte e Design Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Arte e Design Introdução Seja muito bem-vindo(a) à nossa disciplina Teoria e História da Arte e do Design! Espero que este conteúdo seja muito útil para a sua formação e seu desen- volvimento profissional. Antes de iniciarmos nossa viagem, passando por movimentos artísticos, por artistas, por técnicas empregadas, por motivações e razões históricas que levaram ao surgimento desses movimentos, é necessário entender o porquê a Arte ser im- portante para o Design e vice-versa. O Design, com esse nome e definição, surgiu após a Revolução Industrial, po- rém, seria no mínimo menosprezo considerar que o Design começou “apenas” a partir de 1820, uma vez que outros períodos da História da humanidade fornece- ram influências e referências para o que conhecemos hoje como Design. Portanto, a Arte e o Design sempre caminharam lado a lado. Estudar a História da Arte nos ajuda a entender a História do Design. Veremos que diversos movimentos que podem ser considerados “próprios” do Design estão intimamente relacionados com a Arte, só aconteceram porque o homem passou por outros movimentos artís- ticos e momentos históricos e, na sua essência, são também movimentos artísticos. Sem falar que, saber mais sobre a História da Arte, além de aprendizado, repre- senta um enriquecimento nas referências e fundamentações de qualquer designer, contribuindo na criação e na realização de trabalhos. Em muitos casos, a atuação profissional e os trabalhos desenvolvidos por você estão sujeitos à aprovação de uma pessoa. Seja o indivíduo que solicitou o trabalho diretamente a você, o cliente, ou mesmo um profissional de cargo superior em algum estúdio, agência ou empresa em que você esteja atuando, assim, você terá embasamento para justificar suas escolhas através de referências sólidas. Importante! Elimine qualquer barreira que você possa ter entre Arte e Design. Procure entender que tudo o que você aprender aqui será importante para a sua formação pessoal e profissio- nal. Tudo o que aprendemos serve para nosso conteúdo intelectual e para o desenvolvi- mento da sua carreira! Importante! Conceituação: Arte x Design Tudo o que mencionamos até aqui sobre a relação entre Arte e Design já seria importante para percebemos como ambos são importantes e estão relacionados, porém, para reforçarmos ainda mais a proximidades entre essas duas áreas, come- çaremos respondendo a seguinte pergunta: o que é Design? 8 9 Design é o esforço criativo relacionado à configuração, concepção, elaboração e definição de algo, como um objeto, uma imagem, entre outros, voltados a uma determinada função. Uma maneira simples de entender o que é Design, é pensarmos em tudo o que é visualmente agradável e funcionalmente eficaz. Tudo o que tem estes dois quesitos buscando facilitar a vida das pessoas ou mesmo tornar uma mensagem interpretável de uma maneira mais eficaz e interessante. É a solução prévia de um problema com base em um projeto. De acordo com o designer e teórico alemão Gui Bonsiepe (1997), o Design consiste no domínio no qual se estrutura a interação entre usuário e produto, para facilitar ações efetivas. Design vem do latim disegnare, que traduz desenhar, portanto, um projeto é um desenho de alguma ideia. Um desenho que pode começar amador e vazio, mas que, num segundo momento, respeita algumas coerências geométricas para se sustentar. Assim como o nome que deriva do latim, o Design nasceu na Itália, principalmente relacionado com produtos. O Design pode ser visto em utensílios, vestimentas, máquinas, ambientes, sites, interfaces de programas etc. Portanto, começa na parte funcional, do conteúdo, da embalagem, etc., até o visual daquele produto, sua representação gráfica. O concei- to do Design foi aplicado em diferentes áreas, sempre pensando no ponto de vista da funcionalidade x beleza: • Design de Produto: Design de Embalagem, Design Automobilístico, etc.; • Design Gráfico: Design Tipográfico, Design Editorial, Design de Jogos, WebDesign, etc.; • Design de Moda: Design de Joias, etc.; • Design de Ambientes: Design de Interiores, Design de Iluminação, etc.; • Entre outros. Aqui, já conseguimos relacionar o Design com a História da Arte. As pinturas rupestres nas cavernas podem ser consideradas uma forma primitiva de Design, uma vez que elas têm um cunho utilitário, ou seja, transmitiam para outros uma informação necessária, usando a técnica mais adequada possível para que essa imagem fosse mais identificável. Para reforçar ainda mais essa relação, somente como exemplo, o termo “Grá- fico”, presente no nome Design Gráfico, deve ser entendido, de maneira es- sencial e universal como uma representação pictórica ou um registro visual, e não como um significado relacionado apenas à técnica de impressão (LAS-CASAS, 2006). Portanto, por conceituação, o próprio Design Gráfico, já se relaciona com as Artes Visuais. As próprias pinturas rupestres pré-históricas são consideradas uma forma de Arte, a Arte Rupestre. Contudo, isso não chega a ser uma unanimidade. Muitos pesquisadores não consideram as pinturas rupestres como uma forma de Arte, assim como designers 9 UNIDADE Arte e Design não acreditam que o Design se aproxime da Arte. O próprio Bonsiepe, por exem- plo, tem uma opinião um tanto quanto controversa sobre esse assunto. Para ele: Design não é e nem será Arte. Não há justificação para uma interpre- tação do Design como uma atividade artística, supostamente intuitiva. A Arte, através dos seus arquétipos há muito hegemónicos (pintura, es- cultura,desenho etc.), não é a única possibilidade da experiência estética. O mundo do Design está ligado ao da estética, mas não necessariamente ao da Arte. (BONSIEPE, 1982 apud RIBEIRO, 2014, p. 48) Importante! Na própria citação, Bonsiepe menciona que: “O mundo do Design está ligado ao da esté- tica, mas não necessariamente ao da Arte”. Podemos dizer que essa opinião do autor é controversa, pois a própria estética está relacionada à Arte desde os tempos mais remo- tos. Diversos pensadores usaram a Arte para falar do conceito de estética, como veremos mais adiante. Trocando ideias... Concluindo, apesar de termos autores que discordam da relação entre Arte e Design, existem outros muitos autores, artistas e designers que consideram que o Design está muito próximo da Arte, se influenciam. Como exemplo, os autores Rita Ribeiro e Camilo Belchior publicaram um livro intitulado “Design & Arte: entre os limites e as interseções”, no qual apresentam diversos exemplos e opiniões dessa proximidade. Como vimos, as primeiras manifestações visuais do homem na Terra já podem ser consideradas trabalhos de Design, tanto pela estética como pela técnica e, principalmente, pela função que tinham. Mas isso é um assunto que falaremos mais adiante no curso. Falando de Arte como um todo… Definição de Arte e História da Arte Mesmo sem que saibamos ou não percebamos, estamos cercados por Arte, não necessariamente que estamos rodeados de quadros por todos os lados como quando vamos a um museu, mas a Arte está presente em nossa vida. Monumentos ou mesmo prédios nas ruas têm influência de movimentos artísticos. Mas fica uma pergunta: o que é Arte? Arte é a atividade humana ligada a manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir de percepção, emoções e ideias. Tem o objetivo de estimular um interesse de consciência em um ou mais espectadores, e cada obra de Arte possui um significado único e diferente. Como vimos, a Arte é a manifestação de uma per- cepção, emoção e ideia por parte de um artista. Percepção, pois o artista percebe o mundo que o cerca. Emoção, pois esse mundo que o cerca desperta nele algum tipo de sentimento. Ideia, pois faz parte da intenção do artista transmitir alguma mensagem. Assim como um designer quando desenvolve um trabalho! 10 11 E também como vimos, uma obra de Arte tem o objetivo de despertar interesse e diálogo com um espectador. Uma pessoa pode ter uma reação diante de uma obra de Arte diferente de outra. A Arte reage ao indivíduo de maneira individual. Mas uma obra exposta em um local público pode influenciar a percepção de uma pessoa com base na experiência que ela teve ao ter contato com a obra. Pode-se definir qual a intenção do artista, mas não existe uma regra exata para descrever qual o resultado que a sua obra vai gerar. Depende do conteúdo de cada espectador e da situação em que o espectador teve acesso à obra de Arte. O re- sultado da Arte depende da cultura de cada povo, dos valores, dos anseios e da subjetividade humana e o resultado pode ser individual ou coletivo. Um designer quando realiza um trabalho também deve pensar em diversos fatores como a cultura e os hábitos das pessoas que irão receber aquele trabalho. Se as escolhas do designer não estiverem de acordo com a cultura e os hábitos do espectador, o produto desenvolvido pelo designer pode não ser efetivo! Ex pl or Mencionamos anteriormente que as pinturas rupestres, as primeiras manifesta- ções visuais do homem na Terra, recebem o nome de Arte Rupestre, além de já poderem ser consideradas trabalhos de Design, tanto pela estética como pela téc- nica e, principalmente, pela função que tinham. A técnica é outro fator importante para nós que também se relaciona com a Arte. Arte é um termo que vem do latim “ars”. Para nos ajudar a traduzir essa palavra, podemos buscar a sua equivalente em grego, “tékne”. Ambas as palavras podem ser traduzidas como técnica, ou seja, os meios para se criar, fabricar ou produzir algo, uma vez que para os gregos, por exemplo, havia a Arte de fazer esculturas e pinturas ou mesmo a Arte de fazer sapatos ou navios, ou seja, o domínio das ferra- mentas e das linguagens para nos auxiliar a realizar um trabalho. Daí se reforça a tradução de Arte que vimos como a técnica ou habilidade de se produzir algo. Mais uma vez, exatamente como um designer, quando domina os softwares grá- ficos necessários e tem conhecimento técnico para desenvolver um projeto. A Arte é um reflexo do ser humano e muitas vezes representa a sua condição social e essência de ser pensante. Tanto para quem produz, quanto para quem recebe, a Arte se apresenta através de diversas formas como: plástica, música, escultura, cinema, teatro, dança, arquitetura, etc. Tanto que pensadores e autores decidiram organizar as diferentes formas de Arte em uma lista numerada muito co- mum nos dias de hoje. Uma lista que não representa necessariamente uma ordem cronológica ou de importância, mas que sofreu a inclusão de outras formas de Arte que surgiram com a evolução da sociedade: • 1ª Arte: Música; • 2ª Arte: Dança/Coreografia; • 3ª Arte: Pintura; • 4ª Arte: Escultura/Arquitetura; 11 UNIDADE Arte e Design • 5ª Arte: Teatro; • 6ª Arte: Literatura; • 7ª Arte: Cinema; • 8ª Arte: Fotografia; • 9ª Arte: Histórias em Quadrinhos; • 10ª Arte: Jogos de Computador e de Vídeo; • 11ª Arte: Arte Digital. É dessa lista que surgiu o termo “A Sétima Arte” como sinônimo do Cinema. A Arte também se manifesta em grupos, ou seja, formas de Arte que se asseme- lham e são definidas dentro de áreas mais amplas, por exemplo: • Artes Plásticas: conjunto de arquitetura, escultura, artes gráficas e artesanato artístico; • Artes Cênicas: teatro; • Artes Visuais: representação do real ou do imaginário que tem a visão como principal forma de avaliação e apreensão. Escultura e Artes Gráficas são duas das quatro formas de Artes Plásticas. Será mesmo que o Design de Produto, que trabalha com modelagem, e o Design Gráfico, que utiliza elementos gráficos em sua elaboração não se relacionam com a Arte? Ex pl or Em relação às definições apresentadas anteriormente, é interessante assimilar que nem toda forma de Arte Plástica ou Cênica é uma forma de Arte Visual. Isso ocorre porque a Arte visual depende exclusivamente do sentido da visão para ser apreendi- da, ou seja, é necessário que se visualize a obra de Arte. O teatro, por exemplo, pode ser frequentado por uma pessoa com deficiência visual, que não necessariamente vê a peça de teatro, porém, ainda assim, é uma forma de Arte, a Arte Cênica. Isso se relaciona com a experiência de uma pessoa ao ter contato com uma obra de Arte, como dissemos anteriormente. Uma obra de Arte exposta em um local com iluminação ruim ou de difícil acesso, por exemplo, influencia na forma como cada pessoa vai reagir àquela obra. Assim como a reação das pessoas ao re- dor. Portanto, vemos que o conceito de experiência do usuário (user experience), muito comum no Design atual, já é estudado e aplicado à Arte há muito tempo. Com base em tudo o que vimos até aqui, podemos definir que a História da Arte é a ciência que estuda os movimentos artísticos, as modificações na valorização estética, as obras de Arte e os artistas. Este estudo é feito de acordo com a vertente social, política e religiosa da época que é estudada. Várias outras ciências servem de auxílio para a História da Arte, como a numismática, paleografia, história, ar- queologia, etc. Com a História da Arte é possível aprender um pouco sobre o ser humano através a evolução das diversas expressões e manifestações artísticas. 12 13 Contudo, vimos algumas vezes até aqui, a palavra estética ligada à Arte. A Arte está ligada à estética, porque é considerada uma intenção ou ato pelo qual, traba- lhando um material físico, uma imagem ou um som, o homem cria beleza ao se esforçar por dar expressão ao mundo material ou imaterial que o inspira, ou seja, é a tentativa do homem reproduzir algo queconsidere belo, manipulando materiais através das técnicas que tem. Os conceitos de beleza e belo se relacionam com a estética, que veremos a seguir. Estudo da Estética A própria Filosofia sempre tentou estudar a Arte de diferentes maneiras. A Arte já foi definida como intuição, expressão, projeção, sublimação, evasão, etc. Por exemplo: Aristóteles definiu a Arte como uma imitação da realidade; já Bergson ou Proust a veem como a exacerbação da condição atípica inerente à realidade; enquanto Kant considera que a Arte é uma manifestação que produz uma “satis- fação desinteressada”. São definições diferentes, porém, elas se assemelham ao relacionar a Arte à estética. Como vimos anteriormente, a estética é a tentativa do homem em reprodu- zir o que é belo, contudo, não é “apenas” isso, não é tão simples assim definir a estética, pois ela é completamente subjetiva. Estética vem do grego “aisthetiké”, que significa conhecimento sensorial, expe- riência sensível, sensibilidade. Portanto, refere-se a tudo aquilo que pode ser per- cebido pelos sentidos, não somente da visão como vimos em Arte visual, mas por todos os sentidos. Essa, inclusive, foi a definição de estética de Kant como o estudo das condições da percepção pelos sentidos. Até então, a estética era relacionada somente ao quê uma experiência sensorial causa no homem, sem nenhuma relação com a Arte. Foi Alexander Baumgarten quem utilizou o termo estética pela primei- ra vez no sentido de teoria do belo e das suas manifestações através da Arte. Não necessariamente sobre uma obra de Arte ser bela ou não, mas sobre o efeito que ela causa em um expectador. Se uma obra de Arte é agradável ou não, de acordo com a cultura e os valores de cada um. Tentar definir com exatidão o conceito de beleza é uma das maiores discussões da filosofia. Alguns pensadores se dedicaram à investigação do que é a beleza e houve uma divisão nos pensamentos quanto a essa questão. Para uns, a beleza é algo que está objetivamente nas coisas. Para outros, a beleza é apenas um juízo subjetivo, pessoal e intransferível a respeito das coisas. Para os filósofos idealistas, a beleza é algo que existe em si mesma, por exem- plo, para Platão a beleza seria uma forma ideal que subsistiria por si mesma, como um modelo, no mundo das ideias. Para os filósofos materialistas-empiristas (como Hume), a beleza não está propriamente nos objetos, mas depende do gosto de cada um, da maneira como cada pessoa vê e valoriza o objeto. Esta última definição dos 13 UNIDADE Arte e Design filósofos materialistas-empiristas é mais aceita atualmente. A beleza é um estado de espírito, é uma reação causada no ser humano e, novamente, pode ser individual (o que é belo para um, pode não ser para o outro) ou coletiva (depende da experiência que o espectador terá em conjunto com outras pessoas). A beleza depende de uma série de julgamentos feitos pelo ser humano em uma fração de segundos, são eles: • Juízo de Fato: dizer o que são as coisas; • Juízo de Valor: julgar se determinada coisa é boa, ruim, agradável, bonita, feia, etc.; • Juízo Moral: se algo faz bem ou mal de acordo com valores; • Juízo Estético: julgamos se algum objeto, algum acontecimento, alguma pes- soa ou algum outro ser é belo de acordo com nossos gostos. O pensador Hegel, por sua vez, deu uma interessante contribuição em relação ao estudo da estética, quando interpretou a questão da beleza sob uma perspectiva histórica. Para ele, o relativo consenso acerca de quais são as coisas belas mostra apenas que o entendimento do que é belo depende do momento histórico e do desenvolvimento cultural. Esses dois fatores determinariam uma visão de mundo, a partir da qual algumas coisas seriam consideradas belas e outras não. Isso explica o fato de movimentos artísticos ou obras de Arte serem bem aceitos apenas muitos anos depois de quando foram originalmente desenvolvidos. O mun- do muda e o momento em que vivemos nos permite ver de maneira mais agradável um movimento artístico ou uma obra de Arte do que antes. Para Hegel, a beleza artística não diz respeito apenas à sensação de prazer que determinada obra possa proporcionar, mas à capacidade que ela tem de sintetizar um dado conteúdo cultural de um momento histórico. A Arte não é apenas fruição, mas tem como função mostrar, de modo sensível, a evolução espiritual dos homens ao longo da história. Essa discussão sobre o belo na sociedade levou a algumas convenções universais que não necessariamente representam uma verdade absoluta, mas se relacionam com a ideia dos valores que comentamos anteriormente. A primeira delas é a con- venção de que “o que é belo é bom”. Muitas especulações tomaram o rumo de associar o belo ao bom, entrelaçando os campos filosóficos da estética e da ética. Sócrates e Platão já diziam que o que é bom é belo, e o que é belo é bom. A se- gunda convenção criada relaciona o belo à educação, ou seja, a educação estética. Também se verifica um entrelaçamento entre estética e ética quando se constata que o belo pode despertar o bom no indivíduo e que por isso, deve fazer parte de sua educação. E por fim, a beleza também está muito associada à cultura de massa e é explorada pelo marketing. De acordo com Adorno, a Arte e os bens culturais estão submetidos aos interesses do mercado e, dessa forma, não passam de negó- cios, como qualquer outro produto. A indústria de lazer e divertimento investe em determinados produtos culturais que agradam às massas de forma imediata. 14 15 A estética, como vimos, pretende alcançar um tipo específico de conhecimento: aquele que é captado pelos sentidos. De uma forma geral, belo é algo que nos agra- da, que nos satisfaz os sentidos, que nos proporciona prazer sensível e espiritual. Por todos esses motivos que citamos, podemos dizer que a beleza é subjetiva. O que é belo para alguns pode não ser para outros. Tudo depende da cultura, dos valores e dos hábitos de cada indivíduo ou do grupo ou momento em que esse indi- víduo está inserido. Por exemplo, no Brasil, um país ocidental, um movimento ar- tístico ou uma obra de Arte pode ser mais bem aceita, ou mais bela, que no Japão, um país oriental, com uma cultura diferente. É nesse sentido que a estética se relaciona com a Arte, pois esta tende a prender o espectador também pelos sentidos e na experiência ao ver uma obra. A estética parte da experiência sensorial, da sensação, da percepção sensível, para chegar a um resultado que não apresenta a mesma clareza e distinção da lógica e da mate- mática. Seu principal objeto de investigação é o fenômeno artístico que se traduz na obra de Arte ou numa peça de comunicação. Portanto, a estética (a representa- ção subjetiva do belo) é uma sensação causada no espectador, pode estar presente em qualquer tipo de Arte (ou qualquer coisa). O escritor Ferreira Gullar disse que: “a Arte existe porque a vida não basta”. O importante, é que a Arte e a estética sempre estimularam o debate e estimula- ram, por consequência, a própria Arte e estética. Como dissemos anteriormente, estamos cercados por Arte diariamente, não apenas nas obras de Arte presentes pela cidade ou nos museus. No Design tam- bém. Os movimentos artísticos são referência para quem trabalha com Design, em qualquer segmento, assim como você pode conferir em alguns itens descritos no Material Complementar. Aproveito a oportunidade para reforçar a necessidade de você estar sempre atento para o que está ao seu redor e assim como apresen- tamos aqui, estar aberto a diferentes pontos de vista. Isso será importante para a sua formação de repertório e para os seus trabalhos. É muito comum pensar que o Design surgiu “recentemente”, porém, assim como vimos, o conceito de Design está implícito desde as pinturas rupestres, portanto, o Design e a História da Arte estão intimamente relacionados desde o início. O início é a Pré-História, tema que abre nossa próxima unidade! Assista à videoaula desta unidade. Lá, são mostrados exemplosque irão complementar seus estudos e seus conhecimentos!Ex pl or 15 UNIDADE Arte e Design Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros A história da arte GOMBRICH, E. H. A história da arte. Tradução: Álvaro Cabral – Rio de Janeiro: LTC, 2008. Vídeos PIXO Preview do documentário Pixo que aborda o conceito sobre Arte e Estética. https://youtu.be/TtlRZdLGi3I Arte Cubista Vídeo intitulado Arte Cubista, do grupo de humor Porta dos Fundos, com referência sobre arte abstrata e também sobre o conceito de Arte e Estética. https://youtu.be/kxethi3ufcM Alkaline Trio – "I Wanna Be A Warhol" Videoclipe da música I Wanna Be A Warhol, da banda Alkaline Trio, com diversas referências do artista Andy Warhol, importante nome da Pop Art. https://youtu.be/7trRQX0XP9k 16 17 Referências BONSIEPE, G. Design: do material ao digital. Trad. Cláudio Dutra. Florianópolis: FIESC/IEL, 1997. LAS-CASAS, L. F. CineDesign: typography and graphics Design in motion pic- tures – the AMPAS awards 1927 to 2004 – best pictures. Doctor of Philosophy in The Steinhardt School of Education. Art Education Program. New York: New York University, 2006. PETRINI, C. D. R. Legenda Cinética: tipografia em movimento e traduções nar- rativas. São Paulo: Gênio Criador, 2018. RIBEIRO, R. A. C. Design & Arte: entre os limites e as interseções / Rita A. C. Ribeiro & Camilo Belchior; assistente de pesquisa Pamilla Vilas Boas; coordenação gráfica Clãudio Valentin. 1. Ed. Contagem, MG: Ed. do Autor, 2014. 17
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