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1 Disciplina: Comunicação e Clima Organizacional Autores: M.e Fernanda Renata Lourenço Almeida Mendonça Revisão de Conteúdos: Esp. Murillo Hochuli Castex Designer Instrucional: Esp. Murillo Hochuli Castex Revisão Ortográfica: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm Ano: 2020 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade UNINA. O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Fernanda Renata Lourenço Almeida Mendonça Comunicação e clima organizacional 1ª Edição 2020 Curitiba, PR Faculdade UNINA 3 Faculdade UNINA Rua Cláudio Chatagnier, 112 Curitiba – Paraná – 82520-590 Fone: (41) 3123-9000 Coordenador Técnico Editorial Marcelo Alvino da Silva Conselho Editorial D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu / D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros / D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia Revisão de Conteúdos Murillo Hochuli Castex Designer Instrucional Murillo Hochuli Castex Revisão Ortográfica Alexandre Kramer Morgenterm Desenvolvimento Iconográfico Juliana Emy Akiyoshi Eleutério FICHA CATALOGRÁFICA MENDONÇA, Fernanda Renata Lourenço Almeida. Comunicação e clima organizacional / Fernanda Renata Lourenço Almeida Mendonça. – Curitiba: Faculdade UNINA, 2020. 70 p. ISBN: 978-65-86092-66-0 1.Clima organizacional. 2. Comunicação. 3. Psicologia. Material didático da disciplina de Comunicação e Clima Organizacional – Faculdade UNINA, 2020. Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade UNINA 5 Sumário Prefácio ................................................................................................................. 06 Aula 1 – Relação entre cultura e clima organizacional ........................................... 07 Apresentação da aula 1 ......................................................................................... 07 1.1 Conceitos de cultura e clima organizacional ............................................. 07 1.2 Relação entre cultura e clima organizacional ............................................ 13 1.3 Formas de manifestação de clima organizacional ..................................... 15 Conclusão da aula 1 .............................................................................................. 16 Aula 2 – Clima organizacional ................................................................................ 17 Apresentação da aula 2 ......................................................................................... 17 2.1 Impacto sobre as pessoas ........................................................................ 17 2.2 Redução do quadro de pessoal ................................................................ 22 2.3 Terceirização ............................................................................................ 26 Conclusão da aula 2 .............................................................................................. 28 Aula 3 – Estratégias de avaliação e acompanhamento de clima organizacional 28 Apresentação da aula 3 ......................................................................................... 28 3.1 Pesquisa de clima organizacional ............................................................. 29 3.2 Entrevistas de desligamento ..................................................................... 40 Conclusão da aula 3 .............................................................................................. 45 Aula 4 – Comunicação ........................................................................................... 46 Apresentação da aula 4 ......................................................................................... 46 4.1 Conceito, história e tipos de comunicação ................................................ 46 4.1.1 Comunicação verbal e não verbal .......................................................... 54 4.2 Instrumentos de comunicação .................................................................. 59 4.3 Comunicação empresarial ........................................................................ 61 4.4 Técnicas de comunicação ........................................................................ 63 4.5 Sistemas de comunicação ........................................................................ 64 Conclusão da aula 4 .............................................................................................. 65 Índice remissivo ..................................................................................................... 67 Referências ........................................................................................................... 69 6 Prefácio Olá, estudante, seja bem-vindo(a) à disciplina de Comunicação e Clima Organizacional, nela você irá compreender a relação entre estes dois temas e como a comunicação impacta no clima organizacional e na disseminação da cultura. Na primeira aula vamos entender o conceito de clima organizacional, o impacto que ele exerce sobre as pessoas e os atores no ambiente de trabalho, independentemente do tipo de organização, como a redução do quadro de pessoal e a terceirização que contribuem para a melhoria ou não do clima na empresa. Na segunda aula iremos abordar os aspectos conceituais de clima e cultura, a relação existente entre eles e as formas de manifestação do clima organizacional nas empresas, contribuindo para o diagnóstico dele. Na aula 3 iremos compreender estratégias de avaliação e acompanhamento de clima organizacional, abordando a pesquisa de clima e as entrevistas de desligamento. Por fim, na quarta aula vamos nos aprofundar na comunicação, desde seu aspecto conceitual, sua história, instrumentos, técnicas, sistemas, tipos (comunicação verbal e não verbal) e sobre a comunicação empresarial. Em cada aula, vamos sugerir algumas atividades para ampliação da sua espiral do conhecimento! Utilize a Rota de Aprendizagem e o Mapa Conceitual para uma visão ampla da disciplina e orientação para seu processo de aprendizagem. As avaliações serão um recurso importante para que você possa acompanhar o seu desenvolvimento profissional, sendo elas distribuídas entre questionários, fórum de discussão, perguntas discursivase provas mistas, questões objetivas e dissertativas. Aproveite a leitura deste material, as sugestões de filmes, músicas, livros e artigos que certamente acrescentarão em sua trajetória. 7 Aula 1 – Relação entre cultura e clima organizacional Apresentação da aula 1 Olá, estudante! Seja bem-vindo(a) à primeira aula da disciplina Comunicação e Clima Organizacional. Você certamente se comunica diariamente com várias pessoas e por diferentes meios, notando que seu estilo muda conforme as pessoas e ambiente no qual você está inserido. Também já deve ter entrado em um ambiente (de trabalho ou não) e notado que o clima está tenso ou diferente. Nesta aula vamos refletir sobre a relação entre clima e cultura organizacional, de que forma essa relação contribui ou não para a eficácia do desempenho organizacional. Então, vamos ler e aprender mais sobre estes temas. 1.1 Conceitos de cultura e clima organizacional A palavra cultura é utilizada em diferentes contextos, em cada um com seu significado. Mas, você sabe a origem epistemológica da palavra cultura? Qual seu primeiro significado? O dicionário epistemológico informa que a palavra cultura tem origem no latim culturae e significa “ação de tratar, cultivar (plantas e animais) ou cultivar a mente e os conhecimentos”. Portanto, a palavra cultura pode ser utilizada para designar a cultura de abelhas, a cultura de plantas, a cultura de um país ou povo, assim como a cultura de uma pessoa, no que tange a seus valores, crenças e conhecimentos. O termo cultura, no sentido antropológico, foi definido por Tylor (1958, p. 1, tradução nossa) como [...] um conjunto complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes e qualquer outra capacidade e hábitos adquiridos pelo homem como um membro de uma sociedade (SILVA, MELLO & SOUZA, 2013, p. 129). Você já deve ter notado que assim como cada pessoa tem sua cultura e personalidade, o mesmo ocorre de forma similar com as organizações. Por mais que duas organizações sejam do mesmo ramo, por exemplo, duas lojas de 8 roupas infantis, cada uma terá sua própria forma de atendimento a seus públicos, sua forma de interação interna e externa, seus pontos fortes e vulneráveis, ou seja, sua própria identidade. As decisões tomadas por cada uma destas organizações recebem influência de um quadro de referências determinado pela sua cultura, assim como ela determina a condução das equipes, estilos de liderança e busca por resultados. Compreender o conceito e o impacto que a cultura organizacional exerce sobre as pessoas e empresas é de fundamental importância para os profissionais que optam por atuar neste universo. MARRAS (2009, p. 189) afirma que “toda organização possui uma cultura própria que a identifica e que forma o conjunto que realça os seus costumes – seu way of life (modo de vida) –, suas crenças e seus valores. ” Para o autor, a cultura contribui para a fixação da marca da empresa, bem como orienta os comportamentos das pessoas que nela trabalham. Desta forma, assim como os indivíduos se diferenciam pela sua cultura e personalidade, a empresa também se diferencia pela sua cultura e sintalidade. Vocabula rio Sintalidade: sinônimo de personalidade, exprime a personalidade grupal. A palavra cultura possui um ponto de vista subjetivo, no qual exprime o desenvolvimento cognitivo das pessoas (inteligência, conhecimento, memória, etc). A ponta oposta é representada pela ‘cultura objetiva’: aquela que os antropólogos usam para identificar a maneira de ser de cada um (crenças, valores, etc.) (MARRAS, 2009, p. 290). Considerando a complexidade dos valores e crenças pessoais, e, como eles impactam nas relações interpessoais no ambiente de trabalho, torna-se um grande desafio ao profissional de RH atuar como um analista organizacional, um 9 cientista disposto a compreender a grande variedade conceitual e prática da cultura organizacional, bem como os cenários em mudança que a afetam. O conceito de cultura organizacional definido por Schein (1997), segundo MARRAS (2009, p. 290), se apresenta como a definição mais próxima da visão estratégica em Gestão de RH: Cultura organizacional é o modelo de pressupostos básicos que um grupo assimilou na medida em que resolveu os seus problemas de adaptação externa e integração interna e que, por ter sido suficientemente eficaz, foi considerado válido e repassado [ensinado] aos demais [novos] membros como a maneira correta de perceber, pensar e sentir em relação àqueles problemas [grifos do autor]. Por meio deste conceito, podemos afirmar que não há grupo de trabalho sem cultura, visto que cada pessoa inserida no grupo tem a sua própria cultura e quando elas são compartilhadas, e parte delas acabam sendo aceitas por todos, há uma aglutinação de valores e crenças que passam a ser do grupo, assim, surgindo a cultura do grupo, a cultura organizacional. Desta forma podemos afirmar que toda organização desenvolve sua própria cultura organizacional, sendo originalmente formada pela imposição dos valores e crenças de seus fundadores e principais líderes aos demais membros da empresa. Para Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 508 apud COSTA et al 2016, p. 3), o processo de criação da cultura se dá de três formas: pela contratação de pessoas que pensem da mesma forma que os fundadores da empresa; pelo processo de doutrina e socialização para aderência à cultura; ou ainda pelo estímulo à identificação e à internalização dos valores, convicções e premissas através do comportamento dos fundadores. Podemos ilustrar a ideia dos autores por meio dessa figura: Formação da Cultura Organizacional Fonte: adaptado de Robbins, Judge e Sobral (2010 in Costa et al, 2016). Filosofia dos fundadores da organização Critérios de Seleção Dirigentes Socialização Cultura Organizacional 10 A cultura organizacional é transmitida aos membros da organização por meio de rituais, histórias, símbolos, linguagens e imagens difundidas na organização por diferentes canais de comunicação. À medida que os valores e ideias vão sendo transmitidos e resolvem os problemas do dia a dia na organização, eles se consolidam e se cristalizam em valores e crenças constituintes da cultura organizacional. MARRAS (2009) considera que a cultura organizacional possui dois componentes: os valores e os ritos. Para o autor, os valores são “crenças e conceitos que moldam o contorno cultural de um grupo, estabelecendo padrões de comportamento, de avaliação e de imagem” e os ritos são “praticados com a finalidade de perpetuar, no dia-a-dia, os valores organizacionais e tornar a cultura mais coesa” (p. 291). Há quatro tipos de ritos, os quais estão explicitados no quadro a seguir: Tipo do Rito Definição Exemplos Passagem Celebrações em que se enfatiza a mudança de uma situação para outra. Formatura; casamento etc. Iniciação Identificam momentos de entrada em determinadas situações ou grupos. Apresentação de um recém- nascido à mãe; Apresentação de um novo funcionário aos departamentos da empresa; Admissão de um novo ‘irmão’ na maçonaria etc. Mitos São figuras imaginárias, geralmente oriundas da interpretação de fatos não concretos e que são utilizadas para reforçar crenças organizacionais com o intuito de manter certos valores históricos. “Nossa empresa é uma grande família”; são renovados constantemente pelos ritos. “Não mexam com o bode”, pois ele trouxe bons fluídos à empresa. Tabus No processo cultural têm a função de orientar comportamentos e atitudes, principalmente enfocando questões sobre proibição ou de coisas não bem-vistas ou não permitidas. Questões de raça, presença indesejada de mulheres, questões de religião etc. Fonte: elaborada pelaautora (2020). 11 Quando há valores pessoais dos funcionários e da empresa em comum, são denominados valores compartilhados. A importância desta convergência está na minimização de conflitos, principalmente de teor ético e moral, o que poderia afastar as pessoas da organização. LACOMBE (2005), baseado na definição de Schein para cultura organizacional, afirma que há três níveis em que as culturas atuam: artefatos visíveis, comportamentos e criações (primeiro nível); valores compartilhados, visíveis e conscientes (segundo nível) e premissas básicas (terceiro nível e inconsciente). A próxima imagem ilustra os níveis da cultura organizacional: Níveis da cultura organizacional Fonte: elaborado pela autora (2020). O nível visível, os artefatos, são mais fáceis de serem identificados, assim como modificados. Os valores compartilhados, em um primeiro momento, são visíveis e conscientes, estão relacionados ao desempenho na função, à capacidade de inovação, à lealdade, à hierarquia, à maneira de lidar com conflitos e problemas. Estes valores se manifestam na estrutura organizacional, na política, normas e mecanismos de autoridade. Quando são internalizados e automatizados tornam-se inconscientes. As premissas básicas estão 12 relacionadas à natureza humana, aos sentimentos, às relações humanas, aos pensamentos em relação ao trabalho, à organização e às pessoas, contudo, em um nível inconsciente, mas que influencia as interações e desempenho humano, consequentemente interfere na cultura organizacional. Os elementos superficiais da cultura organizacional ajudam os funcionários a interpretar eventos cotidianos na organização, sendo que eles são comunicados de uma pessoa para outra por diferentes meios, conforme demonstrado na figura a seguir: Elementos superficiais da cultura organizacional Fonte: WAGNER III e HOLLENBECK (2000, p. 368). O clima organizacional está relacionado com a cultura organizacional, sendo que reflete o grau de satisfação das pessoas com o ambiente interno da empresa, ou seja, como é percebida a qualidade do trabalho pelas pessoas da organização. Está relacionado com a motivação, a lealdade e a identificação com a empresa, a colaboração entre os funcionários, o interesse que a pessoa tem em seu trabalho, a comunicação interna, aos relacionamentos interpessoais, os sentimentos, as emoções, a integração na equipe de trabalho, entre outros fatores descritos por Likert (LACOMBE, 2005). No momento em que uma pessoa é admitida em uma organização, ela deixa de ser completamente livre em sua forma de se comportar, pois precisa aceitar os valores, as políticas e normas da empresa. Desta forma, quanto maior 13 o grau de congruência entre os valores pessoais e os da organização, maior será o ajustamento da pessoa, contribuindo para sua motivação e consequentemente para um bom clima organizacional. 1.2 Relação entre cultura e clima organizacional O trabalho tem um papel importante na vida das pessoas, sendo que em grande parte da vida passamos o tempo trabalhando nas organizações e / ou para as organizações. Desta forma, é fundamental construir ambientes de trabalho bons para as pessoas e para a saúde econômica das empresas. Nesta perspectiva, Chanlat (1996) afirma que: A organização pode ser definida como um local onde diferentes agentes contribuem com seus recursos para a produção de objetos e serviços. É também o lugar que cada indivíduo explora, adapta e habita, a fim de realizar seus próprios objetivos. A partir dos dados postos em evidência pela psicologia ambiental, toda organização pode ser analisada segundo o espaço que a estrutura (MUSSAK, 2010, p. 209). A análise desse espaço tem relevância para o sucesso das organizações contemporâneas, sendo possível por meio do estudo do clima organizacional. Ví deo Assista a este breve vídeo sobre a diferença entre cultura e clima organizacional: https://www.youtube.com/watch?v=Mtjt8jqxR_w Em um processo seletivo, o analista de Recursos Humanos terá como foco principal a identificação das competências dos candidatos que são compatíveis com a função em aberto, mas além disso, deve ter em mente a cultura organizacional, principalmente os artefatos. Deve ter o seu senso de observação e análise influenciado por algumas questões, tais como: ➢ Quais os valores pessoais deste candidato? ➢ Será que haverá conflito de sentimentos, princípios e atitudes em relação aos valores compartilhados em nossa empresa? 14 ➢ Como esta pessoa lida com os conflitos de interesse? Nem sempre o candidato com melhor qualificação profissional será aquele aprovado no processo seletivo, pois será melhor aprovar a pessoa que terá melhores condições de adaptação à cultura organizacional, minimizando assim sofrimento psíquico pessoal e organizacional. A cultura organizacional possui níveis visíveis e não visíveis, sendo o primeiro nível passível de controle por parte da empresa, visto que diz respeito aos artefatos como as políticas, normas, valores compartilhados, descrição de funções, arquitetura predial e organizacional, entre outros elementos. No segundo nível, menos visível, temos os valores compartilhados, representados pelas filosofias, estratégias e objetivos compartilhados por meio de manuais, estatutos e regulamentos. No nível não visível temos os sentimentos, valores pessoais, crenças, fantasias, percepção do trabalhador em relação ao trabalho, a si mesmo, à organização etc. O clima organizacional reflete a percepção positiva ou não do trabalhador em relação à cultura organizacional, afetando, portanto, nos resultados individuais, do grupo e da empresa. Relação entre a cultura e o clima organizacional Fonte: http://www.mcanizares.com.br/media/k2/items/cache/c889234799e865bbe90cee71f6c d2e53_L.jpg Há uma grande relação entre o clima e a cultura organizacional, assim é fundamental que o profissional de gestão de pessoas saiba que deverá ter uma posição de cientista e de investigador dos fatores pessoais que influenciam o terceiro nível da cultura organizacional. Esta postura investigativa se inicia no 15 processo seletivo, mas não termina com a admissão do candidato, pois faz-se necessário acompanhar e monitorar os elementos e fatores do clima organizacional para contribuir com o desempenho individual e empresarial eficaz. 1.3 Formas de manifestação de clima organizacional O clima organizacional se manifesta de várias maneiras, podendo ser percebido como bom ou ruim, conforme as percepções e comportamentos dos funcionários. Os fatores que afetam o clima organizacional podem ser agrupados em duas categorias: fatores externos e fatores internos, conforme demonstrado no quadro abaixo: Classificação dos fatores que afetam o clima organizacional Fatores Descrição Externos Ações sindicais, ações governamentais, recessão, inflação, problemas pessoais dos funcionários etc. Internos Política salarial, relações interpessoais, ambiente físico, estilos de liderança, comunicação, cultura etc. Fonte: elaborado pela autora (2020). MUSSAK (2010) assinala que é importante para a organização conhecer o que o funcionário pensa e sente sobre ela, pois se ele estiver satisfeito, certamente haverá uma tendência para que o produto ou o serviço realizado pelo indivíduo tenha qualidade, gerando satisfação no cliente. Entretanto, se o trabalhador estiver insatisfeito, provavelmente a qualidade do produto ou serviço estará comprometida, gerando insatisfação no cliente. A satisfação ou insatisfação do cliente final irá impactar no resultado financeiro da organização, ou seja, a empresa precisa se preocupar não apenas com o cliente final, mas também com seus clientes internos, os funcionários. O clima organizacional pode ser percebido no ar, nos comportamentos, expressõese atitudes dos funcionários, na forma como ele realiza ou negligencia sua atividade funcional. 16 Há os indicadores de gestão de pessoas como absenteísmo e rotatividade de pessoal, que quando estão elevados sinaliza insatisfação com a empresa, sendo necessário ações de pesquisa do clima organizacional. Os afastamentos do trabalho, seja por doença ou acidente de trabalho, também precisam ser investigados se existe uma relação entre eles e o clima organizacional insatisfatório. Vocabula rio Absenteísmo: é uma palavra com origem no latim, em que absens significa "estar fora, afastado ou ausente". O absenteísmo consiste no ato de se abster de alguma atividade ou função, caracteriza a falta no trabalho ou ausência no posto de trabalho. Rotatividade: representa o movimento de entradas (admissões) e saídas (demissões) em uma empresa. Nem toda organização possui o controle destes dois indicadores importantes e básicos em gestão de pessoas, embora os dados para o cálculo não são difíceis de serem obtidos. Assim, é importante que a organização tenha o controle estatístico dos indicadores e que complemente a análise de dados por meio de entrevistas de desligamento e de absenteísmo, visando identificar os fatores que elevam esses índices. Após a identificação dos fatores, é possível estabelecer ou não uma relação de causa e efeito entre eles e o clima organizacional. Saiba Mais Conheça mais sobre a relação entre cultura e clima organizacional por meio deste artigo: https://ahgora.com/blog/cultura-e-clima-organizacional/ 17 Conclusão da aula 1 Chegamos ao final da nossa primeira aula, na qual você aprendeu os conceitos de cultura e clima organizacional, os elementos e os níveis da cultura organizacional, bem como a relação existente entre a cultura e o clima. Aprendeu que a cultura organizacional é constituída de três níveis: artefatos, valores compartilhados e premissas básicas. Também aprendeu o quão importante é para o sucesso organizacional conhecer o clima existente na empresa. Atividade de Aprendizagem Elabore o iceberg da cultura organizacional da empresa em que você trabalha ou a última que atuou, identificando principalmente os valores compartilhados e os artefatos. Identifique os meios de comunicação utilizados pela sua empresa para a disseminação da cultura organizacional. Quais rituais, mitos ou heróis você identifica na sua empresa? Aula 2 – Clima organizacional Apresentação da aula 2 Olá aluno (a)! Nesta aula você irá apreender o impacto que o clima organizacional exerce sobre as pessoas, assim como a relação que a redução de quadro de pessoal e a terceirização têm com o clima, visto que elas são práticas frequentes em gestão de pessoas. Vamos lá? 2.1 Impacto sobre as pessoas As organizações, independentemente de seu porte e ramo de atividades, necessitam de pessoas para concretizarem suas metas organizacionais e sua missão, prestando serviços ou produzindo bens de consumo. Diante de um cenário cada vez mais competitivo e globalizado, torna-se fundamental ter uma 18 ou mais vantagem competitiva para que a organização possa se destacar no mercado, atraindo pessoas para lá trabalharem e para serem seus clientes e seus parceiros organizacionais. Os consumidores de serviços e produtos tendem a retornar para uma mesma organização quando suas necessidades são atendidas e principalmente quando se sentem valorizados e encantados com o atendimento recebido. Para que esta situação se torne frequente, as organizações estão conscientes de que seu principal ativo são as pessoas, sejam elas pertencentes a seu quadro de colaboradores, sua carteira de clientes, parceiros organizacionais ou comunidade. Por outro lado, os profissionais encontram na organização o espaço para atuarem, colocarem em prática suas competências e a aprendizagem continuada, que com esforço e dedicação depende sua subsistência, sucesso pessoal e profissional. O trabalho tem importância fundamental na vida do homem, ele se reflete em vários sentidos, social, moral, religioso, amoroso, físico, psicológico e está relacionado a um ofício, uma profissão, atividade, carreira, futuro, ele é a ponte para que o homem produza algo grandioso para sua vida (FLORES & SILVA, 2018, p. 48). Estabelece-se assim, uma relação comercial e profissional, que visa atender a objetivos mútuos, pessoais e organizacionais, embora nem sempre eles sejam os mesmos ou convergentes. De um lado, a organização reconhece e precisa dos profissionais engajados no atingimento das metas organizacionais, do outro lado, as pessoas reconhecem que dependem da organização para concretizarem seus sonhos e planos pessoais e profissionais. Não existem empresas sem pessoas, pois organizações são organismos vivos, que necessitam de sinergia, dinâmica, criatividade e racionalidade. Trata-se de um conditio sine qua non de mútua dependência com benefícios para ambas as partes, pois as pessoas tornaram-se o principal ativo das organizações, alinhadas as mudanças mercadológicas, humanísticas e organizacionais (FLORES & SILVA, 2018, p. 42). A cultura organizacional da empresa precisa se destacar como uma de suas vantagens competitivas para que dela decorra um clima organizacional 19 positivo e saudável, visto que assim, os resultados serão provavelmente melhores. O clima interno das organizações é um fator crítico de sucesso, pois apenas conhecendo a percepção coletiva e viabilizando ações para solucionar os pontos críticos e ampliar os pontos positivos é que a organização pode melhorar o ambiente, e consequentemente, os resultados (MUSSAK, 2010, p. 210). O clima organizacional está relacionado com os pontos críticos da empresa, tanto os fortes quanto os fracos, além de influenciar os índices de rotatividade, absenteísmo, produtividade e motivação. Se os colaboradores perceberem a cultura organizacional como positiva, compartilhando dos valores e crenças, tornam-se funcionários engajados e comprometidos com os resultados, nutrindo bons sentimentos em relação ao trabalho, aos colegas e às oportunidades desafiadoras. Neste panorama, a motivação é maior, com tendência a uma boa produtividade com qualidade e satisfação. A felicidade está presente no ambiente organizacional. Em contrapartida, se os funcionários não se sentem seguros com a realização de sua função, há um clima desagradável nas relações interpessoais, certamente haverá a tendência a trabalhar com menos esforço e empenho, com menos motivação e com insatisfação, podendo gerar baixo rendimento profissional, comprometendo os resultados em termos de quantidade e qualidade. A relação existente entre clima e cultura organizacional, é que ambos se complementam, mas, apresentam especificidades que determinam o status quo da organização. O clima organizacional é um fenômeno temporal, isto é, referência um dado momento da empresa caracterizado pelo estado de ânimo de seus funcionários, já a cultura é decorrência das práticas exercidas ao longo da história da empresa (BEGNAMI & ZORZO,2013, p. 42). É claro que os clientes irão perceber o clima organizacional, pois funcionários satisfeitos são mais atenciosos, olham nos olhos, não tecem comentários negativos sobre o produto ou a empresa, se empenham em encantar e surpreender o cliente. 20 Para Refletir Você já passou pela situação de entrar em uma loja e o atendente está tricotando ou teclando no celular, nem te olha ou pergunta em que pode te ajudar? O que você sentiu? Comprou o produto ou foi embora? Qual o seu pensamento em relação a esta organização? Você já deve ter observado que assim como as pessoas, os produtos apresentam também um ciclo de vida: um período em que são gerados (gestação) e lançados no mercado (nascimento), passando por um períodode crescimento e desenvolvimento até chegar no período de maturidade e depois o declínio. Em síntese, tudo tem um começo, um meio e um fim. Há vários autores que analisam o ciclo de vida dos produtos e das organizações a partir da comparação com o ciclo de vida humana: nascimento, crescimento e morte. Jean Piaget, um clássico autor da psicologia do desenvolvimento humano, considera que o processo de aprendizagem de crianças parte da concepção de que existem estágios de desenvolvimento que são caracterizados por determinados problemas e dilemas que precisam serem resolvidos para, assim, se capacitar a entender e tentar resolver os desafios e indagações dos estágios subsequentes (CHIAVENATO, 1997 apud Oliveira et al, 2007, p. 2). ADIZES (1998 apud Oliveira et al, 2007) considera que as empresas funcionam como um organismo vivo, portanto enfrentam problemas e dilemas similares aos enfrentados pelas pessoas, e, que da mesma forma precisam encontrar meios de superação para dar continuidade e passarem para um próximo estágio, desenvolvendo-se como uma organização que aprende. No transcorrer da vida organizacional há períodos de crises, que representam uma oportunidade para aprendizagem e crescimento, que com a superação há uma evolução para outra fase, assim a empresa vai amadurecendo. A figura a seguir ilustra o ciclo de vida das organizações proposto pelo autor GREINER (1998 apud OLIVEIRA et al, 2007), o qual considera que a quantidade de fases e crises depende também do tamanho da empresa. Para o autor, uma organização de grande porte pode passar por 5 21 crises: liderança, autonomia, controle, burocracia e questionamento. Para cada crise superada corresponde uma fase de crescimento: criatividade, direção, delegação, coordenação e colaboração. Ciclo de vida da organização – modelo de GREINER Fonte: Oliveira et al (2007, p. 3). Para Greiner (1998), as empresas passam por cinco fases, cada uma com sua própria crise, revolução e evolução, a saber: (1) Fase pioneira – caracterizada por uma evolução impulsionada pela criatividade e uma consequente crise de liderança; (2) Fase de expansão – caracterizada por uma evolução impulsionada por um esforço de direção e uma consequente crise de autonomia; (3) Fase de regulamentação – caracterizada por uma evolução impulsionada pela descentralização e uma consequente crise de controle; (4) Fase de burocratização – caracterizada por uma evolução impulsionada pela coordenação de atividades e consequente crise burocrática; (5) Fase de colaboração – caracterizada por uma evolução impulsionada pela colaboração consciente e uma consequente crise não identificável previamente (GONSALES, 2010). Durante o período de cada crise, a organização terá um clima organizacional que reflete as ações deste período, sendo que é natural que ocorram vários e diferentes processos de movimentação de pessoal: admissões, transferências, promoções, demissões e terceirização. 22 Algumas organizações quando querem inovar em sua forma de gestão e incrementar o processo de criatividade, optam por admitir novos funcionários, pois o “sangue novo” gera uma inquietude e quebra o estado adormecido de se fazer as coisas na empresa, pois a pessoa nova traz consigo outras experiências, abordagens e ideias novas, estando sedenta para contribuir com o novo desafio profissional. Pode ser que o grupo receba bem este novo colega, mas também pode vir a ter um clima de conflito, de disputa de território, e, em alguns casos, atitudes de exclusão social. A área de gestão de pessoas precisa estar atenta a estes sinais, assim como o gestor direto da área. Contudo, normalmente, as admissões são bem aceitas, principalmente quando as pessoas estão se sentido sobrecarregadas com as atividades. As promoções normalmente possuem um impacto positivo para as pessoas, pois reflete que a organização reconhece os talentos internos e oportuniza o crescimento e desenvolvimento de carreira, sendo assim um fator desencadeador da motivação. Entretanto, se o processo de promoção não for transparente e justo, poderá gerar sentimentos opostos, de rejeição e desmotivação interna. A redução do quadro de pessoal e o processo de terceirização podem se estruturar de formas diferentes e impactam sobre a vida das pessoas inseridas na organização e no clima organizacional, portanto vamos compreender melhor estas duas táticas de gestão de pessoas. 2.2 Redução do quadro de pessoal Quando uma ou mais pessoas decidem abrir um negócio inicia-se uma organização. Ela normalmente começa pequena e gradativamente vai crescendo, aumentando sua clientela e demanda, o que determina a expansão com a contratação de pessoas. Esta é uma fase positiva, de prosperidade e há a tendência de que o clima organizacional seja positivo. À medida que a organização cresce, se desenvolve e adentra para um período de estabilidade, é possível que alguns funcionários venham a se desligar da empresa, por iniciativa própria ou da organização. 23 Os processos de demissão podem ter motivações distintas, sendo importante identificar quais os fatores os estão impulsionando, pois há um custo financeiro e psicológico que impacta no clima organizacional. O problema evidenciado neste trabalho “Turnover” termo em inglês que quer dizer rotatividade de pessoal é hoje um dos maiores problemas enfrentados no mercado e foco de grande dispêndio de recursos financeiros o que impede o crescimento das organizações. Para a solução desta tão importante questão o setor de gestão de competências ou RH tem vital importância e responsabilidade (GONÇALVES & CRUZ, 2018, p. 67). A rotatividade de pessoal ou turnover é resultante do movimento de entradas (admissões) e saída (demissões) de uma empresa. As demissões ou desligamento de pessoal podem partir da iniciativa do funcionário (pedido de demissão ou aposentadoria) ou por iniciativa da empresa (demissão sem justa causa ou com justa causa). As admissões podem ocorrer por expansão da empresa (aumento do quadro funcional) ou para reposição de um desligamento. Morales (2002) define o termo turnover como sendo a flutuação de pessoal entre uma organização e seu ambiente, sendo este intercambio, representado pelo volume de pessoas que ingressam e que saem da organização. Fernandez (2006) em seu artigo sobre a perda do conhecimento da empresa originada pelo alto turnover, diz que o índice de rotatividade de pessoal é um excelente indicador da saúde da empresa. Quando esse índice está alto, significa que algo não está bem na empresa, mesmo que essa saída seja uma decisão da própria empresa. Precisa-se avaliar com muito cuidado todas as causas que levaram a perda do funcionário (GONÇALVES e CRUZ, 2018, p. 67). Gonçalves e Cruz (2018) consideram um erro grave quando as organizações não primam pela qualidade nos processos de seleção e contratação, assim como quando suas lideranças possuem um perfil retrógado de gestão. Estas duas variáveis culminam com pessoas contratadas que nem sempre têm as competências requeridas no cargo, o que a conduzem a um baixo desempenho e consequente demissão. Como também é possível que haja uma incompatibilidade entre os princípios e crenças pessoais com os da organização, impactando em conflitos internos, os quais resultam em clima organizacional desfavorável e que também pode levar à demissão. A rotatividade de pessoal é um indicador de cada empresa, contudo interfere em indicadores macroeconômicos, os quais sinalizam como está o mercado de trabalho. Cada organização mensalmente encaminhava os dados 24 das suas admissões e desligamentos por meio de um documento denominado CAGED e o IBGE realiza a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), possibilitando uma visualização do panorama nacional em relação ao mercado de trabalho formale informal. Vocabula rio CAGED: instituído pela Lei n°4923 de 1965, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, mais conhecido como CAGED, é um registro administrativo do Ministério do Trabalho e Previdência Social que mede a quantidade de admissões e demissões de funcionários em regime CLT. Este foi substituído pelo e-Social a partir de janeiro de 2020. PNADC: visa acompanhar as flutuações trimestrais e a evolução, no curto, médio e longo prazos, da força de trabalho e outras informações necessárias para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do País. PNAD Contínua foi implantada, experimentalmente, em outubro de 2011 e, a partir de janeiro de 2012, em caráter definitivo, em todo o Território Nacional. Sua amostra foi planejada de modo a produzir resultados para Brasil, grandes regiões, unidades da federação, regiões metropolitanas que contêm municípios das capitais, região integrada de desenvolvimento - RIDE Grande Teresina, e Municípios das Capitais. Desde sua implantação, a pesquisa, gradualmente, vem ampliando os indicadores investigados e divulgados. Os dados do CAGED em 2017 sinalizaram que o mercado de trabalho formal está melhorando, pois, as contratações estão aumentando. Entretanto, os dados do PNADC indicaram no mesmo ano a existência de cerca de 13 milhões de desempregados no terceiro trimestre móvel, encerrado em setembro de 2017 (DIEESE, 2017). Estes indicadores do mercado de trabalho mostram que o desafio é imenso, visto que embora as contratações estejam aumentando, os índices de rotatividade ainda são elevados, comparado com outros países. Tanto a expansão quanto a redução do quadro de pessoal são ações táticas de gestão de RH que necessitam ser analisadas, pois ambas podem influenciar o clima organizacional. Depende dos fatores que motivam estas medidas, bem como a forma como elas são realizadas. 25 A partir de janeiro de 2020, o CAGED foi substituído pelo e-Social, ou seja, as empresas não precisam mais preencher o documento físico CAGED, mas continuam com a obrigatoriedade de informar, via e-Social, a quantidade de funcionários admitidos, desligados e aposentados, conforme a nova lei explicitada na Portaria Nº 1.127, DE 14 DE OUTUBRO DE 2019. Saiba Mais Para ampliar os seus conhecimentos, acesse os seguintes artigos: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-1.127- de-14-de-outubro-de-2019-221811213 https://www.jornalcontabil.com.br/substituicao-do-caged-e- rais-conheca-as-novidades-no-esocial/ A redução do quadro de pessoal pode decorrer da necessidade de repor funcionários que estão com desempenho abaixo do esperado ou que não estão cumprindo com as normas da empresa (horário, uso de EPI, uso de uniforme etc, ou ainda com problemas de relacionamento interpessoal. Há momentos que a organização precisa reduzir seu quadro de colaboradores para evitar fechar o negócio, optando por programas de demissão voluntária ou corte de pessoal em todos os níveis e setores, seguindo critérios para este processo. O desligamento do funcionário impacta diretamente na queda de sua autoestima e em seu psicológico, assim como afeta os funcionários que permanecem na organização, visto que eles estarão pensando que poderão ser os próximos a serem desligados. Este sentimento de expectativa e apreensão afetam a produtividade e qualidade, decaindo-as e comprometendo os resultados organizacionais e a satisfação dos clientes. Saiba Mais Para se aprofundar sobre o impacto das medidas de expansão e redução de quadro de pessoal leia o artigo: https://www.ibccoaching.com.br/portal/rh-gestao- pessoas/quadro-de-funcionarios-lidar-expansao-reducao- empresa/ http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-1.127-de-14-de-outubro-de-2019-221811213 http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-1.127-de-14-de-outubro-de-2019-221811213 26 Compreender os fatores que influenciam este indicador de rotatividade é de crucial importância, visto que há variáveis em que a empresa pode controlar e assim melhorar o clima organizacional, reduzindo os índices de rotatividade. 2.3 Terceirização O processo de terceirização ocorre quando a empresa transfere para outra a responsabilidade pela realização de algum serviço. É uma espécie de contrato no qual está previsto a prestação de um trabalho específico que será realizado pelos funcionários da empresa contratada. Este processo é respaldado pela Lei nº 13.429, de 31 de março de 2017, que dispõe sobre o trabalho temporário nas empresas urbanas e sobre as relações de trabalho na empresa de prestação de serviços a terceiros. Talvez você esteja se perguntando sobre quais são as vantagens e consequências tanto para a empresa quanto para o trabalhador em relação à terceirização. Primeiramente é importante destacar quais as funções de uma organização que podem ser terceirizadas. A terceirização pode ocorrer nas atividades-meio, aquelas que não estão diretamente relacionadas com o negócio em si, mas que servem de apoio às atividades-fim. Vocabula rio Atividade-meio: é uma atividade acessório e de apoio, contrapondo-se às atividades essenciais. Porém, ela facilita o cotidiano da empresa e ajuda a manter tudo organizado. Essas atividades geralmente são: segurança, portaria, limpeza e motoristas. Tudo que contribui para o bom desenho das rotinas administrativas. Atividade-fim: é aquela que está intrínseca ao objetivo da empresa. Geralmente, é a única maneira que a empresa tem para alcançar seus objetivos. Resumidamente, atividade-fim é aquilo que a empresa distribui para seus clientes, seja um produto final ou serviços. Há várias mudanças provocadas pelo processo de terceirização, sendo que o impacto delas é variável, conforme a cultura organizacional de cada 27 empresa. Decorrente da terceirização, há funções que serão extintas, consequentemente os ocupantes delas serão demitidos, pois nem sempre poderão ser remanejados para outra função. O clima organizacional não pode ser confundido com cultura da organização, pois a cultura está relacionada às origens da organização e aos seus valores, ao passo que o clima reflete uma situação momentânea, que pode inclusive ser alterada, vivida entre a pessoa e a empresa (FLEURY; SAMPAIO, 2002 apud SILVA, MELLO & SOUZA, 2013, p. 128). Segundo Schein (1985), não há uma cultura organizacional melhor que a outra, cada empresa possui a sua cultura. O autor traz em sua conceituação sobre cultura organizacional uma ênfase funcional e no papel gerencial para a disseminação dela aos demais membros da organização. Entretanto, o autor Aktouf (1994) apresenta uma visão crítica sobre esta suposta capacidade dos gestores, por meio de ritos, símbolos, mitos, cerimônias, em despertarem, reforçarem ou alterarem os valores, atitudes e crenças dos membros da organização (SILVA, MELLO & SOUZA, 2013). Sem dúvida que há uma relação entre os valores organizacionais e as figuras de poder na organização, pois estes podem reforçar ou não o comportamento dos demais membros da empresa em relação às normas, políticas, valores e artefatos da cultura organizacional. São as figuras de poder e os gestores que irão optar ou não pelo processo de terceirização, afetando as relações de trabalho entre os colaboradores da própria empresa e os funcionários terceirizados. A terceirização é uma mudança organizacional, e, como tal, desencadeia diversas reações como resistências à mudança, conflitos interpessoais, perda do conhecimento do processo operacional, entre outros. Há vantagens e desvantagens no processo de terceirização e diferentes autores as apresentam e chamam a atenção para a necessidade da organização ponderar sobre elas, a fim de optar pela estratégia que melhor se adeque à realidade organizacional, lembrando que toda decisão implica em bônus e em ônus. 28 Saiba Mais Os gestores para decidiremou não pela terceirização precisam se informar sobre a Lei que a rege, bem como sobre estas reflexões de vários autores – Rezende (1997), Bernstorff (1999), Valença e Barbosa (2002), para que você conheça mais sobre as implicações da terceirização, acesse os links abaixo: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 2018/2017/Lei/L13429.htm e https://revistafae.fae.edu/revistafae/article/viewFile/129/74 Conclusão da aula 2 Chegamos ao final da nossa segunda aula, nela você aprendeu sobre os impactos do clima organizacional no dia a dia da empresa, influenciando as relações interpessoais, o desempenho funcional e organizacional, a forma de atendimento ao cliente, com sua satisfação ou não pelos serviços e produtos recebidos. Aprendeu que a movimentação de pessoal, aumento e redução do quadro de pessoal, promoções, transferências e terceirização impactam diretamente nos aspectos não visíveis da cultura organizacional, afetando o clima interno. Aprendeu sobre a importância da reflexão para se adotar as táticas de redução de quadro de pessoal e terceirização, sabendo que toda escolha terá suas consequências positivas e negativas. Atividade de Aprendizagem Pesquise dois casos reais de empresas que optaram pela tática de redução de quadro de pessoal e terceirização. Quais foram as vantagens e desvantagens vivenciadas por estas organizações? Como afetou o clima organizacional? http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13429.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13429.htm 29 Aula 3 – Estratégias de avaliação e acompanhamento de clima organizacional Apresentação da aula 3 Olá estudante! Nesta aula vamos abordar as estratégias de avaliação e acompanhamento de clima organizacional. Você irá conhecer duas estratégias muito utilizadas pelas empresas: a pesquisa de clima organizacional e as entrevistas de desligamento. 3.1 Pesquisa de clima organizacional Considerando que o clima organizacional reflete o grau de satisfação do funcionário em relação aos elementos constituintes da cultura organizacional, torna-se fundamental buscar conhecer a percepção deles, para verificar se estão se sentindo satisfeitos ou insatisfeitos. O grau de satisfação ou insatisfação dos colaboradores irá impactar em sua motivação para produzir e atender os clientes externos. Se eles estiverem insatisfeitos, o serviço ou o produto será malfeito e o cliente externo ficará também insatisfeito, impactando negativamente nos resultados financeiros. Em contrapartida, se estiverem satisfeitos, os produtos e serviços serão melhores realizados, consequentemente os clientes externos ficarão satisfeitos e os resultados financeiros serão melhores. Uma das maneiras de se conhecer o grau de satisfação dos colaboradores, conhecendo o clima da empresa, é por meio das pesquisas de clima organizacional. A pesquisa de clima organizacional apresenta como vantagem a possibilidade de analisar diversos fatores que dizem respeito ao ambiente de trabalho e às condições laborais existentes (dificuldades, pontos fortes ou fracos), com base na percepção dos colaboradores, que são os principais agentes afetados ou beneficiados por tais condições (SANTOS & VÁSQUEZ, 2012, p.53). Ao analisar os resultados de uma pesquisa de clima organizacional, a empresa tem a possibilidade de realizar os ajustes necessários em seus 30 artefatos e valores compartilhados, melhorando alguns aspectos da cultura organizacional que vão melhorar o clima. A pesquisa de clima organizacional se constitui em um instrumento de coleta de dados, com questões fechadas de múltipla escolha e relacionadas aos fatores que fazem parte da cultura organizacional e que influenciam o clima. É possível incluir algumas questões abertas, as quais serão analisadas de forma diferente das questões fechadas. Este instrumento precisa ser cuidadosamente elaborado e seguindo alguns critérios técnicos e científicos para que possa servir de base de dados para futuras decisões gerenciais. Pesquisa de Clima Organizacional Fonte: http://www.folhaverdejal.com.br/2019/10/pesquisa-de-clima-organizacional-satisfacao- dos-colaboradores-da-flores-e-de-860/ MUSSAK (2010) apresenta cinco modelos amplamente utilizados para a elaboração do instrumento de pesquisa de clima organizacional: a) Modelo de Litwin e Stringer (1968); b) Modelo de Kolb et al (1971); c) Modelo de Sbragia (1983); d) Modelo de Coda (1997); e) Modelo de Great Place to Work Institute (GPTW – 1997). 31 Litwin e Stringer (1968 apud MUSSAK, 2010) desenvolveram um modelo com seis dimensões para estudos simulados em laboratório sobre clima organizacional, sendo elas: 1) Estrutura: refere-se aos sentimentos dos colaboradores em relação às regras, regulamentos, procedimentos e restrições em situações de trabalho; 2) Responsabilidade: o senso de não ter a necessidade de dupla verificação em suas decisões, o sentimento de ser seu próprio chefe, atualmente valorizado como intraempreendedorismo; 3) Riscos: a possibilidade de se arriscar, de ter desafios em seu cargo e nas situações de trabalho; 4) Recompensas: o sentimento de ser recompensado, reconhecido pelo bom trabalho realizado, com maior ênfase nas recompensas que nas críticas e punições; 5) Calor e apoio: o sentimento advindo do bom relacionamento com os colegas de trabalho, de colaboração e ajuda mútua; 6) Conflito: o sentimento decorrente de que os gestores e a organização não temem pelas diferenças de opinião e eventuais conflitos, com respeito a diversidade. Um questionário de pesquisa de clima organizacional construído a partir deste modelo deverá ter questões referente a cada uma destas dimensões, sendo importante distribuir a quantidade de questões de forma equitativa entre as variáveis, assim não há a predominância de uma dimensão em relação a outra, o que poderia denotar um tendenciamento na coleta de dados. O modelo de Kolb et al (1971 apud MUSSAK, 2010) considera sete dimensões para se avaliar o clima organizacional, a saber: 1) Conformismo: a compreensão de que há muitas limitações externas impostas pela organização, como regras, procedimentos, políticas e práticas, as quais os colaboradores necessitam se ajustar, realizando seu trabalho conforme elas e não como gostariam de fazê-las. 32 2) Responsabilidade: diz respeito ao grau de responsabilidade que cada colaborador sente que possui para tomar decisões e resolver problemas sem a necessidade de verificar com os superiores cada etapa; 3) Padrões: a ênfase destinada à qualidade do desempenho e na produção elevada, com objetivos estimulantes, todos comunicados pela organização para que haja comprometimento com os objetivos; 4) Recompensas: o grau em que cada pessoa se sente reconhecida e recompensada pela realização de um bom trabalho, ao invés de ser criticada, punida ou ignorada pelo seu gestor quando algo vai errado; 5) Clareza organizacional: refere-se ao sentimento entre os colaboradores em relação aos objetivos claramente definidos e à organização das coisas em detrimento à percepção de desordenação, confusão e caos; 6) Calor e respeito: é o sentimento de que no ambiente de trabalho prevalece as boas relações interpessoais, em que há confiança, apoio mútuo e amizade entre os colaboradores; 7) Liderança: identifica a disponibilidade dos colaboradores em assumir a liderança, sendo reconhecidos quando esta é bem-sucedida, bem como a capacidade que possuem em aceitar a liderança e direção das pessoas qualificadas. “A liderança se baseia na perícia. A organização não é dominada por uma ou duas pessoas, nem depende delas” (MUSSAK, 2010, p. 215). Em relação ao primeiro modelo, Kolb et al (1971) manteve três dimensões em comum: responsabilidade, recompensas, calor e apoio.As dimensões estrutura, riscos e conflitos podem ser contempladas nas dimensões de conformismo e padrões neste modelo. Os autores acrescentam a visão deles incluindo duas novas dimensões: clareza organizacional e liderança, sendo esta numa ótica da meritocracia e situacional. O modelo de Sbragia (1983 apud MUSSAK, 2010) é bastante utilizado em instituições de pesquisa e desenvolvimento, sendo constituído por 20 fatores, os quais são: 33 1) Estado de tensão: refere-se ao grau de emoção versus lógica e racionalidade presentes nas ações dos colaboradores; 2) Conformidade exigida: diz respeito ao quanto a organização conscientiza seus colaboradores em relação à necessidade do cumprimento das normas e regulamentos formais, bem como o grau de flexibilidade disponibilizado aos colaboradores; 3) Ênfase na participação: descreve o grau de participação de cada colaborador, o quanto estes são consultados e envolvidos nas decisões, criação de ideias e se suas sugestões são aceitas pela organização; 4) Proximidade da supervisão: diz respeito ao grau de controle gerencial sobre os funcionários, qual o grau de liberdades que estes possuem para traçar seus métodos de trabalho, o quanto dispõe de iniciativa para realizar suas funções; 5) Consideração humana: descreve o grau de humanidade praticado pela empresa, como tratam seus funcionários como seres humanos, como funciona o relacionamento humanizado; 6) Adequação da estrutura: considera o quanto a organização facilita as ações das pessoas por meio de práticas, normas, procedimentos e canais de comunicação consistentes com os requisitos e condições de trabalho; 7) Autonomia presente: refere-se ao sentimento de autonomia dos funcionários em relação ao processo decisório, não necessitando de que suas decisões sejam verificadas; 8) Recompensas proporcionais: diz respeito à ênfase dada às recompensas positivas em comparação com as punições, ao sentimento de justiça diante das políticas de recompensas, pagamentos e promoções; 9) Prestígio obtido: está relacionado à percepção que os colaboradores têm em relação ao prestígio externo da empresa na sociedade, o quanto que se sentem importantes por fazerem parte de uma organização de destaque externamente, sentindo-se assim também prestigiados ao dizerem que fazem parte da empresa; 34 10) Cooperação existente: descreve o grau de relacionamento interpessoal saudável dentro da empresa, o quanto que as pessoas interagem com confiança, amizade e respeito entre si; 11) Padrões enfatizados: está relacionado com o grau de importância atribuído pelas pessoas às metas e aos padrões de desempenho, influenciando desta forma a realização de um bom trabalho; 12) Atitude frente a conflitos: descreve a disponibilidade de cada colaborador em considerar diferentes opiniões, a ênfase relativa dada pelas pessoas em “levantar um problema” antes de ignorá-lo; 13) Sentimento de identidade: está relacionado com o quanto os colaboradores valorizam o fato de pertencerem à organização; 14) Tolerância existente: refere-se à forma como os erros são tratados pela empresa, se de forma suportável, construtiva do que punitiva; 15) Clareza percebida: diz respeito ao grau de conhecimento que o funcionário possui em relação aos assuntos que lhe dizem respeito, como formas e condições de progresso e crescimento; 16) Justiça predominante: refere-se ao grau de predominância dos critérios de decisão das habilidades e desempenho em detrimento de aspectos políticos, pessoais ou credenciais; 17) Condições de progresso: refere-se ao quanto que a organização proporciona oportunidades para crescimento e desenvolvimento profissional, atendendo assim às aspirações e expectativas de seus colaboradores; 18) Apoio logístico: descreve o quanto a organização provê seus colaboradores com instrumentos, recursos e condições de trabalho necessários ao bom desempenho, contribuindo com a execução das tarefas, atividades e funções do trabalho; 19) Reconhecimento proporcionado: diz respeito ao reconhecimento por parte da organização àqueles colaboradores com desempenho acima do esperado, reconhecendo os esforços individuais diferenciados; 20) Forma de controle: refere-se o quanto a empresa se utiliza de dados relacionados a custos, produtividade, qualidade e outros controles para fins de orientação e solução de problemas e não para policiamento e castigo. 35 Coda (1997 apud MUSSAK, 2010) identificou em um estudo de dois anos, sobre os fatores que influenciam o clima organizacional, a presença de 10 fatores comuns e presentes em cinco organizações brasileiras de grande porte dos setores público e privado. Os fatores identificados pelo autor são: 1) Liderança: refere-se ao encorajamento fornecido pelo gestor para o desenvolvimento e crescimento profissional de sua equipe, assim como o grau de feedback oferecido aos colaboradores no que diz respeito aos aspectos que influenciam o desempenho individual, fornecendo orientação com vistas à melhoria; 2) Compensação: diz respeito ao equilíbrio diante das diferentes formas de remuneração adotadas pela empresa, a extensão do programa de benefícios, os pagamentos acima do mercado para retenção dos melhores profissionais à disposição da empresa, a concessão de aumentos por desempenho e realização de metas; 3) Maturidade empresarial: reflete o grau de informações sobre as atividades e objetivos da organização fornecidas à comunidade; compreensão adequada, pelos colaboradores da empresa, em relação às pressões exercidas pelo mercado, concorrentes e clientes à organização; a verdadeira consideração que a empresa tem pelos colaboradores, os reconhecendo como pessoas e maior patrimônio; 4) Colaboração entre área funcionais: reflete o grau de respeito, colaboração e integração entre as pessoas das diferentes áreas funcionais da organização; 5) Valorização profissional: refere-se ao conjunto de ações que possibilitam promoções, valorização e crescimento dos funcionários, tais como: prioridade do recrutamento interno para posições de chefias, estímulo à formação e desenvolvimento profissional, atendimento às aspirações e expectativas de progresso, priorização na qualidade do desempenho para critérios de promoções, entre outras atividades que contribuem para o crescimento e avanço profissional; 6) Identificação com a empresa: reflete a motivação da equipe em buscar os objetivos da empresa, a existência de um sentimento de fazer parte 36 de uma “grande família”, devido ao bom relacionamento interpessoal e confiança, compatibilidade com a filosofia da organização; 7) Processo de comunicação: clareza e compreensão das informações transmitidas pela empresa, decisões anunciadas rapidamente, adequação das informações ao correto desempenho profissional e comunicação como um instrumento facilitador da integração da empresa; 8) Sentido do trabalho: diz respeito à importância e utilidade do trabalho no contexto organizacional, com firmeza da alta direção nas ações e empreendimento delas até o final; 9) Política global de recursos humanos: reflete a importância atribuída à área de RH diante das outras áreas funcionais existentes; o apoio fornecido às políticas de RH ao desenvolvimento do trabalho, bem como a disponibilidade para ouvir e considerar a diversidade de opiniões; 10) Acesso: continuidade de realização do mesmo tipo de trabalho até o final da carreira. O modelo desenvolvido pela consultoria americana Great Place to Work Institute (GPTW), que atua no Brasil desde 1997, tem por finalidade verificar a correlação entre a satisfação dos empregados e desempenho econômico / financeiro da empresa, conforme descreve Levering (1984 apud MUSSAK, 2010). A pesquisa desenvolvida pela GPTW não se propõe a avaliar o clima organizacional, mas estabelece umconjunto de fatores que permite a comparação do grau de satisfação dos empregados em diversas organizações empresariais. O autor concluiu após entrevistas com vários funcionários de empresas americanas que “um excelente lugar para se trabalhar é aquele no qual o indivíduo confia na organização, tem orgulho do que faz e gosta das pessoas com quem trabalha” (MUSSAK, 2010, p. 218). Este modelo considera cinco fatores: credibilidade, respeito, justiça, orgulho e camaradagem, que são definidos da seguinte forma: 1) Credibilidade: grau de acesso e abertura nas comunicações, competência em coordenar os recursos humanos e materiais, integridade e consistência das decisões. 37 2) Respeito: suporte aos empregados em decisões relevantes. Consiste em tratar os empregados como indivíduos com vida pessoal e apoiar o seu desenvolvimento profissional. 3) Imparcialidade: equidade, ou seja, tratamento equilibrado para todos em termos de recompensas, bem como ausência de favoritismo em recrutamento e promoção, não discriminação e possibilidade de apelação. 4) Orgulho: no trabalho realizado pelo indivíduo, no resultado alcançado por um membro ou pelo grupo e nos produtos e serviços oferecidos pela empresa. 5) Camaradagem: qualidade da hospitalidade, intimidade e comunidade no ambiente de trabalho, senso de equipe (MUSSAK, 2010, p. 219). Este modelo é utilizado desde 1997, no Brasil, na pesquisa Guia Exame – As 100 Melhores Empresas para Você Trabalhar. As empresas participantes têm por objetivo obter visibilidade na mídia, por meio de uma imagem favorável para atrair e reter talentos, e da verificação comparativa dos sistemas de gestão de pessoas. O quadro a seguir apresenta os cinco modelos e com seus respectivos fatores de avaliação do grau de satisfação dos colaboradores. Modelos para Pesquisa de Clima Organizacional Autores MODELOS Litwin e Stringer (1968) Kolb et al (1971) Sbragia (1983) Coda (1997) Great Place to Work Institute (1997) Dimensões Estrutura Responsabilidade Riscos Recompensas Calor e apoio Conflito Conformismo Responsabilidade Padrões Recompensas Clareza Organizacional Calor e apoio Liderança Estado de tensão Conformidade exigida Ênfase na participação Proximidade da supervisão Consideração humana Adequação da estrutura Autonomia presente Recompensas proporcionais Prestígio obtido Cooperação existente Padrões enfatizados Atitude frente a conflitos Sentimento de identidade Tolerância existente Clareza percebida Justiça predominante Liderança Compensação Maturidade empresarial Colaboração entre área funcionais Valorização profissional Identificação com a empresa Processo de comunicação Sentido do trabalho Política global de recursos humanos Acesso Credibilidade Respeito Imparcialidade Orgulho Camaradagem 38 Autores MODELOS Litwin e Stringer (1968) Kolb et al (1971) Sbragia (1983) Coda (1997) Great Place to Work Institute (1997) Condições de progresso Apoio logístico Reconhecimento proporcionado Forma de controle Fonte: elaborado pela autora (2020). A organização, representada pela alta direção e área de gestão de pessoas, precisa ter a consciência de que a realização da pesquisa de clima organizacional irá proporcionar a identificação do grau de satisfação e insatisfação de seus colaboradores, ou seja, quais os pontos da organização são percebidos como positivos e negativos. Diante dos pontos positivos, a organização deve se alegrar e atuar de forma a manter esta percepção positiva com a manutenção deles. Com relação aos aspectos percebidos como negativos, eles representam oportunidades de melhoria e possível mudança futura nos resultados de uma próxima pesquisa. É de fundamental importância que a organização tenha uma clareza e transparência na comunicação que antecede a realização da pesquisa de clima organizacional, bem como que se comprometa em informar os resultados dela. Segundo Luz (2003), a pesquisa do clima organizacional se torna hoje um importante instrumento para adequação contínua da melhoria do ambiente de trabalho, e pode ser realizada por diferentes técnicas, recomendada na periodicidade a cada dois anos e tem como objetivos específicos: • Avaliar o grau de satisfação dos colaboradores em relação à organização; • Criar canal de comunicação direta entre os colaboradores e a direção da organização, onde possam manifestar suas opiniões com garantia do anonimato; • Permitir melhoria do clima organizacional onde for constatado o maior grau de insatisfação no ambiente de trabalho; • Identificar, avaliar e monitorar o impacto das intervenções contempladas na Pesquisa de Clima Organizacional no decorrer do tempo. • Criar meio, junto aos colaboradores, para o aperfeiçoamento da comunicação (BEGNAMI & ZORZO,2013, p. 44). Para que os colaboradores respondam a pesquisa de clima organizacional com sinceridade e veracidade em suas respostas, eles precisam 39 sentir segurança de que poderão ser verdadeiros, visto que se houver um sentimento de preocupação com possíveis represálias, certamente não serão transparentes em suas respostas, comprometendo o resultado da pesquisa. Para maximizar a confiança dos colaboradores na coleta e análise dos dados é preferível que a pesquisa de clima organizacional seja conduzida por uma consultoria especializada e externa à empresa. A empresa junto com a consultoria poderá optar pelo modelo teórico de fatores balizadores para a elaboração do instrumento de pesquisa, ressaltando que se deve investigar todos os fatores presentes nos artefatos e valores compartilhados da cultura organizacional. Conforme citação de Luz (2003), uma investigação adequada sobre o clima organizacional começa pela escolha e definições operacionais das variáveis desse conceito. A pesquisa do clima organizacional aplicada de forma consciente e metódica se torna instrumento que assegura consistência nas mudanças para as organizações que buscam eficiência, eficácia e qualidade em seus produtos e serviços (BEGNAMI & ZORZO, 2013, p. 44). A tabela apresenta as variantes ou fatores que deverão conter questões para compor o questionário de coleta de dados para a pesquisa de clima organizacional na ótica do autor Luz (2003 apud BEGNAMI & ZORZO, 2013). Tabela de variantes e avaliação na percepção dos colaboradores Variantes Avaliação Atividades do trabalho Adaptação, volume, horário, distribuição, número de funcionários, grau de relevância, equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Salários Percepção sobre os salários da empresa com os do mercado, equilíbrio entre os cargos do mesmo nível, possibilidades de aumento salarial, viver dignamente, capacitação de atração e retenção de talentos, clareza no plano de cargos e salários. Benefícios O quanto atende as necessidades e expectativas, bem como na qualidade da prestação desses serviços. Integração entre os departamentos Avalia o grau de relacionamento e cooperação, conflitos entre os departamentos. 40 Variantes Avaliação Supervisão/ Liderança/ Estilo Gerencial/ Gestão O grau de satisfação dos gestores, a qualidade da supervisão, capacidade técnica, humana e administrativa, feedback e tratamento dado à equipe. Comunicação O grau de satisfação com os canais de comunicação da empresa e o processo de divulgação de fatos relevantes. Treinamento/ Desenvolvimento/ Carreira/ Realização profissional Oportunidades de qualificação, desenvolvimento e de atualização. Progresso profissional O uso e aproveitamento das potencialidades dos funcionários e promoções. Relacionamento Interpessoal Qualidade das relações pessoais entre os funcionários e entre eles e os líderes. Estabilidade no emprego Percepção do grau de segurança do emprego e feedback de suasatuações. Processo Decisório Opinião sobre a qualidade do processo decisório e agilidade na decisão. Condições Físicas de trabalho Qualidade, conforto e recursos alocados para a realização do trabalho. Participação Diferentes formas de participação dos funcionários no cotidiano da empresa, grau de conhecimento e envolvimento com assuntos da empresa. Segurança do trabalho As estratégias de prevenção de acidentes. Orientação da empresa sobre os resultados Esforço de orientação para a consecução de seus resultados. Disciplina Grau de rigidez da disciplina praticada. Imagem da empresa Como a empresa é percebida no mercado, pelos clientes, fornecedores e comunidade. Estrutura organizacional Adequação da estrutura para a consecução dos objetivos organizacionais. Ética e responsabilidade social O quanto a empresa é ética e cumpre suas responsabilidades. Qualidade e satisfação do cliente Percepção quanto aos compromissos da empresa em relação à qualidade do produto/serviço, satisfação do cliente. Reconhecimento Adoção de mecanismos de valorização e reconhecimento. Trabalho de equipe Estímulos e valorização do trabalho em equipe para solucionar problemas e aprimorar processos. Fatores motivacionais Fatores percebidos pelo funcionário como motivadores ou desmotivadores no ambiente de trabalho. 41 Variantes Avaliação Fatores desmotivacionais Procura identificar quais fatores do ambiente são percebidos pelos funcionários como desmotivação. Fonte: adaptado de Luz (2003 apud BEGNAMI & ZORZO, 2013, p. 45). Saiba Mais Leia sobre como uma organização realizou a pesquisa de clima organizacional: http://www.folhaverdejal.com.br/2019/10/pesquisa-de-clima- organizacional-satisfacao-dos-colaboradores-da-flores-e- de-860/ 3.2 Entrevistas de desligamento Toda organização durante sua existência necessita de pessoas para a realização das atividades relacionadas a seu propósito, tanto na produção de bens como na prestação de serviços. Para compor, portanto, seu quadro de pessoas necessita atrair o interesse destas para trabalharem na empresa. Contudo, atrair as pessoas do mercado de trabalho para virem atuar em determinada organização não é suficiente, pois é necessário manter estas pessoas engajadas e motivadas, pois do contrário irão sair dela. Dessa forma, a área de gestão de pessoas dentre suas diversas funções tem a atração, retenção e monitoramento como atribuições complementares e que influenciam tanto a cultura quanto ao clima organizacional. Conforme citação de Chiavenato (2006, p.35), os objetivos da Administração de Recursos Humanos são: “(...) criar, manter, desenvolver um contingente de recursos humanos, com habilidade e motivação para realizar os objetivos da organização (...)”. Das atribuições que lhe são pertinentes, principais compromissos: 1) avaliar/diagnosticar o clima organizacional, a satisfação ou motivação dos funcionários em relação à empresa; 2) constitui por meio da avaliação do clima organizacional, oportunidade para melhorais contínuas no ambiente de trabalho e do próprio negócio; 3) os clientes internos são a razão de ser da empresa; 4) o desempenho do RH afeta a organização e o RH é afetado pela sua motivação, ou seja, Desempenho = Competência x Motivação; 5) as grandes transformações no mercado de produção e as relações de trabalho vêm modificando as atitudes dos funcionários em relação à organização; 6) as grandes fusões vêm misturando culturas, tornando- 42 as conflitantes, degradando o clima organizacional (CHIAVENATO, 2006 apud BEGNAMI & ZORZO, 2013, p. 43). Para a atração das pessoas do mercado de trabalho para a organização, ela utiliza de estratégias de recrutamento e seleção, visando atrair pessoas com competências e disponibilidade para desenvolver bem as atividades. Mesmo as organizações que investem em ações para a retenção dos colaboradores por meio de diferentes processos de gestão de pessoas, passam pela situação de desligamentos dos funcionários. A movimentação de pessoal referente às entradas (admissões) e saídas (desligamentos) são alterações que ocorrem em todas as organizações, mas cada empresa necessita conhecer os motivos delas, pois são indicadores de recursos humanos que podem refletir o clima organizacional. Este indicador de movimentação de pessoal denomina-se rotatividade ou turnover. Morales (2002) define o termo turnover como sendo a flutuação de pessoal entre uma organização e seu ambiente, sendo este intercambio, representado pelo volume de pessoas que ingressam e que saem da organização. Fernandez (2006) em seu artigo sobre a perda do conhecimento da empresa originada pelo alto turnover, diz que o índice de rotatividade de pessoal é um excelente indicador da saúde da empresa. Quando esse índice está alto, significa que algo não está bem na empresa, mesmo que essa saída seja uma decisão da própria empresa. Precisa-se avaliar com muito cuidado todas as causas que levaram a perda do funcionário (GONÇALVES e CRUZ, 2018, p. 3). Os desligamentos podem ter diferentes fontes de origem: o próprio colaborador pede seu desligamento (pedido de demissão); o gestor solicita ao RH a saída do trabalhador (demissão sem justa causa); quando o funcionário comete determinada ação considerada grave conforme a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), ele é demitido por justa causa (sem o recebimento dos direitos trabalhistas) e há os desligamentos decorrentes das aposentadorias (por tempo de serviço ou por doença / invalidez). Os processos de admissão são iniciados mediante o preenchimento de um documento chamado Requisição de Pessoal, nele o gestor da área indicará se a vaga (oportunidade de trabalho) é decorrente de aumento de quadro (justificando a situação) ou reposição de funcionário em processo de desligamento (identificando o tipo de desligamento). 43 Diante dos processos de desligamentos, é importante conhecer os fatores que motivaram esta ação e a percepção que o funcionário possui da organização, pois ele irá ser mais sincero em expor seus sentimentos, ideias e opiniões, visto que não se sentirá acuado diante de possível represália. Para tanto, a área de gestão de pessoas realiza as entrevistas de desligamento ou de saída, pois “qualquer saída da empresa é traumática, independente se for por opção do trabalhador ou da empresa, segundo Fernandez (2006), quando um membro da equipe sai, toda atividade sofre mudanças em menor ou maior grau”. (GONÇALVES E CRUZ, 2018, p. 4) Para Fernandez (2006), os colaboradores de uma empresa detêm os conhecimentos da rotina de trabalho, e após algum tempo eles realizam toda suas tarefas sem dificuldades: quando alguém da equipe sai, as atividades sofrem mudanças que em maior ou menor grau afetam a organização. Assim como um motor que para de funcionar caso alguma engrenagem se deteriore, a empresa também sente essa saída (GONÇALVES E CRUZ, 2018, p. 5). A grande maioria das empresas pratica a entrevista de desligamento ou de saída, pesquisando junto ao ex-colaborador o seu nível de satisfação em relação às políticas e práticas da empresa, ambiente de trabalho, relacionamento com colegas e supervisores etc. O trabalhador poderá responder antes da entrevista um questionário, que será utilizado como roteiro de entrevista, sendo complementado por outros questionamentos (MARRAS, 2009). A realização das entrevistas de desligamento é importante para o monitoramento do clima organizacional e da gestão do conhecimento nas empresas. As empresas poderão obter as informações e avaliar os fenômenos internos e externos por meio dos processos de entrevistas de desligamentos realizados com as pessoas que se retiram das organizações, controlando e diagnosticando suas falhas, buscando correções nas causas que provocam a saída do pessoal e entre os fenômenos internos
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