Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
C ncer de c lonâ ó Introdução O câncer de intestino abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso chamada cólon e no reto (final do intestino, imediatamente antes do ânus) e ânus. Também é conhecido como câncer de cólon e reto ou colorretal. É tratável e, na maioria dos casos, curável, ao ser detectado precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso. Estimativa de novos casos: 40.990, sendo 20.520 homens e 20.470 mulheres (2020 - INCA) Número de mortes: 20.578; sendo 10.191 homens e 10.385 mulheres (2019 - Atlas de Mortalidade por Câncer - SIM) Tumores malignos do intestino grosso A maioria das neoplasias colorretais, independentemente de sua etiologia, surge de pólipos adenomatosos. #Bônus Pólipos– O pólipo é uma protrusão visível da superfície da mucosa e pode ser classificado patologicamente como: - hamartoma não neoplásico (p. ex., pólipo juvenil), - proliferação hiperplásica da mucosa (pólipo hiperplásico) ou - pólipo adenomatoso. OBS.: Apenas os adenomas são claramente pré-malignos e apenas a menor parte dos pólipos adenomatosos evolui para o câncer. Os pólipos adenomatosos podem ser encontrados no cólon de cerca de 30% das pessoas de meia-idade e 50% dos idosos. OBS.: Menos de 1% dessas lesões se tornam malignas. A maioria dos pólipos é assintomática e não provoca sinais clínicos. Menos de 5% dos pacientes com pólipos apresentam sangue oculto nas fezes. #Bônus O processo de carcinogênese nas – neoplasias colorretais Na evolução da mucosa colônica normal até ao carcinoma invasivo potencialmente fatal, ocorrem algumas etapas, como: mutações pontuais no proto- oncogene K-ras; hipometilação do DNA, levando à ativação de genes; perda de DNA (perda alélica) no local de um gene supressor tumoral (o gene de polipose adenomatosa do cólon [APC, de adenomatous polyposis coli]), no braço longo do cromossomo 5 (5q21); perda alélica no local de um gene supressor tumoral localizado no cromossomo 18q (o gene deletado no câncer colorretal [DCC, de deleted in colorectal cancer]); e perda alélica no cromossomo 17p, associada a mutações do gene supressor tumoral p53. Legenda: Etapas progressivas das mutações somáticas no desenvolvimento do carcinoma de cólon. O acúmulo de alterações em vários genes diferentes leva à progressão do epitélio normal através do adenoma até o carcinoma metastático. A instabilidade genética (de microssatélites ou cromossomos) acelera a progressão, aumentando a probabilidade de mutação em cada etapa. OBS.: Os pacientes com polipose familiar já se encontram na primeira etapa desse processo, pois herdam uma alteração na linhagem germinativa do gene APC. TGF, fator de crescimento transformador OBS.: Esse processo pode envolver a ativação mutacional de um oncogene, seguida e combinada à perda de genes que normalmente suprimem a tumorigênese. Clinicamente, a possibilidade de um pólipo adenomatoso evoluir para câncer depende de seu aspecto macroscópico, das características histológicas e do tamanho. A probabilidade de uma lesão polipoide do intestino grosso conter um câncer invasivo está relacionada ao tamanho do pólipo, sendo diminuta (< 2%) em lesões com < 1,5 cm, intermediária (2-10%) em lesões com 1,5 a 2,5 cm e considerável (10%) em lesões com > 2,5 cm. Os pólipos podem ser pedunculados ou sésseis (com base plana), adenomatosos ou serrilhados. Os cânceres invasivos desenvolvem-se, com mais frequência, em pólipos sésseis e serrilhados (i.e., “planos”). À histologia, os pólipos adenomatosos podem ser tubulares, vilosos (i.e., papilares) ou tubulovilosos. Os adenomas vilosos, a maioria dos quais é séssil, apresentam três vezes mais chances de se tornarem malignos do que os adenomas tubulares. #Bônus Conduta quando se detecta um pólipo – adenomatoso no intestino grosso: Após a detecção de um pólipo adenomatoso, todo o intestino grosso deve ser examinado na endoscopia, pois lesões sincrônicas são observadas em cerca de um terço dos casos. Em seguida, deve-se repetir periodicamente a colonoscopia, mesmo na ausência de câncer previamente documentado, pois esses pacientes têm 30 a 50% de chance de desenvolver outro adenoma e um risco acima da média de desenvolver câncer colorretal. Os pólipos adenomatosos necessitam de > 5 anos para crescer antes de se tornarem clinicamente significativos; a colonoscopia não deve ser realizada com uma frequência inferior a 3 anos para a maioria dos pacientes. Etiologia e fatores de risco A etiologia da maioria dos casos de câncer de cólon parece relacionada a fatores ambientais. A doença é mais comum em populações de nível socioeconômico superior e que vivem em áreas urbanas. A mortalidade por câncer colorretal está diretamente relacionada ao consumo per capita de calorias, proteínas de carne, bem como gorduras e óleo na dieta e a elevações no colesterol sérico e mortalidade por doença arterial coronariana. Já foram propostas pelo menos três hipóteses para explicar a relação com a dieta, mas nenhuma é inteiramente satisfatória. a. GORDURAS ANIMAIS Uma hipótese é de que a ingestão de gorduras animais encontradas em carnes vermelhas ou carnes processadas aumenta a proporção de bactérias anaeróbias na microflora intestinal, o que possibilita a conversão dos ácidos biliares normais em carcinógenos. Vários relatos de aumento na quantidade de bactérias anaeróbias nas fezes de pacientes com câncer colorretal apoiam essa intrigante hipótese. As dietas ricas em gorduras animais (porém não em gorduras vegetais) também estão associadas a elevações do colesterol sérico, que, por sua vez, estão ligadas ao aumento do risco de adenomas e carcinomas colorretais. b. RESISTÊNCIA À INSULINA O grande número de calorias nas dietas ocidentais, associado à inatividade física, está relacionado a uma prevalência maior de obesidade. Os indivíduos obesos desenvolvem resistência à insulina, com aumento dos níveis circulantes de insulina, resultando em concentrações circulantes mais elevadas do fator de crescimento semelhante à insulina tipo I (IGF-I, de insulin-like growth factor type I). Esse fator de crescimento parece estimular a proliferação da mucosa intestinal. c. FIBRAS Contrariando crenças anteriores, os estudos randomizados e de casos-controle falharam em demonstrar qualquer valor para as fibras dietéticas ou dietas ricas em frutas e vegetais na prevenção da recorrência de adenomas colorretais ou no desenvolvimento de câncer colorretal. Fatores de risco a. Idade igual ou superior a 50 anos; excesso de peso e alimentação não saudável (dieta à base de gordura animal). Essa dieta não saudável é pobre em frutas, vegetais e outros alimentos que contenham fibras. O consumo de carnes processadas (salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru e salame) e a ingestão excessiva de carne vermelha (acima de 500 gramas de carne cozida por semana) também aumentam o risco para este tipo de câncer. OBS.: Durante o processamento, as carnes processadas são submetidas a altas temperaturas, resultando na produção de aminas heterocíclicas e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos com potencial carcinogênico em pessoas com predisposição genética. b. Síndromes hereditárias Até 25% dos pacientes com câncer colorretal apresentam história familiar da doença, o que sugere clara predisposição hereditária. São divididas em: - Síndromes de polipose bem-estudadas, porém raras - Síndromes não polipose mais comuns Legenda: A imagem encontra-se no Anexo 01. OBS.: Além da história familiar de câncer de intestino, história pessoal de câncer de intestino, ovário, útero ou mama também são fatores de risco. c Polipose adenomatosa colônica / Polipose familiar do cólon É uma doença rara, caracterizada pelo surgimentode milhares pólipos adenomatosos por todo o intestino grosso. Trata-se de uma herança autossômica dominante. Está associada à supressão do braço longo do cromossomo 5 (incluindo o gene APC) nas células neoplásicas (mutação somática) e normais (mutação da linha germinativa). A perda desse material genético (perda alélica) resulta em ausência dos genes supressores de tumor, cujos produtos proteicos inibiriam, em condições normais, o crescimento neoplásico. OBS.: Os pacientes eventuais que não possuem histórico familiar, provavelmente, sofreram uma mutação espontânea que originou a doença. Logo, a polipose adenomatosa colônica se deve a um defeito na mucosa colônica que leva a um padrão proliferativo anormal e à deficiência dos mecanismos de reparo de DNA. #Bônus Síndrome de Gardner– É um subconjunto das poliposes colônicas caracterizado pela presença de polipose adenomatosa colônica associada a tumores dos tecidos moles e dos ossos, hipertrofia congênita do epitélio pigmentar retiniano, tumores desmoides no mesentério e neoplasias ampulares. #Bônus Síndrome de Turcot– Refere-se ao surgimento de tumores malignos do sistema nervoso central associados à polipose adenomatosa colônica. Em todas essas doenças, os pólipos colônicos são raros antes da puberdade, mas, aos 25 anos, já estão presentes nos indivíduos acometidos. Se a polipose não for tratada cirurgicamente, ocorrerá desenvolvimento de câncer colorretal em quase todos os pacientes com < 40 anos de idade. Uma vez detectados os pólipos múltiplos, os pacientes devem ser submetidos à colectomia total. O tratamento clínico com medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como sulindaco, e com inibidores seletivos da cicloxigenase 2, como celecoxibe, pode diminuir o número e o tamanho dos pólipos. Entretanto, esse efeito é apenas temporário, e a utilização de AINEs não reduz o risco de câncer. A colectomia continua sendo o principal tratamento/prevenção. Os descendentes de pacientes com polipose adenomatosa colônica, em geral pré-púberes quando o diagnóstico é feito no progenitor, apresentam 50% de chance de desenvolver essa doença pré-maligna, devendo ser cuidadosamente avaliados com sigmoidoscopia flexível anual até os 35 anos. A proctossigmoidoscopia é suficiente para o rastreamento, pois a distribuição dos pólipos tende a ser uniforme do ceco ao ânus, o que torna supérfluo o uso de técnicas mais caras e invasivas, como a colonoscopia ou o enema opaco. OBS.: A pesquisa de sangue oculto nas fezes é inadequada para a triagem. Se for identificada uma mutação do APC de linhagem germinativa causadora em um membro afetado da família, um método alternativo para a identificação de portadores consiste em testar o DNA em células mononucleares do sangue periférico para a presença da mutação específica do APC. A detecção dessa de linhagem germinativa pode levar a um diagnóstico definitivo antes do desenvolvimento de pólipos d. Polipose associada a MYH É uma síndrome autossômica recessiva rara causada por uma mutação bialélica no gene MUT4H. Pode ter várias apresentações clínicas, semelhantes à polipose adenomatosa colônica ou ao câncer retal que ocorre em indivíduos mais jovens – sem polipose. Recomenda-se a realização de uma colonoscopia anual ou bianual, a partir de 25-30 anos. e. Síndromes não polipose / Síndrome de Lynch É de caráter autossômico dominante. Apresenta como característica a presença de três ou mais parentes com câncer colorretal confirmado histologicamente, sendo um deles parente de primeiro grau dos outros dois; um ou mais casos de câncer colorretal na família diagnosticados antes dos 50 anos; e câncer colorretal em pelo menos duas gerações. Diferentemente da polipose adenomatosa colônica, o HNPCC está associado a uma frequência elevada de câncer no cólon proximal. A mediana de idade para o surgimento de um adenocarcinoma encontra-se antes dos 50 anos, 10 a 15 anos menos do que a mediana de idade esperada para a ocorrência na população geral. Apesar de pouco diferenciados, com aparência histológica mucinosa, os tumores do cólon proximal que caracterizam o HNPCC apresentam melhor prognóstico do que os tumores esporádicos para pacientes de idades semelhantes. Famílias com HNPCC em geral apresentam indivíduos com múltiplas neoplasias primárias. Recomenda-se que os membros dessas famílias façam colonoscopia anual ou bianual a partir dos 25 anos, devendo-se oferecer ultrassonografia pélvica e biópsia do endométrio, realizadas de maneira intermitente, em mulheres em risco. OBS.: Contudo, essa estratégia de rastreamento ainda não foi validada. Em mulheres, é especialmente importante destacar a associação de câncer colorretal a carcinomas de ovário e endométrio. Já foi relatado o aparecimento de tumores gástricos, de intestino delgado, urogenitais, pancreatobiliares e de glândulas sebáceas cutâneas. O HNPCC está associado a mutações na linhagem germinativa de vários genes, em particular o hMSH2 no cromossomo 2 e o hMLH1 no cromossomo 3. Essas mutações levam a erros na replicação do DNA e resultam em sua instabilidade, pois o reparo defeituoso do pareamento do DNA leva a um crescimento celular anormal e ao desenvolvimento do tumor. A realização de testes em células tumorais por meio de análise molecular do DNA para “instabilidade de microssatélites” ou detecção imuno- histoquímica de deficiência de proteínas de reparo de mau pareamento em pacientes com câncer colorretal e história familiar positiva de câncer colorretal ou de endométrio pode identificar probandos com HNPCC. f. Doença inflamatória intestinal Pacientes com doença inflamatória intestinal (DII) de longa duração apresentam um maior risco de câncer do intestino grosso, sendo que parece que as neoplasias se desenvolvem mais comumente em pacientes com retocolite ulcerativa. O risco de doença colorretal em um paciente com DII é relativamente baixo nos primeiros 10 anos da doença, mas, em seguida, parece aumentar entre 0,5 e 1% ao ano. Após 25 anos de doença, 8 a 30% dos pacientes podem ter câncer. O risco é maior em pacientes jovens com pancolite. Sintomas como diarreia sanguinolenta, cólicas abdominais e obstrução, que podem indicar o surgimento de um tumor, são semelhantes às queixas provocadas por exacerbação da doença de base. Nos pacientes com 15 anos de doença e ≥ que continuam a sofrer exacerbações, a colectomia pode reduzir bastante o risco de câncer, bem como eliminar o órgão-alvo da doença gastrintestinal crônica subjacente. O valor de técnicas de triagem, como a colonoscopia com biópsia da mucosa e escovados citológicos em indivíduos oligossintomáticos com DII ainda é incerto. g. Bacteremia por Streptococcus bovis Por motivos desconhecidos, os indivíduos com endocardite ou sepse causada por essa bactéria fecal apresentam alta incidência de tumores colorretais ocultos e também, provavelmente, de neoplasias gastrintestinais altas. A triagem endoscópica ou radiológica parece aconselhável. h.. Tabagismo O fumo está associado ao surgimento de adenomas colorretais, principalmente após uso de tabaco por mais de 35 anos. OBS.: O consumo de bebidas alcoólicas também é considerado um fator de risco. i.. Exposição ocupacional à radiação ionizante Radiação ionizante, como raios-x e gama pode aumentar o risco para câncer de cólon. Logo, profissionais do ramo da radiologia (industrial e médica) devem estar mais atentos. Quadro clínico do câncer de cólon Os sintomas variam de acordo com a localização anatômica do tumor. Como as fezes ainda estão relativamente líquidas ao passarem pela valva ileocecal e entrarem no cólon direito, os tumores do ceco e do cólon ascendente podem crescer bastante antes de causarem sintomas obstrutivos ou outras alterações nos hábitos intestinais. As lesões do cólon direito costumam ulcerar, causando perda sanguínea crônica e insidiosa,mas que não altera o aspecto das fezes. Portanto, os pacientes com tumores do cólon direito apresentam, muitas vezes, sintomas como fadiga, palpitação ou até angina pectoris, além de anemia hipocrômica e microcítica, indicando deficiência de ferro. OBS.: Como os cânceres podem apresentar um padrão de sangramento intermitente, uma pesquisa aleatória de sangue oculto nas fezes pode ser negativa. Assim, a presença inexplicada de anemia ferropriva em qualquer adulto (com a possível exceção de uma mulher multípara na prémenopausa) exige uma avaliação endoscópica e/ou radiológica detalhada de todo o intestino grosso. Como as fezes são formadas ao passarem pelos cólons transverso e descendente, os tumores que surgem nessa região tendem a obstruir sua passagem, provocando cólicas abdominais, obstruções eventuais e até perfuração. As radiografias do abdome muitas vezes revelam lesões constritivas anulares (em “maçã mordida” ou em “anel de guardanapo”) As neoplasias que surgem no retossigmoide estão muitas vezes associadas a hematoquezia, tenesmo e diminuição do calibre das fezes. Tais sintomas podem levar o paciente ou o médico a suspeitar de hemorroidas, porém o surgimento de sangramento retal ou de alteração dos hábitos intestinais exige investigação imediata com toque retal e proctossigmoidoscopia. OBS.: Anemia é um achado incomum. OBS.: Esses sinais e sintomas também estão presentes em problemas como hemorroidas, verminose, úlcera gástrica e outros, e devem ser investigados para seu diagnóstico correto e tratamento especifico. O diagnóstico requer biópsia (exame de pequeno pedaço de tecido retirado da lesão suspeita). A retirada da amostra é feita por meio de aparelho introduzido pelo reto (endoscópio). Estadiamento, fatores prognósticos e padrões de disseminação O prognóstico dos pacientes com câncer colorretal depende da profundidade da invasão tumoral na parede intestinal, do acometimento dos linfonodos regionais e de metástases a distância. Essas variáveis são incorporadas em um método de classificação TNM, em que T representa a profundidade de penetração do tumor, N, a presença de comprometimento de linfonodos, e M, a presença ou ausência de metástases a distância. Legenda: A imagem encontra-se no Anexo 02. Estágio I (T1-2N0M0): a lesões superficiais que não envolvem os linfonodos regionais e não penetram a submucosa (T1) ou a muscular (T2) Estágio II (T3-4N0M0): os tumores que penetram a muscular, mas não se disseminam para os linfonodos; Estágio III (TXN1-2M0): o envolvimento de linfonodos regionais. Estágio IV (TXNXM1).: a disseminação metastática para locais como fígado, pulmões ou ossos. OBS.: Não é possível determinar com precisão o estágio da doença antes da ressecção cirúrgica e do estudo histopatológico das peças cirúrgicas, exceto nos casos em que há doença metastática evidente. A maioria das recidivas após a ressecção cirúrgica de um tumor do intestino grosso ocorre nos primeiros 4 anos, o que torna a sobrevida após 5 anos um indicador bastante confiável de cura. A probabilidade de sobrevida em 5 anos dos pacientes está associada ao estadiamento do tumor e melhorou durante as últimas décadas., já que se trata de um estadiamento cirúrgico e patológico mais cuidadoso. OBS.: Em especial, uma maior atenção aos detalhes patológicos revelou que o prognóstico após a ressecção de câncer colorretal não está associado apenas à presença ou à ausência de comprometimento de linfonodos regionais; em vez disso, o prognóstico pode ser mais preciso quando associado ao número de linfonodos comprometidos (1- 3 linfonodos [“N1”] vs. 4 ou mais linfonodos [“N2”]) e ao número de nódulos examinados. Um mínimo de 12 amostras de linfonodos é considerado necessário para definir com acurácia o estágio do tumor, e quanto maior o número de linfonodos examinados, melhor. Outros fatores que indicam um prognóstico ruim após a ressecção cirúrgica total são: a penetração do tumor através da parede intestinal até a gordura pericólica, a histologia pouco diferenciada, a perfuração e/ou a aderência do tumor aos órgãos adjacentes (que aumenta o risco de recidiva anatomicamente adjacente), bem como a invasão venosa pelo tumor. Seja qual for o estágio clinicopatológico, uma elevação pré-operatória dos níveis plasmáticos do antígeno carcinoembrionário (CEA, de carcinoembryonic antigen) indica uma recidiva subsequente do tumor. A presença de aberrações cromossômicas específicas, particularmente uma mutação no gene b- raf nas células tumorais, parece prever um risco maior de disseminação metastática. Legenda: A imagem encontra-se no Anexo 03. Fatores preditores de bom prognóstico: Já a detecção de instabilidade de microssatélites em tecidos tumorais indica evolução mais favorável. Os tumores que surgem no cólon esquerdo estão associados a um melhor prognóstico do que aqueles que se desenvolvem cólon direito, provavelmente devido a diferenças nos padrões moleculares. OBS.: Diferentemente da maioria dos outros tumores, o prognóstico do câncer colorretal não depende do tamanho da lesão primária, quando ajustado para o comprometimento linfonodal e a diferenciação histológica. Rastreamento A justificativa para programas de rastreamento para o câncer colorretal baseia-se no fato de que a remoção de pólipos adenomatosos prevenirá o câncer colorretal e de que a detecção precoce de neoplasias superficiais e localizadas, em pacientes assintomáticos, aumentará a taxa de cura cirúrgica. Esses programas de rastreamento são particularmente importantes para indivíduos com uma história familiar de doença em parentes de primeiro grau. O risco relativo para o desenvolvimento de câncer colorretal aumenta para 1,75 nesses indivíduos e pode ser ainda maior se seu parente tiver sido afetado pela doença antes dos 60 anos. Atualmente, tanto a American Cancer Society quanto a National Comprehensive Cancer Network sugerem a pesquisa de sangue oculto nas fezes anualmente e a sigmoidoscopia flexível a cada 5 anos, ou a colonoscopia a cada 10 anos, começando aos 50 anos em pacientes assintomáticos, sem história pessoal ou familiar de pólipos ou câncer colorretal. No momento, a colonoscopia a cada 10 anos tem sido realizada em alternativa à pesquisa anual de sangue oculto nas fezes e sigmoidoscopia periódica (a cada 5 anos). OBS.: O toque retal deve ser parte do exame físico de rotina de qualquer adulto com mais de 40 anos. Ele serve para o rastreamento do câncer de próstata em homens e é parte do exame pélvico em mulheres, constituindo uma manobra de baixo custo para a detecção de massas retais. Entretanto, em função da migração proximal dos tumores colorretais, seu valor no rastreamento global do câncer colorretal tornou-se limitado. OBS.: Infelizmente, mesmo quando realizada de modo adequado, a pesquisa de sangue oculto nas fezes apresenta limitações importantes como técnica de rastreamento. Cerca de 50% dos pacientes com câncer colorretal documentado apresentam um teste negativo, compatível com o padrão de sangramento intermitente desses tumores. Assim, a maioria dos indivíduos assintomáticos com sangue oculto nas fezes não apresenta neoplasia colorretal apenas pólipos benignos, por exemplo.– Mas as pessoas identificadas com teste para sangue oculto nas fezes positivo acabam sendo encaminhadas, rotineiramente, para avaliação clínica, incluindo sigmoidoscopia e/ou colonoscopia – procedimentos não apenas desconfortáveis e caros, mas também associados a um pequeno risco de complicações significativas. OBS.: Com o reconhecimento de que o processo carcinogênico que leva à progressão da mucosa intestinal normal à formação de um pólipo adenomatoso e, em seguida, ao câncer é o resultado de uma série de alterações moleculares, os pesquisadores examinaram o DNA fecal para a presença de mutações associadas a essas alterações moleculares como evidência da presençaoculta de lesões précancerosas ou verdadeiramente malignas. Embora a pesquisa de DNA fecal tenha sido capaz de mostrar a presença de mais adenomas avançados e neoplasias do que o teste de sangue oculto nas fezes, a sensibilidade global, utilizando a colonoscopia como padrão, foi inferior a 50%, diminuindo o entusiasmo para o prosseguimento do exame de DNA fecal. OBS.: A utilização de exames de imagem para rastreamento do câncer colorretal também foi avaliada. Enemas de bário com duplo contraste foram utilizados para identificar a fonte do sangramento oculto antes do advento da endoscopia com fibra óptica. O desconforto e a inconveniência do procedimento para os pacientes limitaram sua adoção mais abrangente. OBS.: A introdução do exame de tomografia computadorizada (TC) levou ao desenvolvimento da colonografia virtual (i.e., TC) como alternativa ao uso crescente das técnicas de triagem endoscópicas. A colonografia virtual foi proposta como sendo equivalente em sensibilidade à colonoscopia e está disponível de forma mais ampla, pois não exige o mesmo grau de especialização do operador como na videoendoscopia. Entretanto, ela necessita da mesma preparação com catárticos que limitou a aceitação generalizada da colonoscopia endoscópica. A colonografia virtual é diagnóstica, mas não terapêutica (i.e., os pacientes com lesões suspeitas devem ser submetidos a um procedimento endoscópico para polipectomia ou biópsia), e, na prática radiológica geral, parece ser uma técnica de triagem menos sensível quando comparada aos procedimentos endoscópicos. OBS.: Em contraste à preparação catártica, necessária para procedimentos colonoscópicos, que só podem ser realizados por especialistas treinados, a sigmoidoscopia flexível necessita apenas de enema como preparação e pode ser realizada com precisão por médicos não especialistas. Provavelmente, os benefícios do rastreamento sigmoidoscópico resultam da identificação e da remoção dos pólipos adenomatosos. Embora a sigmoidoscopia flexível seja capaz de visualizar apenas a metade distal do intestino grosso, e assumindo-se que a colonoscopia representa uma abordagem com mais informações, parece que a colonoscopia é menos precisa para rastreamento do cólon proximal do que do cólon distal, talvez devido a considerações técnicas, mas também possivelmente em função de uma maior frequência de pólipos serrados (i.e., “planos”) no cólon direito, que são mais difíceis de serem identificados. OBS.: A colonoscopia mostrou-se superior ao enema baritado com duplo contraste, sendo também mais sensível na detecção de adenomas vilosos ou displásicos ou neoplasias do que a estratégia com pesquisa de sangue oculto nas fezes e sigmoidoscopia flexível. Ainda não está determinado se a colonoscopia realizada a cada 10 anos, iniciando aos 50 anos, é clinicamente superior e economicamente equivalente à sigmoidoscopia flexível. Prevenção primária Foi proposta a utilização de vários medicamentos de uso oral para inibir o câncer de cólon. Os mais eficazes na quimioprevenção são o ácido acetilsalicílico e outros AINEs. Acredita-se que eles inibam a proliferação celular ao bloquearem a síntese de prostaglandinas. O uso regular de ácido acetilsalicílico reduz o risco de adenomas e carcinomas de cólon, bem como o de morte por câncer do intestino grosso. Esses medicamentos parecem diminuir também a possibilidade do surgimento de outros adenomas pré- malignos após o tratamento com sucesso de um carcinoma de cólon. Esse efeito do ácido acetilsalicílico na carcinogênese colônica aumenta de acordo com a duração do uso e a dosagem do medicamento. O valor da vitamina D, como forma de quimioprevenção, ainda está sendo investigado. Dados recentes que associam a presença de níveis plasmáticos adequados de vitamina D a uma redução do risco de pólipos adenomatosos e câncer colorretal parecem ser promissores. As vitaminas antioxidantes, como o ácido ascórbico, os tocoferóis e o -caroteno, são inefetivos em reduzir aβ incidência de adenomas subsequentes em pacientes nos quais se removeu um adenoma colônico. A terapia de reposição com estrogênio foi associada a uma redução no risco de câncer colorretal em mulheres, provavelmente por seu efeito na síntese e na composição de ácidos biliares ou pela diminuição da síntese de IGF-I. Tratamento do câncer colorretal Quando se detecta uma lesão maligna no intestino grosso, o tratamento ideal é a ressecção total do tumor. Antes da cirurgia, contudo, deve-se realizar uma avaliação para presença de doença metastática, incluindo exame físico completo, avaliação bioquímica da função hepática, determinação dos níveis plasmáticos do antígeno carcinoembriônico (CEA) e uma TC de tórax, abdome e pelve. Se possível, deve-se fazer uma colonoscopia total, com visualização de todo o cólon, para procurar neoplasias sincrônicas e/ou pólipos. OBS.: A detecção de metástases não deve contraindicar a cirurgia em pacientes com sintomas como sangramento gastrintestinal ou obstrução, porém frequentemente indicam uma cirurgia menos radical. Durante a laparotomia, é necessário examinar toda a cavidade peritoneal, com inspeção minuciosa do fígado, da pelve e do hemidiafragma, bem como palpação cuidadosa de todo o intestino grosso. Após a recuperação de uma ressecção completa, deve-se proceder a uma avaliação cuidadosa do paciente por 5 anos, com exame físico semestral e bioquímica de sangue anual. OBS.: Se uma colonoscopia total não tiver sido feita no pré-operatório, ela deve ser realizada nos primeiros meses do pós-operatório. OBS.: Alguns especialistas defendem a determinação dos níveis plasmáticos de CEA em intervalos de 3 meses, pois se trata de um teste sensível que permite identificar recidiva não detectável por outros meios. Está indicada a reavaliação endoscópica subsequente do intestino grosso, provavelmente a cada 3 anos, pois os pacientes curados de um câncer colorretal apresentam 3 a 5% de chance de desenvolver outro câncer de cólon durante a vida e um risco de mais de 15% de surgimento de pólipos adenomatosos. OBS.: As recidivas anastomóticas (na “linha de sutura”) são incomuns em pacientes com câncer colorretal quando as bordas da ressecção cirúrgica são adequadas e estão livres de tumor. O valor da TC periódica de abdome à procura de uma indicação assintomática precoce de recidiva tumoral, apesar de incerto, tem sido recomendado anualmente nos 3 primeiros anos do pós-operatório. Recomenda-se a radioterapia da pelve em pacientes com câncer retal, uma vez que ela reduz a probabilidade de 20 a 25% de recidiva regional após ressecção cirúrgica completa de tumores nos estágios II ou III, principalmente se tiverem penetrado através da serosa. Acredita-se que a altíssima taxa de recidiva local se deva ao fato de que o espaço anatômico restrito na pelve limita a extensão da ressecção e porque a rica rede linfática da parede pélvica lateral pode facilitar a disseminação precoce de células malignas para áreas inacessíveis à cirurgia. Nas neoplasias do reto, o uso de dissecção cortante, em vez de divulsionamento (excisão mesorretal total), parece reduzir o risco de recidiva local para cerca de 10%. A radioterapia pré ou pós-operatória reduz a probabilidade de recidiva pélvica, mas parece não aumentar a sobrevida. A combinação de radioterapia e quimioterapia com 5- fluoruracila (5-FU), preferivelmente antes da ressecção cirúrgica, diminui as taxas de recorrência local e melhora a sobrevida geral. A radioterapia pré-operatória está indicada para pacientes com tumores retais extensos e potencialmente irressecáveis; essas lesões podem diminuir o suficiente para permitir a sua remoção cirúrgica subsequente. A terapia sistêmica e primária para pacientes com câncer colorretal tornou-se mais eficaz em relação – à radioterapia por exemplo. A 5-FU continua sendo a base do tratamento dessa doença. Sãoobtidas respostas parciais em 15 a 20% dos pacientes. A possibilidade de resposta tumoral parece ser um pouco maior em pacientes com metástases hepáticas quando se infunde o quimioterápico diretamente na artéria hepática, mas o tratamento intra-arterial é tóxico e dispendioso, parecendo não prolongar de maneira notável a sobrevida. A administração simultânea de ácido folínico (leucovorina [LV]) melhora a eficácia da 5-FU em pacientes com câncer colorretal avançado. O provável mecanismo de ação é o aumento da afinidade da 5-FU pela sua enzima-alvo, a timidilatosintase. A administração de 5-FU costuma ser intravenosa, mas também pode ser por via oral, na forma de capecitabina, com eficácia aparentemente semelhante. O irinotecano (CPT-11), um inibidor da topoisomerase 1, tem sido acrescentado à 5-FU e LV (p. ex., FOLFIRI), resultando em melhora das taxas de respostas e sobrevida de pacientes com doença metastática. O esquema FOLFIRI é o seguinte: irinotecano, 180 mg/ m2 na forma de infusão de 90 min no dia 1; LV, 400 mg/m2, em infusão de 2 horas durante a administração do irinotecano, seguida imediatamente de 5-FU, em bolus de 400 mg/m2 e infusão contínua de 2,4 a 3 g/m2 durante 46 horas, a cada 2 semanas. O principal efeito colateral do irinotecano é a diarreia. A oxaliplatina, análogo da platina, também aumenta a taxa de resposta quando adicionada à 5-FU e à LV (FOLFOX) como tratamento inicial em pacientes com doença metastática. O esquema FOLFOX é o seguinte: infusão de LV durante 2 horas (400 mg/m2 ao dia), seguida de 5-FU em bolus (400 mg/m2 ao dia) e infusão de 22 h (1.200 mg/m2 ), a cada 2 semanas, juntamente com oxaliplatina, 85 mg/m2 em infusão de 2 horas no dia 1. OBS.: A oxaliplatina com frequência provoca uma neuropatia sensitiva, dependente da dose, que, muitas vezes, mas não sempre, desaparece com a interrupção do tratamento. OBS.: O FOLFIRI e o FOLFOX apresentam eficácia semelhante. Na doença metastática, esses esquemas poderão levar a uma sobrevida média de 2 anos. Os anticorpos monoclonais também são eficazes em pacientes com câncer colorretal avançado. O cetuximabe e o panitumumabe são direcionados contra o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR, de epidermal growth factor receptor), uma glicoproteína transmembrana envolvida nas vias de sinalização que afetam o crescimento e a proliferação das células tumorais. Tanto o cetuximabe quanto o panitumumabe, quando administrados de modo isolado, apresentaram benefícios para uma pequena proporção de pacientes anteriormente tratados, e o cetuximabe parece ter sinergia terapêutica com agentes quimioterápicos, como o irinotecano, mesmo em pacientes previamente resistentes a esse fármaco, o que sugere que o cetuximabe possa reverter a resistência celular à quimioterapia citotóxica. Os anticorpos não são efetivos em cerca de 65% do subgrupo de tumores do cólon que contêm mutações nos genes ras ou braf. O uso de cetuximabe e panitumumabe pode levar a um exantema semelhante à acne, sendo o desenvolvimento e a gravidade do exantema correlacionados à probabilidade da eficácia antitumoral. Os inibidores do EGFR tirosina-cinase, como o erlotinibe ou o sunitinibe, não são eficazes no câncer colorretal. O bevacizumabe é um anticorpo monoclonal dirigido contra o fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF, de vascular endothelial growth factor) e atua como um agente de antiangiogênese. A adição de bevacizumabe às combinações contendo irinotecano e ao FOLFOX parece, inicialmente, melhorar de modo significativo os resultados observados com a quimioterapia isolada, mas estudos subsequentes sugerem um menor grau de benefício. O uso de bevacizumabe pode levar à hipertensão, a proteinúria e ao aumento da probabilidade de eventos tromboembólicos. Os dados preliminaries sugerem que o uso de inibidores de checkpoints (i.e., PD-1 e PD-2) como imunoterapia é efetivo no pequeno subgrupo de pacientes com câncer colorretal metastático, cujos tumores têm deficiência da proteína de reparo de mau pareamento (i.e., microssatélites instáveis). Os pacientes com metástases hepáticas solitárias, sem evidências clínicas ou radiográficas de envolvimento adicional do tumor, devem ser considerados para ressecção parcial de fígado, uma vez que esses procedimentos estão associados a taxas de 25 a 30% de sobrevida em 5 anos quando realizados em indivíduos selecionados por cirurgiões experientes. A administração de 5-FU e LV durante 6 meses após a ressecção do tumor em pacientes com doença em estágio III leva a 40% de redução das taxas de recidiva e 30% de melhora de sobrevida. A probabilidade de recidiva foi ainda mais reduzida quando a oxaliplatina foi combinada com 5- FU e LV (p. ex., FOLFOX), particularmente em pacientes cujo tumor sofreu disseminação para 4 ou mais linfonodos regionais (N2). De modo inesperado, o acréscimo de irinotecano à 5-FU e à LV, bem como a adição de bevacizumabe ou cetuximabe ao esquema FOLFOX, não melhorou significativamente os resultados. Os pacientes com tumores em estágio II não parecem se beneficiar muito da terapia adjuvante, sendo o uso de tal tratamento em geral restrito aos que apresentam características biológicas (p. ex., tumores perfurantes, lesões T4, invasão linfovascular) que os colocam em alto risco de recorrência. A adição de oxaliplatina ao tratamento adjuvante para pacientes com > 70 anos e para aqueles com doença em estágio II não parece fornecer qualquer benefício terapêutico. No câncer retal, a administração de terapias pré e pós-operatórias combinadas (5-FU ou capecitabina mais radioterapia) reduz o risco de recidiva e aumenta a chance de cura para pacientes com tumores em estágios II e III, sendo a abordagem pré-operatória mais bem tolerada. Referências bibliográficas: Medicina interna de Harrison [recurso eletrônico] / J. Larry Jameson... [et al.] ; tradução: André Garcia Islabão...[et al.] ; [revisão técnica: Ana Maria Pandolfo Feoli... [et al]. – 20. ed. – Porto Alegre: AMGH, 2020. https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de- intestino Anexos Anexo 01 Anexo 02 Anexo 03
Compartilhar