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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA SETOR DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS GIULIA AMARAL RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA – CONTROLE DE QUALIDADE DO LEITE PONTA GROSSA 2021 GIULIA AMARAL RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA – CONTROLE DE QUALIDADE DO LEITE Trabalho apresentado com intuito avaliativo à disciplina de Análises Bromatológicas e Fiscalização de Alimentos na Universidade Estadual de Ponta Grossa. Docente: Profª Juliana Bonametti Olivato PONTA GROSSA 2021 1. INTRODUÇÃO Atualmente, a busca por alimentos saudáveis e com alto valor nutricional, vem se tornando uma preocupação constante ao ser humano. Na indústria de alimentos, a inocuidade é fator fundamental, onde a produção de alimentos é extremamente rigorosa na questão qualidade, tanto para assegurar ao consumidor, quanto em relação à competitividade do mercado. Hoje, a prioridade das empresas é oferecer produtos que contribuam para a melhoria da qualidade de vida da população, e ainda, sejam seguros e não forneçam riscos à saúde dos consumidores. O leite, produto da secreção da glândula mamária dos mamíferos, acompanha o crescimento e desenvolvimento da nossa espécie, desde o nascimento. É caracterizado por uma solução coloidal de proteínas em emulsão com gorduras e uma solução de vitaminas, minerais, peptídeos e outros componentes. Por ser de origem biológica, pode apresentar variação nos seus componentes, mas é composto aproximadamente por 87,0% de água, 3,6% de gordura, 3,6% de proteínas, 4,5% de lactose e 0,8% de vitaminas e sais minerais, lembrando que, as porcentagens de cada elemento podem variar conforme espécie, raça, individualidade, alimentação, tempo de gestação, intervalos entre ordenhas, “stress” ou ação de drogas medicamentosas. Os avanços na área da tecnologia alimentícia estão proporcionando cada vez mais, o aumento da qualidade do leite que é fabricado e fornecido para consumo, como também dos inúmeros produtos lácteos, favorecendo assim a inserção desse alimento na dieta e na rotina. Isso, porém, induz a ocorrência de adulterações que podem e comprometem o produto final. Por isso, se faz necessário, um rígido controle em todas as etapas de produção, desde a fazenda até nossas residências. O leite deve ser mantido em condições sanitárias, higiênicas e nutricionais adequadas, sendo um dos alimentos mais testados e avaliados por esses parâmetros. São avaliadas, de modo geral, algumas características físico-químicas e sensoriais, como sabor, odor, ausência de conservantes químicos e de resíduos antibióticos, entre outros. Também são realizados testes de determinação da concentração de gordura, extrato seco total, acidez titulável, densidade e outras análises quantitativas. O presente trabalho foi realizado no laboratório da Universidade Estadual de Ponta Grossa, através de uma aula prática que consistiu na identificação de adulterações através da realização de testes específicos para o controle de qualidade do leite. 2. METODOLOGIA 2.1 Determinação da acidez do leite em ácido láctico A acidez indica o estado de conservação do leite. Uma acidez alta é o resultado da acidificação da lactose, provocada por microrganismos em multiplicação no leite. A acidez tende, portanto, a aumentar à medida que o leite vai envelhecendo. Materiais - Buretas, erlenmeyers de 125mL, bequers, NaOH 0,1M (padronizado), solução de fenolftaleína. Procedimento - Encher a bureta com NaOH 0,1M. - Transferir 10mL da amostra para um erlenmeyer e adicionar 3 gotas de solução de fenolftaleína - Titular com NaOH 0,1M até o ponto de viragem (coloração rósea). 2.2 Determinação de gordura em leite por Gerber O método mais empregado para determinação de gordura no leite é o de Gerber, que se baseia na quebra da emulsão do leite pela adição de ácido sulfúrico e álcool isoamílico, centrifugação e posterior determinação da gordura. A gordura do leite encontra-se na forma de emulsão óleo/água, cercada por um filme de proteína. É necessária a quebra desse filme para realizar a extração do lipídeo. O ácido sulfúrico é adicionado com essa função. O álcool isoamílico é adicionado para facilitar a separação da gordura e diminuir a carbonização provocada pelo ácido sulfúrico. Após este processo, a amostra é centrifugada em um tubo específico e graduado chamado butirômetro. A gordura separada da fase aquosa é medida diretamente no tubo. Materiais - Lactobutirômetro de Gerber com rolha, balança, pipetas, centrífuga de Gerber, banho-maria, ácido sulfúrico e álcool isoamílico. Procedimento - Pesar os lactobutirômetro com as rolhas para verificar se estão com pesos equivalentes. - Transferir 10mL de ácido sulfúrico para o butirômetro e adicionar lentamente 11mL de amostra, evitando que se queime ao entrar em contato com o ácido. - Adicione 1 mL de álcool isoamílico. - Arrolhar o butirômetro, pesar e agitar até completa dissolução. - Centrifugar na centrífuga de Gerber por 5 minutos. - Colocar a camada amarela-clara, transparente (gordura) dentro da escala graduada do butirômetro e fazer a leitura do teor de gordura. 2.3 Pesquisa de adulterantes do leite O principal adulterante do leite é a água. A adição de água ao leite, ou aguagem, reduz sua densidade e a quantidade do extrato seco total. A adição de amido também caracteriza o processo de adulteração, sendo utilizado para restaurar a densidade perdida pela adição de água. 2.4 Determinação de densidade a 15°C O leite é uma emulsão de gordura em água e sua densidade fornece informações sobre a quantidade de gordura nele contida. De maneira geral, um acréscimo de gordura provoca uma diminuição no valor da densidade. A adição de água reduz a densidade do leite. Materiais - Termolactodensímetro, balança analítica, proveta de 250 mL e papel absorvente. Procedimento - Transfira, para uma proveta de 250 mL, uma quantidade da amostra previamente homogeneizada e resfriada que permita introduzir o termolactodensímetro. A temperatura deverá variar de (10-20)°C. Introduza o termolactodensímetro lentamente, evitando mergulhá-lo além do ponto de afloramento e tendo o cuidado de não encostar nas paredes da proveta. Faça a leitura ao nível do leite, no menisco superior. Levante um pouco o termolactodensímetro e enxugue a haste com papel absorvente, de cima para baixo. Mergulhe novamente o termolactodensímetro até próximo do traço anteriormente observado. Espere que a coluna de mercúrio do termômetro e o densímetro se estabilizem. Proceda a leitura da densidade e da temperatura. Expresse a densidade a 15°C utilizando a Tabela 1. Os valores dos graus lactodensimétricos correspondem à 2ª, 3ª e 4ª casas decimais do valor da densidade. Para obter o valor da densidade corrigida a 15°C, basta colocar 1 à esquerda do valor do grau lactodensimétrico obtido na Tabela 1. Se os valores da densidade não estiverem contidos nesta tabela, faça a correção da leitura acrescentando 0,0002 para cada grau acima de 15°C ou diminuindo 0,0002 para cada grau abaixo de 15°C. Ex.: para leitura a 16°C com densidade igual a 1,0150, some a esta leitura 0,0002; para leitura a 12°C com densidade igual a 1,0150, subtraia 0,0006 desta leitura. 2.5 Identificação de amido A prova verifica o desenvolvimento de coloração azulada após aquecimento e adição de solução iodo (solução de Lugol) à amostra, em presença de amido. O aquecimento promovea abertura da cadeia helicoidal da molécula do amido, permitindo a adsorção do iodo com o desenvolvimento da coloração característica após resfriamento. Materiais - Proveta de 10 mL, béquer de 50 mL e chapa aquecedora. Procedimento - Meça 10 mL da amostra em uma proveta. - Transfira para um béquer e aqueça até ebulição em chapa aquecedora. - Resfrie e adicione 2 gotas de solução de Lugol. - Na presença de amido, aparecerá uma coloração azul. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Determinação da acidez do leite em ácido láctico Foram analisadas três amostras, A, B e C. Em cada amostra foi realizada a titulação com NaOH 0,1 M, obtendo-se os seguintes volumes gastos: - Amostra A: 2,3 mL - Amostra B: 2,5 mL - Amostra C: 6,1 mL Através desses valores, pode ser calculada a acidez titulável em porcentagem de ácido láctico. O leite de vaca normal apresenta acidez titulável entre 0,14 a 0,18 % em ácido lático. Ou seja, todas as amostras estão reprovadas, pois resultaram em valores acima de 0,20%, como pode ser observado nos cálculos acima. 3.2 Determinação de gordura em leite por Gerber Nas três amostras foram adicionados ácido sulfúrico e álcool isoamílico para quebra da emulsão do leite. Em seguida, foram submetidas a centrifugação nos butirômetros. Os resultados obtidos foram: - Amostra A: 3% - Amostra B: 3% - Amostra C: 3% O leite industrializado deve ter pelo menos 3% de gordura – integral, logo, as amostras estão dentro do teor mínimo padrão. 3.3 Determinação de densidade a 15°C Através do termolactodensímetro, foi possível a leitura da densidade e da respectiva temperatura. Utlizando a tabela 1, corrigiu-se o valor da densidade a 15°C. Os valores obtidos foram: - Amostra A: 1,028 g/cm3 - Amostra B: 1,023 g/cm3 - Amostra C: 1,027 g/cm3 Segundo a legislação brasileira, os valores da densidade do leite devem variar entre 1,028 a 1,034 g/mL a 15ºC. Logo, as amostras B e C indicam algum tipo de fraude/adulteração, e seriam reprovadas no controle de qualidade. Já a amostra A, se encontra dentro dos valores de densidade estabelecidos, portanto estaria aprovada. 3.4 Identificação de amido Essa análise é feita através de aquecimento, adição de iodo (solução de Lugol) e resfriamento, para verificar a presença de amido. As três amostras foram analisadas com o teste e os resultados obtidos foram: - Amostra A: coloração amarelada - Amostra B: coloração azulada - Amostra C: coloração amarelada O amido não faz parte da composição do leite, portando o resultado do ensaio, para um leite não adulterado, deve ser negativo. Entretanto, a amostra B apresentou resultado positivo para amido, pois adquiriu coloração azulada, característica da reação e formação do complexo de amido e lugol. Segundo a Instrução Normativa n°68 de 2006, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, essa substância é adicionada como um espessante, para mascarar a adição de água e corrigir a densidade original do produto. Ou seja, a amostra B está reprovada, caracterizando um leite adulterado. As amostras A e C apresentaram resultado negativo para amido, logo, não estão fraudadas com essa substância. 4. CONCLUSÃO Conclui-se que por meio das análises e testes feitos para o controle de qualidade do leite, foi proporcionado aos alunos a utilização do conteúdo teórico trabalhado na disciplina, aplicado a uma situação prática. As provas apontaram adulterações quanto a porcentagem de acidez, densidade e adição de amido, portanto não apresentam condições sanitárias para o consumo. Isso só evidencia a importância das análises físico-químicas, pesquisas de fraudes e o rígido controle de qualidade que deve ser realizado, não apenas no leite, mas em todos os alimentos e produtos destinados ao consumo da população. As constatações de irregularidades preservam o bem estar e a saúde do consumidor final, além de auxiliar na consolidação da distribuição de produtos mais seguros e de qualidade. 5. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria de Defesa Agropecuária. Métodos Analíticos Físico-Químicos para Controle de Leite e Produtos Lácteos. Instrução Normativa 68, 12/12/06. Brasília: Ministério da Agricultura, 2006. BRASIL. Ministério da Agricultura. Regulamentos Técnicos de Produção, Identidade e Qualidade do Leite. Instrução Normativa 51, 18/09/02. Brasília: Ministério da Agricultura, 2002. BRITO, M. A; ARCURI, E.; LANGE, C.; SILVA, M.; SOUZA, G. Agência de Informações Embrapa. Agronegócio do Leite. Disponível em: https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia8/AG01/arvore/AG01_86_21 720039241.html. Acesso em: 15 dez. 2021. CASTANHEIRA, Ana Carolina Guimarães. Controle de qualidade de leite e derivados. 2° Edição. Editora Cap-Lab, 2012. TRONCO, Vania Maria. Manual para Inspeção da Qualidade do Leite. 4° Edição. Editora UFSM, 2010. CASTRO, Patrícia de Souza. Tecnologia de leites e derivados. Goiás, 2005. https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia8/AG01/arvore/AG01_86_21720039241.html https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia8/AG01/arvore/AG01_86_21720039241.html
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