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Resenha Filme Código de honra (Puncture)

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RESENHA DO FILME 
PUNCTURE 
I S A B E L A M E S S E R 
C O L É G I O E V A N G É L I C O A L B E R T O T O R R E S 
L A J E A D O , A G O S T O 2 0 2 1 
 
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 O longa-metragem dirigido e produzido por Adam e Mark Kassen trata-se de um caso 
real ocorrido com a enfermeira Vicky nos Estados Unidos. Essa profissional fora picada 
acidentalmente em uma tentativa de inserir uma medicação em um paciente inquieto, por isso o 
título original da obra: Puncture, referente a picada na língua inglesa. Na sequência, Vicky é 
diagnosticada com HIV, o que nos três anos seguintes progride para um quadro de AIDS, mas 
a enfermeira acaba por não resistir. Antes de falecer, Vicky conversa com os advogados Paul 
Danziger, que, junto com o advogado Michael Weiss, entram com um processo contra os 
fornecedores de materiais médicos da América do norte, pois desejavam implementar um novo 
modelo de agulhas mais seguras, desenvolvidas por Jeffrey Dancort, amigo de Vicky. 
O drama detalha a história de como a picada da agulha de Vicky e o desejo de Dancort de 
evitar que isso acontecesse novamente levaram à descoberta por Danziger e Weiss de uma 
conspiração envolvendo um fabricante de agulhas e seu distribuidor para monopolizar o 
mercado de agulhas médicas. Danziger e Weiss concordaram em aceitar o caso de Dancort e 
processaram o fabricante de agulhas que o impediu de entrar no mercado. Ao longo do 
caminho, eles descobriram que apenas os fabricantes que estivessem dispostos e pudessem 
comprar seu caminho para os canais de distribuição poderiam colocar seus produtos nas mãos 
de hospitais e profissionais de saúde. Após várias reviravoltas dramáticas e com a ajuda de um 
terceiro advogado, Mark Lanier, o processo acabou sendo encerrado por mais de US $ 100 
milhões. 
 
A REALIDADE 
O problema de os profissionais de saúde serem feridos por picadas de agulha é 
significativo. De acordo com dados da revista Nursing Time (2001) 80 a 90% dos casos de 
transmissão de doenças infecciosas entre profissionais da saúde decorre de acidentes por 
picadas de agulhas contaminadas. A Organização Mundial da Saúde também aponta um dado 
preocupante, ocorrem cerca de 2 milhões de exposição anuais de profissionais da saúde à 
patógenos, o que pode levar ao contágio de HIV, hepatite B, hepatite C e outras doenças 
transmitidas pelo sangue. 
Como os hospitais compram dispositivos médicos por meio de organizações de compras 
em grupo (GPOs), a intervenção legislativa foi necessária para ajudar a colocar agulhas mais 
seguras nas mãos dos profissionais de saúde. Em 2000, o presidente Clinton assinou a Lei de 
Prevenção e Segurança com Picadas de Agulha, que exige o uso de agulhas mais seguras. Como 
resultado, a Administração de Segurança e Saúde Ocupacional (OSHA) emitiu regras exigindo 
que hospitais e outros empregadores “identifiquem, avaliem e implementem o uso de 
dispositivos médicos mais seguros.” Em nível regional, vários estados, incluindo a Califórnia, 
outorgaram leis com requisitos semelhantes. Essa intervenção legislativa certamente terá um 
impacto no número de picadas de agulha, bem como nas doenças e mortes dos profissionais de 
saúde por picadas de agulha. 
No Brasil, a Norma Regulamentadora - NR 32 (2008), estabelece que os empregadores 
devem disponibilizar materiais perfurocortantes com dispositivo de segurança aos profissionais 
de saúde e também prevê um sistema de vigilância epidemiológica sistemática para controle de 
Acidentes de Trabalho com Material Biológico (ATMB) entre profissionais de saúde, bem 
como a adoção de medidas profiláticas. Entretanto, vale ressaltar que em relação às agulhas 
 
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com dispositivo de segurança, no Brasil, não há uma grande comercialização de modelos como 
apresentados no longa-metragem e utilizados nos países norte-americanos, mas algumas 
instituições adequaram-se ao modelo de segurança “BD SafetyGlide”, a qual precisa ser 
manualmente fechada para que a agulha deixe de se tornar um risco. 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Às vezes, a luz mais brilhante vem dos lugares mais escuros”