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1 ** todo paciente tem direito de saber seu diagnóstico, os efeitos colaterais; se lucido tem pleno direito de escolha quanto ao tratamento e compartilhamento de decisões. Lembrar que mesmo em casos de tumores metastáticos ainda pode haver uma excelente resposta ao tratamento, não é sentença de morte! É desumano julgar como paciente terminal somente pelo diagnóstico metastático de pequeno volume, cada tumor e paciente respondem de uma maneira. Tudo é individual e protocolado. CA de intestino por exemplo tem muito benefício em realizar metastasectomia principalmente hepática. No CA de mama tem benefício para retirada de metástase cerebral e assim vai, cada CA com sua individualidade levando em consideração também o local onde se teve início. Temos que ter cuidado para no caso de desconhecimento ou ignorância evitar que uma vaga de UTI seja negada a pacientes metastáticos, por exemplo, porque muitas vezes eles respondem bem e possuem bom prognostico. O preconceito vem da desinformação. Quanto a quimioterapia temos a ideia de que quem tem câncer e não se trata evoluirá para metástase e não fará mais sentido tratar. Pensamos também como na imagem ao lado, com o paciente que irá perder o cabelo, soro na veia, o estigma completo do paciente oncológico. Não se trata de um quarto escuro no qual o paciente usufrui dessa modalidade de tratamento. Tentamos tornar todo esse processo o mais leve possível, com música, televisão com filmes para os pacientes verem juntos, bibliotecas (com semana do livro), box individuais em que a família pode estar junto ao paciente etc. O INCA e AC Camargo que são SUS também promovem muito conforto e entretenimento aos pacientes, por isso é sempre bom perguntar ao paciente que iniciará esse tratamento sobre qual sua visão deste, afim de desmistificar todo preconceito que temos. O câncer não precisa ser majoritariamente triste, então qualquer movimento fora do esperado é bem-vindo, como enfeitar de carnaval as salas de quimioterapia, comemorar o dia da mulher e assim por diante. A história da quimioterapia Tudo começou na Segunda Guerra Mundial durante os bombardeios entre os navios de um país e outro. Nesta ocasião, foi liberada uma bomba com fumaça tóxica que liberava o gás mostarda e foi percebido que ao inalar esse gás há uma toxicidade hematológica muito grande e principalmente do ponto de vista das células brancas do corpo causando uma imunossupressão importante. Com isso o pensamento foi que ao inalar esse gás 2 mostarda há uma baixa de leucócito grande atribuído a uma dificuldade da medula se recuperar, então quem tem problemas sanguíneos por conta do câncer pode ser beneficiado com esse gás. Hoje em dia não se usa quimioterapia inalada, porém foi muito importante para a percepção de que esse gás poderia realmente causar essa “diminuição das células do sangue”. As células brancas foram devastadas por conta do gás mostarda e com isso começaram a realizar estudos com pacientes que tinham problemas na medula em que os leucócitos eram muito altos, o que foi dando certo e sendo cada vez mais aprimorado. Resumidamente por conta de um efeito colateral do gás mostarda uma nova ideia que salva muitas vidas surgiu. Carcinogênese Temos que entender que existem fatores genéticos que tem interferência na produção e hereditariedade do câncer, e esses representam no máximo 20% dos casos. Os principais fatores envolvidos na carcinogênese são evitáveis, como o sedentarismo, tabagismo, etilismo, exposição ao sol, contato com agentes químicos, tendo esses uma interferência muito maior que a hereditariedade. Independente disso, temos uma cascata de evolução para que uma célula consiga crescer e se estabelecer como célula tumoral. Esta precisa ter uma alteração que provoque a modificação do gene, que fica em standby aguardando um outro fator para que elas comecem a ter uma reprodução. É como se a célula ficasse em “pause”, com potencial de crescer, e por algum fator estabelecido por fora ou hereditário essa célula é ativada, aperta o “play” e ela começa a crescer. Com esse crescimento, há uma capacidade maior de crescer dentro da própria célula ou pegar a corrente sanguínea e desenvolver uma metástase. Toda vez que a célula ganha uma capacidade grande de multiplicação a ponto de descontrole e atinge a corrente sanguínea indo a outro órgão, denominamos isso de metástase. Se a célula estiver em pause e o fator extrínseco causador não for retirado ou controlado, haverá o crescimento desenfreado a ponto de atingir outros locais. Ela cresce, se multiplica dentro da célula, atinge a corrente sanguínea e vai para outro tumor. Basicamente começa em um lugar e vai para outro. Na nossa AA temos um caso clinico de uma paciente com múltiplos nódulos que sugeriam metástase, o que não significa que se iniciou ali, mas foi parar naquela localidade. Pelos critérios de imagem, parecia que teve início em outro lugar e foi parar no fígado. Vale lembrar que a metástase também ocorre por via linfonodal, e é por isso que temos o estadiamento TNM. Levamos em consideração que o tumor gosta de crescer dentro da célula; tamanho (T). Que ele gosta de andar por via linfonodal; linfonodo (N). E que esse também percorre a corrente sanguínea causando metástase a distância, (M). Para cada tumor há um 3 protocolo quanto ao tamanho, quais linfonodos atingem e isso é imprescindível para o estadiamento do câncer. O estadiamento são todos os exames feitos antes de se definir um tratamento. O estadiamento oncológico deve considerar se o tumor está só no local onde este se iniciou, ou se ele teve a capacidade de se multiplicar e atingir outros órgãos. Cada tipo de tumor possui um exame que deve ser solicitado, não é para todos que pedimos PET scan, RM cerebral por exemplo. Precisamos de critérios quanto ao local onde o tumor foi iniciado e o tratamento que será feito. O tipo de tratamento escolhido sempre será direcionado de acordo com o local onde o câncer começou! A quimioterapia é única para onde o câncer começou, pois foi de lá que ela conseguiu enviar focos metastáticos para os outros lugares. É diferente tratar um CA de pulmão com metástase hepática, e um tumor hepático com metástase pulmonar. Onde define o crescimento da célula tem vários tratamentos específicos, e cada tipo de tumor exige um tipo de quimioterapia. O que é a quimioterapia A quimioterapia é um tratamento que destrói o crescimento celular. A célula do tumor cresce rápido e de uma maneira desordenada. A quimioterapia irá atuar no ciclo celular matando as células que estão em crescimento mais ativo. Temos que entender que ao mesmo tempo que ela atua nas células que crescem de maneira rápida e desordenada, ela também afetará tudo o que cresce mais rapidamente no nosso organismo. O cabelo acaba caindo em alguns tipos de quimio por conta de renovação acelerada dos pelos, assim como as unhas que podem ficar frágeis, irregulares e até caírem, isso tudo por esse princípio de atuação da quimioterapia. Hoje em dia os tratamentos têm ficado cada vez mais específicos e afetando menos essas células de rápido crescimento que não são cancerígenas, mas mesmo assim ainda existem os de tipo padrão que pegam as células de câncer mas também afetam outras partes do nosso organismo. Uma outra parte com rápida renovação é a nossa pele que acaba ficando muito fragilizada nos pacientes em tratamento, podendo também descamar, ficar com os poros abertos devendo ter nossa atenção como futuros médicos. As mucosas, principalmente da boca e do TGI em geral se renovam muito rapidamente, com a quimioterapia o paciente pode apresentar lesões aftosas, descamações, diarreia, constipação etc. “Quanto mais determinado tecido se replica, maiores os efeitos sobre as células” Não devemos esquecer que a quimioterapia é um tratamento SISTÊMICO, totalmentediferente da radioterapia que é luz, radiação no local que existe o problema. Nunca iremos tratar com radio um câncer metastático com intuito de tto sistêmico; tratarei este com quimio, ou até mesmo tratamento combinado. Critérios de aplicabilidade Saberemos então onde esse câncer começou com biópsia confirmando este local, teremos também o estadiamento com seu TNM, teremos conhecimento se é metastático ou não metastático, mas apesar disso tudo, vamos considerar alguns critérios que são unanimidade na liberação para quimioterapia. 4 • Termo de consentimento sobre possíveis efeitos colaterais: em primeiro lugar sabemos que o paciente é o melhor conhecedor de sua própria vida, então ele precisa estar plenamente esclarecido e consciente do tratamento e seus possíveis efeitos colaterais, assinando um termo que será fornecido. “Eu sei o que eu tenho, sei o que vou fazer, e sei o que pode acontecer”. • Temos que analisar de acordo com a anamnese e exame físico se nosso paciente tem condições de encarar esse tratamento. No caso de uma paciente de 21kg, por exemplo, seria contraindicado. Não podemos oferecer um tratamento que seja pior que a própria doença, esse deve vir para ajudar, nunca para piorar a qualidade de vida. Precisamos então conhecer bem sua condição clínica. Precisamos saber sobre suas comorbidades. No caso de um paciente fazendo hemodiálise, a quimioterapia não é contraindicada, porém o oncologista deve estar em contato com nefrologista para marcar o dia da quimio, e ajustar a dose para ver se altera a função renal, se a dose filtrada está ajustada para não fazer a quimioterapia atoa. Paciente em preparação para transplante hepático também pode fazer quimioterapia desde que não seja hepatotóxica. • Performance status (PS): veremos a frente os critérios, e está relacionada as condições clínicas de independência, autonomia e condições gerais do paciente a ponto de estar apto ou não a qualquer tipo de tto. • Exames laboratoriais: quando falamos de quimioterapia citotóxica, ou seja, que destrói a célula do tumor, eu tenho obrigatoriedade de orientação dos pacientes quanto a realização de exames pré QT (quimioterapia). E somos contraindicados de realizar QT se neutrófilos (células brancas de defesa = bastão + segmentados) < 1.500, e plaquetas < 10.000. Minha maior preocupação quanto a neutropenia é uma emergência oncológica chamada de neutropenia febril que é quando o tto causa neutropenia e imunossupressão, deixando o paciente mais susceptível a infecções oportunistas (por exemplo covid). Se durante o tto os neutrófilos forem para baixo de 1.500, cessa a quimio e se espera 1 semana para medula se recuperar, já que sabemos que é uma hematoxicidade por conta tratamento. Existe também alguns estimuladores de produção de colônias como o Granulokine, Filgrastim que estimulam o aceleramento da produção das células do sangue (não tem no SUS). Nesse caso então ajustamos o tempo entre uma quimio e outra, ou a dose calculada inicialmente da quimioterapia, já que são calculadas de acordo com peso e toxicidade. Não contraindicamos nesse caso (valores caírem depois da quimio já iniciada), somente suspendemos por um período curto. Hemoglobina deve estar acima de 7, desde que o paciente se apresente clinicamente bem, assintomático. ** todos os critérios citados aqui valem para tumores “sólidos”, os do sangue serão acompanhados por hematologista. Exemplo1: paciente com leucócito total 10.000, porem somando bastão e segmentado não dá 1.500. Não liberamos quimio! Leuco pode até manifestar uma elevação e estar dentro do valor de referência, porém o importante aqui são os neutrófilos. Exemplo 2: paciente com hemoglobina de 7,2 com fadiga, dispneia e anemia sintomática em geral = transfunde. Outro paciente com hemoglobina de 5 mas sem sintomas = transfunde também porque vamos ciclar novamente, e esse novo ciclo de quimio pode causar mais hematotoxicidade e com isso não dar tempo dele se recuperar rapidamente. • Eletrólitos: precisamos ter conhecimento da função renal e hepática. 5 • Vacinação: acesso sobre cartão vacinal e também sorologias. Procurar saber se teve Hep B, se tem Hep C, HIV e cargas virais, trabalhando junto a um infectologista. Antes da primeira quimio faremos sempre: hemograma completo, eletrólitos, função renal e hepática, sorologias e cartão vacinal. **Vacinas com vírus vivo não podem ser administradas a pacientes oncológicos, devemos fazer as atenuadas. A de covid é liberada para os pacientes oncológicos em qualquer fase de seu tratamento. • Acesso venoso: a maior parte das quimioterapias são por acesso venoso, então temos que ver se o paciente tem essa possibilidade. Se não tiver veia boa, utilizaremos um cateter que uma agulha específica (Cooper) será acoplada para puncionar e realizar a quimio. É um acesso central vinculado a um dispositivo totalmente implantável chamado Portocath (figura ao lado) e a partir disso conseguimos liberar a quimioterapia não havendo risco de extravasar em uma veia frágil. O risco desse dispositivo sair do lugar é quase inexistente, mas pode infeccionar, trombosar, infecção de pele na inserção etc. Vale lembrar que a maioria dos serviços do SUS não tem cirurgião vascular e não paga por implante de cateter. As vezes o paciente precisa ficar internado com acesso central para o tratamento. • Ambulatorial x internação: a maioria das quimioterapias são em caráter ambulatorial, sendo muito dependente de onde começou o tumor e dos protocolos e exigências deste. Temos que saber qual tipo de tumor, qual estadiamento, classificação, o que já foi feito de tratamento etc. alguns protocolos requerem quimioterapia de 3h toda semana, outros a cada 28 dias, semanas alternadas, isso varia muito sendo altamente individualizado. • Ausência de infecção, ou se presente, infecção controlada: pacientes com covid por exemplo é contraindicação absoluta, pois pode causar neutropenia e aumentar chance de infecção oportunista podendo levar a morte por choque séptico; lembrar de neutropenia febril. Febre alta, tosse purulenta, itu, exames descontrolados (VHS, PCR) são contraindicações para realização da quimioterapia. Classificação Performance status (PS), ECOG ou Karnofsky Se trata da capacidade funcional do paciente, o quanto ele está ativo e quanto depende de outros para realizar atividades. Se o paciente é completamente ativo, se tem autonomia para realizar as atividades completamente sozinho, se fica um período mais dependente. Se consegue permanecer fora da cama, mas maior parte do tempo fica acamado, se precisa de ajuda em coisas básicas como alimentação, banho, ou se é completamente dependente de alguém. *Saber bem esse quadrinho ao lado. Pode ser um pouco subjetivo e variar de acordo com avaliação de cada profissional. Pode ser PS1 e não limita ele de fazer a quimio, mas sabemos que 6 tem uma discreta restrição. É importante também que ninguém fará quimioterapia em um paciente que não consegue nem levantar da cama, que precisa de 100% de ajuda nas atividades diárias. Nesses casos podemos indicar quimioterapia paliativa, mas dependerá do tipo de restrição do paciente e veremos isso com mais detalhes nas próximas aulas. Tipos de quimioterapia • Monoquimioterapia: 1 tipo de quimioterápico isolado • Poliquimioterapia: mais de um quimioterápico será utilizado quando queremos resultado. O tumor está grande, a doença está avançada, precisamos de resposta rápida, que o volume tumoral seja cada vez mais reduzido utilizando múltiplas quimioterapias no mesmo protocolo. O cálculo da quimioterapia se dá através da superfície corpórea (SC), para isso precisamos da altura do paciente e do seu peso. Colocaremos essas informações na fórmula ao lado. Se temos uma SC de 1,8 (calculo da quimio é sempre em m²), e minha quimioterapia é de 60mg porm², faremos essa multiplicação, e esse valor será correspondente a nosso tratamento. Por isso precisamos pesar o paciente a cada consulta! A altura não é variável, mas o peso sim, então precisamos ter controle quanto a isso para recalcular as doses de quimioterapia. A maioria das quimioterapias são venosas, porém existem também as orais, subcutâneas, intramusculares, intraperitoneais, intratecais (infundido no espaço licorico), intra arterial e intravesicais (CA de bexiga fazemos BCG que é citotóxico e destrói a célula do tumor quando é injetado pela sonda). NADIR DA QUIMIOTERAPIA: cada quimioterapia tem seu ciclo. Se é feita de 28 em 28 dias por exemplo, ela tem uma ação rápida no começo e depois cai até chegar no 28º dia. Imaginamos então uma curva ascendente até 14º dia e descendente até o 28º. Inversamente temos a imunidade do paciente, então quando a quimioterapia está no pico máximo de ação, a imunidade está no menor pico de concentração. No meio do ciclo temos o auge de ação da quimio, e o mínimo de imunidade desse paciente, sendo esse o período de maior chance de infecção oportunista, podendo ocorrer a neutropenia febril. Isso é obrigatório ser explicado ao paciente. A orientação é “ Sr. Jose, o senhor vai fazer quimioterapia hoje e vai ficar 28 dias em casa, mas ela estará na corrente sanguínea do senhor. Então mais ou menos na metade do ciclo, 2 dias antes e 2 dias depois, é o período que a quimioterapia está subindo muito e a imunidade do senhor está baixando, então tem que ficar de olho se o senhor está tendo febre. Se o senhor tiver febre no Nadir da quimioterapia (esse período critico), temos que coletar exame de sangue de urgência. E se apresentar neutropenia, vamos internar e dar antibiótico, se não pode evoluir para choque séptico”. Nadir então é o pico de ação máxima da quimioterapia na corrente sanguínea, e inversamente a maior queda de imunidade do paciente, o expondo a infecções oportunistas. Esse período varia com a frequência da quimio, se for de 21 dias por exemplo, Nadir da QT será no 9º dia (2 dias antes e 2 depois). Se for a cada 15 dias, do 6º ao 8º dia mais ou menos será o Nadir. Orientações aos pacientes Ao iniciar a quimioterapia é muito importante a coparticipação do paciente nas decisões. Orientaremos quanto aos efeitos colaterais, período do Nadir por meio de folder e deixar claro que ele deve procurar ajuda médica se for identificado quadro febril e deve colher exame de sangue para excluir neutropenia febril. Se o paciente se encontrar neutropênico deve ser internado 7 caracterizando uma importante urgência oncológica. Se o paciente só estiver com febre o seguimento é outro, podendo ser ITU, covid, ou qualquer outra coisa, só não pode estar com neutropenia. • Febre • Alimentação: sempre encaminhar para nutricionista. Equipe multidisciplicar para apoio. Única contraindicação absoluta são os alimentos crus ou com casca pelo risco de contaminação. Se o paciente gosta muito de alface ou cenoura crua por exemplo, deve ser orientado a fazer higienização impecável e nunca comer esses alimentos fora de casa onde não tem esse controle. Evitar fritura, gordura, muito açúcar, mas também nada muito engessado. Frutos do mar precisamos pesquisar quanto a alergias também. Deve haver uma relação de corresponsabilidade durante o tratamento, no qual o paciente não deve deixar de comer tudo que gosta, mas ao mesmo tempo tem que entender seu momento de mais fragilidade. Também não há contraindicação absoluta de bebidas alcoólicas, mas devem ser consumidas com muito mais critério e bom senso. Ponderar os riscos e benefícios das escolhas. • Animais: ponderar que o animal precisa ser vacinado, que se ele for de rua ou passear, não dormir ou agarrar os bichinhos. Tudo para evitar possíveis contaminações em um paciente já imunossuprimido. Não precisamos retirar da vida dos pacientes, pois muitas vezes são até pontos de apoio. • Vida social: não precisa evitar que o paciente vá a encontros, cafés etc, mas evitar aglomerações, procurar por lugares arejados, isso para evitar infecções oportunistas. Bom senso! Se for em um show e beber, não estará bem para realizar a quimioterapia no dia seguinte e fatalmente irá passar mal. • Efeitos colaterais: temos obrigação de informar todos os possíveis efeitos colaterais. A maioria dos quimioterápicos causa náusea e vomito, diarreias, alterações em TGI e o paciente deve estar ciente de tudo isso. • Exames pré QT: avaliação com equipe multidisciplinar durante a QT. Nutricionista das orientações pré QT, psicólogos, enfermeiras verão a questão do acesso. • Medicações de alívio: para enjoo, dor no corpo (dipirona, morfina), diarreia, constipação. Esses básicos já devem estar em receituário com paciente antes da primeira QT, com orientação de uso se necessário. Se pele descamar, prescrever creme, e assim por diante. Os efeitos colaterais não costumam ocorrer no dia da quimioterapia, para isso existes os medicamentos pré QT, o paciente será hidratado, receberá remédio para alergia e enjoo na veia, para pirose, preparando o organismo de modo geral para quimioterapia. Temos então as medicações se necessário, e as pré medicações. (encontramos os remédios básicos no SUS) • Fatores de risco: evitar tabagismo, etilismo, radiação, exposição ao sol. • Avaliação odontológica: alguns tumores podem causar alterações dentarias, principalmente os de cabeça e pescoço. Pensamos também na atuação da radioterapia quanto a luz na cabeça e pescoço. Nem sempre conseguimos tudo isso pelo SUS, mas tentamos fazer o melhor com os recursos que estão a disposição. Outros tipos de tratamento 1. citotóxico como a quimioterapia 2. imunomoduladores 3. inibidores de sinalização 4. inibidores hormonais: inibidores de celular receptoras de hormônios. 8 5. inibidores de crescimento de vasos sanguíneos: em casos de tumores muito vascularizados. Finalidades (importante!!) • Curativa: quando temos um tumor e o estadiamento/classificação dele é inicial. Fazemos com intuito da doença desaparecer. • Neoadjuvante ou prévio (à cirurgia): quando fazemos qt em um tumor que é muito grande e não consegue ser ressecado no momento, logo preciso de diminuição de volume tumoral. O que é grande não consegue ser ressecado, por conta de ser localmente avançado é diferente de ser metastático. Temos que agir antes para diminuir o volume tumoral, tornando-o ressecável. • Adjuvante: fazemos tto cirúrgico, mas por critérios individuais da peça cirúrgica da biopsia, precisamos complementar o tto com quimioterapia. Ou seja, complemento o tto que já foi cirúrgico, diferente do neoadjuvante que ocorre antes da cirurgia. • Paliativa: não tem intuito de cura, a doença até pode desaparecer, mas tem intenção de controle e melhoria de qualidade de vida e sobrevida (tempo livre de doença com qualidade de vida). Paciente com CA de mama e metástase pulmonar, por exemplo, vou jogar a toalha e falar que é muito grave e que o paciente entrará em cuidados paliativos exclusivos? Nunca. Temos várias possibilidades terapêuticas para pacientes metastáticos; metástase não é sentença de morte! A tendencia é que em breve o câncer seja encarado como uma doença crônica, se não há cura, vamos em busca do controle. Este modelo é diferente dos cuidados paliativos, aqui ainda temos o que fazer, é como um seguimento de uma doença crônica.
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