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REUMATOLOGIA Equipe SJT Editora Reumatologia. São Paulo: SJT Editora, 2016. ISBN 978-85-8444-082-5 Copyright © SJT Editora 2016 SJT Editora Todos os direitos reservados. Diretor editorial e de arte: Júlio César Batista Diretor acadêmico: Raimundo Araújo Gama Editora assistente: Letícia Howes Editor de arte: Áthila Pelá Projeto gráfico: Rafael Costa Capa: Erick Balbino Pasqua Editoração eletrônica: Equipe SJT Editora Contato com o departamento editorial: editora@sjtresidencia.com.br Contato com o departamento acadêmico: aluno@sjtresidencia.com.br Avenida Paulista, 949 – 9º andar Cerqueira César – São Paulo/SP CEP: 01311-917 Fone: (11) 3382-3000 http://www.sjteducacaomedica.com.br Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/1998. É expressamente proibida a reprodução ou transmissão deste conteúdo, total ou parcial, por quaisquer meios empregados (eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação e outros), sem autorização, por escrito, da Editora. Este material didático contempla as regras do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que vigora no Brasil desde 2009. Apresentação à 16ª edição Apresentamos, à comunidade médica, a mais nova edição do conteúdo didático SJT Preparatório para Residência Médica. Entendemos que nossa função não consiste apenas em prepará-lo(a) para as provas de Residência Médica, mas possibilitar conhecimento e cultura para o desenvolvimento de sua carreira profissional. O corpo docente do SJT, composto por professores das melhores instituições de São Paulo, tem como meta de trabalho fornecer o melhor preparo a você, fazendo com que seus planos se tor- nem realidade, por meio de muito esforço, determinação e vontade. O material didático SJT 2016 está atualizado com as últimas questões dos concursos de Residên- cia Médica de todo o país. Estude com atenção e entusiasmo. Respeite sua agenda, pois aprendizado requer dedicação. O maior responsável pelo seu sucesso é você. Participe regularmente das atividades do site – o me- lhor programa on-line de atividades acadêmicas. Estamos juntos neste objetivo: Residência Médica 2017! O contato com o departamento acadêmico deverá ser feito pelo email: aluno@sjtresidencia.com.br. Você será Residente em 2017! un i verso sjt online www.sjteducacaomedica.com.br Login CPF sem pontos e traço. 4 primeiros números do CPF. Relação de cursos SJT. Encontre o seu. Meu perfil Calendário com atividades, agenda de aulas, atualizações, eventos, etc. Novidades Notícias atualizadas sobre os temas dos cursos. Meu perfil Perfil do aluno, informações sobre aces- so, atividades, notas, etc. Mensagens: Por aqui o aluno poderá trocar mensagens com professores, tutores e colegas de curso. Curso atual Nesta opção você poderá encontrar to- dos os participantes do curso e navegar pe- los temas que serão abordados no mesmo. Meus cursos Caso você esteja matriculado em mais de um curso, poderá acessá-los por aqui. 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A: desencadea- mento do sinal de Tinel. B: teste de Phalen. Figura 1.11 Teste irritativo de Neer. Figura 1.13 Teste de Schober para medir a habilidade de flexionar a coluna lombar. Figura 1.17 Deformações típicas da mão em osteoar- trite. Nódulos de Heberden são observados nas IFDs, e nódulos de Bouchard são observados nas IFPs. Figura 1.17 Artrite reumatoide avançada com a clássica mão reumatoide. Figura 1.18 Nódulos reumatoides. Critério clínico de gravidade na história natural da AR. Figura 2.2 Eletroforese sérica em gel de agarose. A: perfil normal. B: mieloma múltiplo. 10 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Figura 2.3 Eletroforese em gel de agarose de pa- ciente com mieloma múltiplo. Figura 2.4 Padrões de reatividade dos anticorpos an- tinucleares por imunofl uorescência indireta em células HEp-2: (A) nuclear homogêneo, (B) nuclear pontilhado, (C) nucleolar, (D) centromérico e (E) citoplasmático. Figura 2.5 IV Consenso FAN 2012. Citoplasmático em bastões e anéis. Figura 2.6 Técnicas de imunofl uorescência. Anticor- po anticitoplasma de neutrófi lo na GW é usualmente IgG. A técnica de coloração granular difusa do citoplas- ma (c-ANCA) correspondeao anticorpo dirigido contra serina proteinase 3. O perinuclear (p-ANCA) resulta do anticorpo dirigido geralmente contra mieloperoxidase, mas que pode ser dirigido contra lactoferrina, elastase e catepsina G. p-ANCA tem sido identifi cado em uma var- iedade de glomerulonefrites, nas vasculites de Churg- Strauss e poliangiite microscópica. Figura 2.7 Articulação móvel. Estrutura anatômica. 11 Caderno de imagens SJT Residência Médica – 2016 Figura 2.10 Punção articular em um quadro de mon- oartrite, evidenciando líquido sinovial não purulento. Figura 2.11 Líquido sinovial. (A) Normal. (B) Hemor- rágico. Figura 2.12 Inclusões de líquido sinovial. (A) Re- síduos ocronóticos semelhantes à “pimenta moída”. (B) “Corpos de arroz”, fragmentos de membrana sinovial enriquecidos com fibrina. Figura 2.13 Teste do fio, ilustrando a viscosidade do líquido sinovial normal. Figura 2.15 Líquido sinovial com inflamação aguda apresentando pleocitose neutrofílica. Figura 2.16 Gota aguda: cristais de urato em forma de agulha com birrefrigência fortemente negativa. 12 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Figura 2.17 Pseudogota: cristais romboides de piro- fosfato de cálcio diidratado com birrefrigência fraca- mente positiva. Figura 4.4 Rash malar no LES. Figura 4.5 Lúpus discoide. Figura 4.6 LE cutâneo subagudo. Associação com anti-Ro/SSA. 13 Caderno de imagens SJT Residência Médica – 2016 Figura 4.7 Características histológicas de glomerulone- frite proliferativa difusa (OMS, classe IV, forma mais comum) em paciente com LES. A maioria dos glomérulos está envolv- ida por proliferação global das células mesangiais (A). Acen- tuada trombose intracapilar (B). Depósitos subendoteliais são vistos no interior das alças capilares. O espessamento resultante do contorno da membrana é descrito com o termo “alça de arame” (C). Múltiplos neutrófilos são evi- denciados no interior do mesângio e no lúmen capilar (D). Corpos hematoxilínicos (setas) não são vistos frequente- mente no material de biópsia. Estes são resultantes da alter- ação nuclear do DNA e são considerados patognomônicos de nefrite lúpica. Note também o infiltrado neutrofílico e a proliferação celular, ambos fatores de atividade da lesão (E). Extenso depósito glomerular de imunoglobulina (F). Figura 5.3 Livedo reticular. Figura 5.4 Úlceras isquêmicas. Figura 5.5 Livedo reticular grave. Figura 5.6 Livedo reticular. 14 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Figura 6.1 Úlceras digitais e gangrena digital em duas pacientes com fenômeno de Raynaud grave. Figura 6.2 Gangrena digital em paciente com severo FR. Figura 6.3 Fenômeno de Raynaud em paciente com ESP. Figura 6.4 ESP: calcinose grosseira e fenômeno de Raynaud (CREST). Figura 6.5 Úlceras metacarpofalangeanas são devi- das à má perfusão e pequenos traumas repetidos na pele esclerodérmica. Figura 6.6 Capilaroscopia ungueal normal. Observe as alças capilares com o mesmo padrão de fl uxo e ta- manho. Figura 6.7 Capilaroscopia de prega ungueal mostran- do alças capilares gigantes e áreas avasculares. O leito ungueal, assim como a retina, representa um dos únicos locais do corpo em que a visualização direta da vascu- latura pode ser prontamente efetuada. A técnica para CPU envolve a coloração de uma gota de óleo de im- ersão na cutícula de um ou mais dedos e a visualização dos capilares por meio de um oftalmoscópio regulado a + 40 dioptrias. Padrão SD: dilatações e distorções vas- culares com áreas de desvascularização. 15 Caderno de imagens SJT Residência Médica – 2016 Figura 6.8 Capilaroscopia ungueal com diminuição das alças capilares. Figura 7.1 Esclerodermia linear. Observe atrofia lin- ear acometendo porção distal da coxa e região central da panturrilha. Figura 7.2 Morfeia generalizada. Uma afecção es- clerodérmica rara, na qual somente a pele é afetada, mas com comprometimento difuso. Os mamilos são as únicas áreas não afetadas nesta paciente e por isso es- tão protrusos. Figura 7.3 A e B: esclerodermia linear, em golpe de sabre . Figura 7.5 Síndrome CREST: observe os pontos de calcinose na região palmar e extremidades. 16 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Figura 7.6 A, B e C: esclerodermia com telangiectasias. Figura 7.7 Necrose digital. Necrose nitidamente demarcada da ponta do dedo em um paciente com ES cutânea limitada. Figura 7.8 Esclerodactilia. Observar o endurecimen- to da pele e contraturas fi xas em fl exão nas articulações interfalangianas proximais em um paciente com ES cutânea limitada. Figura 7.9 Calcinose cutânea. Observar o grande depósito de cálcio rompendo-se através da pele em um paciente com ES cutânea limitada. Figura 9.1 Dermatopolimiosite com nódulos de Gottron. Figura 9.2 Dermatopolimiosite: mãos de mecânico. 17 Caderno de imagens SJT Residência Médica – 2016 Figura 9.3 Dermatopolimiosite: heliotropo (lesão eritematosa periorbitária). Figura 9.4 Dermatopolimiosite: rash facial que não respeita o sulco nasolabial, como o observado no LES. Figura 9.5 Calcinose cutânea em um paciente com dermatomiosite. Figura 9.6 Poiquilodermia da dermatomiosite. Figura 9.7 Eritema, telangiectasia e um pequeno in- farto periungueal com cutícula esfarrapada. Figura 10.1 Aumento bilateral da parótida em pa- ciente com Sjögren. 18 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Figura 10.2 Língua inteiramente seca – xerosto- mia – na síndrome de Sjögren. A xerostomia resulta do comprometimento das glândulas salivares. Figura 10.3 Aumento da glândula parótida em pa- ciente com SSj. Figura 10.4 Vasculite cutânea em paciente com SSj. Figura 10.5 Cáries em paciente com SSj. Figura 10.7 A e B: teste com coloração rosa-benga- la, com captação diminuída do corante em áreas de epitélio desvitalizado. 19 Caderno de imagens SJT Residência Médica – 2016 Figura 10.8 Teste de Schirmer. Uma tira de papel filtro estéril de tamanho de poro padronizado é colo- cada sobre a pálpebra inferior. O paciente deve fechar os olhos delicadamente, e após 5 minutos a extensão da área úmida é medida. Diminuição da produção de lágrima está presente se ela for menor que 5 mm. Figura 11.1 Eventos envolvidos na patogênese da sinovite reumatoide, progressão da esquerda para a di- reita. M: macrófago; T: linfócito T; B: linfócito B; P: célula plasmática; IL: interleucina; TNF-α: fator de necrose tumoral α, TGF-β: fator de crescimento transformante β; GM-CSF: fator estimulante de colônias macrófago- granulócitos; RF: fator reumatoide; PGE2: prostaglan- dina E2; C: complemento. Figura 11.3 Distribuição de articulações nas duas for- mas mais comuns de artrites: artrite reumatoide e os- teoartrite. Figura 11.4 Nódulos reumatoides. Nódulos subcutâ- neos na superfície extensora do antebraço, próximos ao cotovelo, em um paciente com artrite reumatoide. Esse achado se associa à gravidade. Figura 11.5 Fibrose palmar envolvendo principal- mente o quarto e o quinto dedos; contratura de Du- puytren (seta). Figura 11.6 Deformidade em casa de botão. Essa de- formidade, comum na artrite reumatoide avançada, re- sulta da ruptura da tira central do tendão extensor em cima da articulação interfalangiana proximal. As tiras laterais do mecanismo do tendão extensor são desvia- das para os lados e mantêm a deformidade. 20 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Figura 11.7 Deformidade em pescoço de cisne é co- mum na artrite reumatoide avançada. Ela é produzida pela destruição da placa volar da articulação interfalan- giana proximal, às vezes com associada ruptura da in- serção do fl exor superfi cial. Figura 11.8 Artrite das articulações interfalangianas proximais. Figura 11.9 Úlcera arterial profunda, secundária à vasculite em AR grave (manifestação incomum). Figura 11.10 Mão reumatoide: desvio cubital e sub- luxação das articulações metacarpofalangeanas. Atrofi a interóssea. Figura 11.19 Episclerite reumatoide. É uma com- plicação ocular comum que, no entanto, não acarreta o mesmo mau prognósticoque a esclerite. Figura 11.20 Escleromalácia perfurante na artrite reumatoide. A infl amação de longa duração da esclera (esclerite) resulta em adelgaçamento, a qual expõe a coroide subjacente à infecção secundária e ao risco de perfuração do globo ocular. 21 Caderno de imagens SJT Residência Médica – 2016 Figura 2.13 Doença de Reiter, Ceratoderma blenor- rágico. Esta dermatite psoriasiforme é desencadeada por enterite ou uretrite não gonocócica. Associa-se à uveíte e à espondilite ou à sacroileíte. Geralmente acomete o sexo masculino, havendo alta prevalência de HLA-B27. Figura 2.14 Balanite circinada na doença de Reiter. Figura 2.15 Artrite psoriásica com envolvimento das IFD`s. Figura 2.16 Artrite psoriásica mutilante. Figura 2.17 Depressões ungueais na onicopatia psoriásica. Figura 2.18 Eritrodermia psoriásica. 22 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Figura 2.19 Psoríase cutânea com onicopatia. Figura 2.20 Artrite psoriásica mutilante com dedos em telescópio. Figura 2.21 Placa de psoríase nas regiões sacral e in- terglútea. Figura 3.10 Eritema migratório (doença de Lyme). 23 Caderno de imagens SJT Residência Médica – 2016 Figura 3.11 Eritema crônico migratório da doença de Lyme. Figura 4.3 Crise aguda de gota. Pode-se observar a hiperemia da pele do dorso do pé com edema de todo o pé e tornozelo. Figura 4.4 Tofo gotoso. Tofo gotoso envolvendo a primeira, segunda e quinta articulações metatarsofalan- gianas com discreto acometimento da pele ao redor (A). Tofo ulcerado da articulação interfalangiana distal com hiperemia cutânea ao redor (B). Acometimento de todos os dedos (C). Tofo auricular (D). Figura 4.5 A história natural da gota tem três estágios 24 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Figura 4.6 Microscopia de luz polarizada. Represen- tação esquemática do efeito da orientação do cristal de urato em relação ao plano de oscilação da luz em uso de compensador de prato vermelho. Figura 4.7 Microscopia de luz polarizada de cristais de urato. Ilustrações de cristais de urato birrefringentes com formato de agulha, extracelulares (A) e intracelu- lares (B e C). Figura 5.6 Teste do fi o, ilustrando a viscosidade do líquido sinovial normal. Figura 6.4 Vasculite digital com infartos isquêmicos. 25 Caderno de imagens SJT Residência Médica – 2016 Figura 6.5 Vasculite com ulceração em paciente com AR. Observe a mão reumatoide. Figura 6.6 Púrpura palpável como expressão de vas- culite. Figura 6.7 Livedo reticular como expressão de vasculite. Figura 6.8 Vasculite leucocitoclástica. 26 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Figura 6.9 Púrpuras de membros inferiores em um adolescente com Henoch-Schönlein. Figura 6.14 Isquemia digital em paciente com PAN. Figura 6.15 Livedo reticular e ulcerações das pernas. Figura 6.16 Mononeurite múltipla em paciente com PAN. Lesão do nervo radial justifi cando a mão caída. 27 Caderno de imagens SJT Residência Médica – 2016 Figura 6.17 Ulcerações cutâneas sobre o maléolo médio em paciente com PAN. Figura 6.23 Doença renal na granulomatose de We- gener. O aspecto mais frequente é o de glomerulonefrite segmentar (A) que, quando tratado, não progride para comprometimento renal crônico. Entretanto, quando as modificações tipo crescente, necróticas ou de esclerose ocorrem (B), o retorno à função renal normal é mais im- provável. Ocasionalmente, pode ser observada vasculite dos vasos intrarrenais (C). Figura 6.24 Pseudotumor retro-orbitário em pa- ciente com GW. Figura 6.25 Destruição da cartilagem nasal e fístula cutânea etmoidal em paciente com GW. 28 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Figura 6.26 Nariz em sela na granulomatomase de Wegener. Figura 6.32 Dilatação e intumescimento da artéria tem- poral superfi cial. Figura 6.39 Uveíte na síndrome de Behçet é mais comum em pacientes que possuem HLA-B51. Neste pa- ciente, há alterações graves, como hemorragia escleral. Figura 6.40 Reação de patergia. Esse fenômeno é co- mum na síndrome de Behçet. Figura 6.41 Síndrome de Behçet. Ulceração aguda do lábio, acompanhada por formação cicatricial a partir de 29 Caderno de imagens SJT Residência Médica – 2016 episódios precedentes. Figura 6.42 Síndrome de Behçet. Ulceração do grande lábio. Figura 6.43 Síndrome de Behçet. Uma úlcera peniana típica, com uma margem eritematosa. Figura 6.44 Úlceras genitais em paciente com doen- ça de Behçet. Figura 6.45 Hipópio complicando uveíte em pa- ciente com doença de Behçet. 30 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Figura 6.46 Sangramento e formação de crostas nos lábios de uma criança com DK. Observe ainda a presença de conjuntivite e enfartamento ganglionar em cadeia cer- vical direita. Figura 6.47 Língua em frambroesa na doença de Ka- wasaki. Figura 6.48 Exantema polimorfo em tronco e extrem- idades na DK. Figura 6.49 Descamação membranosa nas extrem- idades em criança com DK. 31 Caderno de imagens SJT Residência Médica – 2016 Figura 7.1 Critérios do Colégio de Reumatologia para síndrome de fibromialgia. Figura 8.1 Deformidade do tipo “nariz em sela” decorrente do comprometimento do septo nasal em paciente com PCR. Figura 8.2 Fase inflamatória final da PCR e colapso crônico da cartilagem da hélix (A e B, respectivamente). 32 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 CAPÍTULO O exame clínico em reumatologia 1 Introdução Assim como em todas as especialidades médi- cas, na Reumatologia é indispensável uma boa ana- mnese e um completo exame clínico, em todas as suas etapas. Embora muitas doenças clássicas da especiali- dade cursem com os sintomas de infl amação articular (edema, calor, eritema e redução da função), nem sem- pre a queixa é articular, sendo muitas vezes necessá- ria uma visão sistêmica do paciente. O objetivo principal na abordagem do pacien- te é não ter pressa em firmar o diagnóstico, lem- brando que nem sempre as doenças clássicas, como LES, AR e dermatopolimiosite, se apresentam ca- racteristicamente no primeiro momento, podendo uma simular a outra, além de poderem configurar síndromes de superposição ou doença mista do te- cido conjuntivo (DMTC). A prudência e o exame clínico adequado são ar- mas na maioria das vezes infalíveis, lembrando a você outro fato relevante: muitas doenças sistêmicas po- dem inicialmente se expressar como doenças reu- máticas. Exemplos pertinentes: sarcoidose, amiloi- dose, hemocromatose e AIDS. Anamnese Na anamnese destes pacientes, todos os aspectos devem ser valorizados, sendo relevantes os seguintes parâmetros: � Idade É importante em relação à consideração de al- guns diagnósticos diferenciais. É o caso, por exemplo, da AIJ (artrite idiopática juvenil), que, entre os seus critérios defi nidores, inclui a idade inferior aos 16 anos. No diagnóstico diferencial das vasculites, duas são próprias da infância, a doença de Kawasaki, que em 80% dos casos acomete crianças com idade infe- rior a 5 anos, e a púrpura de Henoch-Schönlein, que acomete mais crianças do que a população adulta e se constitui na vasculite primária mais comum da in- fância. Ao contrário destas, a arterite temporal ou arterite de células gigantes é classicamente uma vasculite de indivíduos com idade superior a 50 anos. Na artrite por cristais de urato monossódico (gota) a maioria dos casos ocorre após os 40 anos de idade, enquanto a pseudogota (cristais de pirofosfato de cálcio diidratado) acomete indivíduos na mesma faixa etária da osteoartrose (pico máximo de incidên- cia: 6ª a 8ª década de vida). � Sexo As doenças reumáticas são mais comuns nas mulheres, como na artrite reumatoide, LES, síndro- me CREST (calcinose, Raynaud, esofagopatia, esclero- dactilia e telangiectasias), esclerose sistêmica difusa, DMTC, dermatopolimiosite, síndrome de Sjögren, fi- bromialgia e osteoartrose. Por outro lado, a gota e as espondiloartropatias soronegativas associadas ao HLA-B27 são mais comuns em homens. � História familiarÉ importante colher os dados completos da história familiar, uma vez que doenças autoimunes podem ocorrer com aumento de incidência em fa- miliares. Temos o LES, no qual os fatores genéticos parecem ser relevantes, pois 10% dos pacientes apre- sentam um parente de primeiro grau acometido, e a concordância, maior entre gêmeos monozigóticos do que entre dizigóticos. Sinais e sintomas Os principais sintomas em Reumatologia são as dores musculoesqueléticas, rigidez, artrite, edema e a diminuição da amplitude dos movimentos. Dor A dor musculoesquelética é classificada como mecânica quando o paciente apresenta piora dos sin- tomas com a movimentação e alívio com o repouso. Por outro lado, quando a dor diminui de intensidade com movimentos leves e moderados, é classificada como inflamatória. Artrite A queixa mais característica das doenças mus- culoesqueléticas é a presença de artrite (dor, inchaço, vermelhidão e aumento de temperatura em uma arti- culação). O desenvolvimento de sinais e sintomas em poucas horas ou dias caracteriza a artrite aguda (artri- tes por cristais, infecciosas sépticas e traumáticas). Só raramente os reumatismos autoimunes têm apre- sentação aguda (< 10% dos casos). A persistência dos sinais e sintomas por mais de seis semanas de- fine a artrite como crônica (a maioria dos reumatis- mos inflamatórios). Evolução intermediária entre dias e menos de seis semanas define o quadro como artrite subaguda. É importante diferenciar a dor de origem articular daquelas de origem periarticular ou inflama- tória não articular (como, por exemplo, celulite que ocorre em cima de articulação. As tabelas 1.1 e 1.2 aju- dam a diferenciar estas enfermidades. Sinal Articular inflamatória Articular não inflamatória Inflamatória não articular Aumento de temperatura Sim, difusamente sobre a articulação Não costuma estar pre- sente Variável. Quando presente localiza-se sobre a estrutu- ra (i.e.tendão ou bursa) Edema Geralmente com edema difuso (derrame) Ausente. Pode haver au- mento por prolongamen- to ósseo Presente sobre a estrutu- ra acometida Eritema Infrequente. Quando pre- sente, toda a superfície ar- ticular fica avermelhada Não está presente Raramente. Quando pre- sente, é localizado Sensibilidade dolorosa Presente sobre a interli- nha articular Presente sobre a interli- nha articular Presente sobre a estrutu- ra envolvida Tabela 1.1 Principais características do quadro articular Diferenciar artrite de artralgia Artralgia é a presença de dor articular, sem sinais flogís- ticos ao exame físico. Já a artrite se associa a sinais flo- gísticos ao exame físico. Duração Artrites agudas (< 6 semanas) ou crônicas (≥ 6 semanas) Número de articulações acometidas Monoartrite (1), oligoartrite ou pauciartrite (2 a 4) e po- liartrite (≥ 5) 36 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Principais características do quadro articular (cont.) Localização Periférica (grandes e pequenas articulações) ou axial (co- luna, articulações sacroilíaca, esternoclavicular e manu- brioesternal) Padrão evolutivo Migratório (o processo infl amatório melhora ou regride em uma articulação, enquanto se inicia progressivamen- te em outra articulação antes normal), aditivo (o pro- cesso infl amatório estende-se para outras articulações, enquanto as articulações previamente comprometidas mantêm-se em atividade) ou intermitente (intercala períodos de remissão e atividade dos sinais e sintomas articulares) Distribuição Simétrica ou assimétrica Ritmo da cor Padrão mecânico (piora com o movimento) ou infl ama- tório (piora após períodos de repouso, como ocorre na rigidez matinal) Sequelas Verifi car sequelas e limitações articulares Envolvimento sistêmico Sintomas sistêmicos (febre, perda de peso, sudorese no- turna) e o acometimento de outros órgãos podem forne- cer pistas para o diagnóstico Tabela 1.2 A distribuição do acometimento articular é um dos mais importantes aspectos no diagnóstico das doenças musculoesqueléticas, que podem ser assim classifi cadas: Monoartrites: são associadas principalmente aos quadros de artrite por cristais e às causas infecciosas, sépticas ou não. Na gota, por exemplo, o quadro invariavelmente é abrupto, noturno, monoarticular, com acometimen- to na maioria dos casos da 1ª metatarsofalangeana (podagra). Os sintomas constitucionais são mínimos ou inexistentes. Nas artrites sépticas, principalmente na não go- nocócica, a artrite é monoarticular, com envolvimen- to mais frequente da articulação do joelho. Os sinto- mas constitucionais são marcantes: febre, calafrios e queda do estado geral. Oligo ou pauciartrites: no máximo, quatro arti- culações envolvidas. Os exemplos mais clássicos são a ARJ pauciarticular e as espondiloartropatias sorone- gativas (Reiter, EA, artrite psoriática e artrites ente- ropáticas) associadas ao HLA-B27, e, nestas últimas, o envolvimento do esqueleto axial baixo é bastante característico, particularmente na espondilite anqui- losante (EA). Poliartrite: embora muitos reumatismos façam parte deste grupo, o exemplo mais clássico é a AR do adulto, a qual na maioria dos casos é uma poliartri- te cumulativa simétrica, que na sua evolução poupa somente as interfalangeanas distais e o esqueleto axial baixo, com tendência à cronicidade e à incapa- cidade funcional. Sintomas constitucionais e extra-articulares Febre, fadiga e perda ponderal são manifestações comuns no LES e nas grandes vasculites sistêmicas, en- quanto febre, calafrios, toxemia e queda do estado geral são achados comuns na artrite séptica não gonocócica. Queixas multissistêmicas são achados mais marcantes no LES, na esclerodermia difusa e nas grandes vasculites (PAN, PAM, Churg-Strauss e gra- nulomatose de Wegener). A presença de fenômeno de Raynaud é mais frequente em pacientes com esclerose sistêmica e DMTC. Sintomas e sinais que devem ser incluídos na anamnese ao interrogar um paciente para doença do tecido conjuntivo Febre Perda de peso Fadiga Cefaleia Alopecia Exantema Fotossensibilidade Nódulos subcutâneos Fenômeno de Raynaud Xeroftalmia; xerosto- mia; distúrbio visual Mucosite Serosite Cardite Nefrite Colite Uretrite Artralgias/artrites, mialgias/ miosite Distúrbios cognitivos Convulsões Neuropatia Anemia; púrpura vascular; lesões isquêmicas; livedo re- ticular Perda fetal; trombose venosa e/ou arterial Tabela 1.2 37 1 O exame clínico em reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Sintomas da anamnese que possibilitam catego- rizar um distúrbio reumatológico como inflama- tório ou mecânico (degenerativo) Característica Inflamatório Mecânico Rigidez matinal > 1 hora* < 30 min. Fadiga Profunda Mínima Atividade Melhora os sintomas Piora os sinto- mas Repouso Piora os sintomas Melhora os sin- tomas Envolvimento sistêmico Sim Não Resposta ao corticosteroide Sim Não Tabela 1.2 (*) Característica clássica da AR (artrite reumatoide). O exame físico É fundamental fazer um exame musculoesque- lético sistematizado, examinando região por região, comparando articulações simétricas, determinando o grau de inflamação e limitação articular. Figura 1.1 Homúnculo do exame osteoarticular. Não menospreze o que a semiotécnica valoriza, siga o passo a passo: Inspeção: avalie postura, atitude, assimetrias, deformidades, atrofia muscular, aumento de volume e presença de eritema nas articulações. Palpação: avalie presença de dor, edema articu- lar, calor local e crepitação, este último dado é relevan- te para osteoartrite. Utilize o sistema EDCL para re- gistrar o grau de envolvimento de uma articulação com artrite. O sistema EDCL registra o grau de edema, dor, calor e limitação de movimento de uma articulação ba- seado em uma gravidade estimada quantitativamente. Um escore de 0 (normal), 1 (traço), 2 (leve), 3 (mode- rado) ou 4 (grave) pode ser designado às categorias de E, D e C. A limitação de movimento tem escores de 0 (normal), 1 (25% de perda de movimento), 2 (50% de perda), 3 (75% de perda) ou4 (anquilose). Por exem- plo, 2ª MCF direita. E2D2C1L2 significa que a segunda MCF direita tem sinovite leve, dor leve, traço de calor e 50% de perda da amplitude de movimento normal. Amplitude do movimento articular: manobras passivas e ativas são utilizadas para avaliar a amplitu- de dos movimentos das articulações acometidas. Testes específicos: alguns testes ou manobras se- miológicas são úteis na abordagem diagnóstica em reuma- tologia. Destacamos aqui os de maior significado clínico, como o sinal de Tinel e a manobra de Phalen no diag- nóstico da síndrome do Túnel do Carpo (encarceramento do nervo mediano); o teste de Finkelstein no diagnóstico clínico da tenossinovite de De Quervain (tenossinovite estenosante); o teste de Schöber na espondilite anquilo- sante; a manobra de Volkman na pesquisa de sacroileíte; a manobra de Patrick-Fabere na pesquisa do acometi- mento coxofemoral; o teste da onda e o sinal da tecla na pesquisa de derrame articular. O teste de Neer avalia a compressão das estruturas do ombro entre o tubérculo maior do úmero e o acrômio, sendo positivo na tendinite do supraespinhal, na bursite e na capsulite adesiva. Pesquisa de pontos dolorosos Rotina na abordagem ambulatorial de pacientes com dor crônica generalizada sem evidência de ativi- dade inflamatória, buscando os critérios para defini- ção de fibromialgia, que requer a detecção de 11 dos 18 pontos dolorosos (Figura 1.2). Característica Tender Point Trigger Point Doença Fibromialgia Síndrome de dor miofascial Distribuição Universal Regional Anormalidade tecidual Não Sim Dor Focal Focal Dor referida Não Sim Tabela 1.3 38 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 O exame físico extra-articular Uma gama de sinais clínicos pode ser documen- tada nas mais diversas doenças reumatológicas. Rela- cionamos aqui os mais importantes: presença do fenô- meno de Raynaud (principalmente com esclerodermia e na DMTC), nódulos subcutâneos (AR do adulto), cal- cinose (CREST e dermatomiosite da infância), pápulas ou nódulos de Gottron (lesões eritematopapulares nos nós articulares) e heliotropo (lesão violácea periorbi- tária) na dermatomiosite; balanite circinada e cera- todermia blenorrágica na síndrome de Reiter; livedo reticular, púrpura vascular, úlceras isquêmicas, obser- vadas principalmente nas vasculites sistêmicas e nos LES; fenômeno da patergia (hiper-reatividade cutâ- nea) na síndrome de Behçet e os nódulos de Heber- den (IFD) e Bouchard (IFP) na osteoartrite primária. Figura 1.2 Tender points. Classifi cação das doenças musculoesqueléticas Categoria Doenças Sinovites AR e outros reumatismos autoi- munes Entesopatias Espondiloartropatias soronegativas HLA-B27 Sinovites induzi- das por cristais Gota (cristais de urato monossó- dico), Pseudogota (pirofosfato de cálcio diidratado) Doença do espaço articular Artrite séptica: germes mais comuns: S. aureus e Neisseria gonorrhoeae Degeneração da cartilagem Osteoartrose Doença osteoarticular Osteonecrose Miopatias infl amatórias Dermatopoliomiosite; miosite por corpos de inclusão Condições locais ou regionais Tendinites; bursites Dor muscular crônica não infl a- matória Fibromialgia reumática Tabela 1.4 Figura 1.3 Inspeção da postura corporal global. Observe o contorno simétrico dos ombros, o nível das escapulas e cristas ilíacas, o alinhamento da cabeça em relação às pre- gas glúteas e a simetria e o alinhamento das extremidades. A: vista anterior. B: vista posterior. C: vista lateral. Quando o paciente estiver posicionado de encontro a uma parede, o osso occipital, os ombros, as nádegas e os calcanhares de- vem tocar a parede. 39 1 O exame clínico em reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Classificação das articulações Tipo de articu- lação Exemplo Descrição Sinartrose Movimento não é permitido Sutura Suturas cranianas Unidas por uma fina camada de tecido fibroso Sincondrose Articulação entre a epífise e a diáfise de ossos longos Uma articulação temporária, na qual a cartilagem é substituída por osso em um estágio mais avançado da vida Anfiartrose Articulação com pequena mobilidade Sínfise Sínfise púbica Os ossos são conectados por um disco de fibrocarti- lagem Sindesmose Articulação radioulnar Os ossos são conectados por ligamentos Diartrose (sino- vial) Liberdade de movimentos; envoltas por cápsula arti- cular, revestidas por membrana sinovial Esférica Quadril Maior amplitude de movimento, movimentos em to- dos os planos Dobradiça Cotovelo Movimento limitado à flexão e à extensão em um úni- co plano Pivô Atlantoaxial Movimento limitado à rotação Condiloide Punho entre o rádio e os ossos do carpo Movimento em dois planos em ângulos retos entre si, mas não existe rotação radial Em sela Polegar na articulação carpometacar- piana Movimento em dois planos em ângulos retos entre si, mas não existe rotação axial Deslizante Intervertebral Movimento limitado ao deslizamento Tabela 1.5 Figura 1.4 Alterações posturais grosseiras em um homem portador de espondilite anquilosante. 40 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Figura 1.5 Teste de Finkelstein. Teste para doença de Quervain: os dedos seguram o polegar fl exionado na concavidade da mão e o pulso é desviado em direção ulnar ativa ou passivamente pelo examinador. Figura 1.6 Procedimentos adicionais para a avaliação da síndrome do túnel do carpo. A: desencadeamento do sinal de Tinel. B: teste de Phalen. Figura 1.7 Manobra de Patrick-Fabere. Reprodução da dor com fl exão, abdução e rotação externa do quad- ril. Dor ipsilateral ocorre em quadril degenerativo, dor contralateral ocorre na disfunção da junção sacroilíaca. 41 1 O exame clínico em reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Figura 1.8 Teste do sinal do abaulamento no exame do joelho (sinal da onda). A: ordenhe a face medial do joelho duas ou três vezes. B: golpeie a face lateral da patela. Figura 1.9 Procedimento para rechaço, exame do jo- elho (sinal da tecla do piano). Figura 1.10 Teste para o sinal de Trendelenburg. Procure por assimetrias no nível das cristas ilíacas du- rante a carga sobre o membro. Paciente com luxação congênita do quadril. Figura 1.11 Teste irritativo de Neer. Figura 1.12 Aplicação direta de pressão pelos pole- gares nas junções sacroilíacas. A figura também ilustra a incapacidade do paciente de tocar o chão. A diminuição da mobilidade da coluna, na maioria das vezes, é pron- tamente reconhecida na hiperextensão (dorsoflexão) ou flexão lateral da coluna. 42 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Figura 1.13 Teste de Schober para medir a habilidade de fl exionar a coluna lombar. Figura 1.14 Dois procedimentos que podem causar dor na área sacroilíaca em pacientes com sacroileítes. Aplicação direta de pressão na espinha ilíaca anteros- superior, juntamente com tentativas de forçar lateral- mente as espinhas ilíacas (1); fl exão forçada ao máximo de um quadril na direção do ombro oposto, com hiper- extensão da junta contralateral do quadril (2). Figura 1.15 Dois procedimentos que podem causar dor na área sacroilíaca em pacientes com sacroilítes. Aplicação de pressão para baixo no joelho fl exionado, com os quadris fl exionados rotacionados externamente (1); compressão da pélvis com o paciente deitado de um lado. Figura 1.16 Sinal da fl echa de Forrestier. Figura 1.17 Deformações típicas da mão em osteoar- trite. Nódulos de Heberden são observados nas IFDs, e nódulos de Bouchard são observados nas IFPs. Figura 1.17 Artrite reumatoide avançada com a clás- sica mão reumatoide. Figura 1.18 Nódulos reumatoides. Critério clínico de gravidade na história natural da AR. 43 1 O exame clínico em reumatologia SJT Residência Médica – 2016 CAPÍTULO 2 Laboratório em reumatologia Introdução A estratégia do diagnóstico nas doenças reumatológicas é complexa. Os exames laboratoriais devem ser interpretados em associação com os achados da anamnese e do exame físico. Por vezes, somente a evolução no decorrerde meses ou anos elucidará o diagnóstico defi nitivo da doença subjacente. Portanto, o valor dos achados laboratoriais, nas doenças reumáticas, depende da sensibilidade, especifi cidade, praticidade, do custo e da precisão dos testes utilizados. Abordaremos neste capítulo os principais exames laboratoriais utilizados na investigação das doenças reumáticas. Provas de atividade infl amatória � Velocidade de hemossedimentação (VHS) � Proteína C reativa (PCR) � Mucoproteínas (α1 glicoproteína ácida) � Complemento As principais proteínas produzidas pelo fígado em processos infl amatórios agudos e crônicos são a proteína C reativa (PCR), o fi brinogênio, a alfa1-antitripsina, as haptoglobinas, proteína sérica amiloide e compo- nentes do complemento (principalmente C3). Os testes mais comumente usados na avaliação clínica de uma inflamação em curso são a VHS e a PCR. Esses testes são inespecíficos, mas bons detectores de quebra da homeostase interna, sendo, portanto, delatores de doenças subjacentes, no entanto, quando normais, não excluem diagnóstico. 45 2 Laboratório em reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Velocidade de hemossedimentação (VHS) A VHS é a medida da distância em milímetros que as hemácias percorrem dentro de um tubo espe- cífi co (Westergren ou Wintrobe) no decorrer de 1 hora. Trata-se de uma medida indireta das altera- ções nos reagentes da fase aguda da infl amação (fi - brinogênio, haptoglobina, por exemplo), sintetizados no fígado em resposta à infl amação e na análise quan- titativa das imunoglobulinas. A interleucina-6 (citocina infl amatória) é o mediador mais potente que estimula a produção das proteínas da fase aguda pelo fígado (fi brinogênio e outras proteínas da fase aguda). Portanto, qualquer condição que curse com aumento na concentração des- sas substâncias da fase aguda, ou caso a presença de hipergamaglobulinemia seja policlonal ou monoclonal (calazar; mieloma múltiplo), causará elevação na VHS devido ao aumento da constante dielétrica do plas- ma. Esta última acarreta uma dissipação das forças re- pulsivas inter-hemácias e leva à agregação íntima des- tas, causando uma queda mais rápida das hemácias. Antes de passar à interpretação da VHS, é igual- mente importante saber como é realizado o teste e como foram produzidos os valores normais para este. Como foi dito anteriormente, os métodos de Westergren e Win- trobe são os mais comumente usados. Os resultados de um método não são intercambiáveis com os do outro e a faixa de valores normais depende do método. No método Westergren, 2 mL de sangue veno- so são coletados em 0,5 mL de solução de citrato de sódio. Um tubo Westergren cilíndrico é preenchido com sangue até o nível de 200 mm e colocado vertical- mente em um suporte. Ao fi m de uma hora, mede-se a distância do alto da coluna de sangue à camada infe- rior de hemácias. Essa distância é a velocidade de sedi- mentação, a qual é expressa em mm/h. Com o método Wintrobe não se usa diluente. O sangue anticoagula- do é colocado em um tubo graduado e marcado de 100 mm, sendo examinado em uma hora. Aqui a distância do alto da coluna à camada superior de hemácias tam- bém é medida, sendo a velocidade expressa em mm/h. O método Westergren tem sido mais ampla- mente utilizado e endossado pelo International Committee for Standardization in Hematology. As desvantagens do método Wintrobe incluem uma li- mitação da magnitude de qualquer anormalidade da VHS e problemas de confi abilidade. O tubo Win- trobe tem apenas 100 mm, de modo que uma VHS de mais de 60 mm/h raramente pode ser medida, porque a aglutinação das hemácias impede maior deposição. Ocorre, também, que o estreito calibre do tubo Wintrobe pode, por vezes, causar resultados não reproduzíveis. Fontes técnicas de erro para am- bos os métodos foram descritas em outros trabalhos. Alguns laboratórios tentaram corrigir os resultados da VHS quanto à anemia, contudo, a utilidade desses fatores de correção está sujeita à controvérsia. Valores normais para velocidade de hemossedimentação Idade < 50 anos Idade > 50 anos Método Westergren (mm/h) Masculino Feminino < 15 < 25 < 20 < 30 Método Wintrobe (mm/h) Masculino Feminino < 10 < 15 > 20 < 25 Tabela 2.1 Uma regra grosseira relaciona a idade ao limite superior de normalidade da VHS. Homem: Idade/2; Mulher: (idade + 10)/2. Fatores que infl uenciam a VHS Aumento Diminuição � Anemia � Gravidez � Temperatura alta � Paraproteinemia � Hipercolestero- lemia � Policitemia � Anemia falciforme � Retardo na realização do exame � Hipoalbuminemia � Insufi ciência cardíaca congestiva � Hipofi brinogemia Tabela 2.2 Causas de VHS extremamente alta (> 100 mm/ 1ª hora) Infecções bacterianas Doenças reumáticas, particularmente: � Arterite de células gigantes* � LES � Polimialgia reumática � Vasculites Malignidades � Linfomas � Mieloma múltiplo � Outras (15%) Causas de VHS extremamente baixa � (0 mm / 1ª hora) � Afi brinogenemia / disfi brinogenemia � Agamaglobulinemia � Policitemia vera � Insufi ciência cardíaca � Hipoalbuminemia � Alterações na forma das hemácias (por exemplo: doença SS) � Retardo na realização do exame Tabela 2.3 Condições não infl amatórias e/ou infec- ciosas que justifi cam VHS elevada: idade avançada (VHS em torno de 40 mm na primeira hora), sexo femi- nino e gravidez. * De todas as doenças da Medicina In- terna, a VHS tem maior sensibilidade para arterite tem- poral ou arterite de células gigantes. 46 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Significado clínico em reumatologia A determinação da VHS, por ser um teste inespecí- fico, tem valor relativo no acompanhamento do processo inflamatório, assim como da resposta terapêutica das do- enças reumatológicas clássicas. Os valores desse teste mos- tram-se elevados na maioria das vasculites sistêmicas, mas não é incomum que eles estejam normais nas púrpuras de Henoch-Schönlein, na tromboangeíte obliterante e na vas- culite isolada do SNC. Entre todas as doenças do colágeno, a VHS é particularmente útil no diagnóstico e no acom- panhamento de arterite de células gigantes, ou arterite temporal, assim como na polimialgia reumática, nas quais os valores encontram-se muito elevados, quase sempre aci- ma de 100 mm na primeira hora. Uma informação relevan- te é que nos pacientes com arterite temporal que cursam com respostas inflamatórias extremamente fortes, com sintomas sistêmicos de febre, perda de peso, anemia e VHS > 100 mm/hora, estão associados a menor risco de perda visual. Por outro lado, 5 a 10% dos pacientes com artrite reumatoide ativa têm VHS normal. A VHS tem um valor limitado em pacientes com síndrome nefrótica ou doença renal em estágio final, porque virtualmente todos têm uma VHS ele- vada (alguns > 100 mm/hora), provavelmente em decorrências dos altos níveis de fibrinogênio. Uma sugestão de como proceder diante de uma VHS elevada Conduta a ser tomada em um paciente com um teste de VHS elevada • História clínica adequada x Impressão diagnóstica • Hemograma completo • Bioquímica • Enzimas hepáticas • Urina tipo I Repetir VHS Dosar �brinogênio Eletroforese de proteínas (Hipergamaglobulinemia) Proteína C reativa Reavaliar o paciente com exame físico e VHS em 1-3 meses. Mais de 80% dos pacientes normalizarão a VHS Se necessário Persistindo elevada Não havendo diagnóstico Figura 2.1 Proteína C-reativa (PCR) É uma proteína produzida pelo fígado como reagente da fase aguda, em resposta à interleu- cina-6 e outras citocinas, e se constitui de cinco su- bunidades ligadas não covalentemente e arranjadas em simetria cíclica em um plano único. Sua função é ligar-se aos componentes da parede celular no com- ponente do complemento C1q e aos receptores em neutrófilos e monócitos, para ajudar a iniciar e faci- litar a resposta inflamatória. A linha da base média para adultos jovens é de 0,8 mg/L e o percentil 90 é de 3,0 mg/L. Sua elevação ocorre 4 horas após oiní- cio do processo inflamatório (em comparação com outras proteínas que, em geral, aumentam após 24 horas), atingindo um pico máximo em 24-72 h. Sua medida é realizada pelo método Elisa e radioimuno- difusão. Mais recentemente, um imunoensaio turbi- dimétrico com partículas de látex tem sido utilizado para a detecção de proteína C-reativa de alta sensibi- lidade (PCRas), com limiar de detecção de 0,01 mg/ dL. Essa metodologia permitiu reconhecer o notável valor de predição da PCR-as (ultrassensível) em ní- veis persistentemente elevados, em doenças coro- nárias e em AVC, o que parece refletir a existência de um processo inflamatório de menor intensidade, mas constante, ou de possíveis efeitos pró-inflamatórios ou pró-trombóticos da proteína por si só. Causas de elevação da proteína C-reativa < 1 mg/dL � Exercício vigoroso � Frio � Gravidez � Gengivite � Convulsão � Depressão � Diabetes melito � Obesidade � Idade 1-10 mg/dL � Infarto do miocárdio � Neoplasias � Pancreatite � Infecção de mucosa (bronquite, cistite) � Artrite reumatoide > 10 mg/dL � Infecções bacterianas agudas � Grandes traumas � Vasculite sistêmica Tabela 2.4 Nas doenças reumáticas, a PCR é o teste mais sensível para indicação de febre reumática em ativi- dade (coreia e eritema marginato são exceções). No LES (exceto na presença de serosite e/ou sinovite), 47 2 Laboratório em reumatologia SJT Residência Médica – 2016 na dermatomiosite, na esclerodermia e na osteoar- trite são observados valores pouco elevados, ou nor- mais, e nessas doenças a PCR é útil como marcador de infecção, quando seus valores séricos se encon- trarem maiores do que 8-10 mg/dL (atenção!). Na doença de Still, a síntese de proteína C-reativa pode estar substancialmente elevada (acima de 20 mg/ dL), da mesma forma que a ferritina sérica. Na AR, valores persistentemente altos de PCR estão associados com uma taxa maior de progres- são radiológica, desenvolvimento de osteoporose e piora funcional (atenção!). Quando pedir PCR em vez de VHS? Os dois tes- tes medem componentes de resposta da fase aguda e são úteis em avaliar infl amação generalizada. O teste da VHS é afetado por múltiplas variáveis e, assim, im- preciso, sendo, contudo, de baixo custo e fácil de re- alizar. O teste PCR mede um reagente da fase aguda especifi camente e, portanto, é mais específi co, além de aumentar rapidamente e cair mais rapidamente (decresce cerca de 50% em 24 horas) do que a VHS, que tende a permanecer elevada por um longo tem- po (decresce cerca de 50% em uma semana). A PCR atualmente é também utilizada como um excelente parâmetro bioquímico na diferenciação entre pan- creatite edematosa e necrotizante. Após 24 horas do início da necrose, atinge valores acima de 120 mg/L em 95% dos casos. Mucoproteínas Duas classes são de interesse em abordagem diagnóstica: � Alfa-1 glicoproteína ácida � Alfa-2 macroglobulina A alfa-1 tem como função ligar-se e neutralizar uma série de enzimas proteolíticas. Encontra-se ele- vada na presença de destruição celular e distúrbios infl amatórios. A alfa-2 funciona como proteína car- readora e está elevada na síndrome nefrótica, nos distúrbios infl amatórios agudos e na lise celular. A utilização dessas proteínas na investigação diagnóstica é bastante limitada em função da falta de especifi cidade, não tendo interesse particular em qualquer doença reumatológica, exceto na fase aguda da FEBRE REUMÁTICA, quando sua normalização constitui o melhor critério de alta. Substância amiloide sérica Trata-se de uma proteína da família das apolipro- teínas, que fazem parte das proteínas da fase aguda da infl amação e são denominadas substância amiloi- de sérica A (SAA), SAA-1 e SAA-2 e forma constitutiva SAA-4, todas de função biológica ainda desconhecida. Durante a fase aguda de um processo infl amatório, SAA-1 e SAA-2 são sintetizadas pelos hepatócitos e podem compreender mais de 2% das proteínas totais sintetizadas, resultando em um aumento de sua con- centração no plasma de 1 a 5 µg/mL para 1 mg/mL. Citocinas pró-infl amatórias induzem aumento na sín- tese das A-SAA. Essa resposta se caracteriza por ser mais lenta e mais sensível a pequenas lesões teciduais quando comparada àquela observada com a proteína C-reativa, mas com intensidade semelhante. A SAA sé- rica é a precursora da proteína amiloide-A que compõe os depósitos amiloides teciduais secundários vistos nas doenças crônicas. Atualmente, o método de escolha para a dosagem de SAA é o imunoensaio nefelométrico de aglutinação de partículas de látex com limite de normalidade aci- ma de 5 mg/L. Eletroforese de proteínas Por meio da análise eletroforética de fl uidos biológicos, pode-se determinar as frações proteicas, documentando-se o aumento dessas frações como res- posta a um processo infl amatório agudo ou crônico. Desse modo, o aumento na concentração da fração alfa-1 globulina e, algumas vezes, também de alfa- 2 sugere resposta infl amatória aguda, enquanto a elevação das gamaglobulinas é altamente sugestiva de um processo infl amatório crônico. Nas doenças reumáticas autoimunes e doenças infecciosas crô- nicas o aumento das gamaglobulinas é geralmente policlonal, diferentemente do que se observa nos dis- túrbios plasmocitários (exemplo: mieloma múltiplo), nos quais o pico é monoclonal. Outra alteração que pode ser encontrada na eletroforese de pacientes com processos infl amatórios de longa duração é a hipoal- buminemia, por falência do hepatócito. Figura 2.2 Eletroforese sérica em gel de agarose. A: perfi l normal. B: mieloma múltiplo. 48 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Figura 2.3 Eletroforese em gel de agarose de paciente com mieloma múltiplo. Complemento sérico O sistema complemento é composto por várias proteínas séricas sintetizadas pelo fígado, capazes de causar lise nas bactérias, quando ligadas com an- ticorpos específicos. Para a maioria das aplicações clínicas, utiliza-se a dosagem da atividade de com- plemento total (CH50 ou CH100) e dos complemen- tos C3 e C4. Pela dosagem dos três componentes, você pode avalizar a atividade das vias clássica e al- ternativa, assim como triar deficiências de comple- mento. No consumo de complemento pela via clássica (imunocomplexos), todos os componentes estão dimi- nuídos. Se o complemento é ativado pela via alternativa (como é observado na glomerulonefrite), C3 e CH50 estão diminuídos, mas C4 (via clássica) permanece nor- mal. Como o CH50 requer todos os complementos para estar presente, torna-se útil para triar defici- ência de complemento. Quando a dosagem de CH50 é indetectável, então torna-se bastante sugestiva de deficiência hereditária de complemento. Complemento sérico pode estar diminuído como resultado de: 1) Produção diminuída, devido à deficiência hereditária ou doença hepática (os componentes do complemento são sintetizados no fígado); 2) Aumento no consumo devido à ativação do complemento. A principal causa do consumo do com- plemento é o aumento nos níveis dos imunocomple- xos circulantes. O sistema complemento O processo no qual o anticorpo, após combinar- -se com o antígeno, inicia a atividade de mais de 18 diferentes proteínas plasmáticas é conhecido como complemento e envolve três vias: clássica, alternati- va e da lectina. O sistema complemento é constituído por uma série de proteínas produzidas pelo fígado, as quais, na presença de ligantes, complexos imunes circulantes ou micro-organismos, são ativadas de maneira sequencial via C1q (via clássica) ou, dire- tamente, via C3 (via alternada). Há, ainda, a des- crição mais recente de ativação do complemento por uma terceira via, independente de imunoglobulina e de C1. Essa via envolve um novo componente da imunidade inata: a lectiva, que se liga a açúcares tipo manose (mannose-binding lectin ou MBL), presentes na parede da célula microbiana, e que apresenta carac- terísticas moleculares comuns às do C1q. Essa intera- çãoresulta na ativação da serina protease-2 associada à MBL (MASP-2) com atividade enzimática similar à C1r/C1s, levando à ativação do complemento. A avaliação in vitro tanto da atividade hemolíti- ca do complemento como da determinação dos níveis séricos de alguns dos seus componentes (C2, C3, C4 e MBL) contribui significativamente para evidenciar o desenvolvimento de processos inflamatórios in vivo mediados pela formação de complexos imunes ou de deficiências seletivas de um de seus componentes. Método: a análise funcional do sistema de complemento só pode ser feita com soro fresco e consiste na determinação da sua atividade lítica utilizando hemácias sensibilizadas com anticorpos específicos (hemolisinas). Os resultados são expres- sos em unidades de hemólise (CH50), que corres- pondem à diluição do soro teste que produz 50% de lise das hemácias. A determinação dos níveis séricos da MBL é feita por Elisa, e dos componentes C3 e C4 por imunodifusão radial ou nefelometria, utilizan- do antissoros monoespecíficos. Significado clínico: a diminuição da atividade hemolítica se reflete, em geral, no consumo de com- plemento in vivo pelo desenvolvimento de processo inflamatório envolvendo formação de complexos imunes circulantes. No lúpus, o complemento é um excelente parâmetro para monitorização da ativi- dade de doença e resposta terapêutica, em especial naqueles pacientes com acometimento renal. Por outro lado, atividade hemolítica reduzida pode su- gerir também deficiências seletivas de complemen- to, em particular aquelas dos componentes C2 e C4, as quais podem estar associadas ao lúpus ou à sín- drome Lúpus-like, que com frequência se apresenta com FAN negativo. Por outro lado, existem evidên- cias de que níveis baixos de C1q no LES podem even- tualmente resultar da presença de autoanticorpos específicos para este componente e que são forte- mente associados à hipocomplementemia e ativida- de da nefrite lúpica. Além disso, concentrações bai- xas de MBL, além de indicarem consumo durante a atividade de doença, podem refletir polimorfismos genéticos. Sua deficiência associada a mutações ge- 49 2 Laboratório em reumatologia SJT Residência Médica – 2016 néticas, de modo similar às dos componentes C4 e C2, tem impacto negativo nas doenças inflamató- rias crônicas e parece estar associada a maior risco de desenvolvimento de doenças autoimunes, par- ticularmente LES. Existem ainda outras condições que podem cursar com o complemento baixo sem evidência de formação de complexos imunes, como choque séptico, falência hepática e pancreatite. Condições clínicas associadas a deficiências hereditárias do complemento Componentes do complemento Doença Precoces (C1, C2, C4) Doença LES-like Glomerulone- frite Médios (C3, C4) Infecções piogênicas recorrentesDoenças LES-like Terminais (C5, C9) Infecções recorrentes (especial- mente gonocócica e meningocó- cica) Regulador (C1 INH) Angioedema (hereditário ou ad-quirido) Tabela 2.5 Doenças autoimunes e adquiridas associadas à hipocomplementenemia Doenças reumáticas � LES � Vasculites sistêmicas (especialmente poliarterite nodosa, urticária) � Crioglobulinemia tipo II � Artrite reumatoide com manifestações extra-articu- lares (forma grave de doença) Doenças infecciosas � Endocardite infecciosa subaguda � Sepse bacteriana � Viremias (por exemplo: HIV) � Parasitemias (por exemplo: Plasmodium malariae) Doenças autoimunes e adquiridas associadas à hipocomplementenemia (cont.) Glomerulonefrites � Pós-estreptocócica � Membranoproliferativa � Crioglobulinemia mista � Nefrite lúpica proliferativa difusa Tabela 2.6 Atenção! Crioglobulinas Correspondem a um grupo de imunoglobulinas que possui uma característica particular: sob baixas temperaturas (geralmente abaixo de 25ºC) formam agregados insolúveis que se precipitam, formando gel, e tendem a se dissolver sob posterior aquecimento (geralmente a 37ºC). De acordo com as característi- cas do crioprecipitado, podemos classifi car as crio- globulinas em três tipos: Crioglobulina tipo I: caracteriza-se pela presença exclusiva de imunoglobulina monoclonal (IgG, IgM ou IgA e raramente proteína de Bence-Jones), não possui ativida- de de fator reumatoide e tampouco fi xa complemento. Crioglobulina tipo II: é constituída de imunoglobu- linas monoclonais, geralmente IgM, que formam um imu- nocomplexo com uma IgG policlonal, em geral com ativi- dade de fator reumatoide e níveis baixos de complemento, particularmente C1q e C4 com níveis relativamente nor- mais de C3. Esta forma costuma se apresentar sob a forma de vasculite sistêmica e se associa à viremia pelo HCV (em aproximadamente 75% dos casos). Crioglobulina tipo III: apresenta imunoglobu- linas somente com componente policlonal e, quase sempre, uma delas com atividade de fator reumatoide. As crioglobulinemias dos tipos II e III são classifi cadas como mistas, pois possuem uma “mistura” de imuno- globulinas dos tipos IgM e IgG. No tipo II é mais co- mum o FR ser IgM e no tipo III ser IgG. Crioglobulinemias: classifi cação e associações clínicas Tipo Composição Alterações laboratoriais Alterações clínicas Doenças associadas I Monoclonal (IgG, IgM, IgA, cadeia leve) Pico monoclonal, hiper- viscosidade, FR negativo Acrocianose, Raynaud, ne- crose (extremidades), síndrome de hiperviscosidade Mieloma, macroglobulinemia, linfoma, idiopática II FR Monoclonal (IgM) e policlonal IgG FR, ↓C4, ↑ transaminases, FR positivo Púrpura, artralgia/artrite, neuropatia e nefrite Hepatite C, LLC, síndrome de Sjögren e LES III FR Policlonal (IgG) e policlonal IgG FR positivo Púrpura, artralgia/artrite, neuropatia e nefrite Hepatite C, outras infecções crônicas e síndrome de Sjögren e LES Tabela 2.7 FR: fator reumatoide; HCV: hepatite por vírus C; LLC: leucemia linfocítica crônica. 50 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Autoanticorpos Célula LE (célula do LES) O fenômeno das células LE refere-se ao achado de leucócitos polimorfonuclear contendo material eo- sinofílico fagocitado. Foi descrito inicialmente em pa- cientes com LES e, durante as décadas de 1950 e 1960, foi o principal método para pesquisar anticorpos antinucleares. Devido à técnica complexa e à baixa sensibilidade, é um exame em desuso e atualmente a pesquisa de anticorpos antinucleares tem sido realiza- da pela imunofluorescência indireta. Entretanto, as células LE apresentam alta espe- cificidade para o diagnóstico de LES, podendo serem solicitadas em casos selecionados. Existem relatos na literatura internacional do achado de células LE em líquido pleural, sinovial e biópsia renal de pacientes com LES. Célula LE Falso-positivo Célula LE Falso-negativo � LE induzido por droga � Artrite reumatoide � Hepatite aguda e crônica � Hipersensibilidade a drogas � Uso de heparina � Leucopenia acentuada � Uso de imunossupressor Tabela 2.8 Fator antinuclear (FAN) ou anticorpo antinuclear Autoanticorpos são imunoglobulinas que re- conhecem antígenos presentes nas células e nos ór- gãos do próprio indivíduo. Fator antinuclear (FAN) é a denominação dada ao teste de imunofluorescência indireta (IFI) para a pesquisa de autoanticorpos que reagem com componentes presentes não só no núcleo das células, mas também no nucléolo, no citoplasma e no aparelho mitótico. Hoje, há uma tendência para substituir esse nome para pesquisa de anticor- pos contra antígenos celulares (PAAC). Um FAN deve ser solicitado sempre que a ava- liação clínica do paciente sugerir a presença de do- ença autoimune, podendo ser utilizado como um teste de triagem. É importante destacar que este exame também pode ser encontrado em indivíduos sadios em uma prevalência de 1,1 a 13,3%. O méto- do indicado para detecção de FAN é a imunofluores- cência indireta (IF), técnica que se baseia na ligação dos anticorpos a vários substratos celulares, como o fígado/rim de rato ou células de cultura de tecido hu- mano (HEp2 - uma linha de células proliferativasderivadas de uma linha celular tumoral epitelial humana), que é a mais utilizada atualmente. Na inter- pretação dos resultados, é importante a avaliação de parâmetros quantitativos, como o título de FAN en- contrado, bem como a distribuição espacial de um de- terminado autoanticorpo na célula HEp-2, conhecido como padrão de IFI. A interpretação do FAN deve ser feita com cautela, devido à possibilidade de reações falso-positivas e falso-negativas. Um ponto a ser considerado é o título do PA- AC-IFI em HEp-2: em geral, os pacientes autoimunes tendem a apresentar títulos moderados (1/160 e 1/320) e elevados (≥ 1/640), enquanto os indivíduos sadios com PAAC-IFI em HEp-2 positivo tendem a apre- sentar baixos títulos (1/80). Entretanto, em ambas as situações pode haver exceções. PAAC-IFI-HEp-2 Títulos baixos : ≤ 1/80 Títulos moderados : 1/160 a 1/320 Títulos altos: ≥ 1:640 Outro ponto a se considerar é que o nível de au- toimunidade fisiológica, ou basal, pode flutuar na depen- dência de sobrecargas a que o sistema imunológico seja exposto. Está bem demonstrada a presença de autoanti- corpos desencadeada transitoriamente por infecções, por medicamentos e por neoplasias. Tem sido demonstra- da claramente alta prevalência de autoanticorpos em pacientes infectados pelo vírus da imunodefi- ciência humana (HIV) e por outros vírus linfotró- picos. Portanto, outra consideração a ser feita ante um paciente com um achado positivo de PAAC-IFI em HEp-2 refere-se à possibilidade de infecções virais recentes, uso de medicamentos e processos neoplásicos várias evidên- cias demonstram que os autoanticorpos frequentemente precedem a eclosão clínica das doenças autoimunes. Um teste de PAAC-IFI em HEp-2 positivo pode preceder o aparecimento clínico do LES em até nove anos. Cerca de 80% dos pacientes com LES apresen- tam PAAC-IFI em HEp-2 positivo antes do apare- cimento dos primeiros sintomas. O mesmo é válido, embora em menor porcentagem, para os vários autoan- ticorpos específicos dessa enfermidade, como anti-d NA nativo e anti-Sm. Portanto, outra possibilidade a se considerar em presença de um achado clinicamente inconsistente de PAAC-IFI em HEp-2 positivo é a de que o paciente poderá vir a desenvolver uma doen- ça autoimune nos próximos anos. No entanto, alguns indivíduos podem seguir décadas com autoanticorpos circulantes sem desenvolver qualquer sinal de enfermi- dade autoimune. Diante um resultado positivo de PAAC-IFI em HEp-2 é imprescindível que se caracterize essa reati- vidade, buscando a presença de anticorpos peculiares de condições autoimunes através de técnicas especí- ficas. Essa avaliação deve ser subsidiada por evidência clí- nica ou laboratorial de doença autoimune sistêmica. Além 51 2 Laboratório em reumatologia SJT Residência Médica – 2016 do exame clínico apurado, é importante verifi car possíveis alterações em hemograma, urina I, proteína C-reativa e velocidade de hemossedimentação (vHS), que podem ser considerados extensões do exame clínico. Em alguns casos, pode ser válido investigar enzimas hepáticas e musculares. Sintomas vagos, como artralgia e astenia, com exames la- boratoriais gerais normais não são sufi cientes para oferecer subsídio para um achado laboratorial de PAAC-IFI em HEp- 2 em título baixo e com padrão de fl uorescência pouco espe- cífi co. Nesses casos, o exercício do bom senso com o acom- panhamento da situação clínica do paciente em consultas regulares pode ser a melhor conduta. Mais recentemente, testes Elisa têm se mostrado disponíveis para detectar anticorpos antinucleares, mas apresentam alta sensibilidade e baixa especifi cidade, cau- sando um grande número de exames falso-positivos. Padrões de fatores antinucleares mais comumente observados em conectivopatias e seus correspondentes autoantígenos Doença Padrão predominante (IFI/HEp-2) Autoantígeno alvo LES Nuclear: Homogêneo dsDNA, cromatina, histona Pontilhado grosso U1-snRNP, SM Pontilhado fi no Ro/SS-A, La/SS-B Citoplasmático misto: Pontilhado fi no denso e nucleolar homogêneo Proteína P ribossomal Lúpus induzido por droga Nuclear homogêneo Histona DMTC Nuclear pontilhado grosso U1-snRNP Lúpus neonatal Síndrome de Sjögren Nuclear pontilhado fi no Ro/SS-A, La/SS-B Esclerose sistêmica Nucleolar aglomerado Fibrilarina/U3-nRNP) Nuclear pontilhado NOR 90, RNA pol I Misto: nuclear homogêneo e nucleolar pontilhado Scl70 CREST Nuclear pontilhado centromérico CENP-A, B e C Polimiosite Citoplasmático pontilhado fi no Jo1 Sobreposição PM/ES Nucleolar homogêneo PM/Scl Tabela 2.9 CREST: calcinose, Raynaud, esofagopatia, esclerodactilia, telangiectasia; DMTC: doença mista do teci- do conjuntivo; ES: esclerose sistêmica; FR: fator reumatoide; LES: lúpus eritematoso sistêmico; PM: polimiosite. Os padrões de FAN referem-se aos padrões de fl uorescência nuclear observada ao microscó- pio de imunofl uorescência. Certos padrões de fl u- orescência são associados a determinadas doenças e autoanticorpos, embora essas associações não sejam específi cas. Os diferentes padrões refl etem as diferenças nos anticorpos antinucleares contidos nos diferentes soros. Interpretações dos padrões de FAN têm sido substituídas amplamente pela identifi cação dos anticorpos antinucleares específi cos por meio do perfi l do FAN. O padrão nuclear pontilhado fi no denso é o mais detectado em indivíduos sadios ou com doen- ças neoplásicas e infecciosas, nas quais a natureza dos antígenos-alvo ainda não foi identifi cada. O IV Consenso Brasileiro para pesquisa de auto- anticorpos em células HEp-2 realizado no dia 18 de se- tembro de 2012 inclui nas recomendações para a utili- zação de FAN na prática clínica os seguintes padrões: � Padrão citoplasmático em anéis e bastões: os alvos antigênicos reconhecidos são a inosi- na monofosfato deidrogenase 2 (IMPDH2) e a citidina trifosfato sintase 1 (CTPS1). Trata-se de enzimas essenciais na via de biossíntese da citidina trifosfato e da guanosina trifosfato, respectivamente. A CTP está envolvida na bios- síntese de ácidos nucleicos (DNA, RNA) e fosfo- lipídios, com importante função na proliferação celular. A IMPDH2 catalisa a oxidação NAD-de- pendente da inosina monofosfato em xantosina monofosfato, processo essencial na biossíntese da guanosina monofosfato, portanto atividade também estreitamente relacionada ao mecanis- mo de proliferação celular. A partir da inibição farmacológica da CTPS1 (6-dia-zo-5-oxo-L-nor- leucina e Acivicina) e da IMPDH2 (Ribavirina), evidenciou-se a indução dose-dependente de estruturas em anéis e bastões citoplasmáticos em substratos de células neoplásicas, incluindo- -se as células HEp-2. Este marcador foi documentado em 38% de 342 pacientes com HCV, em tratamento com riba- virina e interferon alfa. � Padrão pontilhado quasi-homogêneo (QH): é um padrão distinto dos padrões nucle- ar homogêneo e nuclear pontilhado fi no den- so, em que não se verifi ca uma especifi cidade 52 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 antigênica única, mas sim uma miscelânea de alvos antigênicos reconhecidos. O perfil clíni- co associado ao padrão pontilhado fino quasi- -homogêneo situa-se de forma intermediária entre o padrão pontilhado fino denso e o padrão homogêneo. Portanto, a identificação desse padrão sugere a continuidade da investi- gação do diagnóstico clínico, porque pode estar relacionado a doenças reumáticas au- toimunes sistêmicas. � Padrão misto do tipo CENP-F: caracterizado por fluorescência pontilhada fina de intensida- de variável na matriz nuclear nas células em interfase e nucléolos geralmente negativos. Observa-se ainda neste padrão uma delicada decoração rendilhada dos cinetócoros, pre- dominantemente visível na prófase e na me- táfase. O aparelho mitótico apresenta ainda marcação pontual na região central da ponte intercelular nas células em telófase. Finalmen- te, as figuras em prófase exibem delicada co- loração do envelope nuclear. Trata-se de um padrão complexo, ocasionadopor anticorpos contra uma proteína de 350 kDa, conhecida como CENP-F ou mitosina. Esta proteína tem função importante na organização do sistema de microtúbulos citoplasmáticos, metilação de histona H3, regulação de alguns fatores de transcrição e progressão do ciclo celular para mitose. Rattner e colaboradores identificaram o padrão no soro de um paciente com câncer de pulmão e posteriormente em câncer de mama. Cassiano e colaboradores relataram positividade para o padrão em diferentes do- enças neoplásicas, doenças hepáticas crônicas, rejeição crônica de aloenxerto renal e doença de Crohn. Foi relatada a presença do padrão CENP-F em um paciente com carcinoma co- lorretal. Como um todo, a literatura apon- ta para a suspeita de doença neoplásica em pacientes com este padrão. � Padrão misto do tipo anti-DNA topoisome- rase: o IV Consenso chamou a atenção para o padrão composto relacionado à presença de anticorpos anti-DNA topoisomerase I (Scl-70). A descrição clássica na literatura do padrão as- sociado a anticorpos anti-DNA topoisomerase I restringe-se ao núcleo e ao nucléolo, não haven- do especificidade neste achado. Uma vez que o teste FAN se defina como positivo, o seu significado clínico vai depender do contexto clíni- co. Ao final deste capítulo você poderá analisar a tabela que expõe os padrões de PAAC-IFI em HEp-2 e os diver- sos autoanticorpos e associações clínicas mais frequen- tes. A inclusão dessa tabela tem por objetivo deixar esse universo de conhecimentos disponível, principalmente para aqueles com interesse na especialidade. Drogas indutoras de FAN positivo Drogas comuns Drogas incomuns Procainamida; Hidrala- zina; Fenotiazinas; Dife- nil-hidantoína; Isoniazida; Quinidina; Alfametildopa; D-Penicilamina; Clorpro- mazina; Carbamazepina; Labetolol. Mais de 60 drogas diferen- tes têm sido implicadas como causas não usuais de FAN positivo. Tabela 2.10 Definidas: hidralazina, procainamida e minociclina. A síndrome clínica de LE induzido por drogas ocorre somente em uma porcentagem pequena de pa- cientes com anticorpos antinucleares induzidos por drogas, podendo o FAN ficar positivo meses e até anos após a suspensão da droga. Os anticorpos antinucle- ares usualmente dirigem-se contra o epítopo forma- do pelo complexo DNA-H2A-H2B (este é o marcador mais específico de LE induzido por drogas, anticorpo anti-histona), embora a hidralazina cause anticorpos primariamente contra o dímero H3-H4 histona. Causas de FAN positivo 1- Doenças reumáticas � LES � Polimiosite � Síndrome de Sjögren � Esclerodermia � Vasculites � Artrite reumatoide 2- Indivíduos sadios � Mulheres > Homens � Idosos > Jovens � Mulheres grávidas (?) 3- Induzidos por drogas (Tabela 2.9) 4- Doenças hepáticas � Hepatite crônica ativa � Cirrose biliar primária � Doença alcoólica do fígado 5- Doenças pulmonares � Fibrose pulmonar idiopática � Fibrose induzida por asbestos � Hipertensão pulmonar primária 6- Infecções crônicas 7- Malignidades � Linfoma (principalmente) � Leucemia � Melanoma � Tumores sólidos (ovário, pulmão, rim, mama) 8- Doenças hematológicas � Púrpura trombocitopênica idiopática � Anemia hemolítica autoimune 53 2 Laboratório em reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Causas de FAN positivo (cont.) 9- Miscelânea � Desordens endócrinas (diabetes mellitus tipo I, doen- ça de Graves) � Doença neurológica (esclerose múltipla) � Insufi ciência renal terminal � Pós-transplante Tabela 2.11 Figura 2.4 Padrões de reatividade dos anticorpos an- tinucleares por imunofl uorescência indireta em células HEp-2: (A) nuclear homogêneo, (B) nuclear pontilhado, (C) nucleolar, (D) centromérico e (E) citoplasmático. Figura 2.5 IV Consenso FAN 2012. Citoplasmático em bastões e anéis. Anticorpo anti-DNA de cadeia dupla ou nativo (dsDNA) Encontrado em cerca de 50 a 70% dos pacientes com lúpus ativo. É o único autoanticorpo claramente implicado na patogênese do LES, com formação de imu- nocomplexos, deposição renal, infl amação local e glome- rulonefrite. Sua presença em títulos elevados está asso- ciada com maior probabilidade de acometimento renal e doença grave. O método de escolha para sua detecção é a técnica de imunofl uorescência indireta, empregan- do-se como substrato o hemofl agelado Crithidia luciliae, que contém no seu cinetoplasto um DNA circular que funciona como “um dsDNA puro”, sem associação com proteínas. Alternativamente, a técnica pelo método Elisa, por sua natureza quantitativa, poderá ser útil para o acom- panhamento das fl utuações dos anticorpos anti-dsDNA, desde que a presença deste tenha sido confi rmada por um teste específi co. Os anti-DNAs, principalmente do subtipo IgG, também apresentam alta especifi cidade para o diag- nóstico de LES, e a sua detecção foi incluída como critério do ACR para classifi cação de LES. Ocasionalmente, infec- ções (sífi lis e endocardite infecciosa), neoplasias (mielo- ma múltiplo) e doenças autoimunes (hepatite autoimu- ne e artrite reumatoide) podem apresentar anti-dsDNA, geralmente em baixos títulos, sem que haja importân- cia clínica específi ca. Atenção! Níveis crescentes ou altos títulos de anticor- po anti-DNA, associados a baixos níveis de comple- mento, quase sempre signifi cam exacerbação da doença ou doença em atividade. A associação desse anticorpo com o envolvimento renal no lúpus é mar- cante (valorize esta informação). Outros anticorpos incluídos no perfi l do FAN são marcadores da doença, porém não variam com a atividade da doença. Anticorpo Anti-DNA de cadeia simples (ssDNA) São anticorpos diretos contra as bases púricas e pi- rimídicas e estão presentes em 50% dos pacientes com LES, mas sem especifi cidade para nenhuma doença. Condições que cursam com ssDNA positivo � LE induzido por droga (75%) � Hepatite crônica ativa (50%) � Mononucleose infecciosa (40%) � Artrite reumatoide (55%) � Glomerulonefrites crônicas (10%) � Cirrose biliar primária (12%) Tabela 2.12 Atenção! O anticorpo anti-ssDNA possui baixa especi- fi cidade e, portanto, tem pouco valor na avaliação das doenças autoimunes, mas pode ser útil em pa- cientes com suspeita de LES com FAN persistente- mente negativo (1-10% dos casos). 54 Reumatologia SJT Residência Médica – 2016 Anticorpos anti-histona As histonas são proteínas que contêm grande pro- porção de aminoácidos, encontradas em células eucario- tas associadas ao DNA genômico. As subunidades DNA- -histona reconhecidas são: H1, H2A, H2B, H3 e H4. Anti-histonas ocorrem mais comumente no LE induzido por drogas (> 95%), sendo, portanto, o melhor marcador dessa condição; uma exceção importante é o LE induzido pela minociclina, só uma minoria positiva este autoanticorpo podem ocorrer em 20% dos casos de artrite reumatoide, 30-70% dos casos de LES, 5-50% na ES e 20% na dermatopolimiosite. O método para detecção desses anticorpos é o Elisa, utilizando preparações purifica- das de histonas. Os anticorpos anti-histonas mais frequen- temente reativos no LE induzido por drogas são: H2A, H2B e H3H4 (este último associado a LE in- duzido por hidralazina). De todas as drogas rela- cionadas (Tabela 2.10), a procainamida é a droga mais comumente envolvida na síndrome. Cerca de 10-20% dos pacientes em uso desse medicamento de- senvolvem doença autoimune sintomática. Anticorpos contra antígenos nucleares extraíveis (anti-ENA) Vários antígenos presentes nas células podem ser extraídos a partir de tecidos homogeneizados em solu- ções salinas. Os ENA são, na verdade, antígenos ce- lulares extraíveis e não apenas antígenos nuclea- res. Inicialmente, a denominação ENA referia-se apenas aos antígenos Sm e RNP. Entretanto, vários outros au- toantígenos foram posteriormente identificados nos ex- tratos salinos celulares, podendo ser considerados ENAs (Tabela 2.12). Anticorpos antiproteínas nucleares anti-RNP LES, AR, Sjögren, Altos títulos são diagnóstico de DMTC (> 1:1.600) anti-Sm (Smith) Específico para
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