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MensagemDeNatal-AtePedro-4

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Tudo começou
com uma
mensagem de
Natal ...
Feliz Natal a todos. Que o Anjo Gabriel 
anuncie Jesus pessoalmente a cada um de nós.
Desejo-o de todo o coração. 
Natal de 2021
SOBRE AS GRAVURAS
Apesar do dia a dia nos apresentar
noticias tristes, o que Deus preparou para
os que recebem o seu Filho supera em
muito qualquer outra realidade.
Estas gravuras servem para meditar e
nos darmos conta do que realmente
sucedeu entre nós.
Temos sido educados a conduzir um
modo de vida que torna muito dificil
compreender o que verdadeiramente
aconteceu na história humana.
Tudo o que nos puder ajudar nesta
direção merece ser acolhido com grande
alegria.
E o que Deus está preparando para a
Igreja através de Cristo só será totalmente
conhecido quando se completar a História.
Esta gravura costuma ser entendida
como Jesus encontrado no Templo.
Mas considerando o que ele disse à sua
mãe, e a admiração que sua fala lhe
produziu, pode-se entender este mistério
como Jesus descortinando sua relação
com a Santissima Trindade.
Isto Ele quer mostrar ainda hoje aos
que aceitam partilhar a sua vida com a
dele, como o fez Maria.
A história da samaritana é sobre
conhecer Jesus. Isto nos leva a entender
melhor Jesus encontrado no Templo.
O episódio de Jesus encontrado no
Templo e respondendo à sua mãe é visto
algumas vezes como uma descompostura
de um menino repreendido.
Mas chama a atenção que Maria não
parece ter ficado meditando no que Jesus
dizia aos doutores, o que deve ter sido um
assunto aparentemente mais complexo e
surpreendente para os homens, mas
naquelas poucas palavras que Jesus lhe
havia respondido.
E chama a atenção que Maria não
parece ter ficado magoada por estas
palavras, como se tivesse recebido uma
descompostura. Em vez disso, tais
palavras foram para ela objeto de
meditação por toda a vida.
E também que, de tantas coisas que
Jesus pode ter dito à sua mãe durante a
sua infância, o Evangelho parece ter
escolhido apenas estas para serem
registradas.
Obviamente aqui estamos diante de
algo que transcende qualquer traquinagem
de criança.
Impressiona também perceber não
apenas que estas são as únicas palavras
conhecidas de Jesus menino, mas são
justamente estas as primeiras palavras de
Jesus registradas pelo Novo Testamento:
"Não sabiam que devo estar nas (coisas)
de meu Pai?" (Luc. 2, 49).
E mais, perceber a semelhança destas
palavras que Jesus disse ainda menino,
com algumas das últimas que Ele disse em
vida: "Ainda não me conhecem? Quem me
vê, vê o Pai" (Jo. 14, 9).
E é importante notar como, em ambos
os casos, Jesus está falando do mistério da
SS. Trindade.
Então, se entendemos que nem mesmo
no Paraíso, quando veremos a Trindade
face a face, será possível esgotar a
beatitude da Trindade que, por mais que
Deus no-la queira fazer participante, só é
inteiramente acessível ao próprio Deus,
não é também dificil entender por que
aqueles que entreveem algo deste mistério
nas palavras de Jesus guardam para
sempre suas palavras no coração e jamais
terminam de entendê-las, como o
Evangelho diz que fez Maria: "Eles não
entenderam a palavra que havia lhes
falado. Sua mãe guardava todas as
palavras em seu coração" (Luc. 2, 51).
Ainda sobre Jesus no Templo.
Quando ensinava, Jesus ensinou sobre
muitas coisas que sua mãe fazia. Lucas diz:
"Sua mãe guardava todas as palavras em
seu coração" (Luc. 2, 51). Jesus ensinou
constantemente como guardar a sua
palavra.
Jesus disse aos judeus que nele haviam
crido: "Se permanecerdes na minha
palavra, sereis meus discipulos, e
conhecereis a verdade" (Jo 8, 31).
Disse depois também aos seus
apóstolos, durante a ultima ceia: "Eis que
estais puros, por causa da palavra que
vos fiz ouvir" (Jo 15, 3).
Após a ceia, dirigindo-se ao Pai, fez um
balanço do resultado de seus
ensinamentos: "Pai, manifestei teu nome
aos homens que me deste do mundo.
Eram teus e a mim os deste. E eles
guardaram a tua palavra" (Jo. 17, 6).
E o discipulo a quem Jesus amava, e
que havia vivido com Maria após a morte
de Jesus, assim resumiu o que ele também
deve ter visto Maria fazer: "Aquele que
verdadeiramente guarda a sua palavra,
neste o amor de Deus se terá tornado
perfeito" (1 Jo 2, 5).
Jesus chama a menina de volta à vida.
Antes disso, porém, havia dito ao seu pai:
"Não temas, crê somente" (Mc. 5, 36).
A fé está envolvida todas as realidades
descritas pelo Evangelho. Sem ela não é
possivel "guardar todas as palavras no
coração", como fazia a mãe de Jesus. Sem
fé não é possivel entender quase nada do
que Jesus ensinou. São Paulo define o
Evangelho como "uma força de Deus
('dynamis Theou') que age sobre aqueles
que crêem" (Rom. 1, 17).
Hugo de S. Vitor diz que pela pureza de
coração produzida pela fé é possível
experimentar interiormente a realidade
das coisas que se crêem. São Paulo diz que
a fé é a realidade ('hipostasis') das coisas
que se esperam (Heb 11, 1).
Assim, não é dificil perceber que para
guardar a palavra é necessária a fé.
Foi aos que creram nEle que Jesus
disse: "Se permanecerdes na minha
palavra sereis verdadeiramente meus
discipulos" (Jo. 8, 31).
E na última ceia, quando Jesus diz que
seus discípulos haviam guardado a
palavra, disse também antes que isto foi
porque Ele lhes havia manifestado o nome
de Deus (Jo. 17, 6). Ora, diz Hugo de S.
Vitor, o nome de Deus é a fé.
Deste modo, quando no episódio do
menino Jesus no Templo se diz de Maria
que "guardava todas as palavras em seu
coração", é possivel entrever aí a fé da que
também havia recebido a Anunciação.
Maria foi elogiada na Anunciação como
"Bem aventurada a que creu, porque as
coisas que lhe foram ditas por parte do
Senhor hão de se tornar realidade
perfeita". (Luc. 1, 45). 
Ao que Maria, concordando,
respondeu: "Minha alma engrandece o
Senhor porque o Poderoso fez em mim
grandes coisas, grande é o seu nome"
(Luc 1, 49).
Não só a Maria foram anunciadas
grandes coisas por parte do Senhor. São
João diz que Deus concede aos que crêem
"o poder de se tornarem filhos de Deus"
(Jo. 1, 12).
"Jesus falava a palavra através de
muitas parábolas, conforme podiam
ouvir, e sem parábolas não lhes falava"
(Mc. 4, 34).
Uma parabola é como uma gravura
apresentada em palavras. Elas nos querem
dizer algo que os olhos não podem ver. O
problema é que elas não podem ser
entendidas apenas pelo trabalho da
inteligência. Não adiantaria, por exemplo,
consultar um dicionário especializado em
parábolas. Seria preciso, em vez disso,
como Maria, guardar as palavras no
coração (Luc. 2, 51).
Nos homens brilha uma luz que os
olhos não podem ver. As parábolas
somente podem ser entendidas através
desta luz que "estava na vida e que brilha
em todo homem" (Jo. 1, 4). O propósito
das parabolas é nos ajudar a encontrar
esta luz.
"Muitas vezes e de muitos modos Deus
falou aos pais pelos profetas, e nestes
últimos dias nos falou pelo seu Filho"
(Heb. 1, 1-2).
Assim, quando pela fé percebemos que
Deus nos quer dizer algo que os olhos não
vêem, é preciso não fechar o coração (Heb.
4, 7). É preciso guardar, pela memória,
durante longo tempo, a palavra no
coração, por meio da caridade. Para fazer
isto bem feito, além disso, temos que
considerar que em nosso coração há muito
lixo acumulado desde muito tempo e que
deve ser limpo. Com isto fica evidente que
o entendimento de uma parábola é fruto
do trabalho conjunto das três virtudes
teologais, da fé, da esperança e do amor.
As palavras de Jesus dirigidas à sua
mãe no Templo, que a nós podem parecer
uma descompostura de criança, foram
para Maria como as parábolasdirigidas
aos apóstolos, mas são muito mais fortes
do que, por exemplo, a parábola do
semeador (Mc. 4, 1-9), e encontraram um
coração mais preparado. Maria soube
entendê-lo, e "guardou todas as palavras
no coração". Muitos anos depois da morte
e ressurreição de Jesus, quando Lucas foi
visitá-la para escrever o seu Evangelho,
ainda estavam fortemente gravadas em
seu coração, mais do que muitas outras.
Quando João, que morou com Maria,
iniciou seu Evangelho com as palavras:
"No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus" (Jo
1, 1), não é impossivel entrever aí traços de
Maria que guardava em seu coração as
palavras de Jesus no Templo.
Como discípula de Cristo, Maria era
bastante diferente dos apóstolos. É
evidente, por exemplo, que se tivesse
estado na barca em meio à tempestade, ela
não teria se apavorado, nem gritado em
desespero, pedindo por socorro. Ela foi
um exemplo de fé com a qual Deus nos
quis ensinar algo a ser guardado em
nossos corações.
A gravura mostra o que ocorre conosco
quando cremos em Cristo: ele nos abraça
em sua humanidade e quer nos comunicar
o amor com que o Pai o ama, no interior
da Trindade, desde toda a eternidade.
"Esta é a realidade", diz S. Inácio de
Antioquia (Ef. 15, 3), "e ela se manifestará
diante de nossas faces, se o amarmos
santamente".
Para entender isto, é preciso notar que
para ver não são suficientes os olhos. É
necessária também a luz.
Assim também para crer não basta a fé.
É necessária também uma outra luz, que
os olhos do corpo não são capazes de ver.
Esta luz brilha em todos os homens.
Ela estava no Verbo e é a vida. Mas os
homens decidiram viver na escuridão e
não são capazes de receber esta luz.
O Verbo então se fez carne e quis
construir em nós o seu santuário. Quando
cremos, não somos nós que vivemos, mas
permitimos que Cristo viva em nós (Gal. 2,
20).
O corpo de Cristo ressuscitado, diz S.
Tomás de Aquino (ST. IIIa, Q. 48 a.6 ad
2), apesar de sua corporeidade, possui
uma força espiritual por estar
hipostaticamente unido à divindade. Por
isto, pelo "contato espiritual da fé", Cristo
em sua humanidade vem nos comunicar a
luz verdadeira que, apesar de já brilhar em
todos os homens, eles não eram capazes
de receber. Aos que porém o receberam,
"deu-lhes o poder de se tornarem filhos de
Deus" (Jo. 1, 12).
"Este é o mistério que ficou escondido
desde todos os séculos e desde as
gerações", diz S. Paulo, "mas agora foi
manifestado aos que Deus quis dar a
conhecer a riqueza de sua glória: Cristo
em nós" (Col. 1, 26-27).
E este é o testemunho de Deus, diz S.
João: "quem tem o Filho, tem a vida" (1
Jo. 5, 9-12)
Maria escolheu "a melhor parte, que
jamais lhe será tirada" (Luc. 10, 42).
1. E São Paulo diz a Timóteo, seu
"reconhecido filho na fé" (1 Tim. 1, 1), que
a "primeira de todas as coisas" ('próton
panton') é a oração, acrescentando serem
quatro os modos ou as formas de oração (1
Tim. 2, 1).
2. Os quatro modos de oração que S. Paulo
menciona, em grego, são a deésis, a
proseuké, a entéuksis e a eukaristia (1 Tim.
2, 1).
A Vulgata Latina traduz estes termos como
obsecratio, oratio, postulatio e gratiarum
actio.
A Biblia de Jerusalém os traduz para o
português como pedido, oração, súplica e
ação de graças.
Do que parece concluir-se ser muito dificil
traduzir do grego estes termos para
qualquer outro idioma. Tanto na tradução
Latina como na Portuguesa não é fácil
entender o que o Apóstolo quer ensinar.
3. A primeira das formas de oração é a
deésis, que pode ser traduzida como
pedido. Mas só pedimos verdadeiramente
o que desejamos. Para pedir, então, há que
se aprender a desejar, e tratam-se aqui de
desejos das coisas celestes.
4. A segunda forma é a proseuké. O Pai
Nosso, a Ave Maria e outras orações
semelhantes são proseuké. São orações
aprendidas porque nos foram transmitidas
pelas Escrituras ou pela Tradição.
5. Mas observando mais atentamente a
própria palavra, notamos que proseuké
vem do verbo eukomai. Eukomai significa
desejar. Euké é desejo.
6. Proseuké, então, significa, na verdade,
"para desejar". Assim entendendo, é o
próprio Deus que, vendo que já
aprendemos a desejar as coisas do alto,
nos ensina melhor o que devemos desejar
e ordena, se assim o permitimos, pela
proseuké, os desejos celestes.
7. Convém recordar aqui sobre isto o
exemplo do profeta Daniel, um homem de
Deus verdadeiramente extraordinário. Os
próprios anjos estavam tão
impressionados com sua oração que o
chamaram de "homem de desejos" (Dan.
10, 11).
8. A terceira forma de oração mencionada
por S. Paulo é chamada de entéuksis, que é
o modo mais profundo de oração.
9. A palavra "entéuksis" vem do verbo
"tínkano", que significa alcançar, obter,
pegar, golpear. "Tínkano" pode ser
traduzido tanto como alcançar como
também golpear porque significa alcançar
com força. O tempo futuro de "tínkano" é
"teuksomai". "Teuksomai", embora seja o
mesmo verbo, deriva de outra raiz que
significa construir. Aqui o significado
parece dar a entender um alcançar com
força, mas cujo resultado é não apenas
algo tomado ou golpeado, mas também
mais elaborado e trabalhado.
De "teuksomai" vem a palavra "teuksis".
"Teuksis" então seria uma construção
alcançada e realizada com vigor ou poder.
E de "teuksis" vem finalmente a "en-
teuksis", que é um construir dentro, com
fortaleza, um construir internamente com
poder.
10. Isto as Escrituras e a experiência
mostram que é o que sucede quando nos
recolhemos com determinação e,
interiormente, o Espirito Santo constrói,
através da fé e da caridade, uma morada
para Cristo.
11. É também o que Cristo descreve
quando diz que "das entranhas dos que
creem nEle correrão rios de água viva"
(Jo. 7, 38). E João acrescenta que Jesus
falava do Espirito Santo, que viria em
Pentecostes.
12. A expressão "das entranhas" denota o
recolhimento, ou também a cela interior. É
o "en" da "en-teuksis".
13. Assim a "enteuksis", ou a "teuksis" que
está "en", é a construção interior que pela
fé o Espirito Santo faz em nós. São os tais
"rios de água viva".
14. Do exposto pode-se entender que a
"deésis", o "pedido", que é a primeira das
formas de oração que São Paulo lista a
Timóteo, é a base das demais formas de
oração. Significa aprender a desejar, ser
um "homem de desejos", como era o
profeta Daniel.
15. A proseuké é a segunda forma de
oração. A proseuké é mais profunda que a
deésis. Através da Revelação a proseuké é
por Deus conduzida e ensinada
externamente (mas não somente). É o que
ocorre quando Cristo nos ensina o Pai
Nosso. Ele próprio no Evangelho chama o
Pai Nosso de proseuké, quando diz: Assim,
portanto, rezai (proseukéste) vós (Mat. 6,
9).
16. Se tivermos aprendido a nos recolher
para orar, como Jesus ensina no
preâmbulo do Pai Nosso (Mat. 6, 6), a
"entéuksis" é conduzida por Deus de um
modo puramente interno. É no
recolhimento do quarto interior que Cristo
nos envia o seu Espirito. A entéuksis é
mais do que a proseuké.
17. Mas no fim aparece um quarto modo
de oração, que S. Paulo chama de
"eukaristia", isto é, o belo agradecimento.
18. No Novo Testamento eukaristia
significa oração de agradecimento. Nos
primeiros anos o sacramento do corpo do
Senhor era chamado de "partir o pão". Só
cem anos depois é que o sacramento
começou a ser chamado também de
eukaristia. Nas cartas de S. Inácio de
Antioquia (c. 117 DC) o sacramento do
corpo do Senhor já começa a ser chamado
de eukaristia. Mas no Novo Testamento
eukaristia significa oração de
agradecimento.
19. As quatro formas de oração, a deésis, a
proseuké, a entéuksis e a eukaristia,são
listadas, nesta ordem, por São Paulo em 1
Tim. 2, 1.
20. Mas é interessante notar que a
eukaristia é a quarta forma de oração, e
não a primeira ou a segunda.
21. Considerando o que foi exposto, a
eukaristia não parece que devia estar
colocada por último.
22. A eukaristia parece ser a mais simples
de todas as formas de oração.
23. Por que está então no fim da lista
paulina?
24. A lição é forte.
25. É porque sem um ambiente pleno de
eukaristia, não é possível desenvolver as
outras formas de oração.
26. A eukaristia equivale ao preceito
segundo o qual se alguém não toma a sua
própria cruz (subentendendo-se, com
alegria) não pode ser discípulo de Jesus.
Um dos principais temas da escola de
Jesus é a oração. É a unica coisa
necessaria, diz Jesus. Segundo S. Paulo, é
a primeira de todas as coisas.
27. A eukaristia é simples. Agradecer
sempre, com alegria. Nunca reclamar com
amargura.
28. Mas sem isso não se progride no resto.
29. Pode-se entender isto facilmente. Os
frutos do Espirito Santo são agápe, alegria,
paz, benignidade, etc. (Gal. 5, 22). Nada
disso cresce sem eukaristia.
30. Então há que se reformar pela raiz o
modo basico como entendemos a nós, às
coisas e ao mundo. Um entendimento
claro, mas sobrenatural, iluminado pelo
Espirito Santo, cuja conclusão óbvia seja
uma vida eukarística. 
Assim como abraçou as crianças, Jesus
também sai em busca da ovelha perdida
até encontrá-la e, achando-a, abraça-a e a
coloca em seus ombros (Luc. 15, 4-5).
Por estar unido à divindade, e porque
Deus sustenta cada ente em sua existência,
Cristo pode, em sua própria humanidade,
tocar, abraçar e colocar espiritualmente
sobre seus ombros cada um de nós. Isto
ocorre com certeza quando nos
recolhemos para rezar e cremos em Cristo.
Por isto a fé é tão importante. Pela fé
abraçamos realmente a Cristo.
Não há como exagerar a relevância
deste ponto. Formar Cristo em nós é o
principal trabalho da pedagogia cristã. É
preciso um trabalho de parto, diz São
Paulo, até que "Cristo seja formado em
nós" (Gal. 4, 19). E São Paulo diz também
que "trabalhava e lutava com toda a
energia, ensinando os homens em toda a
sabedoria, até apresentá-los perfeitos em
Cristo" (Col. 1, 28-29).
Pela fé Cristo não somente vive em nós
(Gal. 2, 20), mas também fala conosco:
"As minhas ovelhas ouvem a minha voz",
diz Jesus, "e eu chamo cada uma pelo
próprio nome" (Jo. 10, 3).
São Paulo conhecia esta voz e dizia que
"sua palavra é viva, penetrante, alcança
até a divisão da alma e do espírito, e não
há criatura oculta à sua presença" (Heb.
4, 12-13).
Quando Jesus nos toma em seus
braços, ele nos quer falar principalmente
sobre a Santíssima Trindade. O quanto o
Pai nos ama, e como o Pai o enviou para
nos manifestar este amor: "Não sabiam
que eu devia estar nas coisas de meu
Pai?" (Luc. 2, 49). "Assim como o Pai me
amou", diz Jesus, "assim também eu vos
amei. Permanecei em meu amor" (Jo. 15,
9). 
A gravura é sobre a profundidade da fé
que o Evangelho nos pede.
"Eu sou a ressurreição e a vida", disse
Jesus. "Crês nisso?"
"Quem crê em mim, se estiver morto,
viverá, e se estiver vivo, não morrerá
para a vida eterna" (Jo. 11, 26).
E este é o mistério da Encarnação, diz
S. Tomás de Aquino: "Deus amou tanto o
mundo que lhe deu o seu Filho unigênito,
para que todo o que nEle crê não pereça,
mas tenha a vida eterna" (Jo. 3, 16) (ST.
IIIa. Q. 1, a. 2, sc). 
Narra o Evangelho que "o filho mais
novo estava ainda ao longe. Quando o
pai o viu, encheu-se de compaixão e
lançou-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de
beijos" (Lc. 15, 20).
Na parábola do filho pródigo, o pai
espera que o filho mais novo caia em si e
decida voltar para casa para então ir ao
seu encontro. "O filho mais velho, porém,
enraivesceu-se e não queria entrar" (Lc
15, 28).
O contexto da parabola mostra ter sido
apresentada aos fariseus que
murmuravam porque Jesus recebia os
pecadores e comia com eles (Lc. 15, 2). O
filho mais velho, então, fazia na parabola o
papel dos fariseus.
Tivesse sido apresentada em outro
contexto, e principalmente após a
ressurreição, o pai não teria esperado pela
volta do filho mais novo. Teria enviado o
filho mais velho em busca do mais novo.
Teria-lhe dito: "Teu irmão mais novo
sofre no meio da lama, comendo lavagem
de porcos. Toma um burrinho, procura-o,
abraça-o, beija-o por mim, faz-lhe saber
o quanto eu o amo e traze-o de volta".
Ao encontrá-lo, o mais velho lhe diz:
"Irmão, que fazes tu em meio a toda esta
lama? E que comida é esta com que te
alimentas? O pai te ama e me pediu que
te abraçasse e te beijasse com o amor com
que me ama. Crê em mim. Sou eu mesmo.
Sobe no burrinho e vamos para a casa do
pai nosso".
Esta é a realidade que ocorre quando
estamos recolhidos em oração, cremos em
Cristo e reconhecemos a sua voz. São João
diz que "quem crê que aquele que vêm
pela água e pelo sangue", isto é, pela fé e
pelo amor, "é Jesus, o Filho de Deus, este
venceu o mundo" (1 Jo. 5, 5-6).
Este também é o motivo porque tantas
vezes Jesus repetia: "Filha, a tua fé te
salvou" (Mc. 5, 34). E também: "Não se
turbe o vosso coração. Crêde em Deus,
crêde também em mim" (Jo. 14, 1).
Por estar hipostaticamente unido à
divindade, Cristo pode realmente abraçar-
nos em sua humanidade, onde quer que
estejamos, sempre que nEle cremos. É por
causa desta maravilha que São Paulo
escreveu: "Quero que saibais a luta em
que me empenho por vós para que
chegueis à compreensão deste mistério de
Deus, que é Cristo, em quem se acham
escondidos todos os tesouros da
sabedoria e do conhecimento, e em quem
habita corporalmente toda a plenitude da
divindade" (Col. 2, 2-3; 2, 9). Nós subimos
no burrinho quando "permanecemos no
seu amor" (Jo. 15, 9).
A casa do pai é a Santíssima Trindade.
O Pai é verdadeiramente pai dentro da
Santíssima Trindade. O verdadeiro amor
de Pai é o que existe na Santissima
Trindade. São Paulo dá testemunho disto
claramente, quando diz aos cristãos de
Éfeso: "Dobro o meu joelho diante do Pai,
do qual toma nome toda a paternidade,
no céu e na terra" (Ef. 3, 15).
É ainda na casa do Pai onde existe o
verdadeiro amor. "Deus é amor" (1 Jo 4,
16), mas o verdadeiro amor é aquele pelo
qual o Pai ama o Filho, no interior da
Santíssima Trindade, hoje e sempre, desde
toda a eternidade. É por causa deste amor
que existe na Trindade que o maior de
todos os mandamentos é o mandamento
do amor (Mc. 12, 29).
Cristo se encarnou para poder-nos
conduzir a conhecer e partilhar o amor
que existe na casa do Pai. Ele o disse
exatamente assim: "Vou preparar-vos um
lugar na casa de meu Pai. E para onde eu
vou, conheceis o caminho" (Jo. 14, 2-4).
Relata o Evangelho que em Jericó
havia um homem chamado Zaqueu, rico e
pecador, que procurava ver Jesus. Jesus
lhe diz:
"Zaqueu, desce depressa, pois hoje
devo ficar em tua casa" (Lc 19, 5).
Todos murmuravam, dizendo: "Foi
hospedar-se na casa de um pecador"
(Luc. 19, 5).
Mas Zaqueu respondeu: "Senhor, eis
que eu dou metade de meus bens aos
pobres e, se defraudei alguém, restituo o
quádruplo" (Lc. 19, 8).
Esta, e outras histórias, mostram que a
semente da fé, para produzir fruto, deve
romper com o pecado.
À adúltera que seria apedrejada, Jesus
diz: "Ninguém te condenou, nem eu te
condeno. Mas vai, e de agora em diante
não peques mais" (Jo. 8, 11).
E a mulher pecadora, "sabendo que
Jesus estava à mesa, aos pés dele,
chorava e com as lágrimas começou a
banhar-lhe os pés, a enxugá-los com os
cabelos, a cobri-los de beijos e a ungi-los
com perfume" (Lc. 7, 38).
E a todos indistintamente João diz:
"Não ameis o mundo, nem o que há no
mundo. Se alguém ama o mundo,nele
não está o amor do Pai" (1 Jo. 2, 15). 
Durante a última ceia, "sabendo Jesus
que chegara a hora de passar ao Pai" (Jo.
13, 1), deixou-nos um presente
extraordinário.
Ao recebermos a Eucaristia, recebemos
realmente o corpo e o sangue de Cristo,
sua humanidade unida à divindade, que
permanece sacramentalmente conosco
enquanto se conservarem íntegras as
aparências do pão e do vinho. Pelo que, ao
receber a Eucaristia, importa muito crer
firmemente na presença de Cristo e amá-
lo enquanto se preservam as aparências de
pão e vinho.
O efeito deste sacramento, diz S.
Tomás de Aquino, é o de uma refeição
espiritual, que conduz o amor ao ato (ST.
IIIa. Q. 79 a.1 ad 2).
A este contato espiritual e união de
amor produzidos pela Eucaristia aplicam-
se estas palavras de Jesus:
"Eu sou a videira verdadeira, e meu
Pai é o agricultor. Permanecei em mim, e
eu em vós. Como o ramo não pode dar
fruto, se não permanece na videira, assim
também vós, se não permanecerdes em
mim. Aquele que permanece em mim e eu
nele produz muito fruto, porque sem mim
não podeis fazer nada" (Jo. 15, 1-5).
Ora, segundo S. Tomás de Aquino, este
contato espiritual entre nós e a
humanidade de Cristo se dá não apenas
pelos sacramentos, mas "pela fé e pelos
sacramentos da fé" (ST. IIIa, Q. 48 a.6, ad
2).
Por este motivo, a refeição espiritual
produzida pela Eucaristia pode ser
estendida a todo o tempo pelo exercicio da
fé em Cristo. Estes são os principais
momentos em que podemos crescer em
graça diante de Deus.
São os momentos mais preciosos de
nossa vida, "os únicos realmente
necessários" (Lc. 10, 14).
Sobre eles dizia Santo Inácio de
Antioquia, o discípulo pessoal de São
João:
"Não me agradam o alimento
corruptível, nem os prazeres desta vida.
Quero o pão de Deus, que é a carne de
Jesus Cristo, e como bebida quero o seu
sangue, que é amor incorruptivel" (Rom.
7, 3).
E também:
"A fé é a carne do Senhor, e o amor é o
sangue de Cristo" (Tral. 8, 1).
E porque é assim que Cristo insistia, na
última ceia: "Permanecei no meu amor"
(Jo. 15, 9). E a quem permanecesse em seu
amor, isto é, no amor do Verbo
Encarnado, Ele prometia que "seria
amado pelo seu Pai" (Jo. 14, 21).
Para alguns pode parecer difícil
alcançar qual seria a distinção entre estas
duas coisas. Mas são os que se habituam à
intimidade com o Verbo Encarnado, pela
fé e pela Eucaristia, que começam a
compreender quem é o Pai. A estes Jesus
diz que "meu Pai o amará, a ele viremos e
nele estabeleceremos a nossa morada"
(Jo. 14, 22).
Não poderia ser diferente.
Poucos anos antes, Jesus já o havia
explicado aos seus apóstolos: "Ninguém
conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a
quem o Filho quiser revelar" (Mat. 11, 27).
"O justo vive da fé", diz São Paulo, e
"caminha da fé para a fé" (Rom. 1, 17).
O Apóstolo compara este caminho à
vida dos atletas que competem nos
estádios, onde os competidores se
preparam poderosamente em tudo, para
poderem receber o prêmio de uma coroa
que, no caso dos justos, é incorruptível (I
Cor. 9, 25). Renovar pela fé, dia a dia, o
homem interior, "não olhando para as
coisas que se vêem, mas para as que não
se vêem" (2 Cor. 4, 16-18) é o bom
combate que São Paulo diz a Timóteo ter
combatido ininterruptamente. O combate
da fé (2 Tim. 4, 7).
Os que lutam verdadeiramente neste
combate logo percebem que o grande
inimigo não é a fraqueza humana. O
pecado não se resume em um equivoco
cometido que pode ser facilmente
reparado. Quem peca se torna escravo do
pecado. São Paulo diz que há uma lei do
pecado que peleja contra a razão e que nos
acorrenta ao próprio pecado (Rom. 7, 23).
O pecado, portanto, se assemelha muito
mais ao politico que se corrompe do que
ao matemático que comete um erro de
cálculo. A corrupção é oferecida ao político
de caso pensado. Uma vez aceita, ele se
submete ao submundo do crime, uma
realidade paralela que tem suas próprias
leis não escritas. O pobre homem passa a
viver na casa do ladrão, de onde não
conseguirá sair apenas atravessando a
porta.
Por isso é que São Paulo, ainda falando
do bom combate, diz que "nosso combate
não é contra o sangue, nem contra a
carne, mas contra os espiritos
dominadores deste mundo de trevas" (Ef.
6, 12).
O ingresso neste submundo não se dá
somente pelo pecado, mas também "pelo
amor do mundo e do que há no mundo".
"Se alguém ama o mundo", diz S. João,
"nele não está o amor do Pai" (1 Jo. 2, 15).
Por isso o demônio, que desde o início
reconheceu em Cristo um homem justo,
mostrou-lhe todos os reinos do mundo e
lhe disse: "Tudo isto é meu, e tudo isto te
darei se, prostrado, me adorares" (Mt. 4,
9).
A proposta não foi aceita.
O tentador não desiste. Na última ceia
Jesus sabia "que o diabo pusera no
coração de Judas Iscariotes que o
entregasse" (Jo 13, 2).
Jesus então se prepara para "resgatar-
nos do Maligno" (Mt. 6, 13), contra o qual
também nós teremos que lutar.
Para preparar-nos para esta luta, São
Paulo deseja aos cristãos de Tessalônica
estas duas coisas: "o amor de Deus e a
hypomoné de Cristo" (2 Tess. 3, 5).
Hypomoné é uma palavra grega
impossível de traduzir em qualquer língua,
inclusive o Latim. Aparece uma infinidade
de vezes nos escritos dos apóstolos. Trata-
se de uma virtude sem a qual não pode
haver vitória no combate espiritual. É uma
grande paciência, unida a uma não menor
perseverança, ambas levadas ao heroismo.
O maior exemplo de hypomoné que jamais
existiu nos foi dado por Cristo em sua
paixão. 
Aquele que devia confirmar os irmãos
na fé em Cristo, negou por três vezes a
Cristo.
Outros apóstolos simplesmente
fugiram.
Não é curioso notar que foi apenas
Pedro quem foi repetidamente tentado
para negar Cristo? 
Atado, Jesus é conduzido pelos judeus
ao Pretório (Jo. 18, 12).
Pilatos pergunta a Jesus:
"O que é a verdade?" (Jo. 18, 38)
Não espera resposta. O Pai da mentira
aplaude em delírio: "Grande, Pilatos!
Excelente!"
A morte de Cristo na cruz contém
lições supremas de fé.
Durante a vida pública Jesus havia dito
abertamente (Mc. 8, 31) aos discípulos que
sofreria pelas mãos dos judeus, seria
morto e ressuscitaria ao terceiro dia.
Apesar de tê-lo repetido diversas vezes, os
apóstolos não compreendiam a palavra
(Mc. 9, 32). A Escritura diz que eles
ficavam tristes.
Por este motivo, quando Jesus foi
preso, repetiam-se cenas que já haviam
sido vistas antes.
Por ocasião da prisão de Jesus, seus
discípulos fugiram apavorados. Os
discípulos já haviam se acovardado, por
ocasião de uma tempestade em uma barca,
e Jesus os censurou pela sua pouca fé (Mc.
8, 26).
Ao Jesus ser preso, Pedro inicialmente
não quis fugir, como os demais. Mas
depois, apavorado pelas acusações, negou
a Cristo três vezes. Em outro momento,
em outra barca açoitada pelas ondas,
Pedro havia tentado caminhar sobre as
águas mas, assustado pela força do vento,
começou a afundar. Jesus novamente
censurou-o pela sua pouca fé (Mt. 14, 32).
A fé que faltava então aos apóstolos foi
mais tarde descrita por João como um
encontro com a luz: "Nós ouvimos e vimos
com os nossos olhos", pela fé, "Aquele que
era desde o princípio, o contemplamos e
apalpamos, porque a vida se manifestou
e este é o testemunho que vos
anunciamos, que Deus é luz e nele não há
treva alguma" (1 Jo. 1, 1-5). "Nele estava
a vida, e a vida era a luz dos homens" (Jo.
1, 4).
Se Jesus falava tão insistentemente de
sua paixão com os apóstolos, certamente
não o ocultava de sua mãe. Ao contrário,
devia falar-lhe com mais clareza e detalhe.
Não é de se supor que Maria ficasse triste.
Em vez disso ela cria, e via o que os olhos
não podem ver.
Assim, quando Jesus foi preso, não foi
umasurpresa para Maria. Ela devia
também saber que seu filho seria
abandonado pelos discípulos. Desde antes
da Anunciação a fé de Maria era grande. O
justo vive da fé, e cresce constantemente
da fé para a fé. Quando Jesus lhe falava de
sua morte, Maria pode ter respondido a
Jesus: "Meu filho, sempre guardei em
meu coração que devias estar nas coisas
de teu Pai. Meu coração está onde está o
teu. Graças a ti, Ele também é meu Pai.
Naquele dia, eu estarei feliz de estar
contigo".
Aos pés da cruz, a fé de Maria não era
como a dos apóstolos na barca, nem como
a de Pedro caminhando sobre as águas,
nem como a de uma mulher iluminada
pela luz mas, segundo o testemunho de
João, Maria era, "em meio às dores de um
parto, como uma mulher vestida de Sol"
(Apoc. 12, 1-2).
Era também um exemplo da hypomoné
a que todos somos chamados, para entrar
no Reino de Deus.
Depois das virtudes teologais, a
hypomoné é a maior de todas as virtudes.
É o que se entende das palavras de São
Paulo, quando deseja aos Tessalonicenses
"o amor de Deus", isto é, as virtudes
teologais, "e a hypomoné de Cristo" (2
Tes. 3, 5).
Jesus ensina manifestamente a mesma
coisa quando diz, na parábola do
semeador, que o último obstáculo antes da
semente alcançar a terra fértil, onde ela
dará abundante fruto, é o espinheiro, que
somente pode ser vencido por uma
hypomoné perfeita.
Jesus também repete o mesmo
ensinamento quando diz que ninguém
pode ser seu discípulo se, renunciando
primeiro a si mesmo, não toma a sua cruz
(subentendendo-se, 'com muita alegria':
Mt. 5, 12), e o segue (Mt. 16, 24).
A história de Maria nos mostra, mais
do que qualquer outra, como realizar estas
coisas. Se queremos ressuscitar junto com
Cristo, temos que morrer para o mundo.
"Se alguém ama o mundo", diz João, "nele
não está o amor do Pai" (1 Jo. 2, 15).
Mas não é possivel morrer para o
mundo sem uma hypomoné perfeita.
Mas a hypomoné perfeita exige uma fé
brilhante como o Sol, como vemos na mãe
de Jesus. "Sem fé é impossivel agradar a
Deus" (Heb. 11, 6).
"Se ressuscitastes com Cristo, buscai
as coisas do alto, onde Cristo está sentado
à direita de Deus. Considerai as coisas do
alto, não as coisas da terra, pois vós
morrestes e vossa vida está escondida
com Cristo em Deus" (Col. 3, 1-3).
Nesta passagem da Epístola aos
Colossenses, São Paulo nos ensina a rezar.
"Se ressuscitastes com Cristo" fica
melhor traduzido "se fostes co-
ressuscitados ('sin-eghérthete') com
Cristo". Sua ressurreição é a causa de
nossa ressurreição. O Apóstolo aqui se
refere à graça santificante, o esplendor da
alma pelo qual participamos da natureza
divina (ST Ia IIae, Q. 110, a. 2-3).
"Buscai as coisas do alto": buscai
('zeteite') é o mesmo 'buscai' ('zeteite') do
Sermão da Montanha. "Buscai ('zeteite')
em primeiro ('proton') o Reino de Deus e
a sua justiça (santidade)" (Mt. 6, 33). De
onde se conclui que 'as coisas do alto' e o
'Reino de Deus' se referem à mesma
realidade a ser buscada ('zetein').
Buscai o Reino de Deus "em primeiro"
('proton') é a mesma expressão usada por
São Paulo quando escreve a Timóteo e
coloca a oração como a "primeira de todas
as coisas" ('proton panton') (1 Tim. 2, 1).
De onde se conclui também que "as coisas
do alto", o "Reino de Deus" e a "oração" se
referem à mesma realidade.
"Onde Cristo está sentado à direita de
Deus" é uma referência evidente à
Santíssima Trindade. São Paulo está nos
dizendo que devemos buscar na oração a
Santíssima Trindade, a fonte do amor de
Deus (1 Jo. 4, 16), aquele amor com que
desde toda a eternidade o Pai ama o Filho
e ao qual Jesus se refere quando diz:
"Assim como o Pai me ama, assim eu vos
amei" (Jo. 15, 9).
"Considerai as coisas do alto, não as
coisas da terra": estas palavras se referem
ao exercicio da fé. Não é possivel
considerar as coisas do alto sem o
exercício da fé. Sem a fé, nossos olhos
somente vêem as coisas da terra. Somente
pela fé podemos ver o que os olhos não
vêem. Isto ocorre quando a fé é iluminada
por aquela luz que nos é intermediada pelo
Verbo: "Nele estava a vida, e a vida era a
luz dos homens" (Jo. 1, 4).
"Porque vós morrestes": o Apóstolo
aqui nos quer mostrar que o exercício da
fé, próprio da oração, não se pode dar sem
ser precedido pelo recolhimento. O
recolhimento não é apenas o silêncio. É,
antes de tudo, a morte para as coisas da
terra. "Se alguém ama o mundo, nele não
pode estar o amor do Pai" (1 Jo. 2, 15). O
que significa que antes de rezarmos e
elevar-nos pela fé às coisas do alto, é
necessário morrer e ser sepultado para as
coisas da terra.
O que, por sua vez, não se pode fazer
sem a hypomoné e sem um grande desejo
de fruir a Deus. São Tomás de Aquino diz
que o ato próprio da caridade é a "busca
da fruição de Deus, que é a essência da
vida eterna" (ST Ia IIae, Q. 114, a.4) e que
"nenhuma virtude possui tanta inclinação
ao seu ato como a caridade" (ST IIa IIae,
Q. 23, a.2). Por aqui então se entende por
que São Paulo desejava que o Senhor
conduzisse o coração dos Tessalonicenses
"ao amor de Deus e à hypomoné de
Cristo" (2 Tes. 3, 5).
"Pois vossa vida está escondida com
Cristo em Deus": com estas palavras São
Paulo agora mostra que a parte central da
oração é o amor. "A vossa vida" é uma
expressão que significa o amor, pois é isto
o que dizemos a quem amamos: "Tu és a
minha vida!". Nossa vida estar escondida
('kekriptai', do verbo 'kripto') com Cristo
significa que morrer para o mundo e o
exercício da fé são, na oração, atos
preparatórios para amar a Cristo, o qual
está realmente presente e nos toca
espiritualmente pelo exercicio da fé.
Nossa vida estará escondida com Cristo
em Deus porque, como dizia Jesus, "quem
me vê, vê o Pai" (Jo. 14, 9), e não há outro
caminho para conhecer o Pai a não ser
pela união da fé e do amor no Verbo
encarnado (Jo. 14, 6).
Para vir a conhecer a felicidade que há
na Santíssima Trindade, é preciso
primeiro aprender a amar o Verbo
encarnado, pois "nele habita
corporalmente", diz São Paulo, "toda a
plenitude da divindade" (Col. 2, 9).
E o próprio Cristo no-lo atesta que é
assim que tudo deve ser feito: "Deus amou
tanto o mundo que lhe deu o seu Filho
unigênito, para que quem nele crer não
pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo. 3,
16). 
Assim Jesus ensinou seus discípulos a
rezar:
"Tu, quando orares, entra no teu
quarto e, fechando a tua porta, ora ao teu
Pai que está no oculto ('kripto'). E o teu
Pai, vendo no oculto ('kripto'), te
recompensará" (Mt. 6, 6). Em seguida,
disse: "Assim, pois, havereis de rezar", e
lhes ensinou o Pai Nosso (Mt. 6, 9-13).
Primeiro, "entra no teu quarto": entrar
no quarto é o recolhimento que deve
preceder toda oração. Isto significa que
antes de rezar devemos com todo o
empenho morrer totalmente para as coisas
da terra.
Em seguida, "fecha a tua porta":
fechar a porta é o exercício da fé,
iluminado por uma luz que os olhos não
vêem e que procede de Deus através do
Verbo encarnado. É a luz de que fala o
prólogo do Evangelho de São João "a luz
verdafeira que ilumina todos os homens"
(Jo. 1, 9). A fé é movida por esta luz assim
como o vento impulsiona as velas de um
navio. É a causa eficiente pela qual a alma
é movida ao conhecimento sobrenatural
(ST Ia IIae, Q. 110 a.2). Pela fé não
somente vemos o que os olhos não vêem
mas também, uma vez visto um pouco,
desejamos ver muito mais. Salomão já
dizia: "Dá um pouco ao sábio, e ele se
tornará ainda mais sábio" (Pr. 9, 9).
Fechando a porta, pela fé somos
abraçados por Cristo em sua humanidade,
tão realmente como ele em sua vida
terrena abraçou as crianças, como abraçou
a ovelha perdida, e como o pai abraçou o
filho prodigo. O que permiteque esta
maravilha seja possivel é a união
hipostática entre a natureza humana e
divina em Cristo.
Sendo assim, não é causa de espanto
que quando os judeus perguntaram a
Cristo o que deviam fazer para realizarem
a obra de Deus, ele lhes tenha respondido:
"Esta é a obra de Deus, que creiais
naquele que Ele enviou" (Jo. 6, 29). Em
outra palavras, a obra de Deus está em
permitir que seu Filho nos abrace. "E esta
é a realidade", diz Santo Inácio de
Antioquia, "que se manifestará diante de
nossas faces se o amarmos santamente"
(Ef. 15, 3).
Depois Cristo diz: "ora ao teu Pai que
está no oculto e teu Pai, vendo no oculto,
te recompensará". Isto significa que,
tendo entrado no quarto e fechado a porta
pela fé, Jesus ainda quer nos mostrar que
dentro deste quarto existe um lugar mais
reservado ou oculto ('kripto'). Trata-se do
mesmo lugar onde São Paulo nos dizia que
nossa vida está oculta ('kekriptai', do
verbo 'kripto') com Cristo em Deus (Col. 3,
3). Procurar dentro deste quarto o lugar
oculto, estando a porta fechada, é amar a
Cristo que, em sua humanidade, está
realmente presente pela fé.
Jesus diz que neste lugar oculto o Pai
nos vê porque "ninguém conhece o Pai
senão o Filho, e aquele a quem o Filho
quiser revelar" (Mt. 11, 27).
Vendo-nos em Cristo, a recompensa
que o Pai nos dará é o próprio amor a
Cristo. Pois qual é o presente que Deus
quer nos dar, senão o seu próprio Filho?
"Deus amou tanto o mundo que lhe deu o
seu Filho unigênito, para que todo o que
nele crer não pereça, mas tenha a vida
eterna" (Jo. 3, 16).
Neste lugar oculto repetem-se as
palavras da transfiguração: "Este é o meu
filho amado, ouvi-o" (Mt. 17, 5).
E realiza-se também a parábola pela
qual Jesus dizia que "o Reino dos Céus é
semelhante a um rei que celebrou as
bodas de seu filho" (Mt. 22, 2).
Até aqui tudo isto é mais ou menos o
mesmo que São Paulo havia ensinado aos
Colossenses, quando disse que nossa vida
está escondida com Cristo em Deus (Col.
3, 1-3). Mas para Jesus trata-se também
da preparação para o Pai Nosso. É depois
de ensinar estas coisas que Jesus diz que
devemos rezar chamando a Deus não só de
Pai, mas nosso, isto é, Pai de quem ora
junto com Cristo a quem amamos, e Pai do
próprio Cristo que nos ama. É outra
maravilha que se realizou porque certa vez
um pai pediu ao seu filho mais velho que
tomasse um burrinho e fosse procurar o
filho pródigo para dizer-lhe, em seu nome,
o quanto este pai o amava. Mas ele
também queria que, para recebê-lo, o filho
pródigo amasse primeiro o seu irmão mais
velho e voltasse com ele.
O amor abre os olhos, muito mais do
que imaginamos, e até mesmo os olhos da
fé. "O que os olhos não viram, os ouvidos
não ouviram e o coração do homem não
alcançou, isto Deus preparou para os que
O amam" (1 Cor. 2, 9).
À medida em que pelo amor Verbo
encarnado se abrem os olhos, acontece
que, como diz Jesus, "quem vê a Cristo, vê
também o Pai" (Jo. 14, 9). Jesus pede
então que, junto com ele, através do Pai
Nosso, nos dirijamos ao Pai, mas já dentro
do mistério da Santíssima Trindade. A
Santíssima Trindade é a casa do Pai. Agora
é também a nossa casa.
"Naquele dia", diz Jesus, "se pedirdes
alguma coisa ao Pai em meu nome, Ele
vo-la dará" (Jo. 16, 23). "Nesse dia,
pedireis em meu nome, e não vos digo que
rogarei ao Pai por vós, pois o próprio Pai
vos ama, porque vós me amastes e crestes
que vim de Deus" (Jo. 16, 26-27). 
"Ide e fazei discípulos todas as nações,
batizando-as em nome do Pai, do Filho e
do Espirito Santo, ensinando-as a
guardar tudo o que vos mandei. E eis que
estou convosco todos os dias até a
consumação dos tempos" (Mt. 28, 19-20).
Estas palavras de Jesus, que são as
últimas antes de subir ao céu, contém as
suas três recomendações mais
importantes.
A primeira recomendação é: "Ide e
fazei discípulos (mateiésate = discipulai)
todas as nações".
Para ser seu discípulo, segundo as
palavras de Jesus, é necessário renunciar a
si mesmo, tomar a própria cruz e segui-lo
(Mt. 16, 24). Como, porém, confundimos
nossa identidade com o mundo ou com o
que há no mundo, renunciar a si mesmo
significa quase a mesma coisa que
"morrer para as coisas da terra" (Col. 3,
3). Isto, por sua vez, não se pode fazer
perfeitamente sem tomar com alegria a
própria cruz. Ou seja, faz-se necessária
uma hypomoné perfeita, da qual Jesus e
sua mãe foram exemplos consumados a
serem estudados e imitados. 
No entanto, na prática dificilmente
será possivel um caminho tão direto.
Mesmo com estes exemplos, é fácil
constatar que para quem ama o mundo e
está mergulhado nele é dificílimo sequer
saber o que significa concretamente
morrer para as coisas da terra, a não ser
muito superficialmente. Entender como
realmente estas coisas se fazem depende
de entender a finalidade destas exigências.
Diz o Apóstolo João: "Não ameis o
mundo, nem o que há no mundo. Se
alguém ama o mundo, não está nele o
amor do Pai" (Jo. 2, 17).
Destas palavras entende-se que a razão
para não amar o mundo é alcançar a
experiência do amor que há na Santíssima
Trindade, que nos é conunicada por Cristo
em sua humanidade. É sob esta medida
que devem ser executados os preceitos da
renúncia e da alegria na cruz.
Ocorre porém que na oração podemos
ter uma prévia destes preceitos.
Quando oramos, segundo Jesus,
devemos primeiro entrar no quarto, o que
significa morrer para o mundo.
Segundo, fechar a porta, o que significa
crer em Cristo, permitindo que ele viva
pelo menos alguns momentos em nós.
Terceiro, procurar o lugar reservado
dentro do quarto, o que significa amar a
Cristo, algo que já é dom do Pai. Jesus, de
fato, diz: "Tudo me foi entregue por meu
Pai, e ninguém conhece o Filho senão o
Pai" (Mt. 16, 27). E também o diz São
Tiago: "Todo dom precioso e toda dádiva
perfeita vem do alto, descendo do Pai das
luzes" (Tg. 1, 16).
Finalmente, conhecendo que quem vê
o Filho, vê o Pai (Jo. 14, 9), dirigir-se,
junto com Cristo, ao Pai, na Santíssima
Trindade. É o desejo de Jesus, como
testemunham suas palavras: "Rogo por
todos os que crêem em mim, para que
como tu, ó Pai, estás em mim, e eu estou
em ti, também eles estejam em nós" (Jo.
17, 21). Se conseguimos fazer isto na
oração, podemos ter uma noção de como o
amor com que Jesus nos ama é o mesmo
com que, no mistério da Trindade, o Pai
ama o Filho, e porque Deus é amor e
suprema felicidade. Se pudermos
habitualmente, ainda que durante meia
hora de oração, experimentar em Cristo o
amor do Pai, saberemos o motivo exato
por que é necessário morrer para o mundo
e como se faz para renunciar a si mesmo e
tomar com alegria a própria cruz para
sermos discípulos de Jesus.
Esta foi a primeira recomendação. A
segunda é "batizar todos os povos em
nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo".
Esta passagem se completa pela do
Evangelho de São Marcos: "Aquele que
crer e for batizado, será salvo. O que não
crer, será condenado" (Mc. 16, 16). De
onde se compreende que batizar está
estreitamente relacionado com crer. Ao
pedir que batizassem todos os povos em
nome do Pai, do Filho e do Espirito Santo,
Jesus queria que fizéssemos ver, a todos,
os tesouros da Santíssima Trindade,
aquilo que "os olhos não viram, os
ouvidos não ouviram e o coração humano
não alcançou, mas que Deus preparou
para aqueles que O amam" (1 Cor. 2, 9).
Mas que jamais será alcançado se antes
não amarmos o seu Filho e permitirmos
que ele viva em nós pela fé.
É a segunda recomendação. A terceira
é "ensinar a guardar tudo o que Ele nos
mandou".
Segundo São João, os mandamentos
que devem ser ensinados a todos os povos
são dois: crer no Verbo encarnado e
amarmo-nosuns aos outros como Jesus
nos amou (1 Jo. 3, 23). Estes são os dois
mandamentos que Jesus ensinou aos seus
discípulos, conforme exposto ao longo do
Evangelho de São João.
O primeiro, que São João chama de o
antigo mandamento (1 Jo. 2, 7), foi
ensinado aos apóstolos durante os três
anos e meio da vida pública de Jesus, nos
capitulos de 1 a 12 do Evangelho de João.
Jesus se refere a ter ensinado este
mandamento quando diz: "Manifestei o
teu nome aos homens que do mundo me
deste, e eles guardaram a tua palavra"
(Jo. 17, 6). "A tua palavra é a verdade"
(Jo. 17, 17). "O que guarda a sua palavra,
neste verdadeiramente o amor de Deus se
tornou perfeito" (1 Jo. 2, 5). "Este não é o
mandamento novo, mas o antigo. Este
mandamento é a palavra que ouvistes" (1
Jo. 2, 7).
O segundo mandamento começou a ser
ensinado por Jesus na última ceia: "Dou-
vos um mandamento novo, que vos ameis
uns aos outros como eu vos amei. Nisto
conhecerão que sois meus discípulos, se
vos amardes uns aos outros" (Jo. 13, 34-
35).
Este é um mandamento novo porque
para amar os outros como Jesus nos amou
é preciso primeiro experimentar o amor
com que Jesus nos amou. Isto não se faz
sem primeiro morrer para as coisas da
terra, sem o desenvolvimento da fé no
Verbo encarnado e sem a experiência da
vida do amor em Cristo na oração. Por isso
Jesus demorou três anos e meio para
exicar-lhes o novo mandamento.
Jesus se refere a este segundo
mandamento quando diz: "Como tu me
enviaste ao mundo, também eu os enviei
ao mundo" (Jo. 17, 18), "para que o
mundo reconheça que me enviaste e os
amaste como tu me amaste" (Jo. 17, 23), e
"para que o amor com que me amaste
esteja neles e eu neles" (Jo. 17, 26). 
Diz São João que "nisto conheceremos que
somos da verdade, se guardamos os seus
mandamentos" (1 Jo. 3, 19-22). E depois
acrescenta que os seus mandamentos são estes:
crer naquele que o Pai enviou e amarmo-nos
uns aos outros como Jesus nos amou (1 Jo. 3,
23).
Estes dois mandamentos, tais como Jesus
os apresentou, não começam a ser praticados
simultaneamente. É preciso antes praticar o
primeiro durante longo tempo. "É preciso
adquirir verdadeiramente a palavra de Jesus",
diz S. Inácio de Antioquia, até "ser capaz de
ouvi-lo no silêncio, e até que sejamos o seu
templo" (Ef. 15, 2). "E esta é a realidade",
continua S. Inácio, "que se manifestará diante
de nossas faces se o amarmos santamente"
(Ef. 15, 3). Sobre isto é que São Paulo também
diz aos Hebreus: "Se hoje ouvirdes a sua voz,
não endureçais os vossos corações" (Heb. 4,
7).
E sobre isto João diz, novamente: "Nisto se
manifesta o amor de Deus em nós: Deus
enviou o seu Filho unigênito ao mundo, para
que vivamos por Ele. Aquele que crê no Filho
de Deus, tem este testemunho em si mesmo" (1
Jo. 4, 9; 5, 10).
É a partir deste momento em que, através
do Verbo encarnado, conhecemos o amor que
Deus tem por nós, e começamos a
experimentar "o quanto Deus é bom" (1 Pe. 2,
3), que podemos amar o próximo como Jesus
nos amou. Não se pode, portanto, fazer isto
desde o início.
É por isto que trata-se de um novo
mandamento.
E é por isto que São Paulo diz aos Efésios:
"Revistam-se primeiro da couraça da justiça"
(Ef. 6, 14), a couraça na qual se unem "a fé e a
caridade" (1 Tes. 5, 8) e depois "coloquem as
sandálias da prontidão de anunciar o
Evangelho da paz" (Ef. 6, 15).
O novo mandamento do amor supõe,
portanto, uma certa superabundância do amor
de Cristo em nós. Por isso São João diz:
"Quando este novo mandamento for
verdadeiro em vós, as trevas já passaram e já
brilha a luz verdadeira". Aquele que ama o
seu irmão "permanece na luz e nele não há
pedra de tropeço" (1 Jo. 2, 8-10).
Os que já vivem os dois mandamentos de
Jesus encontram-se, por outro lado, em uma
situação nova. Desenvolve-se neles uma
"pressa" (spoudé) espiritual, que é resultado de
uma "esperança conduzida até a perfeição"
(Heb. 6, 11). Esta passagem pode ser explicada
por outra da Summa Theologiae de S. Tomás
de Aquino onde ele expõe que há uma
esperança que precede a caridade e outra
esperança que procede da caridade. A
esperança dos imperfeitos precede a caridade,
diz S. Tomás, mas a esperança dos perfeitos
procede da caridade. De fato, "é daqueles que
mais amamos que mais esperamos" (ST IIa
IIae, Q. 17, a.8).
Esta segunda esperança, diz São Paulo, é
como "uma âncora da alma", que nos
estabelece firmemente no alto, "que penetra
além do véu onde Jesus entrou por nós" (Heb.
6, 11).
"Aqueles em quem o testemunho de Jesus
se tornou firme", diz São Paulo, "esperam a
manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo"
(1 Cor. 1, 7). É através desta esperança, diz ele
ainda, "que somos salvos" (Rom. 8, 24).
Trata-se da esperança das virgens
prudentes, que haviam acendido
permanentemente uma lâmpada que queimava
azeite (Mt. 25, 1-13). Nesta parábola, o azeite
que queima é a caridade, e a luz
permanentemente acesa é a fé. Estas lâmpadas
são o mesmo que a couraça da justiça, ou a
couraça da fé e da caridade, de que São Paulo
fala a Efésios e Tessalonicenses.
As virgens prudentes que mantinham as
suas lâmpadas acesas eram também as que
viviam na permanente esperança da
manifestação de seu noivo; as demais, que
possuíam estas lâmpadas, mas não tinham
reserva de óleo nem as mantinham acesas, não
viviam a esperança de seu noivo. Mas,
segundo São Paulo, "a coroa do bom combate
é dada apenas àqueles que amam a epifania
do Senhor" (2 Tim. 4, 8). Esta epifania ou
manifestação não pode ser amada ou esperada
se não temos em nós uma lâmpada
permanentemente acesa pelo óleo da caridade.
A manifestação do Senhor, por sua vez, é o
Pentecostes, como diz o próprio Jesus:
"Quando vier o Paráclito, o Espírito da
Verdade, ele testemunhará de mim" (Jo. 15,
26). "Neste dia não vos falarei mais em
figuras, mas claramente vos falarei do Pai"
(Jo. 16, 25).
Esta mesma promessa foi renovada no dia
da Ascensão, quando Jesus disse aos
apóstolos: "Permanecei em Jerusalém", isto é,
em oração, "até serdes revestidos da força do
alto" (Lc. 24, 49).
Assim, movidos pela pressa (spoudé), que
procede da esperança, os apóstolos, que na
véspera da paixão não conseguiam rezar uma
hora com Jesus (Mt. 26, 40), fecharam-se no
cenáculo para entregarem-se tenazmente à
oração por dez dias seguidos.
Uma descrição destes dez dias foi
cuidadosamente compendiada por S. Lucas:
"Eles estavam tenazmente dedicados
(proskarterountes), com um só proposito
(omothymadon), à oração (proseuké), junto
com as mulheres, e Maria, a mãe de Jesus, e
com os irmãos dele" (Atos 1, 14).
Os apóstolos retiraram-se dez dias
seguidos à oração ('proseuké'), e a ela estavam
tenazmente dedicados ('proskarterountes').
"Proskarterountes" é o particípio do verbo
"proskartereo", de onde vem também o
substantivo "proskarterésis" (dedicação tenaz).
Trata-se de uma palavra quase que somente
utilizada no Novo Testamento por São Lucas e
São Paulo, dois amigos e companheiros
próximos. Significa a intenção tenaz e
obstinada de alguém que se concentra
totalmente em um só objetivo. Não é a mesma
coisa que hypomoné. A proskarterésis é uma
dedicação tenacíssima que implica também
uma certa exclusividade.
A tenacidade da oração dos apóstolos era,
além disso, segundo S. Lucas,
"omothymadon". "Omothymadon" é uma
combinação de "omo" com "thymadon".
"Thymadon" é o advérbio do substantivo
"thymós". A palavra tem um significado muito
rico. Significa uma combinação de uma só
alma, uma só vida, um só respiro, um só
coração, um só desejo, uma só paixão, um só
espirito, uma só coragem, uma só mente, uma
só vontade, um só propósito.
E nestes dez dias Lucas menciona com
destaquea presença de "Maria, a mãe de
Jesus", uma mulher cuja fé e cuja hypomoné
não se comparava com a de nenhum apóstolo,
que havia educado e convivido 30 anos com
Jesus, que soube crer como ninguém quando
da Anunciação, brilhar como o Sol durante a
paixão de seu Filho, alguém que teve uma
experiência de oração como jamais haveria
outra na Igreja, conforme o diz a própria
Escritura: "O Senhor fez em mim maravilhas,
doravante todas as gerações me chamarão
bem aventurada, santo é o seu nome" (Lc. 1,
48-50).
Sem dúvida que foi sob a orientação de
Maria que os apóstolos se prepararam para
rezar e receber o Espírito Santo.
O Pentecostes não foi, porém, apenas para
os Apóstolos. Jesus o promete a todos, e as
Escrituras nos mostram o caminho, tal como a
estrela de Belém mostrou o caminho aos
magos que procuravam Jesus:
"Se alguém tem sede, venha a mim e beba.
Quem crê em mim, de suas entranhas correrão
rios de água viva. Jesus falava do Espirito
Santo que deveriam receber os que nele
cressem" (Jo. 7, 37-39).
Sobre isto S. Tomás de Aquino diz que o
Evangelho "consiste, de um modo especial, na
graça do Espírito Santo, pois cada coisa
parece ser aquilo que nela há de principal.
Ora, o que é principalíssimo no Novo
Testamento, e no qual consiste toda a sua
virtude, é a graça do Espírito Santo, que nos é
dada pela fé em Cristo" (ST Ia IIae, Q. 106,
a.3). 
Após Pentecostes, disse Pedro ao
paralitico: "Prata e ouro não tenho para
mim; o que tenho, isto te dou. No nome de
Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e
anda" (Atos 3, 6).
Até hoje Pedro tem curado inúmeros
paralíticos. Pedro nos explicou em suas
cartas como Jesus conduziu os apóstolos
ao Pentecostes.
Dediquem-se com toda a pressa
(spoudé), diz Pedro, e comecem pela fé
(pístis) (2 Pe. 1, 5). Uma fé que seja "do
mesmo valor que a minha" (2 Pe. 1, 1), diz
ainda Pedro, isto é, a fé no Verbo
encarnado. É a fé pela qual permitimos
que Cristo viva em nós, tal como Maria,
quando creu por ocasião da Anunciação e
foi chamada bem-aventurada por ter
crido. Jesus mesmo diz que pela fé nos
tornamos sua mãe e seus irmãos: "Quem é
minha mãe e quem são meus irmãos?
Aquele que fizer a vontade de meu Pai
que está nos céus, esse é meu irmão, irmã
e mãe" (Mt. 12, 49). Mas no Evangelho de
São João ele explica qual é a vontade de
seu Pai: "A obra de Deus é que acrediteis
naquele que Ele enviou" (Jo. 6, 29). Pela
fé, diz São Paulo, Cristo vive em nós (Gal.
2, 20). E isto vale principalmente na
oração, quando entramos no quarto,
fechamos a porta pela fé e nos dirigimos
ao lugar oculto, onde nossa vida está
escondida com Cristo em Deus, onde o Pai
nos vê e nos recompensa, dando-nos a
conhecer, pela caridade, o seu Filho
encarnado (Mt. 6, 6). Esta é a fé de mesmo
valor que a de Pedro.
Isto feito, diz Pedro, à fé acrescentem a
virtude ('areté') (1 Pe. 1, 5). A areté a que
Pedro se refere são as virtudes infusas de
que S. Tomás de Aquino trata na Summa
Theologiae (Ia IIae, Q. 63, a. 3-4). São
virtudes que não se adquirem pelo treino.
Em vez disso, são infundidas por Deus à
medida em que avançamos na vida
espiritual pelo desenvolvimento das
virtudes teologais. Estas virtudes, quando
amadurecem, são facilmente reconhecíveis
pelos frutos do Espirito Santo enumerados
por São Paulo na espístola aos Gálatas:
"Amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade,
mansidão, fortaleza" (Gal. 5, 22).
À virtude, continua Pedro, acrescentem
o conhecimento (gnosis) (2 Pe. 1, 5). Sem
uma fé amadurecida pela virtude, o
conhecimento não é possível. Trata-se do
conhecimento que surge quando, sobre
uma fé robustecida pela virtude,
guardamos as palavras de Deus no
coração, como fazia a mãe de Jesus (Lc. 2,
49), inclinando decididamente a mente às
coisas que não se vêem.
Ao conhecimento, continua Pedro,
acrescentem o fortalecimento (enkratéia)
(2 Pe. 1, 6). É impossivel achar uma
tradução adequada para enkratéia. A
Vulgata traduz por abstinência, mas a
palavra, pelo menos hoje, não transmite
toda a realidade. Tampouco automínio,
tradução comum nas versões portuguesas.
Empoderamento talvez fosse melhor, mas
tampouco é adequada. Nem mesmo
fortalecimento satisfaz. Enkratéia é uma
palavra derivada de "kratos" (força,
poder). Democracia significa o povo
(demos) no poder (kratos). "Pantokrator"
significa todo-poderoso. No grego existe
ainda o verbo "enkrateiomai", que deriva
de enkratéia. Quem 'enkrateietai' é quem
faz as coisas com enkratéia. A enkratéia é
o poder que age naqueles que, guiados por
um conhecinento mais claro das coisas
divinas, são capazes de vivenciar que o
progresso na fé implica um combate. Este
combate, diz São Paulo, assemelha-se aos
que correm no estádio: "Todos correm,
mas só um ganha o prêmio, e o que luta,
faz tudo com enkratéia ('panta
enkrateietai'). Correi, pois, deste modo,
para vencerdes" (1 Cor. 9, 25). E Jesus
completa São Paulo: "Ao vencedor,
conceder-lhe-ei comer da árvore da vida,
que está no Paraiso de meu Deus" (Apoc.
2, 7). Não basta, portanto, apenas lutar; é
preciso aprender a lutar com tudo, e este
poder tem que vir de Deus, pela graça. É a
enkratéia.
Sem enkratéia não pode haver
hypomoné. Por isso Pedro continua e diz
que à enkratéia deve-se acrescentar a
hypomoné (2 Pe. 1, 6). Daqui e de muitas
outras passagens pode-se depreender o
quanto a hypomoné é decisiva no
desenvolvimento da vida cristã. A
hypomoné é o resultado esperado da
enkratéia. A hypomoné é o heroísmo da
paciência e da perseverança de que Jesus
nos deu o maior exemplo em sua paixão.
Sem hypomoné não é possível não amar o
mundo. Onde houver amor do mundo, ali
não estará o amor do Pai e a oração nunca
terá sua semente plantada em terreno
fértil. Se não fosse algo tão importante,
Jesus não nos teria deixado com tanta
insistência um exemplo tão claro e tão
inequívoco.
À hypomoné, continua Pedro,
acrescentem a eusebéia (2 Pe. 1, 6).
"Eusebéia" costuma ser traduzido como
"piedade", mas esta palavra revela pouco
de seu conteúdo ao homem moderno. A
eusebéia se manifesta naquele modo de
oração em que, segundo S. Inácio de
Antioquia, podemos começar já a "ouvir a
palavra de Jesus mesmo em meio ao
silêncio" (Ef. 15, 2). A eusebéia se dá
quando a fé deixa de ser apenas aquela
pela qual, "ao entrar pelo ouvido,
compreendemos o ensinamento do
Espirito Santo" (Rom. 10, 17), para tornar-
se também "a substância (hypóstasis) das
coisas que se esperam" (Heb. 11, 1). Pela
eusebéia, diz Pedro em sua primeira carta,
começamos a saborear "o quanto Deus é
bom" (1 Pe. 2, 3) e começamos a desejar,
"como crianças recém nascidas, o puro
leite espiritual, pelo qual crescemos para
a salvação" (1 Pe. 2, 2).
À eusebéia, continua Pedro,
acrescentem a filadelfia (2 Pe. 1, 7).
"Filadelfia" é uma palavra composta de
"filia" (amor) e "adelfós" (irmão). É o
amor fraterno. Tal como Jesus a
apresentou aos apóstolos, o amor fraterno
é o novo mandamento pelo qual amamos o
próximo como Jesus nos amou. Mas, para
isto, diz Pedro, é preciso primeiro a
eusebéia (2 Pe. 1, 6). É preciso
experimentar primeiro "como Deus é
bom" (1 Pe. 2, 3). Em sua primeira carta,
Pedro escreve: "Se provastes o quanto
Deus é bom, e pelo Espírito vossas almas
foram purificadas psta uma filadelfia
sem hipocrisia, amai-vos uns aos outros
calorosamente e com coração puro.
Porque (isto será sinal) de que fostes
regenerados por uma semente
incorruptível que é a palavra viva de
Deus, aquela que (diz Isaías) que
permanece para sempre" (1 Pe. 1, 22-23).
Ora, nós já sabemos o que vem depois
do amor ao próximo, isto é, do amor do
novo mandamento.Ao amor ao próximo,
vivido conforme foi exposto por Jesus em
seu novo mandamento, segue-se a
experiência da oração em "omothymos
proskarteresis" (a uníssona e tenacíssima
oração) dos apóstolos nos dez dias
transcorridos no cenáculo. É o que vimos
na descrição do Pentecostes no livro de
Atos (Atos 1, 14). 
Mas aqui Pedro não menciona, depois
da filadelfia, nenhuma oração em
"omothymos proskarteresis", como faz
Lucas em Atos. Em vez disso, Pedro diz
simplesmente que à filadelfia devemos
acrescentar a "agápe" (2 Pe. 2, 7).
"Agápe" é a palavra grega para significar a
caridade. É o primeiro mandamento, o
mandamento de amar a Deus. Disto
podemos concluir que a "proseuké"
(oração) em "omothymos proskarteresis",
de que fala São Lucas ter ocorrido
naqueles dez dias no cenáculo sob a
orientação da mãe de Jesus, não é outra
coisa senão o exemplo vivido de como se
pratica o primeiro mandamento: "Amarás
o Senhor teu Deus de todo o teu coração,
de toda a tua alma, de todo o teu
entendimento e com todas as tuas forças"
(Mc. 12, 29-31). Tudo isto, por sua vez, é o
cumprimento do que Jesus havia
prometido: "Não penseis que vim revogar
a Lei e os profetas, mas dar-lhes pleno
cumprimento" (Mt. 5, 17). O ensinamento
dos apóstolos, e também o de Pedro, nos
mostra o quão profundo é este
mandamento, quão árduo é o combate da
fé que conduz ao seu cumprimento e quais
são as etapas que precisam ser vencidas
para poder ser alcançado. Tudo isto
claramente ensinado por Jesus aos
apóstolos e, por meio deles, a todos nós.
Pedro então conclui: "Se todas estas
coisas" (estas coisas, isto é, a fé, a virtude,
o conhecimento, a enkratéia, a hypomoné,
a eusebéia, a filadelfia e a caridade)
"estiverem presentes em vós e em
crescimento, elas não vos deixarão
desocupados nem infrutíferos no caminho
para o supraconhecimento (epignósis) de
Nosso Senhor Jesus Cristo" (2 Pe. 1, 8),
"para que vos torneis companheiros
(koinonói) da natureza divina (theias
physeos)" (2 Pe. 1, 4). É o Pentecostes,
como Jesus já o havia prometido: "Neste
dia nada me perguntareis. Não vos
falarei mais em figuras, mas claramente
vos falarei do Pai" (Jo. 16, 23-25).
Tudo isto, porém começa, desde os
seus princípios, pela fé (pístis), que Pedro
quer que seja "de mesmo
valor que a dele" (2 Pe. 1, 1), isto é, pela fé
em Cristo, o Filho de Deus vivo,
eternamente gerado pelo Pai na
Santíssima Trindade, que nos é dado por
esta mesma fé. 
"A todos que o receberam", diz João,
isto é, "a todos os que creram em seu
nome, deu-lhes o poder de se tornarem
filhos de Deus" (Jo. 1, 12).
E a estas palavras de João, Jesus
acrescenta, logo em seguida, que "Deus
amou tanto o mundo que lhe deu o seu
Filho unigênito, para que todo o que nele
crê não pereça, mas tenha a vida eterna"
(Jo. 3, 16).

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