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técnica cirúrgica CELIOTOMIA E LAPAROTOMIA Bárbara Albuquerque C I R U R G I A A B D O M I N A L E M P E Q U E N O S Conclusão diagnóstica: o diagnóstico depende da inspeção visual direta e/ou palpação dos tecidos abdominais. O diagnóstico depende de exames citológicos histopatológicos ou microbiológicos de tecidos, fluidos ou amostras colhidas durante a cirurgia. Determinação de prognóstico: a extensão das lesões somente podem ser definidas após a inspeção geral dos órgãos e tecidos. A viabilidade tecidual após a correção cirúrgica de alguma lesão abdominal só pode ser determinada através da inspeção de órgãos e tecidos. Propósitos terapêuticos: trauma abdominal, hérnias na parede abdominal, controle de hemorragia ativa, eliminação de uma fonte de contaminação, remoção de massas intra-abdominais, remoção de obstruções viscerais, remoção de acúmulos anormais de líquidos, tratamento de anormalidades congênitas, tratamento cirúrgico de parto distócico ou infecções uterinas, orquiectomia de cães ou gatos criptorquídicos. A chance de ter infecção e deiscência é mais alta, além disso podem também estar relacionada a erro de técnica e de pós operatório, mas também podem estar relacionados a própria condição patológica do animal. A cirurgia pode ter fim terapêutico (por exemplo, remoção de um tumor intra- abdominal), diagnóstico (por exemplo, laparotomia ou celiotomia exploratória) ou ambos, tanto terapêutico quanto diagnóstico. PRINCIPAIS INDICAÇÕES PARA CIRURGIA ABDOMINAL Celio: abdome Tomia: abertura Abertura de abdome Termo mais adequado para aberturas de cavidade abdominal pela região ventral Laparo: flanco Tomia: abertura Abertura do flanco Termo consagrado, pode ser considerado sinônimo de celiotomia CELIOTOMIA LAPAROTOMIA Ambas são aberturas do abdome, mas a laparotomia é a abertura pelo flanco do animal, um acesso lateral, mas o termo foi consagrado pelo uso, então é usado como sinônimo de celiotomia. A celiotomia é a abertura do abdome pela região ventral, utiliza-se a linha alba e o reto abdominal. É muito comum de ser realizada na rotina de pequenos animais, é a mais realizada, porque a castração de fêmea é a cirurgia mais feita. É relativamente segura dependendo de cada caso e se é uma cirurgia eletiva ou de emergência. 1) CIRURGIA ABDOMINAL ELETIVA É quando não existe nada que contribua para o agravamento da situação, toda vez que tiver uma complicação nesse caso ou foi erro de técnica ou de pós operatório. 2) CIRURGIA ABDOMINAL DE EMERGÊNCIA Existem variados fatores que podem complicar a cirurgia, um animal com sangramento abdominal por si só já causa uma condição sistêmica ruim, o sangue aumenta a pressão intra-abdominal e isso complica o pós-operatório do animal. técnica cirúrgica CELIOTOMIA E LAPAROTOMIA Bárbara Albuquerque Linha tracejada representa o diafragma. O estômago está localizado na região epigástrica, a bexiga na região hipogástrica, dessa forma vamos determinar a altura da incisão. Em laranja temos o reto do abdome que é como se fosse um sanduíche de músculo, tem uma bainha externa e interna, isso não acontece nos outros músculos. Elas são compostas por fáscias dos outros músculos e isso é importante porque podemos fazer o corte direcionado na linha alba (seta verde) e pode ser feito também na região paramediana (seta vermelha). É uma estrutura extremamente fibrosa e por isso muito é muito resistente (rígida) e por isso ela é alvo de sutura, tem pouca chance de abrir e é muito rica em colágeno. Mas, para poder suturar ela precisa estar aberta, por isso o foco é sempre abrir na linha alba. No percurso da linha alba vamos ver a cicatriz umbilical que norteia a incisão cutânea. Em cães ela tem 2 a 3 mm de diâmetro e em gatos 4mm. Mediana Paramediana Obliqua Transversa Combinada Vamos dar uma ênfase maior no sentido da incisão mediana e paramediana(que é feita ao lado da linha alba). A transversa e obliqua não são feitas e por isso não são faladas em aula, não é feita nenhuma incisão combinada nesses locais, a não ser que seja extremamente necessário. técnica cirúrgica CELIOTOMIA E LAPAROTOMIA Bárbara Albuquerque i n c i s ã o m e d i a n a É feita uma incisão de pele, tecido subcutâneo e então a incisão abdominal. Precisa afastar o abdome das vísceras para que ao entrar com o bisturi não corra o risco de cortar nenhuma estrutura. Vamos achar a linha alba do animal, colocar duas pinças de Allis e puxar levantando o abdome, dessa forma é feito uma punço incisão na linha alba, vamos enfiar uma tesoura fechada e fazer movimento de leque de forma cranial e caudal para ver se não tem nenhuma estrutura aderida, não tendo aderência retira a tesoura e abre o abdome. Existem 2 tipos de síntese: É mais comum de ser feita, vai ser feita a abertura da cavidade na linha média através da linha alba. Na celiotomia mediana, além da pele e tecido subcutâneo existe outra estrutura que sofre manobra de diérese/síntese, que é a linha alba. A incisão mediana promove excelente visualização dos órgãos abdominais, por permitir uma visão bilateral e simétrica e pode ser estendida de forma cranial ou caudal. A tricotomia é feita de forma ampla, no mínimo, preparar desde a cartilagem xifoide até o púbis, estendendo-se lateralmente até o flanco para celiotomia mediana. O paciente deve ficar em decúbito dorsal e, após a antissepsia, colocar quatro panos de campo operatório, sendo colocado primeiro os transversais e depois os paralelos. MACHO x FÊMEA Na cadela e nos felinos fazemos uma incisão reta por não existir nada que complique a incisão no caminho, já nos cães machos é preciso desviar do pênis que está localizado na região ventral abdominal. Para fazer esse desvio, é necessário colocar uma compressa sobre o pênis, pinça ele através da compressa e então traciona, dessa forma a pinça encosta na compressa primeiro e depois no pênis. D1: suturas em padrão separado - oferecem melhor segurança (se abrir um ponto não vai abrir tudo), são mais demoradas, maior quantidade de nós na ferida cirúrgica. Sugestão: ponto em "X" (Sultan), sutura perto- longe-longe-perto, ponto simples separado. D2: suturas em padrão contínuo - menos seguras, mais rápidas, menor quantidade de nós na ferida cirúrgica, porém, maior quantidade de fio na ferida cirúrgica. Sugestão: sutura festonada (Reverdin), pontos simples contínuos; técnica cirúrgica CELIOTOMIA E LAPAROTOMIA Bárbara Albuquerque Oblíqua incisão oblíqua a linha alba Transversa perpendicular a linha alba Combinada combinação de técnicas Pré-umbilical incisão feita cranial a cicatriz umbilical (entre o apêndice xifoide e a cicatriz umbilical) atinge a região epigástrica Retro-umbilical incisão caudal a cicatriz umbilical (entre a cicatriz umbilical e o púbis) atinge a região hipogástrica bexiga Pré-retroumbilical incisão se estende por todo o abdome (desde o apêndice xifoide até o pubis) atinge a região epi, meso e hipogástrica. baço Hipocondríaca ou Paracostal incisão caudal a última costela realizada em decúbito lateral Flanco incisão em um ponto equidistante entre a asa do íleo e a última costela realizada em decúbito lateral QUANTO AO SENTIDO QUANTO A SITUAÇÃO Independente do padrão escolhido vamos dar preferência para fios absorvíveis com média ou longa absorção (ácido poliglicólico poligalactina 910, poliglecaprone 25), pois estes não promovem aderência, vai sumir e a estrutura não vai aderir nos fios. Mas, quando o paciente apresenta infecção, anorexia, obesidade, nesses casos é dada preferência para fios não absorvíveis. Em cada lado da incisão vamos incorporar de 4 a 10 mm da linha alba em cada sutura, para ter tecido e conseguir suturar, em padrões separados, considerar 5 a 10 mm de distância entre uma sutura e outra, se der uma distância maior o omento pode passar entre um ponto e outro, ou pior pode acontecer isso com o intestino. Apertar o suficiente para unir e não estrangula e não incluir o ligamento falciforme na sutura, que é uma gordura no peritônio, porque ela atrasa a cicatrização.i n c i s ã o p a r a m e d i a n a A incisão é feita paralela a linha alba, podendo ser interna ou externa, mas a maior indicação dela é o macho, para evitar a dissecção próxima ao prepúcio. Se essa dissecação fosse reta, teria que dissecar a região para ver a linha alba, ela causa muita dor e edema no pós operatório e é por isso que alguns autores recomendam que tudo seja feito lateralizado. Corte reto abdominal, maior dor no pós- operatório e a síntese é complexa. Nela tem as mesmas indicações de fio e padrão de sutura, mas existe uma recomendação do que deve ser suturado, incluir sempre a fáscia externa do reto abdominal e não incluir o músculo, pois suas fibras são retas e ao passar o fio de sutura ele vai atravessar essas fibras e correr entre elas na hora do nó, O peritônio não deve ser incluso na sutura para não causar mais aderência. o u t r a s i n c i s õ e s técnica cirúrgica CELIOTOMIA E LAPAROTOMIA Bárbara Albuquerque um animal caquético não tem nutriente para a cicatrização, ele precisa ter reserva de AAS que vem boa parte da nutrição, se eles não estão presentes o paciente não tem como fazer síntese proteica. Exames complementares - depende da suspeita (por exemplo: urinálise em caso com suspeita de cálculo vesical), exames de imagem, exames complementares (atrelados a suspeita). Jejum - 8 a 12 horas de sólido e 4h de líquido, devemos nos atentar a idade do paciente pois se for filhote ou muito idoso não é certo fazer o jejum. Tricotomia - é ampla, no mínimo preparar desde a cartilagem xifoide até o púbis estendendo-se lateralmente até o flanco em caso de celiotomia mediana, preparar até a última costela até a borda do íleo para acessos pelo flanco, e preparar até a 10ª costela até a metade do flanco para espaços paracostais. Antissepsia - lavagem prepucial com soluções antissépticas e sondagem uretral para machos (prepúcio está muito próximo da incisão e se o animal urinar vai cair direto na cavidade abdominal), preparo do campo operatório de forma rotineira. causa uma inflamação constante e acaba contribuindo para uma maior deiscência de sutura em pacientes obesos. p r é - o p e r a t ó r i o Anamnese - criteriosa, indicação da cirurgia, evolução da doença ou trauma, vacinação, vermifugação, morbidades, alergias, etc. Devemos identificar o paciente e definir o procedimento proposto frente a queixa do proprietário. Exame físico - atenção aos sistemas cardiovascular, respiratório renal e hepático, é feita a palpação abdominal e os pontos chaves são obesidade vs caquexia, esses dois são os pontos primordiais que afetam a cirurgia, causam o mesmo resultado que é a deiscência da sutura, por motivos diferentes. um animal obeso tem facilidade de deiscência porque tem muito peso repousando sobre a sutura, o tecido adiposo promove ao animal um estado inflamatório constante que Depende do que te leva a fazer a cirurgia: p ó s - o p e r a t ó r i o controle para dor uso do colar elizabetano ou da roupa acompanhar motilidade intestinal - ver se clinicamente o animal defeca ou não, com o manuseio muito intenso pode acontecer íleo paralítico - motilidade zera - acúmulo de gás - cólica. US para avaliar, medicamentos pró sinérgicos estimula musculatura lisa do intestino a contrarir. Depende do órgão que foi operado e da condição clínica prévia, mas de maneira geral: técnica cirúrgica CELIOTOMIA E LAPAROTOMIA Bárbara Albuquerque Hipoalbunemia: deficiência da albumina, proteína necessária nos processos iniciais da cicatrização, para fazer recrutamento de células para que o processo se inicie, sem a albumina isso não é possível, então um animal com carência de albumina vai ter uma cicatrização muito mais atrasada. Obesidade: muito peso em cima da sutura grande risco de deiscência. Manejo pós operatório: é muito importante, se feito de forma incorreta pode causar problemas não restringir as atividades (15 dias de repouso, não é total, mas ele não pode pular do sofá, pular da cama, correr, etc.) porque bota muita tensão no abdome e a sutura pode abrir. falha na prevenção da interferência na sutura, ou seja, não colocar roupinha ou colar elizabetano, a ferida coça e se o animal estiver sem isso ele vai coçar e vai começar a morder/lamber os pontos e eles vão abrindo, pode ocorrer dele fazer isso até abrir o abdome, TEM que usar. quando não faz analgesia o animal está sentindo dor e acaba contraindo o abdome que coloca a sutura sobre tensão e aumenta o risco de deiscência. c o m p l i c a ç õ e s Infecções: quando a assepsia não foi feita de forma corretar e o uso de antimicrobianos pode evoluir para septicemia Dor: ocorre quando existe manipulação excessiva dos tecidos e edema Deiscência: relacionada a baixa técnica de síntese Eventração ou chamado hérnia incisional e evisceração: na maioria dos casos, relacionado a baixa técnica operatória (não incluir a fáscia na linha de sutura, escolha errada do fio, baixa qualidade na confecção dos nós). Na eventração a pele está íntegra, não aparece as vísceras, se localiza no tecido subcutâneo, já na evisceração a sutura do abdome abre mas a sutura de pele também abre, então as vísceras vão para fora da cavidade abdominal. Complicações gerais Complicações relacionadas a celiotomia ou laparotomia: Corticoides: impedem a deposição de colágeno na ferida pois impedem a migração de fibroblasto para a borda da ferida, que causa resistência para que em um momento a ferida não dependa do fio de sutura. Hiperadrenocorticismo: o animal está produzindo muito corticoide. Causas de eventração/evisceração: bo ns es tud os!
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